Luís Marinho participou na decisão de acabar com o programa de crónicas
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-08
SUMÁRIO: O director-geral da RTP disse esta tarde no Parlamento que participou na decisão de acabar com a rubrica de crónicas Este Tempo e confirmou que foi tomada antes da emissão do programa da TV pública a partir de Angola, criticada dias depois pelo colunista Pedro Rosa Mendes.
TEXTO: A decisão foi tomada numa “reunião normal” de trabalho entre o director-geral e os directores de Informação e de Programas na segunda semana de Janeiro, contou Luís Marinho. “Estamos a preparar uma reformatação profunda das antenas das rádios – que será maior nas Antena 1 e 3 -, e foi neste trabalho que apareceu a questão sobre que programas terminariam ou se renovavam contratos. Apareceu este programa e decidiu-se que ia acabar”, descreveu oas deputados Luís Marinho. “Não, não houve nenhum telefonema, nenhuma interferência da tutela. Houve uma decisão técnica, houve uma decisão que teve que ser tomada por causa da questão contratual”, reforçou o director-geral. Recusando a existência de pressões, Marinho contou que houve uma “conversa normalíssima” com o então director de Informação em que mostrou desconforto com o conteúdo da crónica de Rosa Mendes. Mas que não foi no intuito de acabar com o programa, até porque a decisão já estava tomada. “Não tenho nenhum problema de admitir, não gostei da crónica. Por dizer mal da RTP? Isso é o menos. Não gostei de ouvir chamar palhaços ricos a angolanos. ”O director-geral realçou que nunca ouviu qualquer crítica ao teor das crónicas que Pedro Rosa Mendes fazia, mas apenas duas referências à cineasta Raquel Freire. ”Não tenho ligação directa com a tutela”Luís Marinho acabou por ser sucessivamente questionado pelos partidos da oposição sobre o cargo que ocupa – e que não está incluído na orgânica da empresa estipulada no contrato de serviço público – e as competências, e também sobre qual a relação que mantém com a tutela. “Eu não tenho nenhuma ligação directa com a tutela. Quem tem é a administração que me nomeou. Eu tenho ligação directa com os directores. Tenho estatuto de independência da administração, sou nomeado com o parecer vinculativo da ERC e serei destituído com o parecer vinculativo da ERC. ”Para Luís Marinho, neste caso do fim do programa de crónicas Este Tempo “houve uma série de coincidências estranhas, houve pessoas que falaram muito alto. O programa envolve cinco pessoas, e só estamos a falar de uma: a que falou mais alto, porque tem mais contactos, mexe-se melhor. ”Com alguns deputados a falar sobre "coincidências" deste caso, em especial por acabar pouco depois de a RTP e a tutela terem sido criticadas, Luís Marinho resolveu contra-atacar com as "coincidências" de Pedro Rosa Mendes. Disse ter ido "investigar" a saída do jornalista da Lusa e ficou a saber que a agência decidiu fechar a delegação de Paris onde Rosa Mendes estava, que lhe propôs reduzir as ajudas de custo e dar condições para que trabalhasse de casa. Ou então "viria para Lisboa como jornalista". O jornalista "não foi demitido como diz". "Há aqui problemas de gerir a verdade das coisas, é preciso saber de quem estamos a falar", apontou Luís Marinho, referindo-se depois a uma suposta ida de Rosa Mendes a Luanda para pedir desculpa ao Presidente angolano. "Não quero fazer juízo de carácter. Mas é preciso que vejamos de quem estamos a falar, quem levantou a questão e fez grande alarido. Acusou a administração, o próprio ministro, e depois a mim. Estamos a falar desta pessoa que tem alguma dificuldade em focar-se numa determinada direcção. Terão sido talvez coincidências", rematou o director-geral da RTP.
REFERÊNCIAS:
Tempo Janeiro