Martin Schulz garante que não quis interferir na política externa de Portugal
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2012-02-09
SUMÁRIO: O presidente do Parlamento Europeu (PE), Martin Schulz, garante que não pretendeu criticar o primeiro-ministro português sobre o pedido de investimento de Angola, nem quis interferir na política externa portuguesa. O eurodeputado alemão, que assumiu a presidência do PE em Janeiro deste ano, reage assim à notícia do PÚBLICO desta quinta-feira, que dá conta de uma intervenção de Schulz num debate realizado em Bruxelas.
TEXTO: Nesse debate, sobre o papel dos parlamentos na UE realizado a 1 de Fevereiro na Biblioteca Solvay, em Bruxelas – e depois difundido no canal de televisão alemão Phoenix do último domingo –, Martin Schulz referiu-se à visita-relâmpago que o primeiro-ministro português fez a Angola em Novembro de 2011, em que este admitiu ir à procura de capital angolano para as privatizações em curso. “Há umas semanas estive a ler um artigo no Neue Zürcher Zeitung que até recortei. O recém-eleito primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho, deslocou-se a Luanda. [. . . ] Passos Coelho apelou ao Governo angolano que invista mais em Portugal, porque Angola tem muito dinheiro. Esse é o futuro de Portugal: o declínio, também um perigo social para as pessoas, se não compreendermos que, economicamente, e sobretudo com o nosso modelo democrático, estável, em conjugação com a nossa estabilidade económica, só teremos hipóteses no quadro da União Europeia”. Clique aqui para ver o vídeo com estas declarações. Esta referência à política externa portuguesa foi recebida com espanto por dois eurodeputados portugueses contactados pelo PÚBLICO. Paulo Rangel (PSD) mostrou-se “muito surpreendido” com as declarações de Schulz: “Vou fazer um pedido formal de esclarecimento” ao presidente do Parlamento Europeu, anunciou. Já Capoulas Santos (PS) afirma que, “como Estado independente, Portugal tem o direito de ter prioridades diplomáticas próprias, tal como todos os outros países”. “Se com estas declarações [Schulz] pretende dizer que há uma incompatibilidade entre as prioridades diplomáticas europeia e portuguesa, não subscrevo”, acrescentou. Na sequência da notícia do PÚBLICO, o gabinete do presidente do PE enviou um email em que sustenta que "o Presidente Schulz estava apenas a usar o facto de o primeiro-ministro Passos Coelho estar a pedir investimento a um país africano (Angola) como um exemplo de que a Europa irá enfraquecer-se a si própria se não actuarmos em conjunto e mostrarmos solidariedade". Schulz, prossegue a mensagem, "estava a salientar a importância crescente de África e a demonstrar que a Europa arrisca, e todos nós arriscamos, tornar-nos num continente em declínio se não nos organizarmos". "De modo algum o Presidente Schulz estava a criticar o primeiro-ministro Coelho ou a interferir na política externa portuguesa. E também não disse que Portugal é um país em declínio, é sim uma parte da União Europeia (UE) que está no caminho certo da recuperação e a UE tem de reforçar a sua ajuda a países que sofrem com a crise da dívida soberana. " Veja as declarações de Martin Schulz
REFERÊNCIAS: