Mais de 2000 imigrantes em Portugal pediram ajuda para regressar aos países de origem em 2011
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 16 | Sentimento 0.5
DATA: 2012-02-11
SUMÁRIO: A Organização Internacional para as Migrações (OIM) recebeu, no ano passado, 2114 pedidos de imigrantes em Portugal para regressarem aos seus países de origem, dos quais 594 embarcaram.
TEXTO: Segundo os dados globais fornecidos à agência Lusa pelo escritório da OIM em Portugal, os brasileiros lideram a lista de inscrições e de regresso efectivo, ao abrigo do Programa de Retorno Voluntário (PRV). Em 2011, 84, 2% dos pedidos de retorno foram feitos por imigrantes brasileiros, que lideram também o retorno a nível mundial. Na lista de retornados, seguem-se os angolanos, que representam 4, 2% dos embarcados ao abrigo do programa da OIM. Mas, segundo sublinharam à Lusa várias pessoas ligadas à comunidade de Angola em Portugal, este valor está aquém da realidade, porque muito mais angolanos estão a regressar, recorrendo a outros apoios, por exemplo das representações diplomáticas. Em menores proporções, regressaram ao abrigo do PRV imigrantes cabo-verdianos (2, 5%), são-tomenses (2, 5%), guineenses (1, 3%), ucranianos (1, 3%), moçambicanos (1, 2%) e de outras nacionalidades (abaixo de 1%). Gerido pela OIM, em colaboração com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e financiado pelo Fundo Europeu de Regresso (em 75%) e pelo Estado português (em 25%), o PRV apoia financeiramente o retorno voluntário aos países de origem de cidadãos estrangeiros que revelem vontade de o fazer, no valor da viagem de regresso (o preço médio ronda os 900 euros) e de 50 euros de dinheiro de bolso para despesas. O programa impõe um período de interdição de três anos, que obriga os imigrantes que dele beneficiaram a, se voltarem a Portugal, ressarcirem o Estado no valor que lhes foi pago. Os pedidos contabilizados em 2011 pela OIM em Portugal revelam um “grande crescimento” face a anos anteriores, disse à Lusa, em final de Novembro do ano passado, Luís Carrasquinho, responsável pela gestão do PRV e das operações da instituição em Portugal. Em 2010, 562 imigrantes (de 1791 pedidos) regressaram às suas origens. A tendência tem sido sempre de crescimento: 381 (em 1011 pedidos) regressaram em 2009, 347 (em 634) em 2008, e 278 (em 320) em 2007. Entre os imigrantes em Portugal verificam-se “situações cada vez mais complicadas e de grande carência socioeconómica”, sublinhou, em Novembro, Luís Carrasquinho. O responsável da OIM assinalou também a tendência de aumento para o regresso de famílias inteiras, embora a candidatura individual continue a ser regra. O número de famílias que se inscrevem no PRV “tem aumentado”, situando-se agora “nos 30 a 40%”, indicou. Dos imigrantes que regressam aos países de origem, dez% recebem ainda um apoio suplementar à reintegração nas respectivas sociedades, no valor máximo de 1100 euros. “Dez% é pouco face aos pedidos que temos, que rondam o dobro”, reconheceu Luís Carrasquinho. Porém, entre 2010 e 2011, este foi o único número que desceu - de 63 para 37 beneficiários (30 brasileiros, três são-tomenses, um angolano, um moçambicano, um ganês e um nigeriano). Entre a entrevista e o embarque, a vontade de regressar dos imigrantes esbarra num “tempo de espera de quatro a cinco meses”, situou Luís Carrasquinho, referindo ainda que “cerca de 70%” dos imigrantes que pedem ajuda à OIM estão “em situação irregular”.
REFERÊNCIAS:
Entidades SEF