Morte de Whitney Houston: redes sociais 1 - media tradicionais 0
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.016
DATA: 2012-02-14
SUMÁRIO: Quase uma hora antes de a Associated Press dar a notícia já a morte de Whitney Houston tinha dado entrada no Twitter. A sobrinha da cabeleireira da cantora escreveu naquela rede de microblogging que Houston fora encontrada morta na banheira 45 minutos antes da agência noticiosa americana. Os cidadãos podem ser mais rápidos que os media tradicionais, mas (dizem) ainda lhes falta uma coisa fundamental: credibilidade.
TEXTO: Por volta das 16h15 de sábado (hora de Los Angeles), a sobrinha da cabeleireira escrevia no seu Twitter: “OMGG [Oh my God], a minha tia Tiffany que trabalha para a Whitney Houston acabou de encontrar Whitney Houston morta na banheira. Que pena e tristeza. ” Cerca de 15 minutos depois, às 16h30, um outro tweet, desta vez oriundo de uma conta que dá pelo nome de Big Chorizo, escreveu o seguinte: “As minhas fontes dizem-me que a Whitney Houston foi encontrada morta num hotel de Beverly Hills. Ainda não está nas notícias!!”. Finalmente a notícia tornava-se oficial às 16h57 no Twitter da Associated Press: “ÚLTIMA HORA: Agente Kristen Foster diz que a cantora Whitney Houston morreu aos 48 anos de idade”. O que é que isto nos diz? Que vivemos numa era em que os cidadãos são fontes de notícias de última hora e que podem ser mais rápidos que os media tradicionais. Mas também nos diz que há um esforço de confirmação por parte dos media tradicionais que origina a credibilidade que falta aos cidadãos. Já para não falar da audiência. O segundo internauta a dar conta da notícia só tinha 14 seguidores e teve apenas um retweet. A mensagem da Associated Press naquela plataforma teve mais de 10 mil retweets, de acordo com o site Topsy – pesquisas em tempo real para as redes sociais. Esta não é a primeira vez que um evento desta magnitude é reportado primeiro nas redes sociais do que nos media tradicionais. A 2 de Maio último, um anúncio súbito dizia que o Presidente dos EUA, Barack Obama, iria falar à nação às 22h30 (hora local). Depois de muita especulação, foi através do Twitter que se soube qual o assunto: a morte de Osama bin Laden. Para os seguidores do ex-chefe de gabinete de Donald Rumsfeld (antigo secretário da Defesa de George W. Bush), a notícia chegou em 140 caracteres: "Fui informado por uma pessoa de boa reputação que mataram Osama bin Laden. Que coisa escaldante. "E antes disso, o próprio ataque que serviu para matar Bin Laden foi objecto de conversa no Twitter enquanto acontecia – com a diferença de que o utilizador em causa não sabia que o que estava a relatar era um ataque que iria matar Bin Laden. Contactado recentemente pelo PÚBLICO, Mark Jones, editor de comunidades da Reuters, foi peremptório: "Cada vez mais, as notícias aparecem primeiro no Twitter. " E isto abre um dilema para os jornalistas e para os media tradicionais: ou se opta pela estratégia “informar primeiro e corrigir depois” ou pela estratégia “vamos confirmar isto primeiro para não perdermos a nossa credibilidade”. Numa entrevista recente, o ex-presidente e CEO da Associated Press, Tom Curley, estimou que, em vez de terem dias para tratarem de uma história urgente, os jornalistas agora têm horas ou, em alguns casos, apenas minutos: “Eu diria que até ao 11 de Setembro esse tempo era de três horas. Agora é de 30 minutos. E algumas pessoas até podem dizer – com o Twitter e o Facebook e todas essas coisas – que já vamos em três minutos”, disse Curley, citado pelo site gigaom. Numa era em que os jornalistas enfrentam a pressão da rapidez é preciso cada vez mais encontrar, nas redacções dos media tradicionais, um bom balanço entre rapidez e verdade, sob pena de os leitores começarem a duvidar da credibilidade do órgão de comunicação.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA