Mercado da arte continua a crescer e está perto dos valores mais altos de sempre
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-16
SUMÁRIO: Se há sector que parece não sofrer com a actual crise financeira mundial é o mercado da arte, no qual o investimento, na sua maioria privado, continua a crescer, afirmando-se como um porto seguro em tempos de grande instabilidade financeira. Só esta semana em dois leilões de arte contemporânea a Christie’s e a Sotheby’s somaram em conjunto mais de 156 milhões de euros.
TEXTO: Entre terça e quarta-feira aconteceram em Londres dois leilões de arte contemporânea, nas leiloeiras que lideram o sector, a Christie’s e a Sotheby’s, que levaram à praça nomes como Francis Bacon, Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Gerhard Richter. No final, a Chirstie’s facturou 96, 1 milhões de euros e a Sotheby’s 60, 7 milhões de euros. Cerca de 90% dos lotes foram vendidos em ambos os leilões, provando uma tendência crescente, sustentada por coleccionadores privados. “Existe muito dinheiro por aí e não há, neste momento, muitos lugares para o investir. A crise financeira não a afectar verdadeiramente os super ricos, que são quem estão a comprar estas obras”, disso ao Financial Times Robert Read, responsável da seguradora especialista em arte Hiscox, lembrando os novos compradores, dos quais destaca os asiáticos. No início de 2011, a Artprice. com, um dos sites mais importantes do sector de informação sobre o mercado da arte, analisou os números do mercado e concluiu que a China já era o país “número um, ultrapassando os EUA que ocupavam o primeiro lugar há quase meio século. Factores como o crescimento económico da China, que já é a segunda potência mundial, e o apoio tanto governamental como privado ao mercado da arte, ajudam a explicar os números. Mas não foi só a China que se destacou em 2011. Meses depois deste estudo, o The Art Newspaper considerou o Qatar o maior comprador mundial de arte contemporânea, na qual já tinha então investido mais de 400 milhões de dólares (cerca de 277 milhões de euro). Já este ano, o Qatar agitou o mercado da arte, quando no início de Fevereiro a Vanity Fair revelou que a família real tinha comprado o quadro “Os jogadores de cartas” de Paul Cézanne (1839-1906) por mais de 250 milhões de dólares (190 milhões de euros), o preço mais alto de sempre pago por uma obra de arte. “O governo do Qatar está a dominar o mercado neste momento, uma vez que está a comprar obras para o novo museu nacional, e temos os gestores de fundos chineses que nos têm contactado porque querem incluir a arte nos seus fundos”, explicou ao Financial Times Philip Hoffman, director financeiro da Christie’s, acrescentando que ao mesmo tempo que estes países estão a crescer, existem cada vez menos clientes de países como a Grécia, a Espanha e a Arábia Saudita, “onde os investidores não estão seguros em relação às suas economias”. Mas para Steven Murphy, director executivo da mesma leiloeira, “os coleccionadores estão a coleccionar mais”, explicando que para o crescimento do mercado da arte também contribuíram a globalização e a facilidade de acesso aos catálogos e aos leilões online. Mas ao The Independent, Anthony McNerney, responsável da arte contemporânea na leiloeira Bonhams, mostrou-se preocupado com esta evolução, explicando que hoje os compradores estão mais interessados no valor da obra e de quanto poderá valer no futuro, sem saberem muitas vezes o que estão a comprar. “Quando há muitos anos comecei na Christie’s, os clientes perguntavam-me sobre o trabalho e o artista. A partir de finais de 2007, começaram a perguntar: “quanto é que isto me vai custar e quanto é que vai valer”, contou McNerney. Para a conselheira de arte, Tania Buckrell, isto acontece porque actualmente existem muitos mais compradores no mercado da arte que olham para as obras como um investimento, e não como obras de arte ou com interesse de colecção. De acordo com os resultados divulgados este mês, só em 2011 em leilões, a Christie’s somou 4, 3 mil milhões de euros, mais 9% do que em 2010. Na Sotheby’s o valor de vendas do ano passado ainda não foi revelado, mas a leiloeira garante que registou um aumento de 14, 5% em relação a 2010, sendo que o maior crescimento acontece na arte contemporânea, cujas vendas aumentaram 34%.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA