O fim do regime deu novo fôlego à revolta dos tuaregues no Mali
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2012-02-19
SUMÁRIO: Não é só na Líbia que os arsenais de Muammar Khadafi ajudam a espalhar violência. "O Mali assiste provavelmente às repercussões mais significativas da queda do regime do líder líbio", escreveu numa análise recente o grupo de segurança Stratfor.
TEXTO: O Presidente, Amadou Tourami Touré, admitiu as dificuldades que o seu Governo enfrenta face a esta rebelião reforçada, num discurso no início do mês. Touré falou depois de um grupo de rebeldes ter tomado a cidade de Aguelhoc, no Nordeste do país. O Exército, disse, "não está a ser capaz de entrar em Aguelhoc, onde há elementos da Al-Qaeda do Magrebe, um grupo de ex-combatentes da Líbia e um grupo de desertores bem posicionados". Se contarmos com a actual, o Mali já viveu quatro insurreições dos tuaregues nómadas do Norte desde a independência, em 1960. Mas pela primeira vez quem combate contra as forças do Governo tem ao seu dispor sistemas de lança-mísseis portáteis e rockets antitanques. Também parecem mais organizados e mais bem treinados do que no passado. Em Aguelhoc, segundo contou um soldado à Reuters, começaram por cercar a base local do Exército com metralhadoras montadas em jipes, destruindo em seguida as comunicações militares e as torres de telemóveis. Cortaram o fornecimento de água e montaram emboscadas às colunas de veículos que faziam o reabastecimento. "Tinham a vantagem de ser mais numerosos, estarem mais bem armados e terem melhor logística, incluindo telefones-satélite", descreve o soldado. "É a triste verdade. "Khadafi era acusado de ter dado apoio aos tuaregues do Mali e do Níger (os nómadas desta região estão espalhados ainda pela Argélia e pelo Burkina Faso, para além da própria Líbia) durante os anos 1990. Certo é que muitos tuaregues do Mali integravam há anos o seu Exército e que outros entraram no ano passado na Líbia, para defender o seu regime. Muitos regressaram a casa e atacam agora o Governo de Bamako, integrados ou não no Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA), o nome da região onde vive a maioria dos tuaregues do Mali. O Governo de Bamako acusa o MNLA de ligações à Al-Qaeda do Magrebe, o que o grupo nega. "A situação é imprevisível e a instabilidade pode espalhar-se. Cidadãos individuais não têm sido alvos, mas o MNLA indicou através dos seus sites que tenciona conduzir operações militares por todo o Norte do Mali", descreve o Departamento de Estado norte-americano num aviso aos viajantes. Só desde Janeiro já morreram dezenas de pessoas em confrontos e os rebeldes dizem ter atacado e tomado seis localidades nas últimas semanas, incluindo na região de Timbuktu. Segundo o Comité Internacional da Cruz Vermelha, dez mil pessoas deixaram as suas casas no Mali e no Níger por causa dos confrontos recentes. Outras três mil fugiram da Mauritânia. "Alguns dos refugiados foram recebidos por aldeões, mas o espaço foi absorvido muito depressa", disse à CNN Jurg Eglin, que chefia as operações da Cruz Vermelha na região. "Os abrigos são muito básicos. Estas pessoas, muitas das quais são mulheres e crianças, enfrentam falta de comida e especialmente de água. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres