Afonso Dias: “O que eu penso é que o Rui Pedro está vivo”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2012-02-24
SUMÁRIO: Ilibado pelo tribunal da acusação de ter raptado Rui Pedro, Afonso Dias quebrou esta noite o silêncio que perdurou durante o julgamento. Mas quanto ao paradeiro do menor, desaparecido há quase 14 anos, em Lousada, nenhuma novidade.
TEXTO: “A partir das duas menos cinco [da tarde do desaparecimento] nunca mais voltei a ver o Rui Pedro. É isso que eu tenho a dizer”, proferiu o motorista de pesados, entrevistado pela jornalista Sandra Sousa, no programa Grande Entrevista, emitido pela RTP. Ao longo dos 48 minutos que durou a entrevista, o motorista de pesados, que surgiu acompanhado pelo seu advogado, Paulo Gomes, voltou a clamar inocência, referindo-se à mãe do Rui Pedro como Meninha e ao menor desaparecido como “o meu irmãozinho”. Com lágrimas a correrem-lhe soltas, em vários momentos da entrevista, assumiu a revolta pela suspeita que recaiu sobre si ao longo de cerca de uma década. Não tanto por si, mas pela mulher e pelo filho, agora com 10 anos. “Isto dói-me mais pela minha esposa e pelo meu filho. As pessoas nunca pensam nisto. A minha esposa perdeu dez quilos com isto. Compreeendo a dor dos pais do Rui Pedro, mas as pessoas têm que compreender uma coisa: o Afonso é inocente”, proclamou, atribuindo a hostilidade popular que o acompanhou à saída do tribunal como consequência da visão deturpada dos acontecimentos transmitida pela comunicação social. Quanto ao que terá acontecido a Rui Pedro, colocou-se em pé de igualdade com todas as outras pessoas: “O que eu penso é que o Rui Pedro está vivo. Eu vi o Rui Pedro nas revistas, naquela foto da Eurodisney acredito que fosse o Rui Pedro. Ele era o meu irmãozinho, conheço-o. Até que alguém diga 'ele foi encontrado, está morto', vou continuar a acreditar que ele está vivo”. Quanto ao facto ter optado por permanecer em silêncio no tribunal, repetiu a argumentação que já se lhe ouvira pela voz do advogado. “Durante a fase do inquérito, sempre respondi a todas as perguntas que me fizeram e isso serviu para quê? Para uma acusação”, justificou, insistindo que o que sabe não iria acrescentar nem retirar uma única vírgula ao que está nos autos. Ao contrário do que foi dado como provado pelo tribunal, Afonso Dias garantiu que Rui Pedro não chegou a entrar no seu carro na tarde em que desapareceu. E o facto de não ter álibi para as horas que se seguiram foi apresentado por Paulo Gomes como sinal da inocência do seu cliente. “Se o Afonso tivesse alguma coisa a esconder poderia ter dito que esteve na casa da namorada – ela confirmaria, com certeza, casou com ele -, por que é que não o fez?”. A prostituta Alcina Dias, a testemunha que garantiu ter estado com Rui Pedro e com Afonso nessa tarde, foi acusada de ter mentido em tribunal. Quanto ao facto de, na note do desaparecimento, quando interrogado nas instalações da GNR ter soltado um “Fechem as fronteiras”, Afonso Dias explicou que o desabafo resultou da insinuação feita pelo avô do menor de que Afonso o teria encaminhado num camião para fora do país. “O que eu disse foi: ‘Se é nisso que acredita, então fechem as fronteiras’”.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR