Angolanos compram a Tobis
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DATA: 2012-02-24
SUMÁRIO: A Tobis foi vendida à Filmdrehtsich Unipessoal Lda, "detida a 100% por uma empresa de capitais angolanos", confirmou ao PÚBLICO José Pedro Ribeiro, director do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA). O património fílmico e imobiliário permanece nas mãos do Estado, garantiu o responsável.
TEXTO: Depois de meses de dúvida, a situação da Tobis parece finalmente ter sido resolvida. Os históricos estúdios do cinema português, fundados em 1932, foram comprados pela Filmdrehtsich Unipessoal, por um valor ainda não revelado. A notícia foi confirmada pelo ICA, apenas um dia antes da assembleia-geral de accionistas marcada para esta sexta-feira, na qual se esperava por uma resolução final. "Até à presente data, apesar de algumas manifestações de interesse por parte de outros potenciais compradores, esta foi a melhor proposta apresentada uma vez que acautela devidamente os interesses que o Estado pretende proteger, ou seja, a salvaguarda do património cinematográfico e dos direitos dos trabalhadores bem como a manutenção da atividade da empresa nas áreas do digital e do restauro", disse ao PÚBLICO José Pedro Ribeiro, explicando que a empresa Filmdrehtsich prestará serviços nas áreas digital e restauro. Já o secretário de Estado da Cultura disse esta tarde aos jornalistas que a empresa que adquiriu a Tobis é uma companhia “estrangeira de capitais sobretudo angolanos”, com a qual o Estado nunca teve contacto directo. Para Francisco José Viegas, este é assim o “fim de um processo negocial muito complicado” e uma chegada a um “bom porto (. . . ) que assegura a continuidade da Tobis, de grande parte dos postos de trabalho”, e que permite ao Estado manter o arquivo da empresa, assim como o edifício. Em relação à Filmdrehtsich, Viegas explicou que as negociações nunca ocorreram directamente com a companhia, mas sim com os bancos e com os advogados que a representavam, sendo esta “uma empresa estrangeira de capitais sobretudo angolanos”, concluindo: “Portanto, basicamente é o que nós sabemos da empresa”. Ao PÚBLICO, Tiago Silva, delegado sindical da Tobis, disse, via email, que o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e do Audiovisual (SINTTAV) foi informado do negócio ao início da tarde através do secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas. "Aparentemente está prevista a saída de metade do pessoal da empresa e as negociações laborais estarão integralmente a cargo do ICA", acrescentou Tiago Silva, explicando que estava agendada para esta tarde, às 16h30, uma reunião entre o SINTTAV e o os responsáveis do Instituto do Cinema e do Audiovisual, para se saberem mais pormenores. Na última Assembleia-Geral, a 6 de Janeiro, foi comunicado aos trabalhadores que a dissolução da empresa, uma possibilidade levantada em Dezembro, não iria acontecer, uma vez que estava a ser negociada a venda da Tobis. Nessa altura, José Pedro Ribeiro garantiu mesmo que o negócio estaria "muito avançado”. Para amanhã continua agendada a Assembleia-Geral, onde se deverão conhecer mais pormenores do negócio. Os problemas financeiros da Tobis arrastam-se há anos, com resultados negativos, salários em atraso e sucessivos requerimentos em sede parlamentar, mas só em Julho de 2010 foram tornados públicos quando o ICA, entidade através da qual o Estado detém 96, 48% do capital da empresa, fez saber na Assembleia da República que pretendia alienar a sua participação. Desde aí, os rumores, promessas da tutela e assembleias-gerais de accionistas mais ou menos inconsequentes não têm parado. Nos últimos meses, os 53 trabalhadores da empresa têm-se queixado de constantes salários e subsídios em atraso, embora o director do ICA garanta que actualmente não existem salários em atraso. Notícia actualizada às 20h06
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos cultura