Venda da Tobis dita fim da película no cinema português
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DATA: 2012-02-29
SUMÁRIO: O director do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), José Pedro Ribeiro, garante que os trabalhos contratualizados com o laboratório de película da Tobis que ainda estejam em curso serão concluídos, mas assume que o Estado não aceitará novas encomendas. O país deixa assim de dispor de alternativa para quem queira filmar em película, já que a única empresa privada que fornecia este serviço, a LightFilm, fechou recentemente o seu laboratório.
TEXTO: Uma opção que Tiago Silva, delegado sindical da Tobis, contesta, argumentando que "a manutenção de um laboratório cinematográfico comercial" permitiria ao país "captar produções estrangeiras", o que não apenas criaria oportunidades de trabalho e aprendizagem para técnicos portugueses, como beneficiaria o turismo. E sublinha que é "impensável filmar num país e revelar noutro", e que qualquer produção só desmonta os meios de rodagem após ter a certeza de que o filme se encontra bem revelado. Embora reconheça que a filmagem em película está a desaparecer, Tiago Silva acredita que ainda seria possível manter a "actividade comercial de revelação de negativo durante um ou dois anos". Mas é já certo que o Estado, que mantém o estúdio e o laboratório da Tobis - dois equipamentos que ficaram de fora do negócio acordado com a empresa de capitais angolanos Filmdrehsicht -, não irá manter essa valência. "A Tobis foi dissolvida", diz o director do ICA, "e o laboratório do ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento) garante o serviço público, não cabendo ao Estado assegurar necessidades comerciais". Todavia, a extinção da Tobis tem ainda outra consequência: sem os seus equipamentos e o know how dos seus técnicos, dificilmente os filmes portugueses rodados em película ao longo das últimas décadas poderão ser convertidos para plataformas digitais, o que, à medida que os projectores de películas forem desaparecendo das salas de cinema, fará com que estas obras só possam ser vistas em casa, no formato DVD, ou em contexto museológico. Tiago Silva calcula que os filmes já convertidos para digital rondem uma dezena, à qual soma mais outros tantos que foram tratados digitalmente e cuja posterior conversão será mais simples. Os restantes, que estima em quatro centenas, dificilmente irão poder voltar a ser vistos numa sala de cinema.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave extinção