A escola perfeita de Tatiana Gumenik
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 1.0
DATA: 2012-03-03
SUMÁRIO: Em vésperas das eleições presidenciais de domingo, onde Vladimir Putin será reeleito, uma visita ao liceu de Moscovo de onde saem alunos para Harvard e para o Parlamento.
TEXTO: O gabinete da directora é uma sala luxuosa. Tal como a indumentária da própria directora, e da subdirectora. Madeiras nobres, veludos, bonsais, palmeiras, jarrões de porcelana. Quadros, fotos de visitantes ilustres, troféus. Ao peito da directora, uma rosa vermelha de seda, nos dedos, pesados anéis, na cabeça um penteado ao alto, fixado com lacas brilhantes. "Esta escola tem independência total, porque eu sou independente", declara ela, Tatiana Gumenik, imediatamente apoiada pela vice, Olga Karp, que diz: "Esta escola é o que é devido à senhora directora. "Situa-se no bairro de Perovo, e chama-se Liceu Internacional de Moscovo, por decisão da directora, devido à particular atenção dada ao ensino de línguas estrangeiras. O Inglês é obrigatório para os 913 alunos, mas há também aulas de Castelhano, Francês e Alemão. "O único critério de selecção dos alunos é um teste que fazemos no início", explica Tatiana. "Trata-se de uma entrevista, em que averiguamos da inteligência e vontade de aprender. Por isso, todos os nossos alunos são muito bons. "De facto, os resultados da escola são impressionantes. Em 35 anos todos os alunos entraram em universidades. Não em quaisquer umas, mas nas mais prestigiadas. "Muitos têm saído para Oxford e Harvard", precisa a directora. O ensino secundário na Rússia, desde o fim do regime comunista, divide-se em dois tipos de escolas - secundárias normais, por um lado, liceus e os chamados "gimnasie" por outro. Teoricamente, liceus e "gimnasie" caracterizam-se por administrarem com grande incidência disciplinas temáticas específicas, como as línguas, as artes ou as matemáticas. As secundárias são mais generalistas. Na prática, os "gimnasie", e principalmente os liceus, são escolas de elite, com um nível de ensino infinitamente mais elevado do que o das outras. Em Moscovo há 1560 escolas públicas secundárias, 70 "gimnasie" e 30 liceus. Em todas o ensino é gratuito, embora o financiamento do Estado não seja equitativo. "Um liceu recebe muito mais, porque tem outras necessidades", explica a directora. "Cada um dos nossos alunos custa 120 mil rublos [3 mil euros] por ano. " Nas privadas, o preço das propinas pode ser muito elevado, tal como a qualidade do ensino, embora em nenhuma este se possa comparar com a excelência de um liceu público. Os professores de um liceu ganham mais do que os outros. Em média, ganham o dobro. Mas, explica Tatiana, todos os mais de cem docentes são submetidos a uma avaliação mais rigorosa, de cinco em cinco anos, por uma comissão do Ministério da Educação e Ciência. Ou seja, são melhores. Imigrantes não entramOs alunos, garante a directora, provêm de todas as classes sociais. "O que importa são as capacidades. " Mas acrescenta com orgulho que frequentam a escola os filhos de algumas das personalidades mais prestigiosas da Rússia, como é o caso do milionário e deputado da Duma Vladimir Brintsalov. Só um tipo de alunos não entra: filhos de imigrantes. "São eles que fazem baixar muito o nível de certas escolas", explica Tatiana baixando a voz. "Têm menos capacidades, geralmente porque falam mal o russo. Vêm das antigas repúblicas soviéticas, onde, antes, o russo era língua oficial. Deixaram de o usar. Mas depois estão misturados com os alunos russos em turmas mistas, o que prejudica muito estes últimos, e de forma muito injusta. "Curiosamente, uma das particularidades do Liceu Internacional é ser uma escola parceira da ONU. Estabeleceu protocolos com a organização, alunos já visitaram a sede, e o ex-secretário-geral Butros Ghali já foi recebido aqui no liceu.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU