Putin vence a eleição "mais limpa da História" e vai liderar mais seis anos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.3
DATA: 2012-03-05
SUMÁRIO: Vladimir Putin venceu ontem as eleições presidenciais russas à primeira volta, de acordo com os resultados quase definitivos publicados hoje de manhã. O actual primeiro-ministro terá obtido 63,9% dos votos quando estão contados praticamente 100% dos boletins. "Ganhámos numa luta aberta e honesta", disse perante uma multidão de mais de 100 mil pessoas que se juntaram no centro de Moscovo para festejar a vitória do homem que vai continuar a mandar na Rússia.
TEXTO: A votação de Putin está, porém, abaixo da obtida na sua segunda eleição (mais de 70 %), mas não deixa de ser uma maioria absoluta, que permitirá ser eleito sem segunda volta para um mandato de seis anos, a que, segundo a lei, se poderá seguir um outro. O candidato comunista, Gennadi Ziuganov, surge em segundo na votação, com 17, 18 %, seguido de Mikhail Prokhorov e de Vladimir Jirinovski. A eleição, que esteve desde sempre sob a suspeita de fraude, foi, segundo o chefe da campanha de Putin, "a mais limpa da História". Um inovador sistema de câmaras de vigilância foi instalado pelas estações de voto de todo o país, o que permitia, através da Internet, ver imagens da votação. E a polícia garantiu que não houve irregularidades graves. A oposição discordou. Grupos organizados de observadores, como a Liga dos Eleitores, espalharam centenas de milhares de cidadãos pelos locais de voto em todo o território, para que nenhum deslize passasse incólume. "Eu estou aqui porque não quero que Putin ganhe", explicou Ekaterina, psicóloga de profissão, que cumpria uma dessas missões de observação, na secção de voto da escola da rua Storaia Seolitsnaia, no bairro de Socolnitza. "Não gosto de Putin. Não passará!", acrescentou ela, sentada junto à enorme urna de plástico transparente. Na secção de voto, tal como sucedia nas outras que visitámos, a confusão era enorme. Havia muita gente, entre delegados dos partidos e da autarquia, observadores e eleitores alinhados na fila, porque ainda não tinham votado, e outros que, já o tendo feito, se mantinham ali a conversar. Ao lado das mesas de voto, em bancas compridas, vendiam-se sandes, bolos e bebidas. Outra banca vendia revistas de palavras cruzadas e artigos de papelaria, e uma outra ainda expunha produtos de cosmética. "Votámos Putin!", responderam logo três reformados, antes de ouvirem a pergunta (que, claro, não era essa). "Os responsáveis pelos graves problemas do país são os que enriqueceram de forma ilícita após o fim a União Soviética", explicou uma das mulheres, de 72 anos. "Não há provas nenhumas de que haja fraudes. Isso é inventado pelos inimigos da Rússia". "Eu votei Ziuganov [o candidato comunista]", disse, à saída do Centro Cultural da Juventude de Sokolnitza, e também espontaneamente, Anton Jelecov, um estudante de Relações Públicas com 21 anos. "A minha família é comunista, e eu sigo a tradição. Os comunistas de hoje defendem um regime diferente do soviético, com igualdade entre as pessoas, mas também com liberdade". Já dois reformados que votaram na escola de Ulitza Barbolina, ainda que tenham saudades dos tempos comunistas, escolheram o multimilionário moderno Mikhail Prokhorov, também segundo confissão voluntária. "Nos tempos da União Soviética, as pessoas eram todas iguais. Não havia ricos nem pobres. Agora, as diferenças são enormes, uns têm tudo, outros não têm nada". No entanto, ela e o marido votaram no bilionário Prokhorov, cuja campanha eleitoral consistiu em anúncios televisivos onde figuras do mundo do showbiz, da televisão e do desporto apareciam levantando um polegar e dizendo: "Prokhorov. Gosto!", como no Facebook. "Votamos nele porque é uma cara nova", explicou Ekaterina. "Os outros já estamos fartos deles". O casal vota em todas as eleições, porque considera isso "uma oportunidade de manifestar livremente a opinião". Já o faziam nas eleições dos tempos soviéticos. "Ah, mas essas eram muito mais animadas. Eram uma festa".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei escola igualdade mulheres