Regime sírio anuncia legislativas para 7 de Maio
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-15
SUMÁRIO: O regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciou nesta terça-feira eleições legislativas, enquanto o enviado da ONU, Kofi Annan, dizia esperar uma resposta do regime a propostas concretas para terminar a violência. Mas no terreno continuam a morrer dezenas de pessoas, a maioria vítimas de acções das forças militares.
TEXTO: A visita de Annan a Damasco no fim-de-semana, que incluiu dois encontros com Assad, tinha três objectivos: conseguir um cessar-fogo, acesso a ajuda humanitária e início do diálogo político. O regime deveria responder ainda durante esta terça-feira, indicou Annan. Mas de Damasco vinha outra notícia: de que o regime planeia eleições legislativas para 7 de Maio. As eleições serão levadas a cabo após a aprovação da nova Constituição que teoricamente acaba com o regime de partido único ao retirar o partido Baas, da família Assad, do seu lugar de “líder do Estado e da sociedade”. Mas impõe uma série de outros limites (os partidos não podem ter base regionalista – o que exclui por exemplo os partidos curdos – ou religiosa – o que exclui a banida Irmandade Muçulmana . E a oposição recusa-se a participar numa votação que apelida de farsa enquanto a violência continua sem tréguas no país. Ontem registaram-se ataques em vários locais, incluindo ainda em Homs, cidade já arrasada pelas forças de Assad, e da cidade que agora está a ser alvo da maior operação, Idlib, chegam relatos de mortes e violações. Segundo um activista, morreram 50 pessoas na cidade, muitas delas mortas a tiro enquanto se aproximavam de corpos deixados numa mesquita. Outro activista conta que viu os corpos de duas raparigas, uma não teria mais de 13 anos e tinha sido violada. “Estava coberta de sangue e a sua roupa interior tinha sido arrancada”, disse à Reuters. Enquanto isso, mantinha-se um impasse no Conselho de Segurança em relação a uma resolução, com a Rússia e a China a oporem-se a críticas a Assad (que não tivessem iguais críticas à oposição), algo que os EUA consideram inaceitável, já que acções agressivas de um exército de um regime não podem ser comparadas a acções de autodefesa de civis, explicou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. A Rússia defendeu que o regime sírio não devia aceitar um cessar-fogo unilateral, dizendo que as hostilidades deveriam parar simultaneamente dos dois lados. Os EUA defendem que o regime deveria primeiro parar os seus ataques. Minas na fronteiraA ONU reviu, pelo seu lado, o número de vítimas do regime sírio de 7500 para mais de 8000, incluindo muitas mulheres e crianças. O Alto Comissariado para os Refugiados indicou ainda que pelo menos 30 mil pessoas fugiram para o estrangeiro (a maioria para a Turquia e Líbano) e 200 mil estão deslocadas no próprio país. Para evitar estas fugas, o regime está a colocar minas na fronteira com a Turquia, acusou entretanto a Human Rights Watch. A primeira informação sobre minagem de fronteiras tinha surgido em Novembro do lado libanês (o regime justificou-a com a necessidade de prevenir o contrabando); desta vez há informações recentes do lado turco, mas as autoridades sírias não reagiram à acusação. A Human Rights Watch cita informações de habitantes e de um antigo perito em desminagem do exército, de 28 anos, que afirmou ter desactivado, junto com um primo e três amigos, mais de 300 minas de fabrico soviético. As minas estavam “entre as árvores de fruto, a três metros da fronteira, em duas linhas paralelas”, descreveu. Um rapaz de 15 anos contou à organização como ficou sem uma perna ao atravessar a fronteira para a Turquia, ajudando um amigo da família que tinha ficado ferido no ataque ao bairro de Bab al-Amr, em Homs: “Estava a menos de 60 metros da fronteira quando a mina explodiu”, lembra. O seu amigo morreu. A Human Rights Watch apelou à Síria para que não coloque minas no terreno, sublinhando que estas vão matar muitos sírios durante os próximos anos.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA