Um ano de revolta: o horror avança na Síria
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DATA: 2012-03-15
SUMÁRIO: O regime sente estar a ganhar, mesmo se perde apoios por cada cidade que recupera. Ontem voltou a matar em Deraa, onde a revolta começou há um ano. A Síria nunca mais será como antes.
TEXTO: A 15 de Março do ano passado houve uma pequena manifestação em Damasco e um grande protesto em Deraa, cidade no Sul da Síria conhecida pelas suas famílias de grandes dimensões. Duas semanas antes, 15 miúdos (vários primos uns dos outros) tinham escrito "o povo quer a queda do regime" nas paredes da sua escola. Foram presos e torturados e a cidade saiu à rua para pedir "justiça, mais direitos e a responsabilização" dos que tinham maltratado as crianças. Bashar al-Assad foi rápido a mostrar como responderia a quem ousasse questioná-lo. Um ano depois, os sírios ainda não deixaram de sair à rua - aliás, fazem-no em cada vez mais bairros e cidades - e o regime ainda não parou de os massacrar. Damasco, Deraa, Banias e Latakia (Noroeste), Hama (Centro), Deir Ezzor (Leste), Homs (Ocidente), Allepo (Norte), Idlib (Noroeste), o mapa da revolução é cada vez mais o mapa do país. Os mortos, segundo a ONU, são já mais de oito mil, a maioria civis. Ontem, o Exército sírio recuperou o controlo da cidade rebelde de Idlib, pondo termo a um assalto de quatro dias. A entrada em Idlib acontece duas semanas depois da ocupação de Bab al-Amr, o bairro de Homs que resistiu a um mês de bombardeamentos. Para além das vítimas – em Homs, segundo ONG sírias, foram mortos pelo menos 800 civis – estas operações têm levado à fuga de dezenas de milhares. Muitos tornam-se deslocados internos; os que conseguem passam a fronteira mais próxima, a do Líbano no caso de Homs, a da Turquia para quem foge da região de Idlib. Mal armados, os combatentes do Exército Livre, grupos de civis ao lado de soldados que desertaram, recuaram de Idlib como antes tinham retirado de Bab al-Amr. Não são um exército, são homens que pegaram em armas para proteger as suas famílias e as manifestações, até que começaram a enfrentar as forças do regime, esperando impedi-las de entrar nos seus bairros. A expectativa da oposição é que a cada cidade ou bairro que abandonam, estes combatentes se consigam reagrupar em novos lugares, como tem acontecido. A do regime é de acabar por esmagá-los, ao mesmo tempo que se esforça por desacreditá-los. Na segunda-feira, quando os activistas denunciaram o massacre de 26 crianças e 21 mulheres em dois bairros de Homs, o regime decidiu não desmentir estas mortes. Em vez disso, atribuiu-as a "terroristas" interessados em "acusar o regime". É a nova estratégia. Ontem, o Exército Livre retirou "mais 14 corpos mutilados" de Homs. Os media oficiais noticiaram o massacre de 15 civis, incluindo crianças, por "terroristas armados". O Exército atacou a Norte e a Sul. Enquanto entrava em Idlib, regressava a Derra com 130 tanques, matando pelo menos 20 pessoas. Oposição divididaO aumento da violência nas últimas semanas acompanhou o crescimento da pressão internacional contra o regime mas também sobre a oposição. Os países mais críticos de Assad têm pedido ao maior grupo de opositores, o Conselho Nacional Sírio, para se organizar e ser mais inclusivo. Os massacres do regime em Homs exasperaram os sírios que exigem armas e dinheiro aos opositores. Três importantes membros abandonaram ontem o CNS, dizendo que não querem "ser cúmplices do massacre do povo sírio com atrasos, enganos, mentiras, demagogia e monopolização das decisões". "Há um ano as pessoas pensavam que isto ia evoluir para um de vários cenários. Ou Assad ia cair muito depressa, ou seria obrigado a reformar o sistema ou esmagaria os protestos com sucesso. Nada disto aconteceu", disse à Reuters Volker Perthes, director do Instituto Alemão para a Segurança e a Política Externa. "A vitória está próxima", disse Assad há dois meses. "Tenham vergonha. Eu não sou pessoa de abandonar as minhas responsabilidades. "
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE