Seca esgota comida para animais e preço do feno chegou a disparar 80%
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-18
SUMÁRIO: Sem pastagens, aumentou a procura dos chamados alimentos grosseiros, como fenos e palhas. Quebras de produção rondam os 41% e a subida dos custos está a sobrecarregar os agricultores em todo o País.
TEXTO: Em algumas zonas do Norte ainda não foram plantadas batatas. As reservas de alimentos para os animais estão a esgotar-se e o preço dos fardos de palha e feno aumentaram 30%. Na região Centro, a escassez de oferta de feno fez disparar os preços até 80% e as searas têm "mau aspecto". Esperam-se quebras entre os 10 a 50% na produção de cereais. O cultivo de couves, grelos e nabos ressente-se da falta de humidade. O diagnóstico traçado no segundo relatório elaborado pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação dos Impactos da Seca é desolador. Se não chover nas próximas semanas, há searas na zona Norte que estarão "irremediavelmente perdidas". Aqui, as quebras de produção chegam aos 40%. Os animais estão a ser mais alimentados com suplementos e rações, o que, na região Centro, já está a afectar a produção de leite de ovelhas e cabras. Os produtores estão a recorrer às reservas de comida para os animais destinadas ao Verão e, numa tentativa de travar o aumento de custos, vendem cabeças de gado. Contudo, em Lisboa e Vale do Tejo, os compradores de gado "estão a manifestar menor interesse na compra de animais e a oferecerem preços mais reduzidos". Nesta região, a pecuária extensiva e as pastagens de sequeiro são as actividades que mais estão a sofrer com a falta de água e, no relatório, o grupo criado pelo Ministério da Agricultura diz mesmo que a situação actual é "bastante preocupante e está a agravar-se de dia para dia". O cenário nacional mostra uma quebra de produção que ronda os 41, 4%, média não ponderada, de acordo com os cálculos do PÚBLICO. A diminuição da produtividade atinge em maior escala as culturas forrageiras, prados, pastagens, sobretudo na região Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo. Segue-se o cultivo dos cereais de Outono e Inverno (como o trigo, aveia ou centeio) que caiu até 50%. Os custos de produção, com a água e energia, estão a sobrecarregar os agricultores, obrigados a regar com mais intensidade "do que é normal para a época as culturas de regadio" (hortícolas e citrinos, por exemplo). Com a quebra das reservas hídricas e as temperaturas elevadas, os produtores estão a adiar as novas culturas. No Alentejo, a próxima campanha de regadio está ameaçada e já se perderam searas. Alguns produtores "optaram por não semear ou não concluir as sementeiras". As reservas de alimentos para os animais também estão praticamente esgotadas. A seca atinge Portugal Continental desde Dezembro e de acordo com os dados mais recentes do Observatório de Secas do Instituto de Meteorologia, o cenário agravou-se na primeira semana de Março. Em Portugal Continental, a ausência de precipitação fez subir de 32 para 53% o território em seca extrema. Os restantes 47% do território estão em seca severa. No balanço anterior, conhecido a 1 de Março, 68% estava em seca severa e 32% em seca extrema. A pedido de Portugal, a falta de chuva vai ser discutida na próxima reunião dos ministros da Agricultura da União Europeia, agendada para terça-feira. Em cima da mesa estarão os prejuízos provocados pela seca na Península Ibérica. Portugal e Espanha tencionam abordar temas como o adiantamento dos pagamentos de ajudas directas, a autorização para medidas de compensação aos agricultores e a flexibilização nas condições do regime de prémios para vacas em aleitamento. Na reunião vai estar o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque; a ministra Assunção Cristas inicia uma vista oficial a Angola na próxima semana. O Governo aprovou, quinta-feira, um pacote de dez metidas para atenuar os prejuízos provocados pela seca que, no total, valem 90 milhões de euros.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave alimentos