Autoridades temem que assassino de Toulouse volte a matar
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DATA: 2012-03-21
SUMÁRIO: A polícia francesa está numa corrida contra o relógio para tentar descobrir a identidade do “serial killer” de Toulouse, antes que ele volte a matar – porque a possibilidade de ele voltar a fazê-lo é bem real, dizem vários especialistas e confirmou-o o procurador de Paris, Richard Molins: “Este indivíduo sente-se acossado e é susceptível de entrar de novo em acção”.
TEXTO: O atirador disparou contra as suas vítimas - sete mortos e um ferido grave - à queima-roupa, apontando sempre à cabeça, disse Molins, numa conferência de imprensa. O intervalo entre os homicídios em Toulouse e Montauban foi sempre de quatro dias – 11 de Março, 15 e 19. Nenhuma linha de investigação foi abandonada — embora a meio da tarde tenha surgido a indicação de que a pista dos militares neonazis expulsos em 2008 do 17º regimento de pára-quedistas a que pertenciam as vítimas de Montauban já não é “privilegiada”. Mas os 200 investigadores mobilizados para este caso, além dos polícias encaminhados para a região de Toulouse, que está em alerta escarlate – o mais elevado nível de alerta – têm em mãos uma tarefa que é como procurar uma agulha num palheiro. O assassino poderá ter filmado os ataques com uma pequena câmara que fixava no peito: “Uma testemunha viu uma pequena câmara ao peito do assassino. Seria um aparelho que permite registar imagens em grande plano e depois vê-las no computador”, disse o ministro do Interior francês, Claude Guéant. “Para mim, isto seria conforme ao perfil psicológico do assassino”, apresentado como “dono de si próprio e dos seus gestos, muito cruel”, disse o governante. Parecem existir motivações racistas nos crimes; mas este homem entroncado, de altura média, com uma tatuagem ou uma cicatriz na cara, pode ser também alguém com problemas mentais. Ou então, dizem os psiquiatras, um homem com um carácter paranóico, que se atribuiu a si próprio uma missão — tornou-se um exército terrorista de um homem só. Usava uma arma de calibre 11. 43, que faz grandes estragos — a sua intenção deliberada era matar e, mais do que isso, executar as suas vítimas, sublinha Stéphane Bourgoin, especialista em assassinos em série, autor do livro “Serial killers: enquête mondiale sur les tueurs en série”, numa entrevista ao jornal “Le Figaro". A polícia procura um móbil do crime — o motivo pelo qual matou, e por que poderia estar disposto a “executar” mais vítimas. “Nota-se “uma vontade de destruir certas categorias de pessoas”, diz o analista criminal Jean-François Abgrall à revista “Nouvel Observateur”. As suas primeiras vítimas foram militares franceses, três de origem magrebina e outro das Antilhas — a França mestiça, que este homem possivelmente entende como “estrangeira”. “Talvez seja isso que lhe é insuportável”, disse Abgrall. Na segunda-feira, foi a escola judaica o seu alvo. “Não se pode dizer qual foi o gatilho. Mas há um clima agitado de campanha política e fala-se de problemas da sociedade que para ele podem ter um sentido diferente do que para nós”, diz este analista criminal. Em Israel, a tragédia da escola judaica de Toulouse é sentida como um drama familiar. A imprensa está cheia de referências ao crescente anti-semitismo na Europa: “Os judeus de França foram expostos à mais importante manifestação de anti-semitismo após o Holocausto”, escrevia o “Jerusalem Post”. O “Ha’aretz” dizia que “após o Holocausto e a ocupação nazi, muitos pensavam que as crianças francesas nunca mais seriam mortas a sangue frio por causa da sua religião. E, no entanto, foi precisamente isso que se passou em Toulouse”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime escola homem