O americano Richard Norris tem uma nova cara
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DATA: 2012-03-28
SUMÁRIO: A viver há 15 anos como um recluso em casa dos pais, numa zona rural dos EUA, Richard Norris, de 37 anos, vai poder finalmente sair à rua sem máscaras nem pudor. Após uma operação de 36 horas, este americano ganhou uma cara nova depois de ter sido sujeito ao mais extenso transplante completo de rosto alguma vez realizado.
TEXTO: A operação demorou 36 horas e foi um processo que juntou, ao largo de todo o processo, cerca de cem médicos, cientistas, e outros especialistas da Universidade de Maryland, onde decorreu a cirurgia. Foi em 1997 que Richard Norris, de Hillsville (Virgínia) foi alvejado na cara, tendo perdido o nariz, os lábios e quase todos os movimentos da boca. Mesmo após muitas cirurgias de reconstituição, Norris não voltou a ter uma aparência normal, o que o obrigou a fechar-se em casa dos pais. Não conseguia arranjar emprego por causa do seu aspecto e sempre que precisava de sair à rua fazia-o sob a protecção de uma máscara. Tudo mudou, porém, na semana passada. Seis dias após a cirurgia Richard Norris já podia mover a língua e abrir os olhos, estando a recuperar muito mais depressa do que os médicos tinham estimado, avança a Reuters. Depois de ter aberto os olhos, Norris pegou num espelho, viu o seu reflexo e abraçou o médico que liderou esta operação, Eduardo Rodriguez, professor e cirurgião na Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland e que liderou a equipa de transplante. Numa conferência de imprensa realizada ontem e na qual Richard Norris não esteve presente, o cirurgião Eduardo Rodriguez mostrou fotografias do paciente antes do acidente, após as cirurgias reconstrutivas que moldaram o rosto do paciente nos últimos 15 anos e agora, após o transplante de face. Os resultados parecem ser efectivamente extraordinários, de acordo com as imagens divulgadas. “Ele agora olha para o espelho quando está a fazer a barba e a lavar os dentes, coisa que nós nunca esperámos que acontecesse”, disse Eduardo Rodriguez. Norris é a primeira pessoa sujeita a um transplante total de face nos EUA a conservar a sua visão. Para garantirem que Norris manteria o máximo de expressões e movimentos faciais os médicos deram-lhe uma nova língua para que pudesse falar, comer e mastigar de forma normal, com os dentes alinhados e com os nervos perfeitamente ligados a fim de que possa sorrir normalmente. Esta cirurgia envolveu dez anos de pesquisas e estudos científicos pagos pela Marinha norte-americana, que espera que estas técnicas possam vir a ajudar os soldados feridos em cenários de guerra, nomeadamente no Iraque e no Afeganistão. O governo americano estima que cerca de 200 soldados poderão ser sujeitos a este tipo de operação. Eduardo Rodriguez aproveitou ainda a conferência de imprensa para saudar o trabalho que tem sido feito em todo o mundo por diversas equipas de cirurgiões e cientistas durante os últimos 22 anos e sem as quais esta cirurgia não teria sido possível. O primeiro transplante de face a nível mundial ocorreu em França, em 2005, numa mulher que perdeu o nariz, lábios e queixo depois de ter sido mordida pelo seu cão. No dia 20 de Março de 2010 uma equipa espanhola de 30 médicos anunciou ter levado a cabo o primeiro transplante completo de face num homem que tinha sido alvejado na cara.
REFERÊNCIAS: