Papa pede que Cuba seja uma casa para todos os cubanos e critica embargo dos EUA
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-29
SUMÁRIO: O Papa Bento XVI disse, antes de deixar Havana com destino a Roma, que continuará a rezar para que “Cuba seja a casa de todos e para todos os cubanos, onde convivam a justiça e a liberdade, num clima de serena fraternidade”.
TEXTO: Ao mesmo tempo, criticou implicitamente o embargo norte-americano à ilha de Fidel, afirmando que a carência de recursos materiais “fica agravada quando medidas económicas restritivas impostas de fora ao país pesam negativamente sobre a população”. No discurso de despedida desta viagem que já se pode considerar histórica, tal como a que João Paulo II fez ao país em 1998, Bento XVI repetiu algumas das ideias referidas nestas 48 horas cubanas. Perante o Presidente Raul Castro, que o recebera em Santiago de Cuba na passada segunda-feira, o Papa afirmou que “o respeito e a promoção da liberdade que vive no coração de cada homem são imprescindíveis para responder adequadamente às exigências fundamentais da sua dignidade”. Só desse modo, acrescentou, se pode “construir uma sociedade onde cada um se sinta protagonista indispensável do futuro da sua vida, da sua família e da sua pátria”. O Papa alemão, que completa 85 anos a 16 de Abril, disse ainda que ninguém se deve ver “impedido de tomar parte nesta tarefa apaixonante por causa da limitação das suas liberdades fundamentais, nem eximido dela por negligência ou carência de recursos materiais”. A reivindicação de mais liberdade, nomeadamente de liberdade religiosa e de mais espaço para que a Igreja possa exercer a sua missão, foi uma das tónicas da homilia do Papa esta tarde (manhã em Havana), na homilia da missa celebrada na Praça da Revolução, em pleno centro da capital cubana. Nessa ocasião, Bento XVI enalteceu “os passos que se têm realizado em Cuba para que a Igreja cumpra a sua irrenunciável missão de anunciar, pública e abertamente, a sua fé”, mas pediu aos líderes do regime que sigam “em frente”, permitindo mais espaço de liberdade. Na praça onde também se realizam as grandes concentrações do regime, o Papa apelou às autoridades cubanas que reforcem o “que já foi alcançado” e continuem “por este caminho de genuíno serviço ao bem comum de toda a sociedade cubana”. E acrescentou, também com Raúl Castro a ouvi-lo, na primeira fila, entre meio milhão de pessoas, que “o direito à liberdade religiosa, tanto na sua dimensão individual como comunitária, manifesta a unidade da pessoa humana, que é simultaneamente cidadão e crente, e legitima também que os crentes prestem a sua contribuição para a construção da sociedade”. A cerimónia de despedida, no aeroporto José Martí, em Havana, teve que ser transferida do exterior para as instalações da aerogare devido à intensa chuva que entretanto se abatera sobre a capital cubana. O facto provocou mesmo um atraso de cerca de meia hora, uma vez que a cerimónia só se iniciou às 23h de Lisboa. O Presidente Raúl Castro repetiu os “sentimentos de respeito e afecto” que, desde o início, o regime fez questão de adoptar como slogan para o acolhimento reservado ao Papa. E defendeu a “justiça” dos propósitos das autoridades cubanas. O país, disse, tem “como principal objectivo a dignidade do ser humano, que se constrói não só sobre bases materiais mas também espirituais”, como a generosidade, a solidariedade, o sentido de justiça e o apego à verdade. Recordando o padre Félix Varela, educador e herói nacional de Cuba que na missa também Bento XVI recordara, Castro afirmou que o regime cuida das crianças e encoraja a juventude, “sem paternalismo”. E reconheceu “a contribuição patriótica da emigração cubana”, enaltecendo a “normalização plena das relações” do regime com os seus emigrantes, muitos dos quais são opositores do regime de partido único que vigora na ilha. No discurso, o Papa referiu ainda que “o caminho que Cristo propõe à humanidade” é o “factor primeiro e principal do seu verdadeiro progresso”. Disse que rezava para que todos reforcem a “concórdia” e façam “frutificar o melhor da alma cubana, os seus valores mais nobres, sobre os quais é possível fundar uma sociedade de largos horizontes, renovada e reconciliada”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homem