Morte de Oksana Makar está a escandalizar a Ucrânia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-30
SUMÁRIO: Violada por três homens, abandonada com queimaduras em grande parte do corpo, a ucraniana Oksana Makar, de 18 anos, não resistiu aos ferimentos. Morreu nesta quinta-feira, deixou a Ucrânia em choque e um aceso debate sobre corrupção política.
TEXTO: Era Dia Internacional da Mulher, 8 de Março. Oksana Makar tinha ido a um bar na cidade ucraniana de Mykolayiv, no Sul do país, acabou por sair acompanhada de dois rapazes. Foram juntos a casa de outro rapaz, teriam bebido demais. Oksana acabou por ser violada repetidamente, ficou inconsciente, mas quando recuperou ameaçou denunciá-los e acabou por ser estrangulada. Levaram-na para um sítio ermo, deixaram-na junto a uma casa em obras e deitaram-lhe fogo, conta o El País. Era já de manhã quando foi descoberta e levada para o hospital de Donetsk, onde resistiu com queimaduras em 55% do corpo. Até ontem. O que aconteceu a Oksana Makar chocou a Ucrânia, mas também reacendeu o debate sobre a corrupção no país e o favorecimento dos que ocupam cargos públicos. Logo após o crime os três suspeitos foram detidos, mas dois acabaram por ser libertados. Um era filho de uma antiga presidente da autarquia, o outro de um procurador local, por isso a indignação alastrou a várias cidades e houve protestos em Odessa, Jarkiv ou Lviv. Os três suspeitos têm entre os 21 e os 23 anos e as autoridades acabaram por levar novamente para a prisão os dois que tinham sido libertados. Mas o caso intensificou o debate sobre clientelismo ou a degradação do sistema de justiça num país que, por causa da corrupção, está no lugar 153 do índice de transparência internacional. O porta-voz do Ministério do Interior, Volodimir Polischuk, confirmou em conferência de imprensa que os suspeitos enfrentam acusações por violação e homicídio. O Presidente Viktor Ianukovitch e o primeiro-ministro Mikola Azarov apresentaram condolências à família, milhares de pessoas deixaram mensagens nas redes sociais a condenar o que foi considerado uma tentativa de camuflar o crime. No hospital de Donetsk, o médico Emil Fistal mostrou-se surpreendido com o facto de Oksana ter resistido todos estes dias em estado tão grave, com queimaduras em grande parte do corpo. A causa da morte acabou por ser uma hemorragia pulmonar, mas o seu estado era tal que os médicos já tinham admitido que havia pouca probabilidade de sobreviver. “Imaginem. Eles estrangularam-na, depois deitaram fogo ao seu corpo, depois deixaram-na por terra num frio glacial”, disse Emil Fistal aos jornalistas. “Ela estava condenada à partida, e se sobreviveu estas três semanas foi graças a um tratamento intensivo. ”Os órgãos de informação ucranianos mostraram imagens de um dos suspeitos, de cara tapada, a contar o que aconteceu naquele dia. “Ela não se acalmava e decidi estrangulá-la”, contou. Depois, acreditando que a rapariga estaria já morta, os suspeitos tê-la-ão levado para um descampado e deitado fogo. “Eu não queria queimar o corpo”, disse o suspeito no vídeo, admitindo, no entanto ter incendiado um pedaço de tecido e depois atirado para perto da vítima. A mãe de Oksana também divulgou um vídeo da filha na cama do hospital após aquele que o Kiev Post qualificou como “um dos mais hediondos crimes dos últimos anos”. Os suspeitos poderão agora ser condenados a prisão perpétua. Esta não é a primeira vez que um caso de complacência do sistema de justiça para com figuras públicas e poderosos gera indignação na Ucrânia. Em 2010, um deputado pelo distrito de Dnepropetrovsk, Aleksandr Tarán, matou com um tiro um homem de 25 anos, foi condenado a 14 anos de prisão mas, a 21 de Março, uma polémica decisão judicial permitiu que saísse em liberdade condicional.
REFERÊNCIAS:
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