Bastonário dos enfermeiros diz aos profissionais para não aceitarem propostas de salários baixos
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DATA: 2012-07-02
SUMÁRIO: O bastonário da Ordem dos Enfermeiros considerou esta segunda-feira um “escândalo” que aqueles profissionais de saúde estejam a ser contratados a menos de quatro euros por hora, apelando a que “não aceitem” essas propostas.
TEXTO: “Isto é um escândalo para Portugal, para um país que se diz do primeiro mundo, que está a oferecer a profissionais altamente diferenciados um valor/hora que não se compactua nem com a sua profissão nem com a sua dignidade”, afirmou no Porto, Germano Couto, admitindo que a Ordem tem recebido “um conjunto de denúncias” por parte de “dezenas de enfermeiros que têm contratos oferecidos a 3, 96 euros à hora”. O bastonário reagia à notícia de que os enfermeiros contratados por empresas de prestação de serviços, que entraram ao serviço nos centros de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, irão receber quatro euros por hora. Germano Couto garantiu que a notícia “é real” e “há factos e provas”, esperando que, porém, “não passe de um conjunto de intenções” e, por isso, possa ser “revertida por parte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e do Vale do Tejo e do Ministério da Saúde”. Admitiu ainda que o Governo possa estar a “pagar mais às empresas” para que estas tenham “o seu lucro”, mas reforçou que “é preciso verificar” se as empresas estão a cumprir as condições contratualizadas com o Estado, recordando que com 3, 96 euroshora os enfermeiros vão receber 300 euros líquidos no fim do mês, o que não atinge o ordenado mínimo. Actualmente, a tabela pública de vencimento dos enfermeiros “está em 1020 euros” mensais, o que se traduz em “cerca de sete euros por hora”, valor esse que “deve ser a bitola que o Governo deve utilizar”. O bastonário lançou um “apelo aos enfermeiros” para “que não aceitem estes contratos, caso assim tenham condições”, acrescentando porém compreender que alguns o façam para “não perderem competências”. Germano Couto considera que há uma “falta de planeamento estratégico entre a formação” e as contratações actuais, assinalando que aqueles profissionais de saúde “não estão a ser contratados de acordo com as necessidades”. “A ARS de Lisboa e Vale do Tejo tem uma falta de cerca de 4700 enfermeiros nos seus quadros”, sublinhou Germano Couto, que fala em 2359 médicos para 2261 enfermeiros naquela região o que “é completamente ilógico”. Admitindo que os profissionais preferem emigrar a perder competências ou ficar sem trabalho, Germano Couto criticou o facto de Portugal estar a “formar enfermeiros para exportar”, num momento em que existem necessidades no país.
REFERÊNCIAS:
Cidades Lisboa Porto