Human Rights Watch diz que a Síria se transformou num "arquipélago de tortura"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-07-03
SUMÁRIO: O governo sírio está a levar a cabo uma política generalizada de tortura. O Estado pratica deliberadamente crimes contra a Humanidade, afrima o mais recente relatório da organização não governamental Human Rights Watch (HRW).
TEXTO: Esta organização falou com mais de 200 ex-detidos e identificou pelo menos 27 "centros de tortura" em toda a Síria. Os relatos dão conta de métodos de tortura, raptos e detenções arbitrárias, factos descritos em vídeo e publicados no Youtube por aquela organização, sediada em Nova Iorque e constituída por três centenas de activistas de Direitos Humanos, especialistas de diferentes áreas do Direito a outras áreas. O mesmo relatório conclui que as acções do regime do Presidente Bashar al-Assad poderão ser classificadas de crimes contra a Humanidade. O relatório, baptizado de “Torture Archipelago", num nome que remete para os gulags, o sistema de campos de trabalhos forçados soviéticos, recolhe o testemunho de duas centenas de pessoas - incluindo mulheres e crianças - para descrever aquilo que considera serem casos de tortura praticados desde Março de 2011. A Human Rights Watch indica que todos os entrevistados se queixam de casos de sobrelotação nas cadeias e de falta de comida, e muitos deles viram-se forçados a confessar que participaram em protestos anti-regime. Muitas testemunhas indicaram terem sido torturadas e a maioria delas chegou a ver pessoas a morrer à conta dos maus tratos. Um rapaz de 13 anos afirmou, por exemplo, que foi torturado durante três dias numa base militar. Foi electrocutado e arrancaram-lhe uma unha do pé. As testemunhas descrevem uma série de torturas praticadas pelo regime, incluindo choques eléctricos, abuso sexual (de mulheres e homens), espancamentos com bastões, chicotadas e privação de sono. Um ex-funcionário dos serviços secretos sírios é citado no relatório como tendo dito que as ordens para a detenção e tortura de prisioneiros vêm directamente das forças de segurança que estão em contacto com as pessoas mais chegadas a Bashar al-Assad, o Presidente sírio que enfrenta uma revolta desde Março de 2011. A Human Rights Watch quer que a ONU envie observadores para a Síria, para monitorizarem o que se está a passar nos centros de detenção e denunciar a situação ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Mas como a Síria não ratificou o Estatuto de Roma – que deu origem à criação do TPI –, este tribunal só terá jurisdição neste caso se o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas adoptar uma resolução e a levar ao tribunal. Mas este é um cenário improvável, uma vez que a Rússia e a China – membros permanentes do CS – bloquearam os esforços internacionais de responsabilização do regime sírio por aquilo que se está a passar. O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague, disse que este relatório deveria servir como um “aviso claro”. “Os responsáveis por violações sistemáticas e generalizadas dos direitos humanos não deverão continuar a enganar-se: nós e os nossos parceiros internacionais faremos tudo o que pudermos para assegurarmos que eles irão enfrentar a justiça”, disse.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU