Observadores da ONU tentam entrar na aldeia de Tremseh, palco de um massacre
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-07-14
SUMÁRIO: Um grupo de observadores da missão das Nações Unidas na Síria está hoje a tentar entrar da aldeia de Tremseh para investigar as denúncias do massacre de há dois dias em que terão morrido entre 200 e 300 pessoas nos bombardeamentos do exército e execuções das milícias leais ao regime do Presidente Bashar al-Assad.
TEXTO: A aldeia, que fica a cerca de 25 quilómetros para noroeste da cidade de Hama, é habitada por sunitas e está rodeada de localidades alauitas (a comunidade religiosa de Assad e do regime). Sendo confirmada a vaga de mortes, denunciadas por activistas no terreno e residentes, este terá sido o mais grave massacre desde o início da revolta em Março de 2011 e já o quarto no país atribuído às tropas de Assad nos últimos quatro meses. Relatos de oposicionistas dão conta que a aldeia esteve horas sob cargas da artilharia pesada – tanques e helicópteros de combate – após o que a milícia Shabiha entrou no local, começando a executar pessoas, com tiros na cabeça. Segundo os activistas a maior parte dos mortos são civis. O Governo sírio insiste, porém, que o que se passou na noite de quinta-feira para sexta-feira em Tremseh foi uma operação militar contra combatentes rebeldes que se tinham refugiado na zona e nega a ocorrência de mortes de civis. A televisão estatal síria mostrou entretanto imagens de dezenas de homens capturados, descrevendo-os como “terroristas”, a terminologia usada pelas autoridades para se referirem aos combatentes da revolta. Segundo o Governo de Damasco, foram também apreendidas grandes quantidades de armas e munições em Tremseh. Ao contrário do massacre de Houla de há dois meses, em que morreram 108 pessoas, incluindo dezenas de crianças, desta feita a oposição não divulgou ainda muitas imagens das vítimas de Tremseh, nem uma lista detalhada com os nomes dos mortos, sublinha o correspondente da BBC em Beirute. Os poucos vídeos difundidos pelos activistas anti-Governo mostram os corpos de homens jovens – o que poderá dar algum aval à teoria das autoridades de que muitos rebeldes foram mortos no ataque àquela aldeia. Os observadores das Nações Unidas já confirmaram porém que as tropas de Assad usdaram tanques, helicópteros e artilharia pesada contra Tremseh, o que constitui uma violação clara do plano de seis pontos mediado pelo enviado especial das Nações Unidas e Liga Árabe Kofi Annan, e que o regime sírio aceitou já em Março passado. Em reacção ao ataque à aldeia, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, considerou que o mesmo “lança grandes dúvidas” sobre a seriedade de Assad na assumpção do compromisso para com o plano de Annan. “Vai haver consequências sérias se o não cumprimento [no plano] continuar”, avisou, salientando a existência de uma “escalada escandalosa” da violência no país – cuja revolta de mais de 16 meses se salda já com um balanço que ultrapassa os 15 mil mortos. Ban Ki-moon frisou ainda que a incapacidade do Conselho de Segurança em exercer eficaz pressão sobre o regime de Assad está a dar a Damasco uma “licença para massacrar” os civis no país. Relatos avançados entretanto pela organização Observatório Sírio dos Direitos Humanos (com sede em Londres e uma vasta rede de activistas na Síria) dão conta de que pelo menos 28 pessoas foram mortas já hoje, num assalto do exército contra Deraa, no sul, em combates entre as tropas de Assad e os rebeldes perto da fronteira com a Turquia, e ainda uma séria de disparos de artilharia pesada registados em Qousseir, na província de Homs, em Tall Slor, pronnvíncia de Alepo e também nos subúrbios de Damasco.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens humanos violência ataque comunidade violação refugiado assalto