Em Damasco os combates já se travam junto à sede do Governo
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-07-19
SUMÁRIO: Depois do ataque em que os rebeldes mataram quatro altos responsáveis do regime, esta quinta-feira volta a ser um dia de intensos confrontos entre as forças do regime e o Exército Livre. Os combates já se travam junto à sede do Governo.
TEXTO: Nas últimas 24 horas, 20 mil sírios atravessaram a fronteira para o Líbano, segundo um oficial da polícia de fronteira libanesa. Fogem à violência na capital síria. Moradores e activistas contaram à Reuters que pelo menos uma pessoa morreu esta quinta-feira no bairro de Ikhlas, junto ao complexo do Conselho de Ministros e à Universidade de Damasco. “Esta é a batalha final, não só em Damasco como em toda a Síria”, disse à Al-Jazira o ministro da Informação, Omran Zoabi. Em resposta ao ataque de quarta-feira à sede da Segurança Nacional, a principal agência de serviços secretos da Síria, o Exército está a bombardear os bairros de Qaboon e Barzeh e há confrontos em Midan e Zahira. Em Mashrou-Dumar, ouviram-se explosões durante a manhã, descreve a Al-Jazira, citando comissões de coordenação locais. Centenas de famílias estão a abandonar essa zona da cidade. “Os refugiados não têm para onde ir, há combates por toda a Damasco”, disse uma dona de casa que assistia aos combates de uma torre em Mezze, bairro residencial da burguesia. As ruas de Mezze estão desertas, descreveu um morador. “Os snippers estão a disparar sobre toda a gente nas ruas. ” No bairro de Sinaa, junto ao centro histórico de Damasco, já se vêem veículos blindados. Assad pode já não estar em DamascoA agência britânica dá conta de indicações de fontes da oposição e de um diplomata ocidental de que o Presidente Bashar al-Assad estará a comandar a resposta à morte de quatro altos responsáveis do regime no atentado de quarta-feira a partir de Latakia, no Noroeste, província de várias cidades de alauitas. É em Latakia que está enterrado o seu pai, Hafez al-Assad. Quando se deu o ataque na quarta-feira, Assad poderia já não estar em Damasco. “A informação que temos é que ele está no seu palácio em Latakia e que pode já lá estar há vários dias”, disse uma personalidade da oposição ouvida pela Reuters. “Toda a gente está agora a tentar perceber até que ponto consegue Assad manter o comando da estrutura. As mortes de ontem foram um grande golpe, mas que não foi fatal”, explicou o diplomata com que a agência falou. Na quarta-feira morreram pelo menos mais 214 pessoas, na contagem do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), 38 das quais em Damasco, palco de combates sem precedentes entre o Exército e os rebeldes nos últimos cinco dias. Entre os mortos estão 124 civis, 62 soldados e 28 rebeldes. O balanço não inclui os quatro altos responsáveis do regime que morreram na quarta-feira – incluindo o ministro do Interior, o da Defesa e o seu cunhado – vítimas de um ataque à sede da Segurança Nacional, com uma bomba que terá sido colocada na sala em que vários ministros e responsáveis da Segurança estavam reunidos. Regime "a perder o controlo"A Casa Branca já veio dizer que estas mortes demonstram que o regime de Damasco está "a perder o controlo" da situação. Os ataques de ontem originaram o adiamento, para hoje, de uma votação no seio das Nações Unidas que prevê a instituição de sanções mais duras contra o regime de Damasco. O secretário-geral das ONU, Ban Ki-moon, disse que o Conselho de Segurança tem de “aguentar as suas responsabilidades e levar a cabo uma acção colectiva e efectiva”. “O tempo urge. O povo sírio já sofreu demasiado. O banho de sangue precisa de acabar agora”, acrescentou Ban. Ao mesmo tempo, Ban Ki-moon condenou “firmemente” o atentado na quarta-feira levado a cabo na capital do país. A missão da ONU, que levou ao país cerca de 300 observadores, expira esta sexta-feira. Uma resolução do Conselho de Segurança da ONU poderia estendê-la e, em última análise, até autorizar o uso da força contra o regime de Assad.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU