BE garante que homossexuais continuam a ser impedidos de doar sangue
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-11
SUMÁRIO: Instituto do Sangue rejeita discriminação mas diz que estudos mostram que o sexo entre homens constitui um factor de risco acrescido.
TEXTO: O Bloco de Esquerda (BE) garante que os homossexuais continuam a ser impedidos de doar sangue, com base num caso concreto que comunicou ao Ministério da Saúde e na resposta que recebeu deste. O presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Hélder Trindade, garante que não há discriminação, mas reconhece que a selecção dos dadores releva os estudos científicos que indicam que o sexo entre homens constitui um factor de risco acrescido na transmissão de infecções, o que fundamenta a recusa de uma doação. Aproveita para alertar para o baixo número das reservas de sangue nesta altura de férias e apela à população para fazer dádivas. O caso de um estudante de Medicina de 23 anos que costumava dar sangue duas vezes por ano, mas foi impedido de o fazer em Junho por ser homossexual, motivou um pedido de explicações do Bloco ao Ministério da Saúde na Assembleia da República. A resposta veio esta semana, mas não agradou ao Bloco de Esquerda. "O Governo em vez de dizer que vai averiguar e fiscalizar se está a haver discriminação, o que faz é argumentar em favor do que o Parlamento considerou que era discriminatório", defende o bloquista José Soeiro. E recorda que, em 2010, por iniciativa do BE, foi aprovada na Assembleia da República uma resolução que recomendava ao Governo "a adopção de medidas que visem combater a actual discriminação dos homossexuais e bissexuais nos serviços de recolha de sangue". Sexo desprotegidoO Ministério da Saúde escreve que após a recomendação foi retirada do questionário entregue aos candidatos a dador a pergunta: "Sendo homem, teve contacto sexual com outro homem?" Mesmo assim, sublinha que há entidades, uma europeia e outra norte-americana, que sugerem questões semelhantes e lembra que um grande número de países não permitem que os homossexuais dêem sangue. Evitando comentar o caso do estudante, o ministério garante: "Não foram, portanto, recusadas quaisquer dádivas devido à orientação sexual, mas sim ao risco acrescido de transmissão de infecções. " José Soeiro reconhece a existência dos estudos, mas sublinha que tal está associado à prática de sexo anal desprotegido, que aumenta o risco de contágio de infecções (por haver frequentemente pequenos ferimentos durante o acto), tanto quando é praticado por homossexuais como por heterossexuais. "Porque não se pergunta: "Fez sexo anal? Usou preservativo?"", sugere. "A ideia de que a homossexualidade em si mesmo é um comportamento de risco tem de ser combatida", sustenta o bloquista. Fernando Araújo, director do serviço de sangue no Hospital de São João, no Porto, diz que é "mais favorável a uma avaliação dos comportamentos de risco do que da orientação sexual". Recorda ainda que há estudos que mostram que a proibição de os homossexuais doarem sangue pode ter o efeito perverso de estes mentirem sobre as suas práticas sexuais. O presidente do IPST reconhece que a questão é controversa, mas insiste que "a missão do instituto é proteger a saúde de quem vai receber o sangue". Como quer que não restem dúvidas quanto a este assunto, Hélder Trindade pretende criar uma comissão, com peritos de várias áreas e associações de doentes, que acompanhem as novidades científicas sobre este tema e emitam directivas. "Estamos a debater os nomes que devem integrar a comissão e devemos enviar a proposta à tutela até Outubro", adianta. E aproveita para apelar às dádivas.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE