Há 5000 empregos à espera de mulheres sauditas numa cidade só para elas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-14
SUMÁRIO: Podem não ser autorizadas a votar ou a conduzir, mas em breve as mulheres da Arábia Saudita vão ter uma cidade só para elas onde poderão trabalhar longe dos homens, contam os jornais El País e Guardian. Com aproximadamente 5000 empregos nos sectores têxtil, farmacêutico e agro-alimentar, o objectivo é aumentar a independência financeira delas, mantendo, porém, a segregação de géneros imposta pela monarquia ultraconservadora do Golfo. A cidade deverá abrir no próximo ano.
TEXTO: O Governo afirmou que era necessário criar mais empregos para que as mulheres fossem mais activas no desenvolvimento do pais e, segundo o jornal económico local Al Eqtisadiah, citado pelo britânico Guardian, um grupo de empresárias respondeu com este projecto. O príncipe Mansour bin Miteb bin Abdulaziz, ministro dos assuntos municipais e rurais, aprovou-a e a cidade deverá ser construída em Hofuf, na província oriental do país. Segundo a Autoridade de Propriedade Industrial Saudita (Modon), a abertura está marcada para o próximo ano e será apenas a primeira de várias planeadas pela Arábia Saudita. A construção, na capital, Riade, de outros quatro complexos industriais para empresárias, empregadas e empregadoras foi igualmente proposta. “Tenho a certeza que as mulheres vão poder demonstrar a sua eficiência em vários aspectos e escolher as indústrias que melhor sirvam os seus interesses e aptidões”, disse, em comunicado, o director geral do Modon, Saleh al-Rasheed. Na Arábia Saudita, as mulheres representam cerca de 15% da força laboral, com a maioria a trabalhar em empregos exclusivamente femininos, pois o número de empregos mistos é ainda muito reduzido. Um estudo realizado em Julho de 2012 indica que 65% das mulheres sauditas quer obter maior independência financeira através das suas carreiras. Para as que têm menos de 25 anos, também é importante fazerem uso das suas qualificações académicas. Nesta cidade industrial, as mulheres deverão poder assumir a gerência de empresas e de linhas de produção nos sectores têxtil, farmacêutico e agro-alimentar. A localização do complexo industrial, em Hofuf, próximo de áreas residenciais, pretende “facilitar o movimento das mulheres de e para o local de trabalho”, afirmou o Modon, em comunicado. O projecto foi pensado para “mulheres trabalhadoras em ambientes e condições de trabalho coincidentes com as regras islâmicas sobre a privacidade feminina”. Vítimas de uma das sociedades mais coercivas do mundo, as mulheres sauditas enfrentam muitas dificuldades no acesso ao emprego, diz o Guardian. Podem trabalhar nas caixas dos supermercados ou nos balcões dos bancos (não mistos) e, desde Janeiro, em lojas de lingerie e de cosméticos. O objectivo é que no final do ano, as mulheres substituam os homens nas lojas em que se vendem abayas, os tradicionais mantos pretos árabes. Porém, as entidades religiosas são um entrave a qualquer mudança, lembrando-lhes que não é permitido trabalhar próximo de homens e de que devem procurar empregos onde não se sintam atraídas por eles, nem os atraiam. O país é constantemente criticado pela discriminação entre géneros, mas em Setembro do ano passado, o rei Abdullah, anunciou que as mulheres deveriam poder votar nas eleições locais de 2015.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes