A cidade "libertada" de Azaz vive já no pós-Assad
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-15
SUMÁRIO: "Depois dos combates não havia nada, nem água, nem electricidade, nem comida. Agora já restabelecemos 80% dos serviços", orgulha-se Samir Haj Omar, líder do conselho político de Azaz, uma cidade síria que já decidiu organizar-se para o pós-Assad.
TEXTO: Há já três semanas que Azaz, na fronteira com a Turquia, está nas mãos dos rebeldes. Desde então, um conselho político e um conselho militar tomaram em mãos a organização da cidade. Depois de cinco meses de combates violentos, as lojas e o mercado já reabriram e três quartos da população já regressaram às suas casas, depois de muitos deles se terem refugiados na vizinha Turquia. À semelhança de muitas outras cidades das zonas "libertadas", Azaz também escolheu a autogestão. "Estamos livres e felizes", assegura Abu Moussa, um comerciante que só tem um pedido a fazer: "Que Bashar al-Assad se vá embora. "Para quem anda nas ruas de Azaz, a cidade assemelha-se a qualquer outra localidade árabe em pleno Ramadão: o dia calmo e adormecido e efervescência ao pôr do Sol. À noite, os habitantes enchem as ruas e formam-se ruidosos engarrafamentos nas principais zonas do centro, onde lojas e restaurantes estão abertos até tarde. Mas aqui as crianças brincam em cima das carcaças de tanques e divertem-se a tentar virar os canhões. E se não há penúria total de comida, a verdade é que o preço da gasolina quadruplicou passando de 50 libras sírias (0, 60 euros) por litro antes da guerra para as actuais 200 libras (2, 5 euros). No hospital, os stocks de antibióticos, compressas e medicamentos para as crianças esgotaram durante os combates. A equipa, inicialmente constituída por 25 médicos e enfermeiros, está agora reduzida a quatro pessoas, incluindo um médico, o doutor Anas al-Iraki. Sozinho perante dezenas de mulheres e crianças que fazem fila para o ver, não poupa críticas às forças da oposição: "O Conselho Nacional Sírio não nos está a ajudar. Eles só fazem promessas. ""O que tenho feito é pedir dinheiro aos homens ricos para comprar medicamentos. Dependemos inteiramente de doações. Estamos entregues nas mãos de Deus", queixa-se Anas al-Iraki. De dia para dia, a cidade "livre" de Azaz atrai cada vez mais refugiados. Cerca de um milhar já estão instalados como podem, vindos nomeadamente de Alepo, que fica a 50 quilómetros mais a sul e onde os combates estão cada vez mais ferozes. Majda, 20 anos, fugiu da sua casa no bairro de Saladino, bastião dos rebeldes em Alepo, no passado fim-de-semana, com os seus irmãos e irmãs, mas mesmo em Azaz não se sente segura. "Ontem ouvimos o barulho de combates e de rockets. Não estamos seguros em parte nenhuma da Síria. Temos muito medo", diz a jovem. "Às vezes penso que gostaria de morrer já, porque o que está a acontecer é que estamos a morrer lentamente. "
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE