Francisco José Viegas diz que “os portugueses têm medo do futuro”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.3
DATA: 2012-08-18
SUMÁRIO: O Le Monde esteve em Lisboa para entrevistar Francisco José Viegas – o escritor e criador do inspector Jaime Ramos, não o secretário de Estado da Cultura. “Pertenço a uma geração que a um determinado momento deve responder ‘sim’. E aceitar compromissos. Quando o nosso país atravessa uma crise terrível, escrever em jornais ou em blogues o que deve ser a cultura ou a sociedade, como fazer o cinema sair do marasmo ou salvar as bibliotecas, já não basta...”, diz, o autor de Longe de Manaus, que aceitou trocar os livros por um lugar de secretário de Estado num governo PSD-CDS.
TEXTO: “Subitamente, eu, o editor feliz, o escritor sem preocupações, cometi este erro de aceitar um cargo político. Mas, não vamos falar disso pois não?” A reportagem Le Portugal ne rêve plus (Portugal deixou de sonhar), publicada na edição desta sexta-feira do diário francês, é assinada por Yann Plougastel e faz parte de uma série de Verão em que os escritores de policiais ajudam a fazer o retrato do seu país (L’Eté en séries – Série Noire en Europe). O próximo será dedicado à Irlanda com Stuart Neville, autor do best-seller The Twelve. “Acredito que a nossa relação com a Europa não é feliz porque uma parte essencial das nossas raízes continua em África e no Brasil. . . Com a crise, muitos regressaram para lá. Em dez anos, fizemos todas as reformas pedidas pela Europa (o aborto, o casamento homossexual). Foi sem dúvida rápido, mas ao mesmo tempo a nossa economia não conseguiu criar bases sólidas. Estamos muito dependentes da situação espanhola, grega, irlandesa. Perdemos a nossa agricultura, a nossa pesca e a nossa indústria já pouco conta. Só nos resta a nossa cultura e o mar como oferta turística”, diz o escritor ao Le Monde. A falta de capacidade de sonhar que dá título ao artigo explica-a Viegas pela história do país: “Vivemos numa sociedade que perdeu os seus sonhos. Os portugueses têm medo do futuro, de falar. E isto acontece depois da Inquisição, que foi há 300 anos, e de 50 anos de regime fascista de Salazar. Hoje, com a crise, continua. É terrível. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave aborto cultura medo casamento homossexual