Louçã deixa liderança do BE e propõe João Semedo e Catarina Martins
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-08-18
SUMÁRIO: “É tempo de passar a outra vida.” A afirmação é de Francisco Louçã, em Maio, na reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda. Mas a decisão está agora tomada em absoluto. Os dez mil militantes do partido ficaram esta noite a saber, na página do Facebook de Louçã, que em Novembro já não estará na coordenação do partido.
TEXTO: A três meses da convenção e 13 anos depois da sua fundação, o BE prepara-se para renovar o núcleo dirigente e trazer para a primeira linha os dois deputados eleitos pelo Porto: João Semedo e Catarina Martins. Em declarações ao PÚBLICO, Louçã assumiu esta hipótese, classificando-a como “de grande consenso”, que une “a capacidade de diálogo” do médico Semedo e “a renovação geracional” da actriz Catarina Martins. Explicou que uma liderança bicéfala é mais indicativa do trabalho colectivo e, ao contemplar um homem e uma mulher, representa “a sociedade tal como ela é no século XXI”. “O argumento de que esta hipótese é de meios líderes é uma tentativa fracassada de os vulnerabilizar. Esta solução ganhou consenso e ganha força. Tenho muita confiança nesta solução. A decisão não compete ao núcleo de direcção, podem surgir outras opções”, argumenta o líder. Luís Fazenda, outro dos fundadores e actual líder parlamentar, deixará livre a direcção da bancada bloquista. O lugar poderá ser ocupado, segundo vários dirigentes ouvidos pelo PÚBLICO, por Pedro Filipe Soares. Conforme o PÚBLICO noticiou a semana passada, o BE faz contas de paridade. A sugestão de coordenação bicéfala de um homem e uma mulher, já defendida por Miguel Portas, partiu do próprio Francisco Louçã. Na carta divulgada online, o bloquista escreve: “Para pensar esse novo modelo de direcção fiz uma única sugestão: que a nova representação do Bloco seja assegurada por um homem e uma mulher. ” O BE tem agendada uma reunião da Mesa Nacional para 22 de Setembro, mas a comissão política analisará as propostas à liderança no início do mês. Para já, vários dirigentes concordam que a sugestão de Louçã é a mais consensual. Mas lembram que continua a levantar reservas sobretudo junto das correntes internas da UDP, afecta a Fazenda, e Política XXI, cujo principal rosto era o de Portas. Se a UDP continua a preferir uma solução de vários porta-vozes e um reforço do papel de líder parlamentar, já a Política XXI gostaria mais de João Semedo a solo. Louçã estará assim, na opinião de alguns, a aproveitar a saída para “jogar o seu peso político, convencer indecisos e os que ainda não analisaram a questão”. Mas não só. Apostar numa solução inovadora de liderança, à semelhança do partido de esquerda alemão Die Link, é visto como um sinal de modernidade que entusiasma vários sectores. Mas que também levanta dúvidas, segundo outro dirigente: “É uma preocupação saber como é que se consegue que esta inovação não perturbe a percepção da identidade do Bloco. O desafio é potenciar o que tem de bom e inibir o que tem de mau. ”“Decisão digna”Na carta aos militantes, Louçã justifica a decisão de não se recandidatar: “Na vida política é preciso saber que o exercício de uma responsabilidade mais intensa tem sempre um tempo e que, numa luta colectiva, dar lugar aos outros é das decisões mais dignas a que somos chamados. ” E enumera alguns dos contributos do Bloco na última década — abertura do sigilo bancário, despenalização do aborto, casamento gay, procriação medicamente assistida —, prometendo o seu empenho no futuro do partido. O líder entusiasma as hostes com as sondagens e diz que, “em duas delas”, o BE ultrapassa o CDS, o que prova que “o povo vai reconhecendo” que é preciso rejeitar “a devastação da troika”.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE BE UDP