Mineiros grevistas preferem morrer do que voltar à “escravatura”
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2012-08-20
SUMÁRIO: Os mineiros em greve na mina da Lonmin, em Marikana, na África do Sul, insistem que “preferem morrer” do que voltar à “escravatura”. Esta foi a resposta dos trabalhadores ao ultimato lançado neste domingo pela empresa, avisando que serão despedidos se não voltarem nesta segunda-feira ao trabalho. A empresa adiou entretanto o ultimato para esta terça-feira.
TEXTO: Quatro dias depois do massacre na mina de platina sul-africana, em que foram mortos a tiro pela polícia 34 mineiros e feridos 78, os ânimos ainda não acalmaram. “Já morreram pessoas por isso não temos mais nada a perder… Vamos continuar a lutar por aquilo que acreditamos ser uma luta legítima por ordenados que permitam viver. Preferimos morrer como os nossos companheiros do que desistir”, disse o mineiro Kaizer Madiba, citado pelo jornal Times da África do Sul. No entanto, segundo a Reuters, que cita um porta-voz da empresa, mais de um quarto dos trabalhadores da mina (27%) apresentaram-se ao trabalho para o turno da manhã, nesta segunda-feira. Ainda assim, "não é claro se os mineiros em greve estão a regressar", disse a mesma fonte. Enquanto isso, milhares de mineiros estão concentrados no exterior da mina enquanto os sindicatos decidem o que fazer perante o ultimato lançado pela empresa. A administração recusou-se a ceder às exigências dos trabalhadores e, com base numa ordem judicial, ordenou aos trabalhadores que regressassem ao trabalho, senão seriam despedidos. De acordo com a agência de notícias AFP, na mina trabalham mais de 30. 000 pessoas, das quais cerca de 3000 aderiram à greve. “A única coisa que pode acabar com esta greve é uma resposta positiva da administração. Ainda me pergunto por que é que a administração se recusa a negociar connosco”, disse Kaizer Madiba. A empresa manteve, entretanto, conversações com os sindicatos. Para já, adiou o ultimato para o regresso dos trabalhadores um dia. “Depois de consultas com os vários representantes sindicais, a empresa pode anunciar que os mineiros que estão em greve ilegal e que não regressaram ao trabalho esta manhã não serão despedidos, e que lhes foi dado mais um dia, à luz das circunstâncias actuais”, disse a Lonmin, citada pela AFP. Os mineiros cumpriram uma semana de greve que acabou na passada quinta-feira com a polícia a disparar sobre cerca de 3000 trabalhadores que se concentraram junto à mina de platina de Marikana, no noroeste do país, perto de Rustenburg, a cerca de 100 quilómetros de Joanesburgo. Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho e um aumento de salário para o triplo do que ganham actualmente – cerca de 350 dólares. As imagens que correram o mundo mostram a polícia a disparar indiscriminadamente sobre os grevistas que corriam em direcção aos agentes, com paus e catanas. Segundo a polícia, os mineiros tinham também pistolas. Antes deste incidente já tinham morrido dez pessoas em confrontos entre dois sindicatos e entre os trabalhadores e a polícia. Num relatório citado pelo jornal sul-africano City Press, a chefe da polícia sul-africana, Riah Phiyega, disse que os agentes não devem arrepender-se do que aconteceu na quinta-feira. “A segurança pública não é negociável. Não lamentem o que aconteceu”, afirmou a responsável. No domingo, o Presidente Jacob Zuma decretou uma semana de luto depois do massacre e criou uma comissão interministerial para lidar com esta crise, reiterando que é necessário um inquérito judicial. “Temos de evitar apontar o dedo e recriminar. Temos de nos unir contra a violência”, disse o chefe de Estado. O caso já foi classificado como o pior derramamento de sangue em confrontos entre polícia e trabalhadores desde o fim do apartheid, em 1994. Notícia actualizada às 10h50 e às 14h: acrescenta parágrafo sobre regresso ao trabalho de mais de um quarto dos trabalhadores da mina e informação sobre o adiamento do ultimato da empresa aos trabalhadores
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano