Novo enviado da ONU e Liga Árabe à Síria diz ter “missão quase impossível”
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento -0.26
DATA: 2012-09-03
SUMÁRIO: É “com os olhos bem abertos e sem ilusões” que o novo enviado das Nações Unidas e Liga Árabe à Síria dá início à tarefa de mediação com o regime de Damasco de soluções para pôr fim ao conflito no país. “Sei bem que será muito difícil – quase impossível”, afirmou Lakhdar Brahimi, numa entrevista à BBC.
TEXTO: Diplomata extremamente experiente, o argelino que agora abraçou a missão de encontrar soluções para a crise síria apontou que não está a ser feito o suficiente para pôr fim à violência que se arrasta há mais de ano e meio, com um balanço de mais de 20 mil mortos, centenas de milhares de refugiados e combates a extravasarem as fronteiras para o Líbano. “As pessoas dizem que há gente a morrer e questionam-nos sobre o que estamos a fazer. E a verdade é que não estamos a fazer muito. E isso é, em si mesmo, um fardo enorme”, avaliou Brahimi em referência às críticas sobre a inacção da comunidade internacional para pôr fim ao conflito. Brahimi substituiu no final de Agosto nesta missão o antigo secretário-geral da ONU Kofi Annan, que se demitiu ao concluir que não havia forma de levar a missão de pacificação a bom termo, após várias tentativas de negociar acordos de tréguas e transição de poder com o regime do presidente Bashar al-Assad. Apesar de várias vezes dizer que sim aos termos dos acordos negociados, Assad jamais os pôs em prática no terreno – e a Síria tem apenas assistido a um agravar da espiral de violência, vivendo o que já muitos responsáveis da ONU descreveram como uma guerra civil. Face à missão que agora abraçou, Brahimi disse estar “assustado com o peso da responsabilidade” assumida, e sente-se como estando “em frente a uma parede”, à procura de brechas que possam trazer soluções. Brechas essas que, disse, continua a não vislumbrar face à persistente “intransigência” do Governo sírio, à escalada da violência por parte da rebelião e à paralisação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde Rússia e China vetaram diversas tentativas de resolução destinadas a pôr pressão sobre Damasco. “Começo esta tarefa com os olhos bem abertos e sem quaisquer ilusões. Sei bem o quão difícil isto é – como é quase impossível. Não direi impossível, mas quase impossível”, insistiu Brahimi. Antigo ministro argelino dos Negócios Estrangeiros, este diplomata desempenhou cargos de topo das Nações Unidas, incluindo o de enviado ao Afeganistão e ao Iraque e o de mediador de paz nos acordos que puseram fim à guerra civil no Líbano. Para já, o plano do novo mediador é manter na mesa a proposta de seis pontos feita e negociada por Annan com Assad, por muitos considerada já como irrelevante, dado jamais ter sido posta em prática no terreno. Brahimi pretende manter aquele acordo na “caixa de ferramentas” para possível adaptação e diz ter também “algumas ideias”. “Mas ainda não nenhum plano”, reconheceu, para além de dar os primeiros passos sob a forma de “falar com tantas pessoas quanto possível”.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU