“Basta”, gritaram os manifestantes durante as oito horas do Conselho de Estado
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-09-22
SUMÁRIO: Milhares de manifestantes concentraram-se durante longas horas em Belém enquanto decorria a reunião do Conselho de Estado, que se prolongou pela madrugada deste sábado. Com vídeo
TEXTO: Tal como à entrada para a reunião, os carros dos conselheiros de Estado que saíam do portão principal do Palácio de Belém foram apupados pelos resistentes que se mantinham colados ao cordão policial reforçado durante a noite pela PSP. Numa demonstração de descontentamento em relação à classe política, repetia-se em coro: “Cobardes, cobardes” e “o povo unido jamais será vencido”. Durante a noite, viveram-se momentos de tensão, mas os manifestantes mantiveram-se em Belém à espera que o Conselho de Estado terminasse, o que só veio a acontecer à 1h de sábado. A vigília – convocada para pedir a demissão do Governo – começou mesmo antes do início do Conselho de Estado, que arrancou às 17h15. Assobios, apitos, gritos, bombos e alguns petardos lançados entre a massa ouviram-se dentro do palácio durante as cerca de oito horas da reunião. A PSP reforçou o cordão de segurança frente ao Palácio de Belém, onde cinco pessoas foram detidas, quatro delas por arremesso de petardos. Alguns resistentes esperaram que a reunião terminasse para repetirem palavras de ordem. Milhares concentrados no jardim em frente ao palácio, separados por barreiras e forças policias, gritavam durante a tarde: “Aqui Portugal, ali o capital” ou “Cavaco, escuta: o povo está em luta”. Ouviram-se protestos contra a troika, o Executivo e o Presidente da República. E “Basta” voltou a ser uma mensagem de revolta presente. Para o ministro das Finanças, que Cavaco Silva chamou para estar presente na reunião do Conselho de Estado, a multidão gritou: “Vítor Gaspar, és muito lento a falar e quando abres essa boca dás orgulho a Salazar”. O início da acção de protesto estava marcado para as 18h, mas as pessoas começaram a concentrar-se logo ao início da tarde. Por volta das 16h30, várias dezenas de manifestantes já estavam presentes e o protesto foi engrossando. Myriam Zaluar, uma das organizadoras da vigília, apontava minutos antes das 19h para a presença de dez mil pessoas, número que seria revisto em alta pela organização para cerca de 15 a 20 mil pessoas, segundo a SIC Notícias. A PSP não avançou com números. Para a deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago, que se juntou à multidão, esta é – depois da manifestação de sábado – mais uma “prova de que há aqui uma vontade democrática que não apoia nenhuma medida [anunciada pelo Governo], nem a continuação desta austeridade”. Um dos objectivos dos organizadores é a demissão do Governo. Myriam Zaluar insiste que é preciso rasgar o Memorando de Entendimento assinado com a troika e volta a pedir que o Executivo se demita. Da multidão, um grito que ganhou força no último sábado: “Está na hora, está na hora de o Governo se ir embora”. João Camargo, outro dos organizadores, considera que “tem de ser o povo a decidir”. “Não podemos esperar que sejam eles lá dentro”, diz. Teresa Delgado, de 53 anos, esteve na rua no último sábado. Hoje, juntou-se ao protesto em Belém pelas mesmas razões. Está desempregada há dois anos, já não tem direito a receber subsídio de desemprego. Quer uma mudança. Mas avisa: “Se houver um governo de salvação nacional, mudam as moscas, mantém-se a trampa”. Rute Cerqueira, estudante de Enfermagem, veio trajada com outros colegas para fazer ouvir a voz dos estudantes. Marca uma posição: dizer que não querem ser obrigados a emigrar. E acrescenta uma nota: “Se a minha mãe governasse a nossa casa como este Governo governa o país, eu tinha morrido à fome”. Esta concentração pretende também “demonstrar que 15 de Setembro não foi uma mera catarse colectiva, mas um desejo extraordinário de mudança de rumo”, descrevem os promotores na página oficial da manifestação.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP TROIKA