Abu Hamza vai ser extraditado do Reino Unido para os EUA
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-09-25
SUMÁRIO: A decisão já tinha sido tomada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em Abril, mas Abu Hamza, acusado de terrorismo, recorreu. Agora que perdeu o último recurso, ficou a saber que está mesmo a semanas de ir para uma prisão de alta segurança nos EUA. As administrações norte-americana e britânica aplaudem o desfecho, mas a rainha Isabel II não ficou contente.
TEXTO: Abu Hamza já sabia que iria ficar preso o resto da sua vida. A pergunta do milhão de dólares (ou libras) era se seria nos EUA ou no Reino Unido. O egípcio de 54 anos, que terá perdido um olho e a mão direita a combater as tropas soviéticas no Afeganistão, é alvo de uma extensa lista de acusações, num total de 11 crimes. Terá tentado estabelecer um campo de treino para terroristas no estado do Oregon, nos EUA, incitado à jihad no Afeganistão em 2001 e ajudado os taliban. É também acusado de ter feito parte do rapto de 16 reféns estrangeiros (12 ingleses, dois americanos e dois australianos) no Iémen em 1998, que resultou na morte de 4 reféns. A defesa de Hamza e de outros cinco acusados (que são igualmente acusados de terrorismo, embora não ao mesmo nível do que Hamza) argumentou que estes não teriam um tratamento humano numa prisão de segurança máxima nos EUA. De acordo com o veredicto lançado em Abril, cinco juízes do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, em Estrasburgo, rejeitaram os argumentos da defesa. Hamza, nascido no Egipto mas a viver em Londres, onde era imã na mesquita de Fensbury Park, foi preso em 2004 pelas autoridades britânicas após solicitação norte-americana. A extradição para os EUA estava encaminhada, até que nova acusação foi feita, desta vez por actos cometidos em solo britânico: enquanto imã, Hamza terá feito discursos que incitavam à violência, defendendo a sharia (lei islâmica) e que galvanizavam o sentimento anti-britânico dos fiéis que frequentavam a sua mesquita. Rainha contra a extradiçãoAs administrações norte-americanas e britânicas têm colaborado no caso do pedido de extradição de Hamza desde o início, pelo que o Governo de David Cameron não irá colocar nenhuns entraves ao desfecho deste episódio. Quem não terá gostado do resultado foi a rainha Isabel II, que desde o início deste caso terá tentado conseguir que Hamza fosse preso no Reino Unido. Isabel II partilhou a sua opinião com o editor de assuntos de segurança interna da BBC, Frank Gardner, que relata que a rainha acredita que uma vez que o egípcio apelou a homicídios e ao ódio racial em território britânico, então é no Reino Unido que ele deveria ser preso. Entretanto a BBC emitiu um pedido desculpas à casa real por ter revelado a opinião da rainha neste caso. O protocolo real indica que as conversas tidas com a rainha em privado são tidas em off the record, ainda mais quando a própria expressa a sua opinião em assuntos de interesse nacional. Hamza emigrou para o Reino Unido em meados dos anos 80, onde casou com uma mulher inglesa e foi porteiro numa discoteca no bairro londrino do Soho. Foi ainda nos anos 80, e já em Londres, que começou a fazer interpretações radicais do Corão, conforme relata o jornal britânico The Guardian. Divorciou-se da mulher britânica e voltou ao Egipto em 1990, onde se tornou imã. As viagens que fez para o Paquistão e Afeganistão ajudaram a extremar as suas posições. Esteve nos EUA entre 2000 e 2001, período em que é acusado de tentar estabelecer um campo de treino para terroristas no estado do Oregon, na costa Oeste dos EUA. Aquando dos atentados de 11 de Setembro, Hamza terá dito que naquele momento muitas pessoas iriam ficar felizes” e a “saltar de alegria". Depois de sair dos EUA voltou para Londres, onde se tornou imã da mesquita de Fensbury Park, que os serviços secretos britânicos viriam a classificar como um ninho de radicalismo islâmico em pleno solo britânico. Mesquita reabilitada
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA