E se Barack dissesse que Mitt é canibal?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-09-29
SUMÁRIO: Não disse. Nem poderia dizer. Os eleitores poriam em causa a sua sanidade mental. Mas já houve um tempo em que, nos Estados Unidos, valia tudo para deitar abaixo um opositor político, sobretudo nas campanhas para as presidenciais.
TEXTO: Não disse. Nem poderia dizer. Os eleitores poriam em causa a sua sanidade mental. Mas já houve um tempo em que, nos Estados Unidos, valia tudo para deitar abaixo um opositor político, sobretudo nas campanhas para as presidenciais. Em 1828, Andrew Jackson disse que o adversário, o general John Q. Adams, tinha comido 16 soldados e o episódio cheio de pormenores até foi publicado num jornal de Filadélfia. A história ilustra uma evidência. As campanhas presidenciais americanas foram sempre sujas. Estão repletas de ataques à personalidade dos candidatos, à sua religião, à sua sexualidade, aos seus valores morais. . . Mesmo assim, de quatro em quatro anos, os media redigem textos, mais opinativos ou mais analíticos, sobre quão baixo desceu a campanha desse ano. No dia 6 de Novembro, o actual residente da Casa Branca, Barack Obama (democrata), e Mitt Romney (republicano) vão a votos e um deles será Presidente. Na Fox News, uma estação de TV claramente pró-republicana, Bernard Goldberg perguntava "Esta é a campanha mais suja?", e respondia que sim por culpa de Obama. "É uma campanha onde a decência não é virtude e a atrocidade moral não é um vício. Não, se ajudarem Obama a ganhar a eleição. "No Detroit News, a pergunta é diferente: "Será esta a campanha mais malévola de sempre?". Os candidatos do passado, respondia o jornal, colocaram a fasquia tão baixa que já é difícil de perceber; aconselhava os eleitores a fecharem o nariz, especialmente no mês de Outubro, que é quando emerge o pior, sobretudo em anos como este, em que não é claro quem será o vencedor. O mal já vem de trás, como explica o delicioso livro Anything for a Vote: Dirty Tricks, Cheap Shots, October Surprises in US Presidential Campaign, de Joseph Cummins. A capa mostra cartazes de propaganda política com frases como "Reagan é muito velho", "Dewey odeia-te e aos teus filhos", "Van Buren usa roupas de mulher", "Clinton aprendiz de embusteiro". De George Washington a Obama, estão lá todos. Nem Abraham Lincoln (campanha de 1864) foi poupado, ouvindo do seu adversário George McClellan que não passava de um "babuíno bem intencionado". John Adams disse aos eleitores que Thomas Jefferson iria queimar todas as Bíblias e legalizar a prostituição se fosse eleito. Em 1834, James Blaine popularizou um slogan sobre um suposto filho ilegítimo de Grover Cleveland ("Ma, Ma, where's my Pa"). Em 1928, Herbert Hoover lançou o medo ao dizer aos americanos que Al Smith, um católico, tinha um túnel ligando os EUA ao Vaticano para que o Papa pudesse governar o país. Já em 1936 David Crockett disse que Martin Van Buren usava lingerie feminina, em concreto corpetes rendados. Jefferson versus Adams"As campanhas negativas nos Estados Unidos já podem ser detectadas na disputa entre John Adams e Thomas Jefferson. Em 1776, este duo dinâmico juntou forças para produzir cartazes que exigiam a independência da América, e tinham respeito e amizade um pelo outro. Em 1800, as políticas partidárias tinham-nos afastado tanto que, pela primeira vez na História dos EUA, um Presidente deu consigo a concorrer contra o seu vice-presidente", escreveu na revista online mental_floss Kerwin Swint, professor de Ciência Política e autor do livro Mudslingers: The 25 Dirtiest Political Campaigns of All Time. "Rapidamente, as coisas ficaram feias. O campo de Jefferson acusou o Presidente Adams de ter um 'odioso carácter hermafrodítico, alguém que não tem a força e a firmeza de um homem, nem a gentileza e a sensibilidade de uma mulher'", explicava Swint. Adams respondeu que o ex-amigo era um "mesquinho, o filho de uma mãe meio índia e de um pai mulato".
REFERÊNCIAS: