Turquia ataca alvos na Síria
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-04
URL: https://arquivo.pt/wayback/20121004151814/http://www.publico.pt/1565729
SUMÁRIO: A Turquia atacou alvos na Síria horas depois de terem sido mortos cinco civis turcos na aldeia de Akçakale. O incidente da tarde deixara o meio diplomático em alvoroço.
TEXTO: "Este ataque desencadeou uma resposta imediata das nossas Forças Armadas (. . . ) que bombardearam alvos identificados por radar ao longo da fronteira", lê-se num comunicado do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan. Erdogan assegurou que "estas provocações contra a segurança da Turquia não vão ficar sem resposta" e disse que a resposta militar turca aos ataques de quarta-feira à tarde é um acto de "defesa própria". O incidente colocou o meio diplomático em alvoroço. O vice primeiro-ministro turco, Bülent Arinç, reagiu ao ataque sírio dizendo que “a Síria tem de ser responsabilizada pela lei internacional por este incidente”. Os representantes dos 28 países membros da NATO reuniram-se de urgência já à noite. No final da reunião foi divulgado um comunicado onde a NATO "exige o fim dos actos agressivos contra o seu aliado turco" e apela à Síria para pôr um fim "às suas flagrantes violações da lei internacional". O ataque sírio "constitui uma causa de grande preocupação e é fortemente condenado por todos os aliados", diz ainda o texto. Após o ataque sírio à aldeia de Akçakale, o ministro dos negócios estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, contactou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no sentido de informá-lo do incidente e de exprimir "a profunda inquietação da Turquia". Num primeiro comunicado, o sul-coreano “aconselhou o ministro [turco] a manter abertos todos os canais de comunicação com as autoridades sírias no sentido de atenuar quaisquer tensões que possam surgir com este incidente”, declarou, segundo o seu porta-voz. Numa segunda intervenção, pediu à Síria para respeitar a integridade territorial dos países vizinhos. Davutoglu também contactou o secretário-geral da NATO, o norueguês Anders Rasmussen. Rasmussen “condenou fortemente” o incidente. Rasmussen adiantou também que não há qualquer intenção da NATO de intervir na Síria, mas disse que, se for necessário, a aliança militar está disposta a defender a Turquia de outros ataques. A Turquia tem o segundo maior exército da NATO, ficando atrás apenas dos EUA. Após o ataque sírio, embora antes da resposta turca, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, respondeu estar “revoltada” com a “perda de vidas que ocorreu no lado turco da fronteira”. Clinton referiu estar a trabalhar com os seus “parceiros turcos” e que mais tarde iria discutir qual seria “o melhor caminho a seguir” juntamente com o ministro dos negócios estrangeiros turco. Turquia-Síria: da amizade diplomática ao conflito iminenteEste é o terceiro grande episódio de tensões entre a Turquia e a Síria desde o início da revolta contra o regime de Assad, em Março de 2011. O primeiro foi em Abril, quando dois polícias turcos foram mortos por tiros disparados a partir da Síria enquanto guardavam o campo de refugiados de Kilis, na Turquia, que na altura abrigava fugitivos sírios do regime de Assad. O segundo aconteceu em Junho, quando um avião militar turco foi abatido pelo exército leal a Assad, cujas tropas alegaram que o aeroplano em questão estava a invadir o espaço aéreo sírio. Os acontecimentos de hoje foram provocados após um ataque sírio à aldeia turca de Akçakale, junto da fronteira com a Síria. A aldeia situada na fronteira turca com a Síria já tinha sido alvo de balas perdidas nos últimos dez dias. Tudo culminou na quarta-feira quando uma casa de civis foi destruída por duas bombas disparadas a partir da Sìria, resultando em cinco mortos e nove feridos. Os mortos são uma mulher e os seus quatro filhos.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA NATO