Casa Pia: tribunal quer ouvir testemunha que desmentiu acusações depois da sentença
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2012-10-22
SUMÁRIO: O tribunal que está a julgar os crimes de Elvas, no âmbito do processo Casa Pia, aceitou ouvir a vítima que, após a sentença, desmentiu as acusações. Trata-se de Ilídio Marques, que deu o dito por não dito, avança a TVI24.
TEXTO: O ex-casapiano Ilídio Marques foi arrolado pela defesa de Carlos Cruz e poderá agora ser ouvido outra vez. O tribunal não aceitou voltar a ouvir mais ninguém, incluindo Carlos Silvino, cujo depoimento era pedido por Hugo Marçal. Ilídio Marques foi ouvido em tribunal dez vezes, entre 19 de Dezembro de 2005 e 6 de Janeiro de 2006 e revelou que teria sido abusado pelo advogado Hugo Marçal e pelo embaixador Jorge Ritto, em Elvas; e pelo médico Ferreira Diniz, em Lisboa. Garantiu ainda ter visto os restantes arguidos na casa de Elvas, onde terão ocorrido os abusos. A 26 de Março de 2011 numa entrevista ao semanário Expresso, Ilídio Marques, então com 24 anos, negou tudo e disse que os factos tinham sido inventados por um grupo de casapianos e que os arguidos, com excepção do ex-motorista Carlos Silvino, não são culpados dos crimes imputados. Os alegados crimes cometidos numa casa em Elvas voltaram a ser julgados em primeira instância depois do Tribunal da Relação de Lisboa ter decretado, em Fevereiro deste ano, a nulidade do acórdão na parte respeitante aos abusos cometidos na habitação de que Gertrudes Nunes era proprietária. No banco dos réus estão quatro dos sete arguidos da Casa Pia: Carlos Cruz, Hugo Marçal, Carlos Silvino e Gertrudes Nunes. O Tribunal da Relação decidiu que o julgamento deveria ser repetido para assegurar a garantia da defesa dos arguidos a quem o tribunal não comunicara uma alteração dos factos que fez com que os arguidos fossem condenados por um crime em período diferente do que o que constava na acusação. Assim, alguns dos arguidos cujo nome estava envolvido no caso de Elvas viram em Fevereiro as penas não fixadas ou reduzidas. Foi o caso de Hugo Marçal a quem não foi fixada qualquer pena e de Carlos Cruz, cuja pena foi reduzida de sete para seis anos de prisão. Carlos Silvino viu também diminuída a sentença de 18 anos para 15 anos de prisão. O tribunal manteve, no entanto, na íntegra as penas aplicadas em primeira instância ao ex-provedor adjunto da Casa Pia Manuel Abrantes, ao diplomata Jorge Rito e ao médico João Ferreira Diniz. No âmbito do processo Casa Pia, que esteve em julgamento durante seis anos, foram condenados a prisão efectiva seis dos sete arguidos no dia 3 de Setembro de 2010. Apenas Gertrudes Nunes, a dona da casa de Elvas, foi absolvida. Carlos Silvino foi condenado a 18 anos de prisão por 126 crimes referentes a abuso sexual de menores dependentes e de pessoa internada, violação e pornografia de menores. Manuel Abrantes recebeu cinco anos e nove meses de cadeia por dois crimes de abuso sexual de menores dependentes e de pessoa internada. Jorge Ritto foi sentenciado a seis anos e oito meses de prisão pela autoria de oito crimes de abuso sexual de menores dependentes e de lenocínio. Carlos Cruz foi condenado a sete anos de prisão por dois crimes de abuso sexual de menores dependentes. Ferreira Diniz foi considerado culpado de dois crimes de abuso sexual de menores e condenado a sete anos de cadeia. A Hugo Marçal foi decidida a pena de seis anos e dois meses de prisão por três crimes de abuso sexual de menores dependentes e pornografia de menores e por ter providenciado uma casa em Elvas para que aí decorressem os abusos. Notícia actualizada às 13h19
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime tribunal prisão violação sexual abuso