Confrontos depois do funeral do general sunita assassinado em Beirute
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.050
DATA: 2012-10-22
URL: https://arquivo.pt/wayback/20121022152337/http://www.publico.pt/1568200
SUMÁRIO: Dezenas de pessoas envolveram-se este domingo em confrontos em Beirute, Líbano, logo depois do final das cerimónias fúnebres do general sunita Wissam al-Hassan, um dos mais altos responsáveis dos serviços secretos libaneses, morto na sexta-feira num atentado atribuído pela oposição ao regime sírio.
TEXTO: As escaramuças, que segundo a BBC duraram pouco tempo, desencadearam-se perto de edifícios do Governo. Sob forte presença militar e policial, a cerimónia fúnebre na praça dos Mártires, no centro de Beirute, transformou-se numa manifestação de revolta da oposição (maioritariamente sunita) contra a Síria e os seus aliados do Hezbollah, o movimento xiita que domina actualmente o Governo libanês. “Culpamos Bashar al-Assad, o Presidente da Síria” por este ataque, disse à Reuters uma menina de 14 anos vinda de Tripoli, cidade de maioria sunita no Norte do Líbano. No meio da multidão, viam-se bandeiras da Coligação 14 de Março, que agrega os principais partidos da oposição anti-síria, e cartazes com palavras de ordem contra o Governo do primeiro-ministro Najib Mikati. “Estamos aqui para dizer a Mikati que não precisamos mais dele e para dizer ao Hezbollah que não queremos mais as suas jogadas”, disse à mesma agência um estudante de 22 anos, oriundo do Sul do país. Chefe dos serviços de informação das Forças de Segurança Interna, Hassan era um dos mais altos responsáveis das poderosas secretas do país. Foi nesse posto que, em Agosto, liderou uma das mais abertas investidas contra a permanente ingerência da Síria na política libanesa – a detenção do ex-ministro da Informação Michel Samaha, acusado de ter colaborado com responsáveis sírios num plano para assassinar dirigentes sunitas. Foi também ele quem conduziu o inquérito que levou o tribunal especial da ONU acusar quatro membros do Hezbollah pelo atentado que em 2005 matou o antigo primeiro-ministro Rafiq Hariri. Os líderes da oposição não tiveram por isso dúvidas em culpar Assad pela morte do general. Acusam Damasco de, num só golpe, eliminar um dos seus mais influentes adversários no Líbano e mostrar aos que apoiam a oposição síria os riscos de ingerência no conflito que há 19 meses consome o país. Muitos temem agora que o frágil equilíbrio de poderes entre as diversas facções libanesas se estilhace com este atentado, abrindo uma nova frente da guerra na Síria, com quem o Líbano partilha uma história comum e um mosaico étnico e religioso idêntico. Até agora esse risco tinha sido contido pela memória ainda fresca da guerra civil, que entre 1975 e 1990 devastou o país, e pela prudência dos políticos, a começar pelo Hezbollah, receoso de que uma crise minasse a sua actual posição dominante. Notícia alterada às 18h28: acrescenta informação sobre confrontos em Beirute
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU