Ai Weiwei dança "Gangnam Style" para provocar o Governo chinês
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-26
URL: https://arquivo.pt/wayback/20121026151848/http://www.publico.pt/1568749
SUMÁRIO: O cavalo imaginário que pôs meio mundo a dançar o "Gangnam Style" foi agora substituído por outro cavalo imaginário, carregado de simbologia contra o Governo chinês. O artista e dissidente Ai Weiwei pegou no êxito do sul-coreano PSY e transformou-o numa provocação ao regime de Pequim.
TEXTO: Se o original já é mais do que uma simples receita pop para invadir as pistas de dança e os tops internacionais – com uma mensagem sobre a alegada opulência e futilidade do estilo de vida dos jovens ricos de Seul –, o que dizer de uma versão feita por um dos mais emblemáticos opositores do regime de Pequim?O vídeo, partilhado pelo próprio artista na sua conta no Twitter, tem como título "Caonima Style" – uma referência a um animal imaginário, semelhante a uma alpaca, criado em 2009 para protestar contra a censura na Web e usado para provocar o regime chinês. O nome "Caonima" (literalmente "cavalo de lama e erva") é um jogo de palavras com a expressão "cao ni ma", que numa tradução livre do mandarim para o inglês ganha a conotação de "motherfucker" (é mais forte do que o português "filho da mãe", mas não é fácil encontrar uma expressão com a mesma carga). A primeira vez que Ai Weiwei usou o Caonima para se expressar foi em 2009, quando publicou um auto-retrato, nu, com um boneco a tapar-lhe as partes genitais. O título dessa fotografia é "Caonima a tapar o centro", que pode também ser interpretado como uma ofensa ao Comité Central do Partido Comunista Chinês. O "Caonima Style" de Ai Weiwei inclui excertos do vídeo original (que já ultrapassou os 530 milhões de visualizações no YouTube) e imagens com o próprio artista e amigos a imitarem a coreografia do sul-coreano PSY. Ainda antes do primeiro minuto do vídeo, Ai Weiwei tira um par de algemas do bolso e agita-as no ar, numa referência aos quase três meses em que esteve detido, entre Abril e Junho de 2011. Ai Weiwei, de 55 anos, é uma presença recorrente nas notícias devido à oposição às autoridades chinesas – a sua detenção, no ano passado, motivou protestos um pouco por todo o mundo. Após a sua libertação, o artista e activista continuou a ser vigiado e está impedido de sair do país. Há duas semanas, em declarações ao PÚBLICO, considerou "intolerável" a atribuição do Nobel da Literatura ao seu compatriota Mo Yan, que é visto pelos dissidentes como um autor alinhado com o regime.
REFERÊNCIAS: