Prémio Sakharov para os iranianos Jafar Panahi e Nasrin Sotoudeh
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-10-26
SUMÁRIO: O Parlamento Europeu atribuiu o Prémio Sakharov dos Direitos Humanos ao cineasta iraniano Jafar Panahi e à sua compatriota Nasrin Sotoudeh, advogada e activista dos direitos humanos.
TEXTO: Os dois opositores ao regime iraniano foram presos em 2010, Panahi em Março e Sotoudeh em Setembro, na vaga de detenções que se seguiu aos protestos contra a reeleição do Presidente Mahmoud Ahmadinejad, no ano anterior. Os dois dissidentes constavam da lista final de candidatos ao prestigiado prémio, de que faziam também parte outros activistas igualmente detidos: as três jovens russas do grupo "punk" Pussy Riot, condenadas a dois anos de prisão por terem entrado numa igreja ortodoxa para um concerto de protesto contra o Presidente Vladimir Putin; e o dissidente bielorruso Ales Beliatski, fundador de uma organização que apoia prisioneiros políticos na Rússia. "Quisemos exprimir a nossa admiração por uma mulher e um homem que resistem à intimidação de que são vítimas pelas autoridades iranianas", explicou o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz. O eurodeputado social-democrata alemão sublinhou que o prémio deve ser interpretado como um "não muito claro ao regime iraniano" que "não respeita nenhuma das liberdades fundamentais"Panahi, a filmar em casaJafar Panahi, que no ano passado foi condenado pelo tribunal iraniano a seis anos de prisão por "actividades contra a segurança nacional", ficou proibido de realizar filmes durante 20 anos, uma sentença que despertou a solidariedade do mundo do cinema. O Festival de Cannes homenageou-o em 2011 e, em sinal de protesto a sua cadeira foi deixada simbolicamente vazia no momento da apresentação do júri internacional, para o qual tinha sido convidado. Jafar Panahi tornou-se conhecido fora do seu país com o filme “O Balão Branco” (1995), exibido no Festival de Cannes, tendo depois sido distinguido com o Leão de Ouro de Veneza por “O Círculo” (2000). Sempre crítico do regime iraniano, o realizador foi acusado em Março de 2010 de “planear” um filme sobre as manifestações e preso em Evin, a infame prisão de Teerão que se tornou destino de milhares de presos políticos nas últimas décadas. Entretanto libertado, Panahi seria novamente acusado em Dezembro desse ano. Recorreu e aguardou a decisão em prisão domiciliária, até que saiu a decisão final: 20 anos. A proibição de filmar não impediu que Panahi “contasse” um filme em sua casa em “Isto não é um filme”. Usando um tapete como maqueta, o realizador desenhou um cenário imaginário construindo um filme onde consegue demonstrar o poder do cinema contra a repressão e liberdade de expressão, não apenas no Irão como em qualquer outra parte do mundo. Este mês, o realizador Abbas Kiarostami fez saber que Jafar Panahi continua a trabalhar e um novo filme deverá ser apresentado no próximo ano. Campeã dos direitos humanosNasrin Sotoudeh, de 47 anos, foi durante anos uma das vozes mais temerárias na denúncia dos abusos dos direitos humanos cometidos pela República Islâmica. Advogada e amiga de Shirin Ebadi, Nobel da Paz em 2003, Sotoudeh pertencia ao Centro de Defesa dos Direitos Humanos que ela fundou para defender mulheres, opositores políticos e minorias no Irão. Mãe de duas crianças, Sotoudeh bateu-se durante vários anos para que lhe fosse reconhecido o direito a exercer advocacia, a que poucas mulheres têm acesso no Irão. Quando o conseguiu, em 2000, tornou-se reputada por defender jovens condenados à morte por ilícitos cometidos quando ainda eram menores – um das práticas judiciais de Teerão que maior condenação tem gerado das organizações internacionais.
REFERÊNCIAS: