Manifestações na Jordânia pedem a queda do rei
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DATA: 2012-11-16
SUMÁRIO: Duas mil pessoas juntaram-se na manhã desta sexta-feira no centro de Amã, a capital da Jordânia, para exigir mudanças políticas. Há três dias que há manifestações em o slogan mais cantado é "o povo quer a queda do regime".
TEXTO: "Fora Abdullah, fora", cantavam os manifestantes concentrados junto à mesquita Husseini. De acordo com a Reuters, a população que há três dias sai à rua - uma segunda manifestação está marcada para esta tarde - respondeu a um apelo da Irmandade Muçulmana, o partido islamista e principal força da oposição. Os líderes, porém, relatava o jornal espanhol El País, não se juntaram aos protestos. A Irmandade Muçulmana anunciou que boicotará as eleições legislativas marcadas para Janeiro. O descontentamento da população jordana - que foi esboçado no início da chamada Primavera Árabe, mas não teve sequência - acentuou-se em Outubro, quando dez mil pessoas saíram à rua em Amã, pedindo as reformas prometidas mas nunca concretizadas. O rei Abdullah II, que tem 50 anos e está no trono desde 1999, desfez então o Parlamento, convocou eleições e remodelou o Governo, conseguindo manter o país fora dos tumultos que ocorrem em muitos países do Médio Oriente. A Jordânia tem fronteiras com Israel (país envolvido numa acção armada em Gaza) e com a Síria, que está em guerra civil. A vaga de contestação que começou na quarta-feira foi iniciada pela população rural, quando o Governo anunciou um aumento no preço do combustível agrícola. Os manifestantes foram apoiados pela Irmandade Muçulmana, uma força política implantada sobretudo nos meios urbanos, e os protestos alastraram à capital. Por todo o país têm-se realizado greves - na quarta-feira pararam os autocarros de Amã. De acordo com as agências noticiosas, a força polícial junto à mesquita Husseini é composta por cerca de quatro mil efectivos que se têm mantido à distância, sem intervir. Esta manhã um grupo de polícias não armados separou dois grupos de manifestantes, um que pedia a queda de Abdullah, outro de apoio ao monarca. Ainda assim, uma pessoa morreu na quinta-feira na zona rura de Irbidl, onde a manifestação que juntou desempregados, agricultores e outros descontentes teve um pico de violência. Foram incendiados caixotes de lixo e cortadas estradas e a multidão tentou pegar fogo a um edifício governamental. Quando um grupo tentou entrar de assalto numa esquadra de polícia, houve disparos e um manifestante morreu. "O rei deve ouvir a população e recuar na decisão de aumentar os preços do combustível. O povo jordano não aguenta mais esforços", disse o líder da Irmandade, sheikh Hamam Said, num depoimento citado pela Reuters. "O povo quer a queda do regime" foi a palavra de ordem nas manifestações na Tunísia e no Egipto, onde os regimes foram derrubados em 2011. Na Jordânia, o entendimento entre a oposição liberal e a islamista tem poupado o paá à instabilidade política. Além disso, uma grande parcela da população considera Abdullah II um factor de estabilidade, equilibrando os interesses das tribos que compõem a malha étnica do país a Leste do rio Jordão, e a maioria (que continua a crescer) de jordanos de origem palestiniana. Em Agosto, o rei (que é casado com uma palestiniana, a rainha Rania) avançou com alterações constitucionais que transferiram parte dos seus poderes para o Parlamento e abriram caminho a que fosse este órgão legislativo a escolher o primeiro-ministro de acordo com a maioria. Porém, é acusado de lentidão na aplicação das reformas por estar demasiado refém das tribos que pressionam para manter alguns privilégios políticos e económicos. Foi em protesto pelo que diz ser a cedência do rei às tribos que a Irmandade Muçulmana anunciou o boicote eleitoral.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra violência rainha assalto