Khadafi enfrenta hoje o seu "Dia de Raiva"
O que seria a simples detenção de Fethi Tarbel, um advogado e activista dos direitos humanos, foi, na noite de terça-feira, o rastilho para raros protestos, seguidos de confrontos, na cidade de Bengasi. Tratou-se de um claro sinal de que a Líbia, controlada há mais de 40 anos por Muammar Kadhafi, não está imune à agitação que atravessa o mundo árabe. (...)

Khadafi enfrenta hoje o seu "Dia de Raiva"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.7
DATA: 2011-02-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O que seria a simples detenção de Fethi Tarbel, um advogado e activista dos direitos humanos, foi, na noite de terça-feira, o rastilho para raros protestos, seguidos de confrontos, na cidade de Bengasi. Tratou-se de um claro sinal de que a Líbia, controlada há mais de 40 anos por Muammar Kadhafi, não está imune à agitação que atravessa o mundo árabe.
TEXTO: Os confrontos ocorreram antes do "Dia de Raiva" - jornada de contestação semelhante às que têm ocorridos noutros países da região e que opositores do regime têm vindo a convocar para hoje através da rede social Facebook. Claro que Fethi Tarbel não é um advogado qualquer: representa famílias de prisioneiros mortos em 1996 na prisão de Abu Salim, em Trípoli, para onde o regime envia opositores e militantes islamistas. O desagrado pela sua detenção levou centenas de pessoas à rua, numa acção que degenerou em confrontos com a polícia e apoiantes de Kadhafi. "Os protestos, que começaram pelo pedido de libertação de Fethi Tarbel, rapidamente se transformaram num protesto anti-Kadhafi", disse a estação televisiva France 24 Abdulla Darrat, exilado líbio nos Estados Unidos e porta-voz do site oposicionista Khalas!. Fethi Tarbel foi detido "por ter espalhado um rumor segundo o qual a prisão [de Abu Salim] estava a arder", referiu o jornal privado Quryna, considerado próximo de Sei Al-Islam, filho de Kadhafi, e que se publica em Bengasi. Ao saberem da notícia, os manifestantes dirigiram-se à polícia e reclamaram a sua libertação. O responsável local terá concordado que Tarbel fosse solto. Mas isso não desmobilizou os contestatários. Na versão do Quryna, aos descontentes com a detenção juntaram-se "pessoas munidas de armas brancas e cocktails-molotov", que seguiram depois para a Praça Shajara. Foi aí que ocorreram os confrontos, que, segundo o director do hospital Al-Jala, citado pela AFP, provocaram ferimentos em 38 pessoas. Anteriormente, o jornal líbio referiu 14 feridos, entre os quais "dez membros das forças da ordem". Sites árabes, citados pela agência, indicam que os manifestantes, dois mil segundo algumas fontes, gritaram slogansanti-regime: "Bengasi levanta-te, este é o dia que esperavas, o sangue dos mártires não correu em vão", "O povo quer derrubar a corrupção". Um residente em Bengasi disse à Reuters que nos confrontos "estiveram envolvidas cerca de 500 ou 600 pessoas. Foram ao Comité Revolucionário [instalações do governo local] no bairro de Sabri e tentaram ir ao Comité Revolucionário central. . . Atiraram pedras". Alguns relatos indicam que foram incendiados automóveis. A polícia respondeu com canhões de água, gás lacrimogéneo e balas de borracha. A força do regimeNa manhã de ontem as escolas estavam abertas e a ordem parecia ter voltado. Bengasi, segunda cidade líbia, a cerca de mil quilómetros de Trípoli, tem um historial de antagonismo face ao todo-poderoso líder que dirige um país rico em petróleo e gás, com uma população de 6, 5 milhões de pessoas. O golpe que, em 1969, colocou Kadhafi no poder não teve ali grande apoio. Diversos oposicionistas exilados e activistas islâmicos são de Bengasi. A televisão estatal mostrou imagens de uma manifestação na capital, de apoio ao mais antigo chefe de Estado em funções no continente africano. Segundo a Reuters, os participantes acusaram a estação Al-Jazira - que fez uma vasta cobertura do derrube dos ditadores tunisino e egípcio - de espalhar mentiras. A agência oficial, Jana, noticiou acções semelhantes de apoio a Kadhafi noutras cidades, incluindo Bengasi. "Sacrificamos o nosso sangue e as nossas almas pelo nosso líder", "Somos uma geração construída por Muammar e quem se lhe opuser será destruído", gritaram os manifestantes, segundo a agência. As autoridades líbias libertaram também ontem 110 membros do Grupo Islâmico de Combate Líbio, uma organização interdita. Mas o presidente da Liga Líbia dos Direitos do Homem, Mohamed Torniche, disse que a decisão já estava tomada e não tem relação com "qualquer outra questão". No último ano foram soltos mais de duas centenas e meia de islamistas depois de aceitarem renunciar à violência.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano Árabes
Ataque a autocarro no Seixal foi acto de "revolta" contra a polícia
PSP mobilizou meios para a Arrentela para evitar repetição de distúrbios do fim-de-semana. Câmara recusa ideia de que haja problemas graves e considera que foi "uma situação pontual". (...)

Ataque a autocarro no Seixal foi acto de "revolta" contra a polícia
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: PSP mobilizou meios para a Arrentela para evitar repetição de distúrbios do fim-de-semana. Câmara recusa ideia de que haja problemas graves e considera que foi "uma situação pontual".
TEXTO: O autocarro incendiado no domingo na Arrentela, concelho do Seixal, terá sido uma forma de chamar a atenção contra a actuação da polícia naquela zona. A alegada agressão de Dutchu Pedro Sá, no sábado, terá sido a gota de água "de todo um acumular de situações de abuso", contou uma testemunha, que, como quase todas, pediu para não ser identificada. A PSP, pelo contrário, nega existir qualquer relação entre este incidente e os desacatos do último sábado. Ontem esteve discretamente no Bairro da Boa Hora, um sítio onde o ambiente acalmou depois de um fim-de-semana agitado. Sónia vive há 25 anos no bairro onde os ânimos andaram exaltados. É animadora do Centro Comunitário da Arrentela. Uma instituição fre- quentada, em tempos, pelo próprio Dutchu, e que fica encostada ao es- tádio. Na rua, o sol vai alto e as crianças brincam. Aparato policial, nem vê-lo, apesar de a PSP ter informado que havia mobilizado meios para evitar que se repetissem os distúrbios da véspera. "Aquilo foi uma forma de mostrarem a sua revolta contra o que lhe fizeram no outro dia", acrescenta. Alegadamente, Dutchu Pedro Sá terá sido agredido e detido pela PSP, de acordo com uma dezena de testemunhas ouvidas anteontem pelo PÚBLICO. O rapaz foi hospitalizado. Fonte policial negou então que tivesse havido qualquer agressão, sustentando que Dutchu teria agredido os agentes e vandalizado a viatura da PSP. Nesse mesmo dia, os ânimos exaltaram-se, o contingente policial foi reforçado e queimaram um carro - que até era procurado por ter sido dado como roubado - e vários baldes do lixo. Polícia desvalorizaUm dia mais tarde, foi a vez de um autocarro da Transportes Sul do Tejo ser incendiado no Bairro da Boa Hora. Já depois das 21h00, um grupo de indivíduos imobilizou a viatura numa paragem. O motorista foi obrigado a sair, tal como os passageiros que iam a bordo. O grupo regou o interior com gasolina e ateou o fogo ao autocarro. Pouco depois só restava a carcaça da viatura. A PSP considera que os incidentes são "pontuais", acrescentando que as situações de conflito naquela zona são "espartilhadas no tempo" e resolvidas "de imediato". Uma opinião partilhada pela Câmara Municipal do Seixal, que, em comunicado, garante que "estes fenómenos de perturbação da ordem pública são provocados por pequenos grupos, que não são representativos da maioria da população". Território multiculturalQuanto aos residentes, a autarquia diz apenas que o território é "culturalmente multifacetado", remetendo mais esclarecimentos para a Junta de Freguesia da Arrentela. Apesar de o autocarro ter ardido exactamente na mesma zona onde se registaram os desacatos do dia anterior, a PSP garantiu ao PÚBLICO que não há "qualquer relação entre a situação da detenção do cidadão Dutchu Sá e os incidentes que se seguiram no sábado e domingo à noite na Arrentela-Seixal". Ontem à tarde, o ambiente era pacato. Na ressaca da noite anterior, vários moradores afirmam nunca ter visto nada assim, e a maioria mostra-se tranquila. "Está a ver a rua como está agora, com as pessoas a passearem normalmente sem que nada lhes aconteça? É sempre assim, aqui toda a gente se conhece e se dá bem", conta uma moradora, com pronúncia africana, que vive há mais de 30 anos no bairro. "Pssst, minha senhora, diga-me uma coisa: alguma vez foi roubada aqui?", questiona um rapaz jovem que conhecia Dutchu e que pede para também não ser identificado nem fotografado. "Eu não!", respondeu a transeunte, já de idade, sem grandes hesitações. Números do SEF para o distrito de Setúbal: concelho é o segundo com mais estrangeiros
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP SEF
Portugueses regressam de Trípoli com histórias de um país mergulhado no caos
As viagens foram longas e com adiamentos sucessivos, muitas paragens e trocas de voos, mas já começaram a regressar a território nacional alguns dos 80 portugueses que, a bordo do C-130 da Força Aérea, deixaram a Líbia na noite de segunda-feira. (...)

Portugueses regressam de Trípoli com histórias de um país mergulhado no caos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: As viagens foram longas e com adiamentos sucessivos, muitas paragens e trocas de voos, mas já começaram a regressar a território nacional alguns dos 80 portugueses que, a bordo do C-130 da Força Aérea, deixaram a Líbia na noite de segunda-feira.
TEXTO: Iam chegando ao Aeroporto da Portela, Lisboa, aos poucos, em voos comerciais da TAP a partir de Roma – durante a tarde terão chegado apenas cinco, mas num voo que aterrou pouco depois das 21h00 eram mais de 30 – e traziam consigo histórias que pouco condiziam com os relatos de caos e de violência que chegavam pelos órgãos de informação às famílias, em Portugal. Talvez tenham abandonado o país no momento certo. Ana Simões da Silva esperava o pai, junto à saída e confirma-o. “À meia-noite e meia, quando já estavam na Sicília [onde fica a base da NATO para onde foram transportados pela Força Aérea], falei com o meu pai e disse-lhe o que tinha sabido pela CNN: ‘Olhem que estão a ser bombardeados’. Ele repetiu alto o que eu dizia e todos ficaram: O quê?”O pai, Joaquim Simões da Silva, 72 anos, sai acompanhado apenas de uma pequena mala e um saco de portátil no carrinho. “Voltar? Amanhã, se a minha empresa o permitir e se houver condições mínimas de segurança. ” O engenheiro da Consulgal, uma empresa portuguesa de consultoria em engenharia e gestão, diz não ter testemunhado situações de violência, “apenas vestígios” disso e “manifestações como as que há cá nos jogos de futebol”. “A gente ainda não morreu, pá. ” O grito, numa gargalhada, era de um homem com ar de marinheiro, que descia a rampa à saída da porta das chegadas, e anunciava o grupo de mais de 30 portugueses que vinham também de Roma, trabalhadores, acompanhados de familiares, da Zagope, uma empresa de construção especializada em obras públicas a operar na Líbia. Vários casais saíam acompanhados de crianças ao colo, de mão dada. Manuel Morais, 56 anos, conta que estava em casa, no domingo à noite, e “via as balas”, “ouvia os gritos de pessoas, ao longe”. Mas voltava? “Se me permitirem. ”Manuel, responsável de obra, partilha das poupadas críticas ao regime de Muammar Khadafi, gerais entre os portugueses que ontem chegavam a Lisboa. “É um líder africano, como há outros em África, com a sua política, que nós temos de respeitar”, considera José Casaleiro, 42 anos, arquitecto da Consulgal. Em Trípoli, onde estava sedeado, “vive-se bem, embora com todas as condicionantes que tem um país daqueles para nós, que gostamos de álcool e de vinho, que não há lá, não existe”, observava Joaquim Simões da Silva. “De resto há tudo e as pessoas viviam em tranquilidade até agora. ”Os que chegaram no voo da noite estavam visivelmente mais abalados – se uns chegavam orgulhosos das memórias que traziam, outros vinham banhados em lágrimas. José Eduardo, 41 anos, medidor contabilístico da mesma empresa, vivia perto de um aeroporto militar. “Tínhamos receio que houvesse bombardeamentos. Nós viemos embora mesmo na linha amarela”. Ele a mulher que o acompanha tinham apenas duas pequenas malas, muita coisa ficara em Trípoli. “Ontem ainda tentei ir ao escritório, ir comprar pão, mas vi que não dava. Às 15h00 soubemos que podíamos vir no voo humanitário. ”O misterioso voo BUR301Depois de ontem ter regressado a Trípoli para outro voo de repatriamento, que permitiu a 42 portugueses e 42 cidadãos de outras nacionalidades saírem da capital líbia, o C-130 deverá chegar ao Aeroporto Militar do Figo Maduro, Lisboa, de madrugada, por volta das 3h. Já para os 26 portugueses que estão em Bengasi continua “tudo na mesma” e, adiantou ao PÚBLICO uma fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, António Braga, só amanhã seriam retomadas as tentativas para os retirar do país, sendo que a via aérea permanece uma hipótese remota.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
Governo quer vender herdade com parte de aldeia dentro, junto ao novo aeroporto
Propriedade tem 338 hectares e está apalavrada por 4,5 milhões de euros. Misericórdia, bombeiros e outras entidades locais receiam que os seus direitos não sejam tidos em conta. (...)

Governo quer vender herdade com parte de aldeia dentro, junto ao novo aeroporto
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.112
DATA: 2011-02-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Propriedade tem 338 hectares e está apalavrada por 4,5 milhões de euros. Misericórdia, bombeiros e outras entidades locais receiam que os seus direitos não sejam tidos em conta.
TEXTO: O Ministério das Finanças tem em curso o processo de venda de uma grande propriedade do Estado, junto à aldeia de Canha, concelho do Montijo, que tem no seu interior o quartel dos bombeiros, o lar da Misericórdia, um bairro cooperativo com 51 casas, um polidesportivo e alguns equipamentos municipais. A herdade, posta à venda em 2009, tem 338 hectares (100 vezes a área da Praça do Comércio em Lisboa) e está a ser negociada por um valor que, segundo a Misericórdia da freguesia, ignora as suas potencialidades em matéria de construção e o facto de se situar apenas a sete quilómetros do futuro aeroporto de Lisboa. A preocupação maior dos responsáveis da Misericórdia de Canha, bem como dos bombeiros locais e da Cooperativa de Habitação do Almansor, prende-se com o risco de os eventuais compradores da Herdade de Gil Vaz virem a ficar com direitos sobre os equipamentos construídos por aquelas entidades. Nas últimas décadas, todas elas obtiveram autorização dos diferentes ministérios que tiveram a tutela da herdade para ali se instalarem, mas a cedência dos terrenos nunca foi integralmente regularizada pelo Estado, com a desanexação das diferentes parcelas e a sua inscrição nas matrizes prediais. Algumas daquelas entidades conseguiram registar os terrenos na conservatória, com base em escrituras de doação, mas outras - como é o caso dos bombeiros - têm as instalações em parcelas cedidas ao abrigo de contratos de comodato. Todas elas, porém, têm em comum o facto de continuarem formalmente integradas no perímetro da Herdade de Gil Vaz - que na descrição predial continua a ter os mesmos 338 hectares que tinha antes das cedências feitas, somando estas várias dezenas de hectares. Daí a preocupação com que foi recebida, no final de 2009, a notícia de que a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças estava a tratar da venda da herdade com "todas as construções e ocupações existentes". A informação consta dos ofícios enviados aos donos das propriedades contíguas para que, se o quisessem, pudessem exercer o direito de preferência no negócio. De acordo com a comunicação subscrita pelo subdirector-geral do Tesouro e Finanças, o contrato de promessa de compra e venda já tinha sido celebrado com a Lazer e Florestas (uma empresa de capitais públicos) por 4, 5 milhões de euros e os interessados tinham dez dias para exercer o direito de preferência, pagando a pronto. Foi esta situação, e a ausência de resultados de diligências anteriores, que levou a Santa Casa da Misericórdia de Canha a escrever ao director-geral do Tesouro e ao primeiro-ministro, em Dezembro, questionando todo o processo, incluindo a avaliação feita e que não terá valorizado a possibilidade já existente de se construirem ali perto de 170. 000m2, o equivalente a mil moradias de 170 metros quadrados. Contactado pelo PÚBLICO, o gabinete do ministro das Finanças limitou-se a informar por email, 40 dias depois, que "devido às envolvências jurídicas e negociais do imóvel em questão, estamos a fazer uma análise exaustiva ao dossier e enquanto tais questões não estiverem esclarecidas o imóvel não sairá da propriedade do Estado". Em Canha toda a gente fala em negócio com angolanos por trásA pergunta que toda a gente faz é esta: como é que o homem tem 4, 5 milhões, a pronto, para dar por aquilo? O homem é um pequeno empresário - o PÚBLICO não conseguiu contactá-lo - que exerceu o direito de preferência pelo valor negociado com a empresa Lazer e Florestas (de capitais públicos), mas que, segundo a assessoria de imprensa do ministro das Finanças, ainda não concretizou o negócio.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homem
John Galliano preso em Paris e demitido da Dior
O estilista britânico John Galliano foi demito pela marca de alta costura, Christian Dior, depois de ter agredido verbalmente um casal que estava sentando numa esplanada de um café, no bairro parisiense Marrais. (...)

John Galliano preso em Paris e demitido da Dior
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O estilista britânico John Galliano foi demito pela marca de alta costura, Christian Dior, depois de ter agredido verbalmente um casal que estava sentando numa esplanada de um café, no bairro parisiense Marrais.
TEXTO: Segundo as autoridades francesas o estilista dirigiu-se ao casal proferindo insultos anti-semitas e racistas. “Ainda não sabemos porque é que Galliano se dirigiu assim ao casal, nem se se conheciam ou não”, disse fonte da policia à AFP. O estilista foi detido pela polícia por estar aparentemente embriagado. As testemunhas contaram à AFP que Galliano estava muito bêbedo, tendo acusado uma taxa de alcoolemia de 1, 1. Ao fim de umas horas, John Galliano acabou por sair em liberdade por não existir uma queixa formal contra si. Depois do escândalo de quinta-feira à noite, a Dior veio hoje informar que suspende Galliano, um dos seus pricipais estilistas, das suas funções. “A Dior afirma, com total convicção, a sua política de tolerância zero em relação a palavras ou comportamento racistas ou anti-semitas”, disse em comunicado Sidney Toledano, director executivo da Dior. No mesmo comunicado, Toledano explicou que enquanto a situação não estiver resolvida, John Galliano não voltará a trabalhar para a marca. Galliano, com 50 anos, começou a trabalhar a Dior em 1996. O estilista britânico vive em Paris há 20 anos e é visto regularmente no bairro de Marais, onde tem o seu atlier e onde fica também a grande casa da marca.
REFERÊNCIAS:
Tempo quinta-feira
Um desempregado, um bolseiro e uma estagiária inventaram o Protesto da Geração à Rasca
João, Paula e Alexandre formaram-se em Coimbra e passaram por associações de estudantes. Dois desencantaram-se com os partidos a que pertenciam. (...)

Um desempregado, um bolseiro e uma estagiária inventaram o Protesto da Geração à Rasca
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: João, Paula e Alexandre formaram-se em Coimbra e passaram por associações de estudantes. Dois desencantaram-se com os partidos a que pertenciam.
TEXTO: Estavam os três num café de Alfama, em Lisboa, a falar da canção dos Deolinda - aquela que começa com o verso "sou da geração sem remuneração" - e da reacção emotiva das pessoas, nos Coliseus do Porto e de Lisboa, "que se levantaram e bateram palmas" e se reviram no que ouviram. E foi assim que surgiu a ideia. João Labrincha, Alexandre de Sousa Carvalho, Paula Gil (27, 26 e 25 anos) conhecem-se há anos, são amigos, também se reviram naqueles versos, mas só em parte. Por isso, nesse dia, "foi a 5 ou 6 de Fevereiro", João chegou a casa e criou um evento no Facebook. Chamou-lhe Protesto da Geração à Rasca. Combinaram que aconteceria a 12 de Março. Porquê 12 de Março? Riem-se com a pergunta - nota-se que estão cansados, têm sido muitas noites passadas à frente do computador, a ler milhares de comentários no Facebook, porque a convocatória online, entretanto, não pára de mobilizar gente e, por estes dias, é preciso responder aos comentários e estar a atento aos mais violentos ou ofensivos. Uma tarefa pesada, sobretudo para quem tem que trabalhar cedo, dizem. "Não faço ideia", conta um deles sobre o porquê da data escolhida. Não há nenhuma razão. Tinha que ser rápido, para apanhar a onda dos Deolinda - "percebeu-se que as pessoas estavam com fome de algo que lhes desse voz", explica Alexandre. Mas tinha que haver o tempo suficiente para a ideia crescer. "E não podia ser no fim-de-semana do Carnaval. " Ficou 12 de Março, portanto, para a Avenida da Liberdade, em Lisboa, e para a Praça da Batalha, no Porto. Os jornais e as televisões acompanham o fenómeno. Em menos de três semanas, milhares fizeram saber que pretendem aderir ao Protesto da Geração à Rasca (ontem eram mais de 27 mil). Sem que tenha sido gasto um tostão para promovê-lo. "Acho que é uma coisa completamente nova o que está a acontecer", diz João. "Nós, desempregados, "quinhentos-euristas" e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal. Protestamos" - assim começa o manifesto colocado online. "Trabalho desde os 18"João, licenciado, está desempregado, sem subsídio, e vive com a ajuda do pai. "Nunca ganhei o suficiente para me fazer valer a mim próprio. " É ele que fica com "os turnos da madrugada" a gerir os comentários no Facebook. Alexandre trabalha em investigação, na área dos Estudos Africanos, e vai iniciar o doutoramento. Fez um mestrado em Inglaterra, estágios e voluntariado, recebe 900 euros de bolsa. Paula está a fazer um estágio do Instituto do Emprego e de Formação Profissional, com um contrato de um ano. Ganha também cerca de mil euros, sem subsídio de férias nem Natal - "Trabalho desde os 18 anos, a minha mãe ganha o salário mínimo; paguei a minha licenciatura e o meu mestrado. . . " Por estes dias, e por causa da "Geração à Rasca", deita-se às 3h, apesar de às 7h ter que estar a pé para ir trabalhar. Formaram-se os três em Relações Internacionais, em Coimbra, qualquer um deles passou por associações de estudantes, hoje vivem os três em Lisboa, identificam-se ou identificaram-se com partidos políticos: João quer desfiliar-se da JS, porque, diz, desidentificou-se e as simpatias políticas ficaram por aí. Paula é do Bloco de Esquerda. Alexandre entrou há 11 anos na JCP e, poucos anos depois, pediu para sair - "houve um afastamento ideológico". Nunca mais voltou. O protesto que promovem é apartidário e laico, frisam - mas sabem que há quem não acredite. E entre os que entretanto se juntaram à organização, asseguram, há pessoas de todas as sensibilidades políticas, da direita à esquerda. "Ainda hoje tínhamos um comentário com o apoio de um monárquico. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave fome ajuda salário
MPLA nervoso com protesto contra o regime angolano convocado pela Internet
O que começou por ser visto como algo pouco sério tornou-se nos últimos dias motivo de apreensão para o regime angolano. Um apelo anónimo a uma manifestação anti-governamental, em Luanda, no próximo dia 7, provocou reacções de nervosismo na esfera do poder e as informações de ontem davam conta da convocatória para este sábado de uma concentração de apoio ao partido do Governo, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). (...)

MPLA nervoso com protesto contra o regime angolano convocado pela Internet
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: O que começou por ser visto como algo pouco sério tornou-se nos últimos dias motivo de apreensão para o regime angolano. Um apelo anónimo a uma manifestação anti-governamental, em Luanda, no próximo dia 7, provocou reacções de nervosismo na esfera do poder e as informações de ontem davam conta da convocatória para este sábado de uma concentração de apoio ao partido do Governo, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).
TEXTO: "Há muito nervosismo e redobrou-se a acção policial", disse ao PÚBLICO o jornalista e activista anti-corrupção Rafael Marques, que confirmou a convocatória de uma contra-manifestação para dia 5. "É o MPLA que transforma [a convocatória] num evento mediático ao reagir e tomar medidas preventivas excessivas", considera. "A reacção do MPLA vale mais do que a própria convocatória, acaba por demonstrar a fraqueza do próprio regime, não havia necessidade de responder a uma convocatória anónima. "O apelo a um protesto contra o regime de José Eduardo dos Santos, à imagem das revoltas no Norte de África, e aparentemente influenciado por elas, é uma mensagem sob o título "Nova Revolução do povo angolano" que corre há cerca de duas semanas na Internet. "A manifestação antigovernamental em Angola vai começar no dia 7 de Março de 2011, de Cabinda ao Cunene. O acto central terá lugar no Largo da Independência em Luanda. Em toda Angola, vamos marchar com cartazes exigindo a saída do Ze Du, seus ministros e companheiros corruptos", refere a convocatória. O texto é assinado por Agostinho Jonas Roberto dos Santos, designação fictícia que junto os nomes dos líderes dos movimentos independentistas de Angola ao do actual Presidente e se apresenta como fundador de um desconhecido Movimento Revolucionário do Povo Lutador de Angola (MRPLA). Há uma semana, o secretário-geral do MPLA, general Dino Matross, teve uma reacção que denotou o nervosismo do poder, ao afirmar na rádio estatal que não se devia confundir "o que se passa nos países do Magrebe com a realidade angolana" e que, se fosse caso disso, o regime tomaria "medidas sérias". Mais tarde, o director de informação do partido, Rui Pinto de Andrade, afirmou à AFP que "só comenta coisas sérias". O carácter anónimo da iniciativa levanta reservas, mesmo a críticos do MPLA, e não faltam sequer interpretações de "teoria da conspiração". "Quem não me garante que os serviços de informação não estão por detrás de tudo isso para saberem como está a organização do país?", escreveu o portal Angola24 Horas. Bom para a democraciaRafael Marques considera que o protesto marcado para as 0h00 do dia 7 "não se vai concretizar", porque "as pessoas não se vão juntar a quem não conhecem" e "não há nenhum tipo de mobilização". Além disso, observa, não se marca uma manifestação para a meia-noite. Mas "está todo o mundo, os luandenses, a falar do assunto e isso é bom para a democracia". O professor universitário Fernando Macedo, que tomou também conhecimento do apelo pela Internet, considera que a convocatória devia ter ser sido feita de "forma transparente", com os promotores a identificarem-se. A iniciativa traduz, em seu entender, "um estado de espírito em relação a um momento histórico", mas a forma como foi feita "constitui em si um obstáculo à mobilização". "Há motivos sociais e políticos para descontentamento. Se há capacidade de mobilizar pessoas ou realizar a manifestação, não tenho elementos para dizer", afirmou ao PÚBLICO Macedo, que é também um activista cívico e vê semelhanças entre o exercício do poder em Angola e nos regimes da Tunísia, Egipto e Líbia. "Se o Presidente continuar no poder por mais tempo, e a exercer o poder como está a exercer, os angolanos vão-se organizar e vão fazer uma manifestação pacífica contra ele", acredita. Lideranças temem efeito de contágioO exemplo do Norte está a preocupar diversas lideranças africanas, que temem um efeito de contágio. A Guiné-Equatorial proibiu mesmo a difusão de imagens das manifestações em Tunes e no Cairo, segundo os Repórteres sem Fronteiras.
REFERÊNCIAS:
Tempo Março
Para Angola, lentamente, à procura dos mortos da guerra colonial
Pedimos aos leitores sugestões de uma história que gostassem de ver publicada no 21º aniversário do PÚBLICO. Entre as sugestões, seleccionámos cinco, submetidas depois a votação entre 22 e 27 de Fevereiro. Venceu a sugestão sobre o Museu do Combatente e os 50 anos do início da guerra do Ultramar. (...)

Para Angola, lentamente, à procura dos mortos da guerra colonial
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.25
DATA: 2011-03-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pedimos aos leitores sugestões de uma história que gostassem de ver publicada no 21º aniversário do PÚBLICO. Entre as sugestões, seleccionámos cinco, submetidas depois a votação entre 22 e 27 de Fevereiro. Venceu a sugestão sobre o Museu do Combatente e os 50 anos do início da guerra do Ultramar.
TEXTO: No livro de honra da Liga dos Combatentes, o embaixador de Angola em Lisboa, José Marcos Barrica, deixou escrita pelo seu punho uma promessa que responde a um projecto iniciado há sete anos: tudo fazer para que Portugal possa procurar os militares que ficaram sepultados em Angola. A promessa do embaixador angolano, em Novembro último, numa visita à sede da Liga dos Combatentes em Lisboa, ainda não se traduziu em nada de concreto — para pena do tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, presidente desta instituição tutelada pelo ministro da Defesa. Era por Angola— onde em 1961 rebentou a guerra colonial, que haveria de se propagar às outras colónias portuguesas em África — que Chito Rodrigues gostaria de ter começado o programa Conservação das Memórias. Lançado em 2003, este programa, em curso, pretende localizar, identificar, concentrar e dignificar os locais onde se encontrem portugueses nos vários cantos do mundo. E Angola tinha logo sido escolhida para o início dos trabalhos porque, afinal, também foi ali que tiveram lugar os ataques de 4 de Fevereiro e 15 de Março, de 1961, as duas datas mais marcantes do início das guerras contra o colonialismo português. A 4 de Fevereiro, grupos de angolanos, armados sobretudo com catanas, atacaram durante a madrugada cadeias e instalações oficiais em Luanda. Dos ataques resultou a morte de sete elementos das forças de segurança e de cerca de 15 atacantes, além de um número indeterminado de feridos. A 15 de Março deu-se uma sublevação no Norte de Angola, que provocou a morte de mais de 800 brancos e milhares de negros ao seu serviço. Esses ataques levariam, a 13 de Abril, António de Oliveira Salazar, presidente do Conselho de Ministros, a falar da necessidade de defender a todo o custo a maior das colónias portuguesas e a usar palavras que ficariam célebres: era altura de “andar rapidamente e em força” para Angola. Evocação a 15 de MarçoOs acontecimentos de 15 de Março de 1961, que marcariam o início do fim do império português, vão ser evocados no próximo dia de 15, em Lisboa, pela Liga: às 10h30, será celebrada uma missa no Mosteiro dos Jerónimos, com a presença do ministro da Defesa Nacional, Augusto Santos Silva; às 12h30, o Presidente da República, Cavaco Silva, irá descerrar uma placa evocativa do início do conflito em Angola no Monumento aos Combatentes do Ultramar, junto do Museu do Combatente no Forte do Bom Sucesso; e por fim, às 17h30, poderão ouvir-se na Sociedade de Geografia as palestras de Adriano Moreira e do general Gonçalves Ribeiro, que após o 25 de Abril foi o Alto Comissário para os Desalojados vindos das antigas colónias. “Não estamos a comemorar, estamos a evocar o esforço da nação portuguesa na guerra colonial, estamos a evocar uma partilha de memórias e a homenagear todos os vivos, os mortos e as vítimas envolvidos no conflito, independentemente do lado por que se bateram”, diz Chito Rodrigues. Voltando a 2003, a Liga estabeleceu os primeiros contactos com as autoridades angolanas para localizar e recuperar os restos mortais dos militares ao serviço de Portugal. Mas até agora, altura em que se evocam os 50 anos do início da guerra colonial, esse plano não passou do papel. Num mapa de Angola, repleto de bolas coloridas, foi sendo reunida a informação sobre os militares que lá ficaram, tanto de recrutamento local como oriundos da então chamada metrópole, e os sítios onde estarão sepultados. Entre 1961 e 1975, ficaram lá 1448 militares (586 da metrópole), em 187 locais. Mas é preciso ir a esses sítios ver como estão agora, confirmar a identificação dos restos mortais e depois concentrá-los nalguns pontos de Angola apenas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra
Milhares marcham por Luanda em apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos
Milhares de pessoas juntaram-se esta manhã no Marco Histórico 4 de Fevereiro, em Luanda, para participar na “marcha patriótica pela paz”, uma iniciativa do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) destinada a demonstrar o apoio da população ao Presidente José Eduardo dos Santos. (...)

Milhares marcham por Luanda em apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Milhares de pessoas juntaram-se esta manhã no Marco Histórico 4 de Fevereiro, em Luanda, para participar na “marcha patriótica pela paz”, uma iniciativa do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) destinada a demonstrar o apoio da população ao Presidente José Eduardo dos Santos.
TEXTO: Vestidos de branco, os militantes e simpatizantes do partido no poder desde a independência, responderam aos apelos do secretário provincial do MPLA, Bento Bento, que esperava reunir dois milhões de pessoas “a favor das políticas de paz e desenvolvimento do Presidente”. A marcha patriótica pela paz visa esvaziar de sentido uma manifestação “contra 32 anos de tirania e má governação” convocada para a próxima segunda-feira pela oposição de José Eduardo dos Santos. A oposição exige a demissão do Presidente “e dos seus ministros e amigos corruptos”. O protesto, que foi anunciado pelo Facebook e por mensagens de telemóvel, foi classificado como uma “perturbação do processo democrático e de reconstrução” pelos dirigentes do MPLA, que aconselharam a população a montar vigilância e alertar a polícia para “indivíduos de má fé” que planeassem participar na manifestação. A Polícia Nacional anunciou um reforço do patrulhamento no dia do protesto “para garantir a segurança e a ordem pública”. Os organizadores da manifestação contra José Eduardo dos Santos usam o pseudónimo Agostinho Jonas Roberto dos Santos – os nomes dos líderes dos três movimentos independentistas angolanos e o apelido do Presidente – nas suas comunicações.
REFERÊNCIAS:
Tempo segunda-feira
MPLA joga na antecipação e mobiliza milhares em apoio de José Eduardo dos Santos
Reacção a convocatória anónima de protesto contra regime. Informações não confirmadas de incidente na Lunda Norte dão conta de 28 feridos. (...)

MPLA joga na antecipação e mobiliza milhares em apoio de José Eduardo dos Santos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-03-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Reacção a convocatória anónima de protesto contra regime. Informações não confirmadas de incidente na Lunda Norte dão conta de 28 feridos.
TEXTO: Muitos milhares de pessoas, mas longe dos dois milhões que o MPLA (Movimento para a Libertação de Angola) se propôs mobilizar, reuniram-se ontem em Luanda, na "marcha patriótica pela paz", uma iniciativa destinada a demonstrar apoio ao Presidente José Eduardo dos Santos, em antecipação a um alegado protesto convocado anonimamente pela Internet para amanhã. Uma multidão de angolanos envergando T-shirts e bonés brancos distribuídos gratuitamente, estimada em meio milhão de pessoas pela Rádio Nacional de Angola, integrou uma marcha que terminou junto ao Marco Histórico 4 de Fevereiro, no bairro de Cazenga, onde falaram dirigentes do MPLA, antes de, segundo a agência AFP, a tribuna ter sido deixada livre para cantores populares. O número de dois milhões de manifestantes tinha sido fixado pelo secretário provincial de Luanda do partido, Bento Bento, na convocatória "a favor das políticas de paz e desenvolvimento do Presidente". "Nem de perto nem de longe se atingiu essa cifra", disse ao PÚBLICO um crítico do Governo angolano. Manifestações a favor do regime foram também organizadas noutras cidades do país. Em Dundo, na Lunda Norte, segundo informação do site Club-K, Club dos Angolanos no Exterior, ocorreram confrontos que provocaram ferimentos em, pelo menos, 28 jovens, cinco dos quais terão ficado em estado grave. O governador provincial teria presenciado a situação. Na marcha de Luanda, o vice-presidente do MPLA, Roberto Victor de Almeida, denunciou a existência de forças que procuram travar o desenvolvimento do país e o bem-estar dos cidadãos. "Muita gente quer interromper a nossa caminhada. Querem que paremos o nosso trabalho, o que é inaceitável", declarou, citado pela agência Angop. As acções ontem organizadas pelo partido que dirige Angola desde a independência, em 1975, foram uma reacção ao apelo anónimo, convocado via Internet, à imagem das revoltas no Norte de África. A marcação do protesto contra o regime e o Presidente, que deveria iniciar-se às 00h00 de amanhã, provocou reacções de nervosismo na esfera do poder. A convocatória foi assinada por um desconhecido Movimento Revolucionário do Povo Lutador de Angola (MRPLA) e assinado por Agostinho Jonas Roberto dos Santos, designação que recupera os nomes dos líderes dos três movimentos que lutaram pelo independência de Angola. Os principais partidos da oposição, designadamente a UNITA, negaram a paternidade e demarcaram-se da acção.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE