Comprimento dos dedos pode dar “pistas sobre sexualidade” das mulheres
A diferença de comprimento entre os dedos indicador e anelar na mão esquerda de uma mulher podem indicar que seja lésbica ou bissexual, indica um estudo da Universidade de Essex. (...)

Comprimento dos dedos pode dar “pistas sobre sexualidade” das mulheres
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 9 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: A diferença de comprimento entre os dedos indicador e anelar na mão esquerda de uma mulher podem indicar que seja lésbica ou bissexual, indica um estudo da Universidade de Essex.
TEXTO: É mais provável que as mulheres que têm o dedo indicador mais comprido do que o dedo anelar sejam lésbicas ou bissexuais indica um estudo da Universidade de Essex, no Reino Unido, publicado na revista Archives of Sexual Behavior. A explicação está na quantidade de testosterona a que essas mulheres foram expostas enquanto estavam no útero. Para apurar estes resultados, foram estudados os comprimentos dos dedos de 18 pares de gémeas monozigóticas (isto é, idênticas) — uma delas heterossexual e outra não-heterossexual. “Porque estas gémeas são geneticamente idênticas, as diferenças na exposição pré-natal a androgénios [hormona sexual masculina], reflectidas nos diferentes comprimentos dos dedos, podem contribuir para a discordância”, lê-se na introdução do trabalho. Normalmente, os dedos indicador e anelar de uma mulher têm o mesmo comprimento. No caso dos homens, um dos dedos é maior do que o outro. E, de acordo com este estudo, nas mulheres lésbicas ou bissexuais também — mas apenas na mão esquerda. “A investigação sugere que a nossa sexualidade é determinada no útero e é dependente da quantidade de hormonas masculinas a que estamos expostos ou da forma como os nossos corpos individuais reagem a essa hormona, sendo que quem está exposto a altos níveis de testosterona aumenta a probabilidade de ser bissexual ou homossexual”, afirma Tuesday Watts, investigadora do Departamento de Psicologia e uma das autoras do estudo, investigadora do Departamento de Psicologia, citada num comunicado de imprensa da universidade. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Isto porque, apesar de os gémeos monozigóticos partilharem 100% do material genético, estudos anteriores apontam para que aproximadamente um terço dos gémeos se desenvolvam em placentas separadas. As “placentas podem regular de forma diferente o nível de testosterona transferida da mãe para o feto”, lê-se nas conclusões do estudo. “Para uma gémea, mas não para a outra, a exposição a níveis elevados de androgénios pode ter aumentado a probabilidade de uma orientação" não-heterossexual. Por isso, olhar para a mão de uma mulher “pode dar uma pista sobre a sua sexualidade”, resume Tuesday Watts. O mesmo não se aplica aos homens. Neste estudo, foram também analisados 14 pares de gémeos do sexo masculino. Em alguns casos, os gémeos não-heterossexuais tinham os dedos mais compridos, mas “não houve uma diferença significante entre os gémeos heterossexuais e não-heterossexuais em qualquer uma das mãos”, conclui o estudo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulher sexo estudo sexual mulheres sexualidade homossexual bissexual
Pub gay em Londres é classificado como património protegido
É a primeira vez que um estabelecimento gay recebe protecção patrimonial no Reino Unido. (...)

Pub gay em Londres é classificado como património protegido
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.416
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: É a primeira vez que um estabelecimento gay recebe protecção patrimonial no Reino Unido.
TEXTO: Diz-se que a Princesa Diana terá aparecido uma noite, disfarçada de homem, no final dos anos 80, na companhia de Freddie Mercury, e que terá passado despercebida. Esse episódio não foi citado entre as razões por que o Royal Vauxhall Tavern, uma das mais antigas e emblemáticas instituições gay de Londres, acaba de integrar a lista de património classificado do Reino Unido, mas quando tanta realeza – uma princesa a sério e o líder de uma banda chamada Queen – entra num pub isso quer dizer qualquer coisa. É a primeira vez que um estabelecimento gay recebe protecção patrimonial no Reino Unido, graças a uma campanha que teve a participação de figuras conhecidas como o actor Ian McKellen e o apresentador de televisão Graham Norton. Muitos estabelecimentos gay fecharam nos últimos anos em Londres, em resultado da especulação imobiliária. O futuro do Royal Vauxhall Tavern, conhecido como RVT, passou a ser uma preocupação depois de, no ano passado, o edifício vitoriano ter sido comprado por um investidor imobiliário austríaco. A classificação protege o RVT contra eventuais alterações a nível de arquitectura ou da natureza do espaço. Situado no sul da cidade, e construído nos anos 1860-62, o RVT foi considerado um local de interesse arquitectónico e de importância histórica sendo “um dos mais conhecidos e antigos estabelecimentos LGBT [Lésbico, Gay, Bissexual e Transsexual] na capital, papel que desempenhou sobretudo na segunda metade do século XX”, segundo o parecer que justifica a classificação. O mesmo documento assinala que na década de 1960 o RVT consolidou-se como um assumido pólo de congregação e diversão da comunidade gay, e um espaço de resistência à homofobia durante a crise da epidemia de HIV/sida nos anos 80. É também um local com uma longa tradição de espectáculos de travestismo, onde muitos artistas drag conhecidos começaram as suas carreiras. O Stonewall Inn, um bar histórico em Nova Iorque que foi o berço da luta pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos no final da década de 60, recebeu uma classificação patrimonial semelhante em Julho.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homem comunidade princesa gay lgbt homofobia bissexual
Sexualidade: a escola fica muito melhor quando mostra todas as cores
O dia do coming out, que celebra esta quinta-feira as “saídas do armário”, levou o PÚBLICO a visitar a secundária da Ramada, onde um grupo de alunos passou os últimos dias a colorir os intervalos, tornando a escola num lugar mais inclusivo. Isto na semana em que uma escola do Porto está no centro das atenções por causa de um questionário à orientação sexual. (...)

Sexualidade: a escola fica muito melhor quando mostra todas as cores
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: O dia do coming out, que celebra esta quinta-feira as “saídas do armário”, levou o PÚBLICO a visitar a secundária da Ramada, onde um grupo de alunos passou os últimos dias a colorir os intervalos, tornando a escola num lugar mais inclusivo. Isto na semana em que uma escola do Porto está no centro das atenções por causa de um questionário à orientação sexual.
TEXTO: Esta semana, na Escola Secundária da Ramada (ESR), em Odivelas, os dias começaram com mais cor nos intervalos. “Não é uma escolha, eu sou assim!”, lê-se num cartaz com um arco-íris, ao lado de outro com vários corações e com as palavras “Dia Internacional do Coming Out” e fotografias de jovens gays e lésbicas a beijarem-se. A iniciativa é dos alunos que fazem parte do Clube ESR True Colours, criado com o apoio da equipa de promoção de educação para a saúde desta escola que acolhe o 3. º ciclo e secundário. No regulamento do clube, o enquadramento é claro: “todas as pessoas têm o direito de se sentir seguras e incluídas e também a escola deve ser um local seguro”. O True Colours quer ser um espaço para alunos LGBT — Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero —, mas também colegas que não o são — os chamados “aliados”. É o caso de Beatriz Batista, de 16 anos, presidente do grupo. “Eu não faço parte da comunidade LGBT”, começa por dizer, acrescentando contudo que quis fazer alguma coisa para apoiar os colegas que são discriminados. Leonor Garcia, de 17 anos, menciona motivação semelhante. “Conseguir que houvesse uma igualdade perante todos cá na escola. ”A direcção do Clube ESR True Colours é composta por seis membros, do 9. º até ao 11. º ano, explica Pedro Loução, de 15 anos, um dos fundadores do colectivo. Alguns apoiantes (os mais novos com 13 anos) juntam-se-lhes nas reuniões na sede. O grupo do Instagram — rede social onde também partilham as suas actividades — conta com 43 membros. Esta semana, lançaram o desafio aos colegas LGBT que queiram fazer parte de um grupo de apoio, “seguro e sigiloso”, para partilharem experiências. A professora Susana Martins, coordenadora da equipa de promoção da educação para a saúde da ESR, conta que a ideia nasceu no segundo período do último ano lectivo, durante o projecto Embaixadores da Saúde. “Na primeira reunião, em que se falou nas questões de igualdade de género, surgiu um grupo de alunos que voluntariamente se começou a juntar e a dizer que era interessante surgir na escola um clube. E foram as primeiras pedras para a construção desse grupo. ”A proposta foi feita por Beatriz Veríssimo, a primeira presidente do clube. O lançamento foi em Maio, num encontro emotivo em que vários jovens partilhavam as suas experiências como pessoas LGBT. “Viu-se mesmo o ar de felicidade de alguns alunos com a aceitação que tiveram”, recorda Susana Martins, que é docente de Biologia. No Verão, ganharam um espaço para se reunirem - ocupam metade de um “contentor”, paredes-meias com a associação de estudantes. A escola ajudou com a mobília, mas a decoração, feita com o coração, foi toda dos alunos. O tecto cheio de mãos coloridas, uma das paredes com vários cartazes de apoio, outra que começa a ser preenchida com mensagens sobre o que lhes vai na alma. “Don’t be afraid to show your true colours” — “não tenhas medo de mostrar as tuas cores verdadeiras”, lê-se, com um coração a terminar a frase. Leonor Garcia, que faz parte do departamento de “socialização” (que organiza eventos com os alunos), descreve as actividades que prepararam para esta semana, que culmina nesta quinta-feira com uma leitura cantada de poemas durante os intervalos. “Na segunda começamos as pinturas faciais, tivemos bastante adesão. Fomos falando com as pessoas, vieram ter connosco, acho que se vê um certo interesse. ” Nos placares estão afixadas também as várias bandeiras de cada identidade de género. “Havia montes de gente a chegar e a perguntar o que queriam dizer, houve uma certa curiosidade da parte deles em entender todo o projecto. ” “As pessoas estão aos poucos a vir ter connosco”, diz, com um sorriso tímido, a colega Beatriz. Ainda notam alguns olhares, às vezes comentários. Mas para estes alunos, é com alegria que podem falar abertamente sobre as suas vivências e as dos colegas na escola. Para Carlos Tomás, professor de Biologia, o projecto está a ter sucesso pela forma como foi apropriado com entusiasmo. “Se não houver apropriação, seria mais uma palestra dada por um professor ou um enfermeiro, seria mais uma chatice. O facto de a comunidade e dos alunos se terem apropriado do projecto quer dizer que aquilo pode ter sucesso. Esse é o caminho. ”É possível que o True Colours tivesse surgido de forma espontânea, mas o processo foi mais fácil por haver já espaços onde estas propostas podiam ser colocadas, como as actividades e os serviços de apoio oferecidos pela escola no âmbito do programa de educação para a saúde. No gabinete onde o enfermeiro Alexandre Oliveira atende os alunos, há uma bandeira LGBT na estante, ao lado de folhetos informativos sobre diversos temas relacionados com sexualidade e diversidade. O enfermeiro explica que atende vários alunos LGBT, esclarecendo as dúvidas que têm, mas também orienta pais, mediando processos de coming out quando os estudantes o requerem. O professor Carlos Tomás aponta o ambiente inclusivo da escola como um dos factores que o motivou a trazer o filho mais velho, que entrou este ano para o 7. º ano. “A escola tem que estar aberta a passar não só informação, mas também uma visão de uma sociedade mais tolerante. É importante que o meu filho saiba reconhecer a diferença como algo a ser respeitado. Satisfaz-me, como pai, que esta escola possa mudar esta visão”. Na semana marcada pelo dia do coming out, que se celebra esta quinta-feira, as questões LGBT foram centro de polémica quando começou a circular nas redes sociais a fotografia de uma “ficha sociodemográfica”, entregue a uma turma de alunos do 5. º ano da Escola Básica Francisco Torrinha, no Porto, em que se pergunta se os alunos se sentem atraídos por homens, mulheres ou por ambos, questionando ainda se namoram ou se já namoraram anteriormente. Em declarações ao PÚBLICO através do Facebook, uma fonte da associação de pais da escola afirma que o inquérito é “desadequado à idade”, mas acredita que o “tema tomou proporções ainda mais desadequadas do que o próprio inquérito” — até porque “está previsto no programa do Ministério da Educação”, na estratégia nacional para a Cidadania e Igualdade de Género. O representante referiu ainda que já se reuniu com os responsáveis da escola, dizendo que o inquérito não fere susceptibilidades e assegurando a sua confiança no estabelecimento escolar. Ao PÚBLICO, fonte o Ministério da Educação disse que não sabia de antemão da existência do documento, mas “está a apurar informação junto do estabelecimento escolar em causa”. “Aquilo que ao ver esta notícia nos preocupa mais é perceber, por um lado, qual é a motivação, a intenção por trás destas perguntas. Acreditamos que possa ter sido boa, mas desadequada”, diz ao PÚBLICO Telmo Fernandes, coordenador de projectos da ILGA — Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo. “Já enviámos um pedido de esclarecimento e informação à escola, mostrando-nos disponíveis para colaborar de uma forma construtiva para desenhar estratégias, de forma a que estes assuntos possam ser incluídos salvaguardando sempre a segurança e o bem-estar das pessoas, nomeadamente os jovens que estão neste contexto”, refere ainda o sociólogo. Telmo Fernandes sublinha que “as temáticas não devem ser evitadas” e que devem até “ser abordadas desde muito cedo, quando se começa a falar sobre identidade, sobre diversidade, sobre as famílias, sobre a realidade humana”. O que pode acontecer já na educação pré-escolar, admite, desde que com uma abordagem adequada, adaptando a linguagem, ferramentas e recursos a cada faixa etária. “Aquilo que nós sabemos é que a discriminação homofóbica, através de bullying ou outras formas de insulto ou assédio, ainda é uma realidade presente nas nossas escolas”, alerta o sociólogo, que foi um dos responsáveis pelo Estudo Nacional sobre o Ambiente Escolar, elaborado pela ILGA em parceria com a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto e o ISCTE-IUL. “O que não quer dizer que não existam em geral experiências positivas”. O estudo mostrou que quando existem práticas inclusivas, ou quando se fala do assunto de uma forma positiva nas escolas, aumenta o sentimento de pertença e de bem-estar dos jovens LGBTI. “São provas reais, são evidências que apontam para a importância de não evitar o assunto, mas pelo contrário investir em falar sobre o assunto de uma forma produtiva e construtiva, com ferramentas adequadas para a faixa etária”. Telmo Fernandes é coordenador do projecto Aliança da Diversidade, que procura criar grupos dentro das escolas para capacitar jovens “para serem mais activos e activas no seu posicionamento nas questões LGBTI” - semelhantes ao Clube True Colours. Estas “alianças” estão desenhadas para o ensino secundário, e já estão a ser criadas, pelo menos, em escolas em Ovar e Ermesinde. Da parte da ILGA, o acompanhamento passa por reunir com os grupos de alunos para explicar a ideia e propor actividades, acompanhar a discussão que geralmente se faz em grupos nas redes sociais e também fornecer materiais como bandeiras, crachás, posters e desdobráveis. Com os nervos à flor da pele, Pedro Loução fez o seu coming out perante os colegas da escola na palestra de lançamento do Clube True Colours. “Estava completamente nervoso, porque estava a falar com pessoas que eu ia ver todos os dias na escola”. Mas a insegurança não durou muito tempo. “Houve pessoas a virem falar comigo, a darem-me abraços de parabéns, outras com palavras de consolo, de coragem”. Coragem, sim, porque Pedro tinha dito aos colegas que naquele fim-de-semana iria finalmente contar ao pai que era gay. “Correu bem”, diz o jovem, sorrindo. O enfermeiro Alexandre Oliveira sublinha que a questão foi trabalhada antes da palestra, incluindo com os encarregados de educação dos alunos que quiseram falar sobre a sua experiência. “Para fazerem o coming out na escola, tive que preparar os alunos e as alunas em termos de avaliar os riscos, analisar as possíveis hipóteses, pensar em mecanismos de adaptação”, descreve. A intervenção de um profissional tem um peso muito grande, reconhecem os alunos, não apenas pelo apoio especializado — e constante, já que o enfermeiro mantém o telefone permanentemente disponível — mas também por ser um aliado adulto. Apesar de terem encontrado muitos encarregados de educação que apoiaram os filhos envolvidos no clube, Pedro lamenta que ainda haja “muitos pais nesta escola que se calhar são muito mais conservadores. ” “Antiquados”, completa Beatriz. “Anacrónicos”, confirma o colega. “E isso às vezes também trava a ideia de as pessoas virem ter com o clube, assumirem-se, serem elas mesmas. Porque os pais não aceitam. E nesse caso têm o enfermeiro para ajudar nesse aspecto”, diz o jovem fundador do clube. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O professor Edgar Oleiro, director da escola, conta que chegou a pensar que poderia ter que lidar com pais indignados pela forma como a escola tratou de “assuntos de alguma forma especiais”. “Nada disso aconteceu, muito pelo contrário. O que nos chegou foi muito positivo”, saúda. Para o director, a escola não pode deixar que estas dimensões centrais na construção da identidade dos alunos seja um tema tabu, até pela centralidade da aceitação destas “diferenças” na vivência dos alunos enquanto cidadãos. “Nós, escola, temos que cumprir esse papel”, sublinha Edgar Oleiro. O director da escola admite que tratar abertamente as questões da orientação sexual e identidade de género dos alunos não é simples, ou fácil. Mas relativiza o peso de, por exemplo, apoiar os alunos numa iniciativa num tema que, por vezes, ainda causa polémica: “O risco que eu tive é zero comparado com a coragem de um aluno que chega ao palco e diz que tem uma orientação sexual diferente da norma. Uma pessoa que faz isso tem uma coragem, uma dignidade, uma vontade de dizer a verdade. Olhar para isso é fundamental. ” com Claudia Carvalho Silva
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
“Agora não há salvação”: homossexuais tchetchenos precisam de proteção urgente
Enquanto as autoridades tchetchenas continuam a viver a sua versão da realidade, os homossexuais tchetchenos não têm nenhuma esperança de protecção nem de justiça. (...)

“Agora não há salvação”: homossexuais tchetchenos precisam de proteção urgente
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Enquanto as autoridades tchetchenas continuam a viver a sua versão da realidade, os homossexuais tchetchenos não têm nenhuma esperança de protecção nem de justiça.
TEXTO: Passaram-se dois meses desde que foi divulgado pelo jornal russo independente Novaia Gazeta que as autoridades tchetchenas têm vindo a deter, torturar e até a matar homossexuais, numa campanha deplorável para erradicar daquela república russa pessoas com “orientações sexuais não tradicionais”. Para o resto do mundo esta notícia foi chocante. Para a comunidade homossexual tchetchena, os acontecimentos recentes constituem uma escalada aterradora da homofobia entrincheirada na sociedade que conheceram ao longo de toda a vida. O que é novo é a arrepiante abordagem sistemática. “A homofobia costumava ser algo que se manifestava em incidentes separados. Mas agora não há salvação — é uma perseguição autorizada ao mais alto nível”, descreve Akhmad (nome fictício para proteção de identidade da testemunha), que se encontra actualmente escondido. É difícil imaginar a solidão dos homossexuais na Tchetchénia. É já bastante mau que, oficialmente, não se exista de todo. Repetidas declarações das autoridades de que não existem homossexuais na Tchetchénia condenam estas pessoas a uma vida de invisibilidade, onde a sua dignidade pode ser violada com total impunidade. Mas talvez ainda pior é este rancor homofóbico estar de tal forma enraizado na sociedade que os homossexuais têm de esconder a sua identidade e orientação dos familiares e amigos próximos. Os “crimes de honra” continuam a ser cometidos na Tchetchénia para expiar o que é entendido como uma mácula na honra da família, incluindo as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Um homem contou-nos que conhecia um homossexual que foi morto a tiro por familiares e nem sequer lhe fizeram o enterro: “Não ter funeral é muito mau para um muçulmano. É como se a pessoa nunca tivesse existido e ninguém tem o direito de a recordar. ”Mas os homossexuais tchetchenos existem, como nós, na mesma humanidade, no mesmo valor, na mesma dignidade. São reais e necessitam desesperadamente de ajuda tão real quanto eles. A Amnistia Internacional lançou há cerca de mês e meio uma petição a denunciar a situação e a instar ao fim da perseguição destas pessoas. Pedimos ainda uma investigação criminal às autoridades russas sobre estas denúncias. Em Portugal foram recolhidas mais de 4300 assinaturas que são entregues esta sexta-feira, 2 de Junho, na embaixada da Rússia em Portugal, no dia em que activistas por todo o globo — que não ficam indiferentes ao sofrimento injusto de outros — se vão reunir em acções de protesto junto das representações diplomáticas da Rússia, entregando os mais de meio milhão de assinaturas firmadas mundialmente. Apelamos à Rússia e a toda a comunidade internacional para que socorram estas pessoas. É improvável que essa ajuda chegue aos homossexuais tchetchenos de qualquer lugar próximo de casa, dentro de fronteiras. A chocante perseguição é dirigida por Ramzan Kadirov, líder e homem mais poderoso da Tchetchénia, que goza de impunidade há anos em acumuladas violações de direitos humanos. Há já relatos de que a polícia tchetchena está a planear processar por difamação a jornalista do Novaia Gazeta que revelou estes acontecimentos trágicos. E apesar de Kadirov afirmar que está disposto a cooperar com as investigações, continua, ao mesmo tempo, a negar a existência das próprias pessoas que está a perseguir. Enquanto as autoridades tchetchenas continuam a viver a sua versão da realidade, os homossexuais tchetchenos não têm nenhuma esperança de protecção nem de justiça nas regiões em que vivem, nem no seu país. Investigadores da Amnistia Internacional entrevistaram testemunhas que descreveram que homens suspeitos de serem homossexuais são humilhados publicamente quando as autoridades os vão buscar — são arrastados à frente de familiares e colegas, pondo-os em risco de represálias mesmo que acabem por ser libertados. O tormento que é infligido aos homossexuais é concebido para os humilhar e também para os ferir fisicamente. Ex-detidos relataram terem sido forçados por guardas prisionais a dançarem a dança tradicional das mulheres do país e a assumirem nomes femininos, para os ridicularizarem por não corresponderem a “ideais” homofóbicos e misóginos de masculinidade. A alguns foram presos eléctrodos aos lóbulos das orelhas, como se fossem brincos. Os homossexuais não são os primeiros a serem perseguido pelas autoridades tchetchenas, e não serão os últimos. As autoridades do país desde há muito que controlam e intimidam vários grupos que consideram uma ameaça à segurança e aos “valores tradicionais”. A sexualidade e os relacionamentos são apenas uma das áreas rigidamente policiadas pelo Governo de Kadirov, que é violentamente intolerante em relação a toda a espécie de críticas. Defensores de direitos humanos, profissionais dos media, activistas políticos, todos, enfrentam ameaças, intimidação e frequentemente violência física. Entretanto, o repúdio internacional das atrocidades cometidas não está a traduzir-se em assistência concreta aos tchetchenos em risco e que vivem aterrorizados. Até agora, sabemos de apenas meia dúzia de pessoas a quem foi concedido asilo em países seguros. E, de acordo com a Rede Russa LGBT, há cerca de 40 indivíduos que vivem actualmente escondidos na Rússia, tentando desesperadamente fugir do país. Permanecer em qualquer parte da Rússia não é seguro. É continuar ao alcance das autoridades tchetchenas e exposto ao perigo dos crimes de honra. Há casos documentados de pessoas LGBTI que foram seguidas até outras regiões e atacadas por familiares. É, por isso, imperativo que os governos da comunidade internacional abram as suas portas aos homossexuais em fuga da Tchetchénia. É crucial que os governos, que de forma justa se fizeram ouvir rejeitando estas atrocidades, sejam consequentes garantindo a estes tchetchenos — que procuram protecção internacional — acesso a procedimentos justos de asilo. O dever de parar estas atrocidades cabe primeiro às autoridades tchetchenas e russas. São elas que têm de começar por libertar todos os que detiveram apenas por serem quem são. A pressão internacional tem de continuar a ser exercida até que as autoridades tchetchenas e russas reconheçam que esta purga está a ser feita e tomem as medidas necessárias para identificar e julgar os responsáveis. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para os homens encurralados na Tchetchénia, sob ameaças vindas de todos os lados, a justiça parece uma utopia e o mais urgente é que consigam sair do país. A comunidade internacional tem de desempenhar o seu papel garantindo a sua segurança. Não chega fazerem-se declarações de intenções em defesa dos direitos LGBTI, quando as pessoas que vivem sob a sombra da tortura e da morte assim continuarão sem poderem contar com o mundo. E Portugal tem um papel crucial neste contexto. Para além da responsabilidade de protecção internacional e de acesso aos procedimentos de asilo, como membro do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, e, também, tendo sido identificado recentemente pela ILGA Internacional como um dos países mais avançados do mundo no reconhecimento e proteção dos direitos LGBTI, o Estado português tem a obrigação de mostrar no palco da comunidade internacional o seu próprio bom exemplo e exercer, em toda a linha, essa posição exemplar de liderança para os outros. Portugal deve mostrar à comunidade internacional que o mundo de hoje tem de ser um tempo de respeito e de lugar para todos. O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
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O Natal é “uma época muito delicada” para quem é LGBTI
A ILGA e a TransMissão, duas associações de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo, organizam jantares e almoços de Natal a 24 e 25 de Dezembro, em Lisboa. Ninguém tem de ficar sozinho. (...)

O Natal é “uma época muito delicada” para quem é LGBTI
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento -0.39
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: A ILGA e a TransMissão, duas associações de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo, organizam jantares e almoços de Natal a 24 e 25 de Dezembro, em Lisboa. Ninguém tem de ficar sozinho.
TEXTO: “Costumava ir a casa fazer a vivência do Natal, até que deixei de ir. Lembro-me que passei o Natal muito bem-disposto. Comprei uma série com oito temporadas e um bom vinho. Senti-me mesmo feliz. ” É assim que, uma década depois, João Carlos, de 40 anos, lembra o momento em que optou por deixar de passar o Natal em família. “A minha mãe faleceu quando eu tinha 15 anos e a partir daí a convivência com o meu padrasto não foi de forma nenhuma difícil, foi só solitária. Além disso, vivíamos numa cidade pequenina e a minha experiência de algum bullying e ataques na escola, em termos de memória, colou-se à cidade inteira”, recorda. Desde então, o Natal tem sido passado entre amigos e, nos últimos dois anos, no Centro LGBT, da ILGA - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero, onde também é voluntário. Este ano, João e o namorado fizeram planos diferentes para a quadra: vão passar o Natal num hotel com spa. “Queríamos fazer uma coisa os dois. ” Vai ser “íntimo e pessoal”. É “mais comum as pessoas LGBTI [lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo] terem uma experiência difícil com o Natal porque é um tipo de discriminação que ataca as relações e os afectos”, nota João Carlos. E é por isso que a ILGA e a TransMissão - Associação Trans e Não-Binária vão organizar uma ceia de Natal e almoços no dia 25 de Dezembro, em Lisboa. “A preocupação é dar uma resposta para que estas pessoas não tenham de estar sozinhas. Esta é uma época muito delicada para as pessoas LGBTI”, declara Marta Ramos, directora-executiva da ILGA. Quanto à iniciativa da TransMissão — a primeira do género promovida pela associação criada em 2017 —, a ideia de organizar um almoço de Natal vegan partiu da experiência de Sacha Montfort, membro da TransMissão. “Surgiu a pensar em duas mulheres ‘trans’ que conheço e que são muito amigas, mas passam o tempo todo só as duas. ”O “período natalício é muito difícil”, confirma Sacha. O tipo de experiências é diverso e depende das pessoas. “Há quem esteja no armário e vai ter de ser tratado pelo género designado à nascença; há pessoas que saíram do armário e foram rejeitadas pela família e já não podem ir; mas também há aquelas cuja família faz esforços para as incluir”, exemplifica. “O Natal é um período de bastante solidão e grandes mágoas” para a comunidade LGBTI, nota também Ana Cristina Santos, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenadora do Intimate — um projecto de investigação que durou cinco anos e estudou vários aspectos da intimidade de pessoas LGBTI em Espanha, Itália e Portugal. “Não é só a discriminação e o corte directo. Muitas vezes é o silêncio no jantar de Natal. É o não poder levar o companheiro ou a companheira. ” E esse silêncio “dói”. Depois, há as dinâmicas familiares, que não se toleram tão facilmente como entre casais heterossexuais. “Conheço casais que estão juntos há dez anos e uma passa o Natal de um lado da família e a outra passa o Natal do outro lado da família. Embora haja aqueles ajustes [dos casais heterossexuais], de passarem uns anos com uns e o seguinte com outros, em termos das pessoas LGBTI isso não é considerado”, lamenta João Carlos. E “mesmo que às vezes até haja alguma compreensão e encaixe pelos parentes directos, o Natal junta muitos familiares indirectos”, comenta. E gera desconfortos: “Há uma hipersexualização das pessoas que são LGBTI e num casal de dois homens ou de duas mulheres isso vem sempre à mente”. Essa hipersexualização, diz em tom de brincadeira, “não casa bem com o peru”. Prova também de que esta é uma altura complicada é a “sobrecarga” dos serviços de acompanhamento psicológico da ILGA durante a época, aponta Marta Ramos — a associação tem uma linha de apoio disponível de quarta a sábado das 20h às 23h, através dos números 218 873 922 ou 969 239 229. Para quem não tem opção e tem de ficar em casa que estratégias podem ser adoptadas? “Sobretudo, não ficar sozinho. Se a família não os entender, tentar ligar a amigos ou recorrer à Internet”, aconselha Sacha. O activista também defende que aproveitar a data para educar a família para temas como orientação sexual e identidade de género pode não ser uma boa ideia. “Em alguns casos, pode levar a muita violência e não falar do assunto é uma estratégia de defesa. ”Mesmo assim, Sacha Montfort lembra que “há famílias que são óptimas e são uma fonte de apoio e protecção”. João Carlos concorda: “Há gente com famílias espectaculares. Gente com famílias que não eram mas que ficaram espectaculares porque fizeram esforços para isso. Há miúdos e miúdas que não têm atitudes de auto-dano porque algumas dessas pessoas fizeram o trabalho de se reverem por amor e por carinho e isso é mesmo Natal. ”A investigadora Ana Cristina Santos também sublinha que nem tudo é negativo no contacto com as famílias de origem. “Há relatos muito bonitos de aproximação. ” Estes processos, refere, “não são cristalizados no tempo”. São aprendizagens que “podem levar anos”. Além disso, entre os entrevistados para o projecto Intimate ninguém disse: “Eu estou completamente sozinho. ” O que permite concluir que a “intimidade vai sendo desenvolvida e reconfigurada”. José Leote, coordenador nacional da associação Rumos Novos – Católicos e Católicas LGBT, é exemplo de uma dessas histórias felizes. Foi casado com uma mulher, tem três filhos, e vive há 11 anos com o companheiro. Passam o Natal todos juntos. Reconhece que há situações de discriminação na família e, por isso, a associação apela à “aceitação e tolerância”. E nota que, pelo que constata entre os contactos que tem através da Rumos Novos, se caminha no sentido de uma maior “sensibilidade por parte das famílias”. Em relação à Igreja Católica, “tem de ter uma mensagem menos institucional e mais próxima da fé”, defende José Leote. “Sobretudo nesta altura. ” E mais: “Tem de produzir documentos que abordem com clareza estas pessoas. A Igreja tem de perceber que tem um conjunto de fiéis que são estigmatizados devido à sua orientação sexual. É importante que do ponto de vista doutrinário esclareça os bispos, padres e todas as pessoas com responsabilidade dentro da instituição. ”A importância das famílias de escolha, que por vezes surgem em substituição da família de origem, é um aspecto que tanto João Carlos como Sacha Montfort destacam como crucial para uma vivência menos solitária do Natal. “A percepção que tenho, de amigos meus, é que muitos fazem o Natal com as famílias de escolha. Outros também fazem o Natal com a família biológica porque têm famílias que os integram a eles e aos seus namorados e namoradas”, aponta João Carlos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ana Cristina Santos também nota que uma das principais conclusões do projecto Intimate é que “a chamada família de escolha é tão ou mais importante na gestão da vida quotidiana do que a família biológica”. Durante as 85 entrevistas realizadas no âmbito do Intimate, dois terços das pessoas “colocavam na sua rede de cuidado imediato as pessoas amigas”. Mas estas pessoas não se limitam a receber cuidados. Há “um forte envolvimento dos entrevistados na prestação de apoio às outras pessoas”. Victoria Berset, uma mulher “trans” e activista que vai estar no almoço da TransMissão, também fala da importância de cuidar dos outros nesta altura do ano. “Há por aí muito mais pessoas do que pensamos que não têm com quem partilhar estes momentos” e é por isso que vai abdicar de estar com a sua própria família nesta data. “Que exemplo estamos a dar se não partilhamos o nosso amor e a nossa presença, que são o que temos de melhor?”
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Palavras-chave homens escola violência mulher comunidade género sexual mulheres gay discriminação faleceu lgbt bissexual lésbica
Gentil Martins diz que a homossexualidade é uma “anomalia” e que Ronaldo é um “estupor moral”
Numa entrevista ao Expresso, o cirurgião faz declarações polémicas: diz ser contra a homossexualidade, contra o aborto independentemente das circunstâncias, contra a eutanásia e acusa a mãe de Cristiano Ronaldo de não lhe ter dado educação. Duas médicas deverão apresentar queixa. (...)

Gentil Martins diz que a homossexualidade é uma “anomalia” e que Ronaldo é um “estupor moral”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Numa entrevista ao Expresso, o cirurgião faz declarações polémicas: diz ser contra a homossexualidade, contra o aborto independentemente das circunstâncias, contra a eutanásia e acusa a mãe de Cristiano Ronaldo de não lhe ter dado educação. Duas médicas deverão apresentar queixa.
TEXTO: O cirurgião pediátrico e antigo bastonário da Ordem dos Médicos, António Gentil Martins, admitiu ser contra a homossexualidade (casamento e adopção incluídos), considerando tratar-se de “uma anomalia, um desvio da personalidade”. Na entrevista dada ao Expresso, publicada neste sábado e pontuada por declarações que estão a gerar polémica, Gentil Martins diz também ser contra o aborto e a eutanásia, considerando ainda que Cristiano Ronaldo é um “estupor moral”. Questionado sobre a possibilidade de um homem solteiro ter filhos recorrendo a barrigas de aluguer, como terá acontecido no caso de Cristiano Ronaldo, Gentil Martins, de 87 anos, foi peremptório: “Considero um crime grave. O Ronaldo é um excelente atleta, tem imenso mérito mas é um estupor moral, não pode ser exemplo para ninguém”. O médico considera que “toda a criança tem direito a ter mãe” e acusou a mãe do jogador, Dolores Aveiro, de não ter dado “educação nenhuma” ao filho. Em relação aos casais homossexuais, Gentil Martins – que apesar de estar reformado há 17 anos continua a dar consultas e a fazer cirurgias – admitiu ser “totalmente contra”. “Ouçam, é uma coisa simples: o mundo tinha acabado. Para que o mundo exista tem de haver homens e mulheres”, disse ao Expresso, adiantando que não deixa de tratar um doente por ser homossexual, mas não aceita promover a orientação sexual. Para além de se assumir contra a homossexualidade, Gentil Martins diz ainda ser “contra o aborto também”, não admitindo qualquer excepção. Na entrevista, garantiu ser “absolutamente” contra a eutanásia não só por ser católico mas porque a Constituição diz que “a vida é inviolável”. Mais tarde, ainda neste sábado, o bastonário da Ordem dos Médicos Miguel Guimarães contou ao semanário que duas médicas pretendem apresentar queixa na Ordem contra Gentil Martins, adiantando que outros médicos já mostraram o seu desagrado com as declarações proferidas na entrevista. Miguel Guimarães descreveu ainda Gentil Martins como sendo “uma pessoa especial, bastonário virtuoso, grande lutador pela causa dos médicos”.
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Palavras-chave aborto crime homens filho educação homem criança sexual mulheres casamento homossexual eutanásia
Obama lidera ofensiva junto do Supremo para legalização do casamento gay
No final de Março, juízes podem fazer história nos EUA, ao reconhecer a nível federal o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. (...)

Obama lidera ofensiva junto do Supremo para legalização do casamento gay
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.416
DATA: 2013-03-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: No final de Março, juízes podem fazer história nos EUA, ao reconhecer a nível federal o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
TEXTO: A Administração Obama, as grandes empresas, políticos republicanos e Clint Eastwood em pessoa: os apelos acumulam-se no Supremo Tribunal para pedir à mais alta instância judicial dos EUA a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, no final de Março. Os nove “sábios” que decidem sobre os grandes temas da sociedade americana reúnem-se nos dias 26 e 27 de Março para examinar a questão sensível do casamento gay, proibido a nível federal, mas legal em nove dos 50 estados norte-americanos e na capital, Washington. Num gesto inédito, o governo americano pediu formalmente ao Supremo Tribunal para anular do seu próprio arsenal legislativo o texto que define a nível nacional o casamento como uma união “entre um homem e uma mulher”. A lei, conhecida como “Defesa do Casamento” (DOMA), data de 1996 e é “inconstitucional” porque “impede dezenas de milhares de casais homossexuais, legalmente casados segundo a lei do seu Estado, de usufruírem das mesmas vantagens federais que os casais casados heterossexuais”, escreveu a Administração Obama no documento que enviou ao Supremo. Na quinta-feira, Barack Obama foi ainda mais longe, intervindo espontaneamente no dossier que o Supremo Tribunal vai analisar no dia 26 de Março sobre a proibição do casamento gay na Califórnia, proclamando que esta interdição “viola a igualdade de direitos” prevista pela 14ª emenda da Constituição americana. Na Califórnia, como noutros sete estados americanos, os casais homossexuais podem ter direitos semelhantes aos casais heterossexuais casados, mas não têm o direito ao casamento. A Administração Obama exorta o Supremo a julgar que o casamento homossexual seja legalizado nestes oito estados. Para a Human Rights Campaign, a organização de defesa dos direitos homossexuais mais importante dos EUA, a decisão de Obama de colocar todo o seu peso político a favor do casamento gay é “histórica”. Mas não é uma surpresa, já que o Presidente tem vindo a multiplicar sinais de apoio à comunidade homossexual. Mais surpreendente é a intervenção de 131 republicanos, incluindo um antigo conselheiro de John McCain, o adversário republicano de Obama em 2008, ou ainda da directora de campanha de Mitt Romney, o rival do Presidente em 2012. No documento que pede a legalização do casamento gay, surge ainda o nome do realizador Clint Eastwood, que foi apoiante confesso de Romney contra Obama. “O casamento favorece os valores conservadores da estabilidade, do apoio e dos deveres mútuos”, proclama o documento republicano, e “beneficia também as crianças”. O casamento “não depende do sexo dos indivíduos que formam o casal casado”, diz o texto, que apela ao Supremo para “proteger o direito fundamental ao casamento civil, garantindo que esteja disponível aos casais do mesmo sexo. ”Jogadores de futebol americano, 13 estados americanos, organizações de defesa dos direitos do homem, sociólogos, um grupo de especialistas em direito, uma organização de esquerda, entre outros, apresentaram dezenas de documentos no Supremo a favor do casamento gay ou a pedir a anulação da lei de defesa do casamento heterossexual. Grandes empresas como a Apple, Nike, Facebook ou a Morgan Stanley, também declararam o seu apoio ao casamento gay, considerando que a sua proibição pode prejudicar o recrutamento de mão-de-obra mais qualificada. No dia 26, o Supremo examina o caso da Califórnia. No dia seguinte, debate a constitucionalidade da lei de defesa do casamento como algo que só acontece entre um homem e uma mulher.
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Entidades EUA
Papa Francisco contra a marginalização dos homossexuais
"Quem sou eu para julgar os gays?", reflecte o Papa, na sua primeira conferência de imprensa na viagem de regresso ao Vaticano. (...)

Papa Francisco contra a marginalização dos homossexuais
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-07-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Quem sou eu para julgar os gays?", reflecte o Papa, na sua primeira conferência de imprensa na viagem de regresso ao Vaticano.
TEXTO: Na sua primeira conferência de imprensa, a bordo do avião que o transportava de regresso ao Vaticano depois de uma semana no Brasil, o Papa Francisco lamentou a discriminação contra os homossexuais e disse que os gays “não devem ser julgados nem marginalizados” mas antes “integrados na sociedade”. “Se uma pessoa que procura Deus de boa vontade, e é gay, quem sou eu para a julgar?”, replicou o Papa, na resposta a uma questão sobre a existência do alegado lobby gay no Vaticano. “Escreve-se muito sobre esse lobby, mas ainda não vi ninguém no Vaticano com um cartão a dizer que é gay”, brincou Francisco. Mas em palavras mais sérias, e que marcam uma clara diferença da posição mais conservadora do seu antecessor, Bento XVI, o Papa Bergoglio disse que “há uma distinção entre o facto de uma pessoa ser gay e o facto de fazer lobby. O problema não é ter essa orientação, o problema é fazer lobby em função dessa orientação”. O Papa lembrou que “o catecismo da Igreja Católica diz muito claramente que os homossexuais não devem ser marginalizados [por causa da sua orientação] mas devem ser integrados na sociedade”. Mas também recordou que a doutrina entende os actos homossexuais como um pecado. A pergunta tinha a ver com um caso tornado público no âmbito da fuga de documentos secretos do Vaticano – o chamado Vatileaks –, e que envolve o monsenhor Battista Ricca, alegadamente uma das figuras centrais do suposto lobby gay que tinha sido nomeado para dirigir o banco do Vaticano. “Em relação ao monsenhor Ricca, foi feito o que manda o Direito Canónico: foi aberta uma investigação, que não corresponde com o que se tem publicado. Não encontrámos nada”, informou o Papa. Não à ordenação das mulheresDe resto, e durante quase uma hora e meia, o Papa respondeu a uma série de perguntas, sem guião e com candura. Por exemplo, sobre o aborto ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, “dois temas sobre os quais ainda não se pronunciou”, notou o jornalista. “A Igreja já se expressou perfeitamente sobre isso, não me parece necessário voltar ao caso quando existe uma doutrina clara”, justificou Francisco, acrescentando em jeito de clarificação que “sou filho da Igreja, a minha postura é a mesma”. Quanto à possibilidade da ordenação de mulheres, o Papa sublinhou que essa “porta foi fechada” por João Paulo II. Mas apesar de recusar a sua ordenação, Francisco reconheceu que as mulheres têm um papel activo: “Uma Igreja sem mulheres é como o colégio dos apóstolos sem Maria”, acrescentando que a mãe de Jesus “é mais importante que os bispos”, cita a AFP. No que diz respeito às pessoas que se casam depois de um divórcio, Francisco respondeu que essa é uma reflexão a fazer no âmbito da pastoral para o casamento e que os oito cardeais que nomeou para esse conselho devem apresentar propostas. “É sempre um tema e agora chegou o tempo da misericórdia, uma mudança de época”, avisou. Os divorciados podem comungar, o problema são as segundas uniões, acrescentou.
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Palavras-chave aborto filho sexo mulheres casamento gay discriminação divórcio
Protagonista da série Prison Break revela ser gay ao recusar ida à Rússia
Wentworth Miller declinou convite para participar num festival de cinema em São Petersburgo. Em causa está a lei "contra a propaganda da sexualidade não tradicional", aprovada por Moscovo. (...)

Protagonista da série Prison Break revela ser gay ao recusar ida à Rússia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.416
DATA: 2013-08-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Wentworth Miller declinou convite para participar num festival de cinema em São Petersburgo. Em causa está a lei "contra a propaganda da sexualidade não tradicional", aprovada por Moscovo.
TEXTO: O actor e guionista Wentworth Miller, um dos protagonistas da série norte-americana Prison Break, assumiu ser gay numa carta na qual se recusou a participar no Festival Internacional de Cinema de São Petersburgo, na Rússia, onde foi recentemente aprovada uma lei que é vista como atentatória à liberdade dos homossexuais. “Obrigado pelo vosso gentil convite. Como alguém que gostou de visitar a Rússia no passado e pode até reivindicar um grau de ascendência russa, eu adoraria dizer que sim. No entanto, como homem gay, devo recusar”, escreveu o actor de 41 anos. A carta foi publicada na página de Internet da organização americana GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation), que luta pelos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transsexuais. Miller, que interpretou o fugitivo Michael Scofield na série da Fox Prison Break, entre 2005 e 2009, tinha sido contactado pela directora do festival, Maria Averbakh, para ser “convidado de honra”. Na carta em que declinou o convite, mostrou-se “profundamente perturbado” pelo tratamento dado pelo governo russo a homens e mulheres homossexuais. “A situação não é aceitável e eu não posso participar num festival organizado por um país onde pessoas como eu vêem negados os seus direitos de viver e amar abertamente”, escreveu. A Rússia aprovou recentemente uma lei que pune a “propaganda da sexualidade não-tradicional” que vise menores de 18 anos e proíbe a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, além de impor multas para quem promover desfiles de orgulho gay. Esta lei, publicada em Junho, tem sido alvo de protestos, e foi mesmo criticada por Barack Obama. No início de Agosto, o actor britânico Stephen Fry pediu ao Comité Olímpico Internacional (COI) que retire a organização dos Jogos de Inverno à Rússia, comparando este país à Alemanha de Hitler.
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Palavras-chave direitos homens lei homem sexo mulheres sexualidade gay
Homofobia e racismo no país dos brandos costumes
No caso da agressão em Coimbra, como noutros, o repúdio à homofobia tem que ser tão veemente quanto o repúdio ao racismo. (...)

Homofobia e racismo no país dos brandos costumes
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 17 Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: No caso da agressão em Coimbra, como noutros, o repúdio à homofobia tem que ser tão veemente quanto o repúdio ao racismo.
TEXTO: Aconteceu há uma semana em Coimbra – um casal de namorados foi insultado e violentamente agredido. A motivação do ataque foi incontestavelmente homofóbica. De acordo com várias fontes, o fator desencadeador terá sido um beijo de despedida presenciado por uma família preconceituosa. Mas na verdade o fator que espoleta a agressão não é o beijo, nem tão pouco a orientação sexual das vítimas. Neste caso, como em qualquer outra situação de violência de género, o que desencadeia a agressão é um preconceito que depois se pode traduzir num comportamento violento por parte da pessoa agressora – assim, sem tentativas de contextualização ou de busca de justificação para aquilo que não é admissível. Mas, para além da gravidade inegável dos factos, o grau de visibilidade que este caso conheceu prende-se também com o alinhamento da notícia. O modo como o evento foi descrito pela imprensa num primeiro momento, escolhendo colocar no título a origem étnica das pessoas agressoras, gerou uma vaga de comentários racistas, em número assustador (em volume e em conteúdo), que nos merece uma reflexão atenta e uma intervenção mais eficaz. Importa notar que em anos recentes Portugal conheceu significativas transformações sociojurídicas que decorrem do reconhecimento de que o preconceito com base na sexualidade e na identidade ou expressão de género não é compatível com o projeto de liberdade democrática. Assim foi que, desde 2004, a Constituição da República Portuguesa nos garante que nenhum cidadão ou cidadã pode ser objeto de discriminação por orientação sexual, para citar apenas um dos aspetos dessa transformação legislativa. Pese embora a centralidade do progresso jurídico, o quotidiano tece-se de temporalidades diversas e constrói-se por referência a regras porosas, enraizadas de forma tácita e nem sempre ancoradas num discurso permeável à lógica ou sequer ao apreço pela dignidade humana. E foi assim que, por exemplo, Sara Vasconcelos foi violentamente agredida por um taxista homofóbico no Porto em 2014; ou que um jovem denunciou ter sido espancado por seguranças homofóbicos na Festa do Avante em 2015; ou que um membro da comitiva espanhola do Festival da Eurovisão foi alvo de agressão física de cariz homofóbico em maio deste ano. Mas depois há toda a base da pirâmide que não chega a ser noticiada em detalhe. Segundo um estudo recente desenvolvido por colegas do ISCTE e da Universidade do Porto, três em cada cinco estudantes dizem já ter ouvido comentários homofóbicos por parte de docentes. Estes factos levaram já a declarações importantes por parte do Ministério da Educação que, pela primeira vez na história do país, reconheceu inequivocamente que a homofobia por parte de agentes educativos não é desculpável e será combatida disciplinarmente. Também a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, anunciou um pacote formativo sobre diversidade sexual que irá beneficiar cerca de 800 docentes no âmbito da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania. Em suma, não bastam os preciosos progressos jurídicos – é urgente implementar medidas ativas de combate à homofobia e à transfobia em meio escolar, transversalizar a diversidade sexual, torná-la tão visível quanto banal ela de facto é. Mas, para além dos factos, há, como vimos, o modo como a agressão homofóbica em Coimbra foi noticiada, bem como os comentários que desencadeou. Verificamos que o texto jornalístico desviou o enfoque face ao que estava em causa – violência homofóbica –, remetendo-nos para a constatação de um racismo tentacular e o papel da comunicação social enquanto agente de informação em todo este processo. Regressemos por momentos a 10 de junho de 2005 para recordar o dia em que uma onda noticiosa construiu ativamente um alegado evento com efeitos que perduraram para lá de todos os desmentidos por parte das autoridades competentes. O então designado “arrastão” de Carcavelos, que jamais chegou a acontecer, conhecia assim contornos reais nos efeitos de racismo e xenofobia desencadeados, ainda que os pseudo-eventos descritos num primeiro momento fossem fictícios. Esse incidente passou a constar dos exemplos clássicos de má cobertura jornalística, tendo sido analisado pelo investigador Gonçalo Pereira Rosa e documentado num trabalho notável de Diana Andringa intitulado Era uma vez um arrastão. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Se relativamente ao evento de 2005 a responsabilidade da comunicação social foi reconhecida, da mesma forma urge perceber em 2018 que a linguagem nunca foi isenta e que, como tal, o modo descuidado ou, pelo contrário, responsável como expressamos os mesmos conteúdos noticiosos terá consequências muito distintas. A atenção seletiva à identidade de quem agride traduz uma agenda que é, conscientemente ou não, discriminatória. Não consta que as notícias sobre os ataques homofóbicos acima descritos e que vitimaram uma jovem lésbica no Porto, um jovem gay na Atalaia e um conhecido ator espanhol em Lisboa tenham desencadeado uma vaga de discurso de ódio contra taxistas, empresas de segurança ou clientes da noite lisboeta. A diferença está no preconceito, mas esse preconceito não se alimenta por si só, exige cúmplices que agem por determinação ou por incúria. No caso da agressão em Coimbra, como noutros, o repúdio à homofobia tem que ser tão veemente quanto o repúdio ao racismo. Com este episódio, que nos entristece a tantos níveis, reaprendemos que, no país em que supostamente ninguém é racista, o racismo mais virulento está afinal por toda a parte. Por fim, o ataque que vitimou este casal gay é uma poderosa ilustração do carácter simultaneamente específico e interseccional da violência, lembrando-nos que a luta contra a discriminação diz respeito a todas as pessoas sem exceção. A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
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Palavras-chave violência educação ataque racismo social igualdade género estudo sexual sexualidade gay racista discriminação xenofobia homofobia lésbica