Supremo Tribunal dos EUA dividido quanto à legalização do casamento gay
Juízes ouviram os argumentos orais a favor e contra a legalização do casamento de casais homossexuais. Decisão final será anunciada em Junho. (...)

Supremo Tribunal dos EUA dividido quanto à legalização do casamento gay
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.416
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Juízes ouviram os argumentos orais a favor e contra a legalização do casamento de casais homossexuais. Decisão final será anunciada em Junho.
TEXTO: Os advogados que defendem a anulação ou o reconhecimento das proibições ao casamento de casais homossexuais apresentaram esta terça-feira os seus argumentos orais perante os nove juízes do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, que agora terão até ao mês de Junho de tomar uma decisão final sobre a chamada igualdade no casamento. A resolução pode acabar definitivamente com as restrições às uniões entre pessoas do mesmo sexo, legalizando o casamento gay em todo o país. Actualmente, 36 estados e o distrito federal de Columbia autorizam o casamento de casais homossexuais, num direito que foi reconhecido pela via legislativa ou eleitoral. Nos restantes 13 estados, a lei continua a determinar que o casamento só é admissível se o casal for composto por um homem e uma mulher. O caso resulta de uma série de recursos interpostos por doze casais e dois viúvos contra os estados do Michigan, Ohio, Tennessee e Kentucky, que aprovaram legislação para limitar o direito ao casamento a indivíduos de género diferente: essas leis foram sucessivamente invalidadas e ratificadas em tribunais de instâncias inferiores, até chegar ao Supremo. Os juízes aceitaram o processo e instruíram as partes a oferecer argumentos em resposta a dois quesitos: o primeiro diz respeito à constitucionalidade das decisões dos estados que proibiram o casamento de casais homossexuais; o segundo tem a ver com a recusa desses estados em validar os matrimónios realizados em estados onde o casamento gay é legal. O facto de todo o processo se resumir a duas perguntas simplificadas não diminui o âmbito alargado do caso nem as suas implicações políticas e sociais: o que está em confronto é a independência legislativa e os direitos dos estados versus os direitos fundamentais consagrados na Constituição; a definição tradicional ou moderna do instituto do casamento e ainda a protecção das minorias contra a discriminação da maioria. Como habitualmente, centenas de activistas acamparam à porta do tribunal durante dias, para garantir um lugar na audiência que reputavam de histórica: para a Human Rights Watch, que há décadas faz campanha em Washington pelo direito ao casamento para todos, tratava-se do “momento da verdade”. Os juízes agendaram duas horas e meia para as apresentações orais, um período mais longo do que o habitual para este tipo de audiência e que acabou por ser prolongado por mais meia hora. No cerne do debate jurídico está a interpretação da 14ª emenda à Constituição dos Estados Unidos, adoptada ainda antes da Guerra Civil, e que garante a “igual protecção das leis”. A meio da sessão, a Reuters assinalava que os juízes estavam a “disparar perguntas cépticas” contra Mary Bonauto, encarregada de argumentar a favor da inconstitucionalidade das leis estaduais e da legalização do casamento gay em todo o país (com o apoio do Departamento de Justiça). No fim, a agência escrevia que os juízes pareciam “bastante divididos” quanto à sua decisão final e que o sentido da sua deliberação “não era claro” após a audiência. Ainda assim, a expectativa entre os comentadores e analistas políticos é de que o direito ao casamento gay venha a ser reconhecido pelo Supremo, possivelmente mesmo sem a necessidade do voto de qualidade do juiz John Roberts que preside ao colectivo. Em anteriores decisões, o tribunal deliberou sempre no sentido do alargamento do direito ao casamento, legalizando o casamento de indivíduos sob detenção ou abolindo a proibição de casamentos inter-raciais. No ano passado, o Supremo recusou avaliar o recurso de outros cinco estados que contestavam a legalização do casamento gay, uma decisão cujo efeito prático foi a consagração desse direito. Até as organizações conservadoras e religiosas que se opõem ao casamento de pessoas do mesmo género antecipam um “veredicto” em sentido contrário ao seu interesse: segundo o Politico, os activistas já se resignaram à ideia e começaram a mobilizar-se para intervir junto do Congresso.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos guerra lei tribunal mulher homem sexo igualdade género casamento gay discriminação
Supremo dos EUA vai tomar decisão histórica sobre o casamento gay
Juízes aceitaram ouvir argumentos para deliberar sobre a obrigação (ou não) dos estados ao reconhecimento do direito dos casais homossexuais ao casamento. (...)

Supremo dos EUA vai tomar decisão histórica sobre o casamento gay
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.208
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Juízes aceitaram ouvir argumentos para deliberar sobre a obrigação (ou não) dos estados ao reconhecimento do direito dos casais homossexuais ao casamento.
TEXTO: O Supremo Tribunal dos Estados Unidos aceitou avaliar uma decisão de um tribunal de recurso de Cincinnati, que ratificou a proibição do casamento de casais homossexuais em quatro estados do país, num caso que poderá acabar definitivamente com as restrições às uniões entre pessoas do mesmo sexo e legalizar o casamento gay. O processo decorre de uma queixa apresentada por um casal de enfermeiras do Michigan, April DeBoer e Jayne Rowse, contra os recursos interpostos pelos estados do Michigan, Ohio, Kentucky e Tennessee para reconhecer a proibição do casamento gay, instituída pelas respectivas legislaturas e posteriormente anulada por decisões judiciais. O tribunal de apelações de Cincinnati deferiu o pedido, e invalidou os juízos das instâncias inferiores, ratificando a limitação do casamento a indivíduos de género diferente. O casamento de casais homossexuais já foi aprovado em 36 dos 50 estados norte-americanos (e também no distrito federal de Columbia que alberga a capital Washington). Nos restantes 14, vigoram proibições que impedem o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo – que o Supremo Tribunal poderá aceitar ou dissolver com a sua decisão. “É o momento da verdade”, resumiu o presidente da Human Rights Campaign, Chad Griffin. Na sua deliberação, prevista para o final do mês de Junho, o Supremo vai responder a duas perguntas. A primeira tem a ver com a constitucionalidade do casamento gay, e passa por definir se as garantias à igualdade de protecção da lei consagradas no texto fundamental tornam inválidas as restrições ou proibições ao casamento gay. Ou seja, são os estados obrigados a aprovar o matrimónio de casais do mesmo sexo em cumprimento da Constituição? A segunda pergunta decorre da legislação que já em vigor, e tem a ver com o reconhecimento, pelos estados onde o casamento gay não é permitido, das uniões legalizadas fora do seu território. O tribunal vai ouvir argumentos a favor e contra em resposta a estas duas perguntas, numa sessão de depoimentos de duas horas e meia agendada para Abril. Em Outubro do ano passado, os juízes tinham declinado apreciar sete queixas contra a legalização do casamento gay em cinco estados. O Procurador-geral Eric Holder informou que o departamento de Justiça dos Estados Unidos vai associar-se à queixa, e defender a legalização do casamento gay em todo o país. “É mais do que tempo de tomarmos mais um passo decisivo para garantir a efectiva igualdade de todos os americanos, independentemente de quem sejam, de onde vêm e de quem amam”, frisou. Em 2012, antes da campanha para a reeleição, Barack Obama tornou-se o primeiro Presidente dos Estados Unidos a defender o direito ao casamento dos casais homossexuais. Em 2013, o departamento de Justiça anunciou que deixaria de aplicar uma lei federal que restringia o pagamento de subsídios a casais constituídos por um homem e uma mulher. Essa norma acabou depois por ser chumbada pelo Supremo, numa decisão cujo relator foi o juiz Anthony Kennedy, um dos membros mais conservadores do colectivo. A imprensa norte-americana diz que, agora, o mesmo juiz poderá ser o voto que desempata a divisão no Supremo, e que “apesar de não se conhecer a sua posição relativamente ao casamento gay”, Kennedy tem um histórico de votações em favor do reconhecimento dos direitos dos homossexuais.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei tribunal mulher homem sexo igualdade género casamento gay
Faz falta uma lei a proibir os tratamentos da homossexualidade?
O Reino Unido poderá proibir as chamadas “terapias de reorientação sexual”. De acordo com especialistas e organizações em Portugal, ainda há profissionais de saúde que acreditam que a homossexualidade tem “cura”. (...)

Faz falta uma lei a proibir os tratamentos da homossexualidade?
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Reino Unido poderá proibir as chamadas “terapias de reorientação sexual”. De acordo com especialistas e organizações em Portugal, ainda há profissionais de saúde que acreditam que a homossexualidade tem “cura”.
TEXTO: OGoverno britânico anunciou na semana passada a intenção de proibir as chamadas “terapias de conversão” ou de “reorientação sexual”. É uma das 75 medidas de um plano de acção para melhorar as vidas das pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero), em resposta a um grande estudo que concluiu que 2% dos 108 mil membros da comunidade LGBT inquiridos no país já foram alvo deste tipo de prática. Outros 5% afirmam já lhes ter sido recomendado este tipo de “tratamento”. E em Portugal? Especialistas e organizações admitem que também por cá ainda haja profissionais de saúde que acreditam numa “cura”. Mas não há queixas registadas na Ordem dos Médicos. A comunidade internacional de profissionais de saúde mental não deixa dúvidas quanto à sua posição. Em 1973 a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade da sua lista perturbações psiquiátricas. Em 1992 a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou também de a considerar uma patologia. Em 2000 e 2011 as linhas de orientação da Associação Americana de Psicologia reafirmaram que os psicólogos devem “entender que orientações gay, lésbica e bissexual não são doenças mentais”. Pelo que não são passíveis de ser “tratadas”. Segundo o estudo divulgado pelo Governo britânico, as terapias de “reorientação sexual” que estão a ser propostas a alguns homossexuais e bissexuais vão desde “tratamentos pseudo-psicológicos” a “aconselhamento espiritual”. Em casos mais extremos, podem incluir ainda “intervenções cirúrgicas e hormonais ou ‘violação correctiva’”. A primeira-ministra Theresa May, citada pela BBC, diz que o Reino Unido pode orgulhar-se de ser um “líder mundial no que diz respeito aos direitos LGBT”. Porém, admite, o inquérito revela que há muitas áreas onde melhorar. Malta foi o primeiro país (em 2016) na Europa a proibir as chamadas “terapias de conversão”. A Argentina, a China e o Taiwan estão também entre os poucos países do mundo a proibir explicitamente as tais “terapias”. Já países como o Canadá, Estados Unidos, Espanha e Austrália têm algumas proibições a nível regional. No caso do Brasil, a actual conjuntura é quase de retrocesso, com diferentes tribunais a emitir pareceres a favor dos psicólogos que oferecem estes “tratamentos” — conhecidos como “cura gay” —, confrontando as normas do Conselho Federal de Psicologia. “Não há evidência, na maioria dos países na Europa, que estejam em prática as tais ‘terapias’”, diz Marta Ramos, directora executiva da associação Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero (ILGA) em Portugal. “Mas não quer dizer que não aconteçam. Nem toda a gente denuncia estas situações. ”Recorda um estudo realizado pela ILGA em 2014 — Saúde em Igualdade: certos “profissionais na área da saúde mental ainda afirmavam poder curar a homossexualidade”; 11% dos participantes que tinham ido a uma consulta com um profissional de saúde mental ou psicoterapeuta declararam que lhes tinha sido sugerido que a “homossexualidade é uma doença e que pode ser ‘curada’”. A directora executiva da ILGA garante que a associação recebe “de vez em quando pedidos de ajuda de pessoas que, em contexto de saúde mental” foram confrontadas, de algum modo, com a ideia de que “a homossexualidade é uma doença e pode ser curada” ou que lhes pode ser prescrita “alguma medicação”. Rita Paulos, directora executiva da Casa Qui — associação que oferece aconselhamento psicológico a pessoas LGBTI —, pinta um quadro semelhante. Não tem conhecimento “de modo directo da prática deste tipo de ‘terapias’”, mas sim de “alguns relatos de psicólogos e por vezes de psiquiatras que têm uma atitude mais negativa” em relação à orientação sexual das pessoas. Exemplifica: passam “a ideia de que se a pessoa não tivesse essa orientação sexual não teria os problemas que tinha” e tentam “encontrar razões para a orientação sexual dessa pessoa”, baseados na convicção “de que houve qualquer coisa que causou essa situação”. Por vezes, são os pais que lidam mal com a questão e procuram ajuda para os filhos. Nesses casos, “vai depender muito da formação e da atitude do psicólogo”, prossegue. “Uns fazem-se aliados dos pais e tentam dissuadir o jovem”, sugerem “que é uma fase e que ele está confuso”. Outros, “felizmente, dizem: ‘o seu filho não tem nada de errado’”. Rita Paulos acredita que “terapias de reorientação sexual” poderão ser uma realidade no país, ainda que tenha pouca expressão. “Está bastante oculta. [Os profissionais] sabem que a Ordem dos Médicos não permite — vai contra o código deontológico — e, portanto, é um fenómeno um pouco subterrâneo. ”António Serzedelo, presidente da organização Opus Gay, não tem dúvidas de que ainda acontecerá, mas às escondidas: “Não há nenhum psicólogo que o diga publicamente. Mas depois quando o vão consultar, ele é capaz de dizer que é errado, que é pecado. ” De acordo com o activista, estas práticas estarão, em grande parte dos casos, ligadas a “grupos religiosos e fundamentalistas”. O estudo recentemente publicado pelo Governo do Reino Unido diz que 53% das pessoas que fizeram algum tipo de “terapia de reorientação sexual” recorreram a organizações religiosas. Em 19% dos casos, foram técnicos de saúde ou profissionais médicos a disponibilizar o “tratamento”. Em 2009 a Ordem dos Médicos portuguesa recusou a possibilidade de tratamento para a homossexualidade. E em 2017, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) lançou um Guia Orientador da Intervenção Psicológica Com Pessoas LGBT. Nele deixa claro “que as orientações LGB não são doenças mentais e que as tentativas de mudança da orientação sexual são eticamente reprováveis”. Mais: os psicólogos devem procurar activamente “aumentar o seu conhecimento e a sua compreensão da homossexualidade e da bissexualidade através de formação contínua”. No mês passado, a OMS excluiu a disforia de género — termo que descreve as pessoas cuja identidade de género é diferente da atribuída à nascença — da sua lista de doenças mentais. Nuno Carneiro, psicólogo clínico, considera que o guia da OPP divulgado no ano passado é “um excelente pontapé de saída”, que pode servir igualmente para outras áreas de intervenção, nomeadamente para educadores. Para os próprios familiares pode ser útil. A tentativa de mudança da orientação sexual de uma pessoa, comenta o psicólogo, “é mais do que ineficaz, é profundamente maleficente”. Pode agravar o estado de saúde mental de quem à partida já procurou ajuda para algum tipo de problema, seja depressivo ou de outro tipo. Pode levar ao “abuso de substâncias, abandono escolar, ataques de pânico e sofrimentos de vários tipos atribuídos a patologias que não o são”. E, em casos extremos, ao suicídio. Rita Paulos resume numa frase o tipo de apoio psicológico necessário para esta população: “O que leva ao bem-estar e à felicidade das pessoas LGBT — está estudado — é a aceitação. Ajudar a pessoa a estar bem consigo própria, a procurar viver os seus sentimentos de forma autêntica e plena. E que consigam saber gerir a discriminação social. ”“Nem precisamos de chegar à ‘terapia de conversão’ para nos assustarmos”, avisa Nuno Carneiro, que faz com alguma frequência formações sobre as necessidades específicas das pessoas LGBT. “Há o lado do silêncio, do desconhecimento dos profissionais, que também é profundamente pernicioso”, explica. “Muitas vezes o profissional informa-se com o cliente das suas realidades de vida, porque não as conhece”, exemplifica. Noutros casos, podem até confundir conceitos como a orientação sexual e a identidade de género. “A minha experiência de muitos anos formativos continua a mostrar que há gente que está na intervenção e que diz trabalhar com LGBT sem saber nada. ”O desconhecimento é a grande base da formação de preconceitos. O psicólogo sublinha a importância de os profissionais de saúde mental se consciencializarem dos seus próprios preconceitos, de forma a que não os levem para a sua prática clínica, mas admite que não é um exercício fácil. Em todo o caso, recomenda-lhe que passem o caso a outro colega, quando não se sentem aptos para lidar com as necessidades específicas das pessoas LGBT. Manuel Esteves, membro da direcção do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, reitera a posição há quase uma década declarada por esta entidade: “Não sendo as diferentes orientações sexuais patologias, não cabe lugar a tratamento. A Ordem dos Médicos e a formação dos médicos através da faculdade ensina-nos num sentido da aceitação plena de todos os tipos de orientação sexual — seja ela heterossexual, homossexual ou bissexual. ”Dito isto, não quer dizer que não haja certo tipo de questões do domínio da sexualidade que os médicos têm competência para tratar, atenta o especialista. “Convém não confundir. As diferentes orientações, mesmo heterossexual, de vez em quando trazem angústias às pessoas. E faz parte do nosso trabalho ajudar as pessoas a resolver as suas angústias. ”O psiquiatra diz não ter conhecimento de que “existam pessoas a fazer ‘terapias de conversão sexual’” em Portugal. “Nos últimos 12 anos não houve nenhuma queixa de algum utente ou de algum médico que tivesse a ver com tratamento indevido de orientações sexuais. ”“Se há”, supõe, “acho que seria importante actualizarmos esses colegas no sentido de compreenderem melhor qual é o estado actual do pensamento médico sobre isto”. Nem é apenas uma actualização científica: “Inclui valores e atitudes. ” Ou seja, “é também uma actualização humana”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nuno Carneiro considera que a legislação que o Reino Unido está a ponderar aprovar está “absolutamente em falta” em Portugal. “Seria importante para não deixar margem para dúvidas”, acrescenta Rita Paulos. Uma opinião partilhada por Marta Ramos: “Como tudo em termos jurídicos, se não está proibido nunca se sabe o dia de amanhã. ” Mas a directora da ILGA afirma que “neste momento não há nenhum partido que tenha esta questão em cima da mesa”. A lei pode não ser suficiente para mudar comportamentos, avisa Nuno Carneiro. Mas terá sempre um efeito nas pessoas, nem que seja “para não incorrerem em riscos legais”. “Bastaria uma pessoa ser ainda hoje alvo destas tentativas para que nos escandalizássemos”, remata.
REFERÊNCIAS:
Quem trabalha com idosos deve ter formação para a inclusão de pessoas LGBTI
A recomendação consta de um estudo sobre o envelhecimento da população LGBTI em Lisboa. (...)

Quem trabalha com idosos deve ter formação para a inclusão de pessoas LGBTI
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A recomendação consta de um estudo sobre o envelhecimento da população LGBTI em Lisboa.
TEXTO: Os profissionais que, ao nível municipal, estão ligados à população idosa — através de áreas como a saúde, cuidados geriátricos, serviços de apoio domiciliário, estruturas residenciais, centros de dia, centros de convívio, universidades sénior e serviços públicos — devem ter formação específica sobre a inclusão de pessoas LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo). Esta é uma das recomendações que resulta do estudo LGBT seniores: Contrariar tendências, eliminar estigmas. Um trabalho promovido pela Opus Gay - Obra Gay Associação e financiado pela Câmara de Lisboa. Outras das recomendações passam por criar uma estrutura residencial inclusiva para os idosos LGBTI, promover a sua representatividade e contributo na elaboração de políticas públicas dirigidas à população idosa, e integrar campanhas de combate à discriminação de pessoas idosas em função da orientação sexual e identidade de género no Plano Gerontológico Municipal e no Plano Municipal para a Igualdade. As pessoas “têm pouca sensibilidade para os idosos e para os LGBTI têm muitíssimo menos", lê-se num dos excertos das entrevistas feitas a 15 pessoas homossexuais e bissexuais com mais de 60 anos e residentes em Lisboa. "Nem se sabe ou pretende-se ignorar que existem pessoas LGBTI de idade. ”Porque é que é importante seguir estas recomendações? O sociólogo responsável pelo projecto, Ricardo Loureiro, diz, em respostas enviadas por email, que nesta idade há o risco de “estigma, preconceito e discriminação sobre a orientação sexual em função da idade”. E adianta, que esse “duplo sentido da discriminação” pode ter impactos na saúde mental. O que “revela a necessidade da criação de respostas específicas capazes de promover uma melhor qualidade de vida das pessoas idosas LGBTI”. Além disso, nesta idade, o preconceito e invisibilidade podem motivar o “regresso ao armário”. Tendência que “evidencia precisamente que a discriminação existe, e que oprime as pessoas idosas LGBTI, ao reprimir que possam viver a sua velhice de forma plena”. Mesmo assim, o fenómeno não deve ser “perspectivado de forma generalizada”, avisa Ricardo Loureiro. Se o envelhecimento é, por si só, um desafio, torna-se ainda maior entre as pessoas idosas LGBTI uma vez que estão sujeitas a “uma maior dinâmica de vulnerabilidade e de maior probabilidade de risco”. Além disso, “a estereotipia sobre o envelhecimento contribui para a invisibilização das pessoas idosas enquanto pessoas assexuadas, ora este estereótipo complexifica-se quando se perspectiva o envelhecimento na diversidade sexual, nomeadamente, de orientações que não a heterossexual”, lê-se no documento. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Apesar de cada um dos entrevistados ter a sua percepção sobre o que se qualifica como discriminação e preconceito, há um reconhecimento da existência de práticas discriminatórias. Por isso, enumeram várias “estratégias de resiliência e acção, que passam por intervir ao nível da informação, educação e da formação”. Uma vez que o perfil dos entrevistados é caracterizado por uma “grande maioria de homens, idosos, homossexuais e brancos”, ficaram por explorar “narrativas mais plurais”, admite-se no documento. Outra limitação tem a ver com “o circuito social, económico, cultural e político da maioria das pessoas entrevistadas, das quais é possível concluir que têm experiências de vida associadas a situações de privilégio de classe”. A dificuldade em encontrar pessoas idosas LGBTI de contextos “mais vulnerabilizados” revela que “não estão tão próximas dos circuitos das associações e dos movimentos sociais, nomeadamente LGBTI, revelando um maior isolamento e vulnerabilidade no exercício da sua cidadania activa”. Este trabalho, lê-se no relatório, não “encerra a necessidade de aprofundar conhecimento” sobre o tema e também “não é definidor nem representativo da população idosa LGBTI”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens educação social igualdade género estudo sexual gay discriminação lgbt
Homossexualidade deixa de ser crime na Índia
Supremo Tribunal revoga lei imposta pelos colonizadores britânicos que descrevia o sexo entre gays como “delito antinatural”. (...)

Homossexualidade deixa de ser crime na Índia
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Supremo Tribunal revoga lei imposta pelos colonizadores britânicos que descrevia o sexo entre gays como “delito antinatural”.
TEXTO: A decisão foi recebida em festa. No exterior do Supremo Tribunal da Índia, em Deli, centenas de activistas explodiram em abraços, aplausos e lágrimas. A lei que até esta quinta-feira de manhã criminalizava o sexo gay na Índia era uma das mais antigas do mundo e foi preciso percorrer um caminho cheio de obstáculos para a anular. “É a nosso favor”, gritou uma jovem, Smriti, enquanto abraçava outras três e antes de ser cercada por câmaras de televisão, descrevem os jornalistas no local. Smriti recebeu uma mensagem de texto de um jornalista que estava no interior do tribunal. “Há muito trabalho por fazer, mas é um enorme primeiro passo”, disse a universitária, de 19 anos. “Já não somos criminosos no nosso próprio país”. “Criminalizar relações sexuais é irracional, arbitrário e manifestamente inconstitucional”, afirmou o juiz presidente Dipak Misra na leitura da sentença, cita a emissora pública britânica BBC no seu site. “Estava a tornar-me num ser humano cínico com muito pouca esperança no sistema. Mas isto volta a mostrar que, no fim, somos uma democracia funcional onde a liberdade de escolha e de expressão ainda existem”, afirmou ao jornal The Guardian Ritu Dalmia, uma entre cinco indianos que assinaram a petição legal na origem deste veredicto. Segundo Geeta Pandey, correspondente da BBC na capital indiana, os activistas estão a falar de “um novo começo para as liberdades pessoais”. Admitindo que o mais importante será conseguir mudar atitudes num país conservador onde os líderes de todas as religiões condenam a homossexualidade, Pandey recorda que “quase sempre as leis têm um papel importante na mudança de mentalidades” e que, “ao reconhecer o direito da comunidade ao amor, o Supremo restaurou a dignidade que durante muito tempo lhes foi negada”. O actual Governo é extremamente conservador, mas o preconceito atravessa todo o espectro político: em 2011, o então ministro da Saúde Ghulam Nabi Azad, do Partido do Congresso (agora na oposição), descreveu a homossexualidade como uma doença. Na prática, o que os juízes analisaram agora foi a sentença de um julgamento de 2013 que ratificou a lei conhecida como Secção 377. Mas com esta decisão parece finalmente ter chegado ao fim o turbulento percurso para legalizar a homossexualidade na Índia moderna: entre 1994 e 2011, uma série de julgamentos saltaram de tribunal em tribunal, com os juízes a evitarem chegar a deliberações finais. E já em 2009, o Supremo de Deli revogara a Secção 377 do Código Penal, considerando que a proibição de “relações sexuais contra a ordem natural” violava os direitos à vida, liberdade e igualdade inscritos na Constituição indiana. Quatro anos mais tarde, o mesmo tribunal que esta quinta-feira pôs fim a uma lei com 160 anos considerava que o seu uso era tão pouco frequente, e visava uma “parte tão minúscula” da população, que não podia considerar-se que violava os direitos constitucionais dos indianos. Na altura, o Supremo deixou milhares de indianos em choque, vendo como uma parte fundamental da sua vida e identidade voltava a ser um crime punível com prisão perpétua. “Foi uma surpresa e um veredicto muito estranho”, diz Mohan, um advogado de Deli ouvido pelo Guardian, que pede para usar apenas o seu primeiro nome, ainda preocupado com os preconceitos que pode enfrentar no trabalho. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Muitos advogados e activistas trabalharam incessantemente para revogar a decisão do Supremo, mas só em 2017 tiveram a oportunidade que antecipou o progresso definitivo. “O que mudou tudo foi o julgamento sobre privacidade do ano passado”, explica Gautam Bhatia, advogado e jurista. “Em Agosto de 2017, o Tribunal Supremo afirmou que há um direito fundamental à privacidade e, no âmbito dessa deliberação, cinco juízes consideraram que a decisão de 2013 era errada. ”“Foi algo sem precedentes. Juízes a comentarem um caso sem qualquer ligação para dizer que esse estava errado. Mas assim que o disseram mataram a Secção 377, implicitamente se não de modo formal”, afirma Bhatia ao diário britânico. A morte formal chega agora, uma decisão que legaliza comportamentos que muitos indianos defendem que eram completamente aceitáveis na sua cultura antes dos colonizadores britânicos chegarem para impor a sua moral vitoriana, com um conjunto de leis “contra o vício público e a imoralidade instituídas em todo o império”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime direitos morte lei cultura tribunal prisão comunidade doença sexo igualdade gay
Ataque homofóbico motiva selecção francesa a usar cores do arco-íris
Gareth Thomas, antigo jogador galês, foi vítima de agressões. No fim-de-semana, os gauleses apoiarão o colega, usando atacadores com as cores da bandeira LGBT. (...)

Ataque homofóbico motiva selecção francesa a usar cores do arco-íris
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Gareth Thomas, antigo jogador galês, foi vítima de agressões. No fim-de-semana, os gauleses apoiarão o colega, usando atacadores com as cores da bandeira LGBT.
TEXTO: A selecção de râguebi francesa irá, no próximo fim-de-semana, usar atacadores com as cores da bandeira da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgénero), como gesto de apoio a Gareth Thomas, ex-internacional galês que, na passada semana, foi vítima de um ataque violento motivado pela orientação sexual. Após o incidente, Gareth Thomas — cuja orientação sexual é publicamente conhecida desde 2009 — colocou um vídeo na rede social Twitter, mostrando as lesões sofridas e relatando os acontecimentos que levaram às agressões. “Ontem fui vítima, na minha cidade natal, de um crime de ódio ligado à minha orientação sexual”, revela o jogador de râguebi preferindo, porém, mostrar o lado positivo dos acontecimentos, agradecendo às autoridades e deixando uma mensagem de força a outras pessoas que estejam na mesma situação. “Há muitas pessoas que nos querem fazer mal, mas ainda há muitas mais que nos querem ajudar”, finalizou. Após a publicação do vídeo, as redes sociais espalharam a mensagem do internacional galês e o relato chegou aos ouvidos de Serge Simon, vice-presidente da Federação Francesa de Rugby que, no Twitter, manifestou apoio do organismo a Gareth Thomas. “Tens o apoio de todo o râguebi francês depois do incidente homofóbico de que foste vítima. Para mostrarmos o nosso apoio, os jogadores franceses vão usar atacadores com as cores do arco-íris. Estamos todos contigo”. Thomas passou dois anos da carreira em França, onde alinhou pelo Toulouse. Os gauleses vão associar-se ao movimento The Rainbow Laces, que foi criado em 2013 e que tem como principal objectivo a inclusão de pessoas LGBT nas equipas desportivas do Reino Unido. Vários clubes britânicos aproveitarão a oportunidade para, no decorrer do mês de Novembro, mostrarem a solidariedade para com a iniciativa, colocando as cores da bandeira LGBT nas braçadeiras dos capitães, bandeirolas de canto e outros locais no interior dos estádios. O gesto simbólico vai realizar-se no próximo sábado, no Stade de France, no decorrer do jogo internacional que oporá a França e a selecção das Fiji. Ana Chaparreiro, antiga tenista e membro da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA) em Portugal, elogia a iniciativa da selecção francesa e garante que nunca se sentiu discriminada em Portugal: “É um óptimo acto. Sabemos que o desporto, na sua generalidade, continua a ser muito machista mas, pessoalmente, nunca me senti discriminada devido à minha orientação sexual”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A antiga jogadora sustenta que o ténis é uma modalidade peculiar, no que diz respeito à presença de jogadores LGBT. “O ténis é interessante porque tem muitas jogadoras assumidas e tenistas masculinos não conheço. Até o Roger Federer falou sobre isso mas, de facto, não temos nenhum homem assumido na modalidade”, explicou. “Em Portugal temos leis muito boas, somos dos países mais avançados. Mas a nível de mentalidades, torna-se um bocadinho difícil. Há imensos desportistas que não se querem assumir”, lamenta Ana Chaparreiro. As razões para esse receio são variadas, na opinião da tenista, e vão desde a perda de patrocinadores ao julgamento social. “Ninguém é obrigado a fazê-lo. Mas é importante que se sinta que não há mal nenhum em assumir a sexualidade. Espero que um dia este receio seja ultrapassado”, finalizou. O gesto simbólico que terá lugar na França já aconteceu no nosso país, em 2017. Jogadores de basquetebol e râguebi entraram em campo com os atacadores arco-íris para marcar o Dia Internacional Contra a Homofobia, a Lesbofobia e a Transfobia, que se assinala a 17 de Maio. A iniciativa, desenvolvida pela Secretaria de Estado da Cidadania e Igualdade, partiu da organização Boys Just Wanna Have Fun, que tem como objectivo a inclusão de todas as pessoas através do desporto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime campo ataque homem comunidade social igualdade sexual sexualidade lgbt homofobia
Activista LGBTI desde os 16, Diogo vai gerir o It Gets Better na Europa
Com 26 anos, Diogo Vieira da Silva é o novo coordenador europeu do It Gets Better, projecto que combate a discriminação e o bullying homofóbico e que chegou a nós pelas mãos deste jovem. Por cá é o Tudo Vai Melhorar (...)

Activista LGBTI desde os 16, Diogo vai gerir o It Gets Better na Europa
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-06-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com 26 anos, Diogo Vieira da Silva é o novo coordenador europeu do It Gets Better, projecto que combate a discriminação e o bullying homofóbico e que chegou a nós pelas mãos deste jovem. Por cá é o Tudo Vai Melhorar
TEXTO: Há momentos assim, capazes de mudar vidas. E se aos 16 anos Diogo Vieira da Silva não tivesse ouvido aquelas declarações do cantor José Cid, provavelmente hoje não estaria aqui com dez anos de activismo LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneos e Intersexuais) nas costas e um novo desafio pela frente — o jovem português acaba de ser nomeado coordenador europeu do It Gets Better, popular projecto dirigido aos jovens que combate a discriminação e o bullying homofóbico através de depoimentos em vídeo. A Revolta dos Pastéis de Nata estava no ar e Diogo, adolescente em pleno processo de coming out, sentia-se “aterrorizado” com as badaladas afirmações e atitudes do músico, que se mostrou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, dizendo ainda que todos os homossexuais que conhecia eram “infelizes”; e depois, boquiaberto, surpreendeu-se com a “coragem” do antropólogo e activista Miguel Vale de Almeida, que anos depois viria a ser deputado na Assembleia da República, fazendo-lhe frente e assumindo a sua homossexualidade. “Eu estava sozinho a ver o programa e o medo foi tanto que comecei a chorar sozinho”, recorda Diogo. “Foi aterrador. E quando toda a gente do programa, inclusive o apresentador, estava com medo de falar do assunto, ver alguém mais velho do que eu dizer sem medo ‘sou gay’… foi aquele momento de mindset. ” Em que tudo mudou. “Eu não quero voltar a sentir isto, eu não vou deixar que ninguém me faça voltar a sentir isto”, pensou. E, como se desse um murro na mesa, decidiu: “Eu tenho de intervir, tenho de ajudar para que isto não volte a acontecer”. Estava escolhida a missão. O primeiro contacto dos jovens LGBTINatural do Porto, Diogo licenciou-se em Comércio Internacional, mas encontra-se actualmente a trabalhar na área de turismo gay em Lisboa. Com 26 anos, é o novo coordenador europeu do It Gets Better, criado em Setembro de 2010 pelo jornalista e activista norte-americano Dan Savage e pelo marido Terry Miller em resposta à alarmante estatística mundial que rodeia os adolescentes LGBTI: segundo dados do projecto, um em cada quatro jovens não heterossexual já tentou pôr fim à vida, sendo que este grupo apresenta quatro vezes maior risco de cometer suicídio, probabilidade que aumenta para o dobro em casos de rejeição pelas pessoas mais próximas (como familiares e amigos). O depoimento em vídeo do casal, que conta com mais de dois milhões de visualizações no YouTube, deu o pontapé de saída para aquele que hoje já é um movimento internacional. A mensagem é de esperança — “it gets better”, como se repete nos mais de 60 mil testemunhos recebidos até hoje de pessoas de todas as nacionalidades, etnias e orientações sexuais. Do mais perfeito desconhecido a verdadeiros ícones do século XXI: Barack Obama, Hillary Clinton, David Cameron, Ellen DeGeneres e Adam Lambert já participaram. Entretanto, o It Gets Better estendeu-se a outros países, contando hoje com 15 afiliados, Portugal inclusive, aonde chegou em 2012 sob alçada da extinta associação CASA – Centro Avançado de Sexualidade e Afectos, cujo vice-presidente e um dos fundadores era, lá está, Diogo. Por cá, o nome é Tudo Vai Melhorar e é desde meados de 2015 uma organização não-governamental com sede no Porto. “Nós”, explica o presidente, “somos contadores de histórias, um projecto de primeira linha”. E o que quer isto dizer? “Sabemos que somos o primeiro contacto de muitos jovens LGBTI. O que hoje em dia acontece é que alguém com 13, 14 anos que descobre que é diferente vai fazer pesquisas na Internet. E encontra-nos. ” Dá então de caras com uma biblioteca online com cerca de cem vídeos que repetem que a orientação sexual “não é um problema”. “E que inclusive não vai definir a felicidade ou o sucesso profissional que se vai ter no futuro. ” Na plataforma portuguesa, entre caras mais ou menos conhecidas do grande público, contam-se por exemplo os registos de Lourenço Ódin Cunha, Kátia Aveiro, Jorge Gabriel, Rita Ribeiro, José Castelo Branco (o mais popular e polémico) e do embaixador americano cessante, Robert Sherman (o mais difícil de obter). It Gets BetterSiteFacebookYouTubeTwitterInstagramTudo Vai MelhorarSiteFacebookYouTubeTwitterCriou em 2012 o projecto Tudo Vai Melhorar, afiliado do norte-americano It Gets Better, que é desde 2015 uma organização não-governamentalFez parte do Bloco de Esquerda, que deixou em 2010. Actualmente integra a Juventude SocialistaFoi um dos fundadores da CASA - Centro Avançado de Sexualidades e AfectosActivista há dez anos. Na adolescência esteve envolvido na criação do SEQSO (Somos Estudantes e Queremos uma Sexualidade sem Opressões), que reivindicava a disciplina de Educação Sexual nas escolas, e envolveu-se na organização da marcha LGBT do Porto26 anosNatural do Porto, vive actualmente em LisboaLicenciado em Comércio Internacional pelo ISCAP. Antes frequentou o curso de EconomiaTrabalha na área de turismo LGBTÉ também uma forma de colmatar uma lacuna com que Diogo se deparou durante a sua adolescência: a falta de referências. “Enquanto homossexual, e durante o meu processo de coming out, a parte mais difícil foi perceber que não estava sozinho e conseguir projectar-me noutras pessoas”, recorda o jovem, que não se cansa de alertar para os números nacionais. Num estudo da Rede Ex-Aequo e do ISCTE sobre homofobia e transfobia, cujos resultados foram apresentados em 2013, mais de 40% da juventude lésbica, gay ou bissexual afirmava já ter sido vítima de bullying homofóbico; 85% dos jovens inquiridos já tinham ouvido comentários discriminatórios na escola, como “bicha”, “gay”, “fufa” ou “maricas”. Sendo que os números do suicídio entre jovens são “preocupantes”, como descreveu ao P3 o presidente da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, Fausto Amaro: no grupo dos 15-24 anos, segundo dados de 2014 do Instituto Nacional de Estatística, a taxa era de 5 por 100 mil habitantes no sexo masculino e de 1, 5 no feminino. E, aponta Diogo, não há até hoje qualquer estudo português que relacione estes dados com os preconceitos sofridos por causa da sexualidade. Falta punir a discriminaçãoNo Tudo Vai Melhorar, tal como na casa-mãe, a política é de “mensagem pela positiva”. “Não acreditamos que perder uma vida seja uma forma de ser ouvido”, reforça Diogo. “O impacto é muito mais duradouro se estivermos neste mundo a dizer ‘eu sou como sou, não tem problema nenhum, reparem que vou alcançar os meus sonhos independentemente de quem eu gosto. ” Uma postura que, considera, pode explicar algum do sucesso online do projecto, em particular do afiliado português, aquele que a nível mundial tem o maior alcance nas redes sociais. Para este novo ano, os objectivos portugueses passam por conseguir um novo financiamento do It Gets Better internacional para realizar a segunda temporada da websérie Já Melhorou, em que personalidades de diversas orientações sexuais não normativas contam a sua história de vida – o deputado Alexandre Quintanilha foi um deles —, lançar um livro com depoimentos em português (“Gostaríamos que estivesse disponível em todas as bibliotecas do país”), além de reforçar a intervenção local, se possível em articulação com a autarquia. “Achamos que o Porto tem de defender as questões LGBTI”, considera Diogo, apelando a que a Câmara ponha estes temas na “agenda política”. Para já, há a promessa de assinalar em conjunto o dia 17 de Maio, Dia Internacional Contra a Homofobia, Lesbofobia e Transfobia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E a nível europeu? Como será o mandato de um ano? “A minha forma de trabalhar sempre foi ter uma visão de futuro, uma visão de interligação e uma visão de sustentabilidade”, diz o coordenador. Então, primeiro há que gerir os afiliados existentes (Portugal, Espanha, Itália, Suíça, Áustria, Moldávia e Grécia) e, se possível, encontrar novos (França está no alvo). Depois, realizar um evento que junte os diferentes intervenientes europeus. E, por fim, recorrer à filantropia — pode estar para breve o lançamento de uma linha It Gets Better de calções de banho unissexo, cujas vendas revertem a favor da organização internacional. Claro que vão continuar a perpetuar a nível global a mensagem que "tudo vai melhorar", esperando recolher mais depoimentos — quem quiser, convém dizer, pode gravar a sua mensagem positiva. E ainda há muito trabalho a fazer por cá. Portugal, é certo, evoluiu muito nos últimos anos a nível de direitos LGBTI, mas não chega. “Se me dissessem, em 2005, que em dez anos íamos ter casamento e adopção entre casais do mesmo sexo, Lei de Identidade de Género [actualmente em discussão], lei anti-discriminação, que íamos ter políticos a falar abertamente sobre isto, novelas com personagens gays, lésbicas e transexuais. . . eu ria-me. ”Numa década, considera Diogo, Portugal passou de “um dos piores países da Europa a nível de questões LGBTI para o top 5”. No entanto, ainda “falta muita intervenção nas escolas” e uma “verdadeira educação sexual”. E há que, acima de tudo, transformar a sociedade: “Sempre foi a parte mais difícil: concretizar, criar estruturas para punir e fiscalizar situações de discriminação. ” Porque “continuam a existir pessoas que escondem a sua orientação sexual no trabalho, que são despedidas por serem gays”. Jovens que se refugiam no anonimato e não assumem o que são por “medo que as poucos as pessoas se afastem”, como escreveu o X, de 19 anos, num testemunho enviado ao Tudo Vai Melhorar em 2013. Deixando, à despedida, uma esperança: “Um dia deixar-me-ão de conhecer como o X e passarão a conhecer-me pelo meu verdadeiro nome”. Até hoje, Diogo desconhece o autor. “Mas quero acreditar que, mais tarde ou mais cedo, hei-de saber. ” Está a trabalhar para isso.
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Como educar uma criança homossexual na antiga União Soviética: as dúvidas e lições de uma mãe
Olena Globa demorou oito anos a aceitar a sexualidade do filho e a batalha para ultrapassar os próprios preconceitos deu-lhe um novo objectivo: ajudar outras famílias ucranianas a aceitar os filhos homossexuais. (...)

Como educar uma criança homossexual na antiga União Soviética: as dúvidas e lições de uma mãe
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Olena Globa demorou oito anos a aceitar a sexualidade do filho e a batalha para ultrapassar os próprios preconceitos deu-lhe um novo objectivo: ajudar outras famílias ucranianas a aceitar os filhos homossexuais.
TEXTO: Foram os poemas que o denunciaram. Os textos profundos sobre o amor de um homem por outro homem e o amor de uma mulher por outra mulher, encontrados no computador de família, provocaram em Olena Globa uma raiva tremenda quando confrontou o filho, adolescente na altura, sobre a sua sexualidade. “Sentei-me no sofá ao seu lado. Lembro-me de olhar fixamente para a porta e eu – muito bruscamente, muito furiosamente – perguntei-lhe 'És maricas?'”, disse Globa, sentada no seu apartamento nos subúrbios de Kiev, capital da Ucrânia. “A minha família perfeita tornou-se um pesadelo”, disse à Reuters a professora de inglês de 54 anos. Globa demorou oito anos a aceitar a sexualidade do filho e a batalha para ultrapassar os seus próprios preconceitos deu-lhe um novo objectivo: ajudar outras famílias ucranianas a aceitar os filhos homossexuais. A homossexualidade é legal na Ucrânia desde 1991, com as autoridades a dar cada vez mais apoio aos direitos dos homossexuais desde que um governo pró-ocidental tomou posse em 2014. Em 2015, foi aprovada uma lei que bane a discriminação contra a comunidade LGBT+ no local de trabalho. Mas grupos dos direitos humanos dizem que muitas pessoas da antiga União Soviética ainda têm dificuldade em aceitar que alguém seja lésbica, gay, bissexual ou transgénero (LGBT+) e que a homofobia é generalizada. Globa começou também a fazer campanha pelos direitos LGBT+ — e não foi apenas por pensar que era a atitude correcta a tomar. A vida do seu único filho também dependia disso. Bogdan, um activista gay, fugiu para os Estados Unidos em 2016, com receio pela própria vida. Se o seu filho alguma vez quiser regressar a casa, a mãe sabe que primeiro os seus direitos têm de estar assegurados. As pessoas LGBT+ são frequentemente perseguidas por estranhos e pelos próprios familiares. Além disso, são também vítimas de estigma, discriminação e, por vezes, de ataques violentos, dizem associações. O país obteve 21 pontos, em 100, numa análise feita em 2018 pela Rainbow Europe, fundada pela União Europeia, e que avalia os direitos das pessoas LGBT+ na Europa. De entre 49 países, a Ucrânia ficou em 36. º lugar. “Aqui podemos falar livremente e abertamente de tudo, excepto deste grupo de pessoas”, disse Janthomas Hiemstra, presidente do gabinete do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento na Ucrânia, e que defende os direitos LGBT+. “Temos verificado que existem ideias subliminares, mas também concretas, de que 'estilos de vida como esses' não deviam ser tolerados no país”, disse numa entrevista por telefone. Ainda assim, Globa espera poder propagar a tolerância e, por isso, fundou a associação TERGO em 2013, para ensinar às famílias ucranianas sobre as pessoas LGBT+. “Nós sabemos que a sociedade é homofóbica e é difícil mudar isso de uma só vez. É mais fácil mudar uma mãe ou um pai que criou um filho. É mais fácil mudar a sua atitude primeiro e depois a da sociedade”, disse. Além de providenciar apoio social, a TERGO tem psicólogos que coordenam sessões de formação para ajudar os pais a perceber aquilo que as crianças LGBT+ estão a passar. Porém, o que começou por ser um segredo, ainda é, nos dias de hoje, controverso em algumas partes da Ucrânia, com manifestantes a interromper muitas vezes os encontros da TERGO, a vandalizar cartazes de campanhas LBGT+ ou a entupir as redes sociais com comentários odiosos. Apesar de tudo, famílias de toda a Ucrânia – e mais além – procuram a organização para obter orientação. A TERGO tem cerca de mil membros. “Estas sessões de formação ajudam a reflectir sobre quem somos e quem são as nossas crianças”, disse Nina Mikhailova, uma mulher de 72 anos e mãe de uma mulher transgénero. Mikhailova acabou por aceitar a filha, mas diz que o seu maior desafio foi convencer os outros filhos a aceitar a sua transgénero de 33 anos. “Eu estava entre a espada e a parede. Irei partir em breve, o que acontecerá com eles no futuro?”, disse numa entrevista, depois de uma sessão de formação em Kiev, com famílias de outras antigas nações soviéticas, incluindo a Geórgia e a Quirguízia. A psicóloga Maryna Didenko, que trabalha para a TERGO, disse ter observado um pequeno aumento no número de pais que procuram ajuda, apesar de muitos ainda terem a esperança de que os filhos possam ser "curados". Preocupação sobre o que os vizinhos irão pensar, desinformação ou tristeza por não virem a ter netos dificultam a aceitação, disse a psicóloga. “O tema da sexualidade e da orientação sexual é tabu há muito tempo”, disse Didenko. “Os pais admitem mesmo que, quando o filho diz que a sua orientação sexual é diferente, o mundo desaba. " Mas quando as pessoas finalmente aceitam os familiares LGBT+, muitos acabam por se envolver na luta, acrescentou Didenko. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Globa não é excepção e faz campanha pelos direitos LGBT+ para tentar remediar os anos perdidos, depois de ter rejeitado o filho há uma década. “As pessoas LGBT+ têm tido vidas muito infelizes na Ucrânia. Têm de esconder a sua identidade, de esconder a sua vida, de fingir, têm de viver a vida de outra pessoa todos os dias”, disse. “Mas estou muito confiante de que mais cedo ou mais tarde… As pessoas LGBT na Ucrânia terão os seus direitos. O casamento entre pessoas do mesmo sexo será legalizado. E acho que a Ucrânia será um sítio seguro para as pessoas LGBT viverem e se realizarem a si mesmas”, disse Globa. Tradução de Ana Silva
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Homossexuais católicos portugueses aplaudem inquérito do Vaticano
Papa quer saber qual a opinião dos católicos sobre temas como o divórcio e casamento gay, numa atitude sem precedentes na Igreja. (...)

Homossexuais católicos portugueses aplaudem inquérito do Vaticano
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-11-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Papa quer saber qual a opinião dos católicos sobre temas como o divórcio e casamento gay, numa atitude sem precedentes na Igreja.
TEXTO: A Rumos Novos - Associação Homossexual Católica portuguesa congratulou-se com a “atitude sem precedentes” do Vaticano ao questionar de uma forma “franca e aberta” as conferências episcopais sobre o divórcio, o casamento homossexual e a contracepção. O Vaticano enviou às conferências episcopais um inquérito, que deverá ser distribuído pela comunidade católica, com perguntas sobre temas pouco consensuais no seio da Igreja, como a contracepção, o casamento entre homossexuais e o divórcio. Os resultados desta consulta servirão de base para preparar o sínodo sobre a família, marcado para Outubro de 2014, sob o tema “Desafios pastorais da família no contexto da evangelização". “Numa atitude sem precedentes, o Vaticano acaba de pedir aos bispos de todo o mundo que perguntem aos fiéis qual a sua opinião sobre os ensinamentos da Igreja no que concerne à contracepção, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao divórcio”, afirma a Rumos Novos, num comunicado enviado à Lusa. A associação refere que “é com o coração cheio de júbilo” que os homossexuais católicos portugueses recebem esta notícia. “Como católicos, não podemos deixar de reconhecer a actuação do Espírito Santo no seio da sua Igreja, pois é a primeira vez que o Vaticano pediu tal tipo de opiniões aos católicos de base, pelo menos desde o pós-Vaticano II”, observa. A Rumos Novos sublinha que esta notícia é ainda mais importante tendo em conta algumas posições críticas tomadas pelo actual Papa, quando ainda era arcebispo da Argentina, sobre os homossexuais e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para a associação, este inquérito representa também “um forte compromisso com o Vaticano II, que desafiou a Igreja a escutar os sinais dos tempos, para poder evangelizar de forma capaz, como Cristo ensinou”. Os homossexuais católicos realçam ainda a “abordagem franca, aberta e com espírito de partilha” do Vaticano. “Finalmente, a hierarquia católica não se inibe de falar de união civil, casamento entre pessoas do mesmo sexo e adopção por casais de pessoas do mesmo sexo, sem ser para os condenar”. A Rumos Novos, que trabalha diariamente no acompanhamento, oração e partilha com homossexuais católicos portugueses, deseja que a Conferência Episcopal Portuguesa “saiba encontrar a melhor forma de levar este importante documento a toda a igreja nacional para que possa ser um verdadeiro documento de partilha”. “Fraternalmente desejamos que os bispos portugueses sejam autenticamente encorajados pela Conferência Episcopal a realizarem esta ampla consulta dos leigos e sacerdotes”, afirmam, acrescentando: “Se assim não for, teremos todos perdido uma grande oportunidade de ouvir a voz do Espírito Santo a trabalhar na Igreja”. A Rumos Novos encoraja “todos os fiéis, particularmente os fiéis homossexuais católicos, a fazerem ouvir as suas opiniões”. Para a associação, é chegado o momento de os homossexuais católicos agarrarem esta oportunidade e “fazer, mais uma vez, sentir à hierarquia católica a necessidade” de trabalhar pela inclusão dos homossexuais.
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Palavras-chave comunidade sexo casamento homossexual divórcio
Nintendo não permite avatares gay no jogo Tomodachi Life
Empresa japonesa recusa estar a fazer um comentário social ao excluir relações e casamentos homossexuais no jogo. (...)

Nintendo não permite avatares gay no jogo Tomodachi Life
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 21 | Sentimento 0.008
DATA: 2014-05-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Empresa japonesa recusa estar a fazer um comentário social ao excluir relações e casamentos homossexuais no jogo.
TEXTO: Tomodachi Life é um jogo para a Nintendo 3DS que permite ao jogador criar uma personagem virtual, a “Mii”, e interagir com outros jogadores num mundo de simulação social onde é possível desenvolver relações amorosas ou até mesmo casar. Mas o casamento só não está disponível para Miis do mesmo sexo, o que levou à criação de um movimento que exige que os avatares no jogo possam ser gays e lésbicas e oficializar a sua relação. O Tomodachi Life só está disponível no Japão desde o ano passado, mas chega à Europa e aos Estados Unidos a 6 de Junho. No jogo, os Miis vivem numa ilha e podem fazer várias actividades, como fazer compras, divertir-se em parques temáticos, cantar, dormir, comer, ter uma intensa vida social, que inclui ter amigos, namorados e conhecer celebridades do mundo real em versões avatar. Aos que se casarem no jogo estão disponíveis exclusivamente opções como ter filhos e comprar bens com valores elevados, como uma casa. No país da Nintendo tem sido um sucesso de vendas – segundo dados de Dezembro foram vendidas 1. 83 milhões de cópias - mas também tem suscitado polémica. Através de uma página no Facebook, no Thumblr e uma conta no Twitter, lançadas na semana passada, foi criada uma campanha que pretende que a Nintendo crie uma opção para Miis homossexuais quando é pedido ao jogador que defina a sua preferência sexual e queira casar virtualmente com uma pessoa do mesmo sexo. A campanha não espera que a versão japonesa seja alterada mas pretende que as que serão vendidas na Europa e Estados Unidos prevejam estas situações. Tye Marini, um utilizador de videojogos de 23 anos, homossexual, do Arizona, lançou a campanha #Miiquality e no vídeo que acompanha a iniciativa nas redes sociais contesta a decisão da Nintendo. “Não poder namorar e casar com o género pelo qual estou atraído na vida real retira toda a imersão e divertimento do jogo para mim”, afirma. O jovem sublinha que a campanha não é uma tentativa de boicote à Nintendo mas um pedido para que inclua a questão da homossexualidade no jogo na versão em Inglês. Na quarta-feira, a Nintendo reagiu, pela primeira vez, à campanha #Miiquality. “As opções para relacionamentos no jogo representam um mundo alternativo brincalhão, em vez de uma simulação de vida real”, respondeu a empresa japonesa em comunicado. A Nintendo diz esperar que os jogadores de Tomodachi Life entendam que o jogo foi criado para ser “peculiar” e que a empresa “não tentou fazer qualquer forma de comentário social” com o lançamento do produto. Para Tye Marini, excluir relações entre pessoas do mesmo sexo no jogo “é uma forma de comentário social”. A Nintendo garante estar disponível para ouvir todas as reacções ao jogo e “perceber os consumidores e as suas expectativas” da empresa. Uma sondagem realizada recentemente no Japão indicou que 52, 4% dos adultos japoneses opõem-se ao casamento homossexual. Por outro lado, 74, 6% dos inquiridos consideraram que a sociedade é cruel para as minorias sexuais, incluindo gay, lésbicas e transgéneros.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social sexo género sexual casamento homossexual gay