Cavaco parte quarta-feira para Praga, com economia e política na agenda
A economia e as oportunidades para os empresários portugueses que ‘espreitam’ na República Checa será um dos temas fortes da agenda da visita a Praga do Presidente da República, onde a parte política estará também em destaque. (...)

Cavaco parte quarta-feira para Praga, com economia e política na agenda
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-04-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: A economia e as oportunidades para os empresários portugueses que ‘espreitam’ na República Checa será um dos temas fortes da agenda da visita a Praga do Presidente da República, onde a parte política estará também em destaque.
TEXTO: A comitiva presidencial, que irá incluir uma delegação de 35 empresários, partirá para a capital da República Checa logo ao final da manhã de quarta-feira. Contudo, apenas no dia seguinte começará a agenda oficial da visita de Estado de Cavaco Silva, tendo como primeiro ponto um encontro entre os chefes de Estado português e checo, Vaclav Klaus, dois economistas com um percurso político muito semelhante. O excelente relacionamento pessoal que existe entre os dois chefes de Estado e que vem do tempo em que ambos chefiavam os Governos nos respectivos países é, aliás, visto pela Presidência da República como um facto que poderá favorecer a aproximação entre Portugal e a República Checa. Num dia que será principalmente preenchido com encontros institucionais, nomeadamente com o presidente do Senado, presidente da Câmara de Praga e o presidente da Câmara dos Deputados do Parlamento, haverá ainda espaço para um momento mais cultural: a visita à famosa Ponte Carlos. No plano político, este será também o dia em que será colocada na agenda o tema da União Europeia, nomeadamente estratégia de resposta à crise, da discussão do novo conceito estratégico da NATO ou relacionamento entre a Europa e os países africanos e da América Latina. “Há vantagens de ordem política, somos países mais ou menos com a mesma dimensão, com um grau de desenvolvimento idêntico, o que faz com que muitas vezes tenhamos entendimentos convergentes”, afirmou fonte de Belém, apontando o exemplo a ideia portuguesa e checa de “uma União Europeia aberta” e “contra o proteccionismo”. Num país em crescimento, mas onde existem ainda algumas fragilidades, como na rede rodoviária e ao nível das novas tecnologias, Portugal pode também encontrar “nichos interessantes para explorar”, segundo fonte da Presidência da República. Os 35 empresários que integram a comitiva presidencial terão na sexta-feira a oportunidade de procurar oportunidades de negócio, no seminário económico que contará com a participação dos Presidente português e checo na sessão de abertura. Até agora, já estão inscritos neste seminário mais de uma centena de empresários da República Checa, país com um economia de sucesso maioritariamente assente nas exportações, que já tem relações comerciais com Portugal, mas “ainda muito longe do potencial” que existe. Ainda na sexta feira de manhã, Cavaco Silva irá visitar a Universidade de Carolina, a maior da República Checa com 50 mil alunos distribuídos por 17 faculdades, encontrando-se com estudantes que estão a aprender português. Ao final da tarde, antes da partida para Lisboa e depois de já ter passado pelo Mosteiro de Strahov e pelo Memorial Nacional de Vítkov, o Presidente da República oferecerá ainda uma recepção à comunidade portuguesa residente na República Checa.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
"Quando se é do Sul, é-se menos credível"
Paul De Grauwe, professor da Universidade de Lovaina e um dos maiores especialistas da união monetária europeia, fustiga as agências de notação e a intransigência da Alemanha. (...)

"Quando se é do Sul, é-se menos credível"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.116
DATA: 2010-04-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Paul De Grauwe, professor da Universidade de Lovaina e um dos maiores especialistas da união monetária europeia, fustiga as agências de notação e a intransigência da Alemanha.
TEXTO: O corte do rating da dívida portuguesa é justificado?Não, mas é o comportamento típico das agências de notação, que reagem aos mercados. Como as taxas de juro aumentaram nos últimos dias, as agências cortam os ratings, o que só desestabiliza os mercados. Fazem sempre isto, é uma vergonha. O poder desta gente deveria ser restringido. Pensa então que não se pode comparar a situação portuguesa com a grega?Claro que não. Portugal está em muito melhor situação que a Grécia. O défice orçamental é elevado, mas no Reino Unido ou Irlanda ainda é maior. A dívida também é muito mais baixa do que na Grécia, é comparável à da Bélgica. Só que as agências não reparam na Bélgica, só reparam em Portugal. E porquê?Porque há um preconceito no mercado, do tipo: “Ah, são do sul da Europa? Então deve haver alguma coisa errada, não são de confiar. ”Isso é racismo?Não sei como lhe chamar, mas é um comportamento típico. Quando se é do Sul, é-se menos credível. As agências são muito anglo-saxónicas. Se a Alemanha tivesse sido mais positiva desde o início dos problemas da Grécia, teria sido possível evitar esta crise?Claro, mas a Alemanha não quer fazer nada. Angela Merkel não quer dar um euro antes da eleição de 9 de Maio, e nem sequer é claro o que é que fará depois. Os alemães estão completamente contra dar dinheiro [à Grécia]. Não se opuseram a dar dinheiro aos bancos alemães, que fizerem coisas bem piores que os gregos. Qual é a saída da crise?Há umas semanas, ou meses, pensei que uma acção determinada dos países da zona euro poderia ter evitado isto, mas não aconteceu, o que torna tudo muito mais difícil. A dada altura, Portugal vai ser forçado pelos mercados a anunciar um novo programa de cortes orçamentais. Não há grande alternativa, porque a zona euro decidiu não lutar. Mas é uma história muito triste. Texto actualizado às 12h36
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave racismo vergonha
Brasil e Portugal, um encontro de interesses entre países desiguais
Em viagem pelo mundo, Lula da Silva chega depois de amanhã a Lisboa para uma curta visita a Cavaco Silva e a José Sócrates (chega às 16h15 e parte depois de jantar), para participar na X Cimeira Luso-Brasileira. Lado a lado vão estar dois países em situação desigual, quer em dimensão, quer no ciclo económico que atravessam, mas também na aposta que cada um faz no outro - os investimentos de Portugal no Brasil em 2009 ascenderam a 300 milhões de euros, enquanto os do Brasil em Portugal, nesse mesmo ano, ficaram pelos 250 milhões, cinco vezes mais do que em 2008. (...)

Brasil e Portugal, um encontro de interesses entre países desiguais
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em viagem pelo mundo, Lula da Silva chega depois de amanhã a Lisboa para uma curta visita a Cavaco Silva e a José Sócrates (chega às 16h15 e parte depois de jantar), para participar na X Cimeira Luso-Brasileira. Lado a lado vão estar dois países em situação desigual, quer em dimensão, quer no ciclo económico que atravessam, mas também na aposta que cada um faz no outro - os investimentos de Portugal no Brasil em 2009 ascenderam a 300 milhões de euros, enquanto os do Brasil em Portugal, nesse mesmo ano, ficaram pelos 250 milhões, cinco vezes mais do que em 2008.
TEXTO: É difícil encontrar um Presidente da República que seja mais simpático e menos protocolar do que Lula da Silva. Numa sondagem efectuada um ano antes da sua primeira eleição, em Setembro de 2001, foi considerado o pior candidato para representar o Brasil no exterior, com apenas 37 por cento dos inquiridos a acreditarem que cumpriria bem a função. Em 2002, acabou por ser nomeado com 46, 4 por cento dos votos. E ainda há poucos dias, a Time incluiu-o na lista das 100 personalidades mais influentes. Com o seu carisma, Lula deu visibilidade às posições do seu país, mas a sua nomeação pela revista norte-americana é um sinal dos tempos: o Brasil já não é olhado apenas pelo seu grande potencial e pela sua incapacidade de o realizar. É já a oitava maior economia e um parceiro dos equilíbrios mundiais. Sentado na sua cadeira de governador do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles assistiu recentemente ao anúncio das projecções de crescimento em 2010, ano em que o produto se expandirá 5, 5 por cento (ainda assim, menos do que a China e a Índia). Na última década, a classe média incorporou cerca de 30 milhões de brasileiros, o que veio reforçar a economia e dar gás ao consumo. A par das desigualdades sociais, da falta de segurança e da pobreza que ainda persistem, o Brasil surge bem colocado para enfrentar crises externas. Pelo contrário, Portugal vive hoje em estado de agonia, com um défice de 9, 2 por cento, excesso de endividamento, desemprego a tocar os 10 por cento. Um cenário que obrigou o Governo, no quadro da UE, a divulgar um pacote agressivo de medidas para equilibrar as contas públicas. É neste contexto de países desiguais, quer na proporção da sua dimensão, quer nos ciclos económicos que atravessam, que Lula e Sócrates se vão encontrar. Mas o ambiente será de cordialidade. Uma coisa é a convivência política e a proximidade cultural e histórica, outra a económica. Ao Brasil, Portugal de pouco serve. Porém, a importância do Brasil é óbvia para Portugal, mais que não seja pelo valor da língua comum. "Boa onda" por aproveitarEm cima da mesa de Lula e de Sócrates vão estar a cooperação bilateral e trilateral com os países africanos de expressão portuguesa. Outros dossiers poderão ser abordados, como a Cimpor, TAP, Galp, PT, indústria aeronáutica ou os portos nacionais que o Governo quer revitalizar. É expectável que Lula da Silva desafie os empresários portugueses a aproveitarem as oportunidades abertas pela "Copa do Mundo" de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Eventos que funcionarão como catalisadores do crescimento económico. A "Copa do Mundo", até 2019, deverá ter um impacto de 81 mil milhões de euros no país. Num país que vive acima das suas posses e à custa da poupança externa, Sócrates deverá procurar "comover" Lula para a necessidade de Portugal captar investimento brasileiro e aumentar as exportações. O que coloca a bola do lado de Portugal, pois estão em causa decisões do sector privado brasileiro. Por outro lado, o primeiro-ministro quererá sensibilizar Lula para aligeirar os entraves à entrada de produtos estrangeiros no Brasil. Os dados revelam que não estamos a aproveitar a "boa onda" do Brasil para diversificar o destino das exportações concentradas em mercados europeus em crise, como a Espanha e a Alemanha. As estatísticas mostram que a balança comercial entre Portugal e o Brasil é desequilibrada, com um défice desfavorável para o mercado nacional. Isto, apesar de os negócios bilaterais se terem intensificado, quase triplicando entre 2004 e 2008, quando dispararam 116 por cento. Em todo o caso, hoje, as exportações de Portugal para o Brasil são inferiores, em 400 milhões de euros, às vendas que Portugal faz para Angola (ver caixa). Esta situação deverá levar Sócrates a acenar aos empresários brasileiros (nomeadamente os de pequena e média dimensão) com as potencialidades de Portugal enquanto importador de produtos, com que já está familiarizado, mas sobretudo enquanto mercado exportador de bens e de serviços. Onze mil milhões investidosUma nota curiosa: Portugal é já o principal comprador da Mtiller (líder no Brasil), ao adquirir anualmente 3, 3 milhões de litros de cachaça (Cachaça 51), um terço das suas exportações. Hoje os grandes players mundiais convergem para a capital económica brasileira. Mas São Paulo já está na rota dos grupos nacionais há vários anos. Desde 2001/2002, Portugal investiu no Brasil mais de 11 mil milhões de euros, quase sete por cento do PIB nacional. Pelo contrário a presença do Brasil em Portugal continua a ter uma expressão reduzida e representa apenas 0, 3 por cento do investimento estrangeiro. Uma situação que pode estar a mudar. Marcelo Baumbach, o porta-voz de Brasília, já fez saber que a X Cimeira Luso-brasileira que se realiza no mesmo dia em que Lula e Sócrates se encontram, vai decorrer num ambiente "de novas oportunidades criadas pelo fluxo crescente de investimentos brasileiros em Portugal". Por muito boas que sejam as relações entre os dois Estados, a decisão de olhar para Portugal para desenvolver actividade cabe ao sector privado, o que coloca pressão sobre as autoridades nacionais para que criem condições de atracção do investimento. Os empresários que se têm pronunciado sobre o tema reclamam maior flexibilização laboral e a reforma da justiça (maior celeridade nos procedimentos). Os analistas internacionais que seguem o Brasil lembram que os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), jogam com regras que não são as europeias: trabalham com custos laborais baixos, apostam na educação, no comércio e nos sistemas de informação e especializam-se em sectores de actividade (que, no caso do Brasil, tende a ser a agricultura).
REFERÊNCIAS:
Tornou-se moda mandar trabalhadores para o exterior
Consultora Mercer revela que 79 por cento das empresas esperam aumentar número de colaboradores colocados no estrangeiro. (...)

Tornou-se moda mandar trabalhadores para o exterior
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Consultora Mercer revela que 79 por cento das empresas esperam aumentar número de colaboradores colocados no estrangeiro.
TEXTO: Enviar trabalhadores para o estrangeiro pode custar duas ou três vez mais a uma empresa do que o investimento que faz em recrutamento local. A mobilidade internacional dos quadros é uma tendência que veio para ficar e, de acordo com o estudo International Assignment Survey - Portugal 2010, da consultora Mercer, nos próximos dois anos 79 por cento das empresas portuguesas esperam aumentar o número de trabalhadores expatriados. Desde 2008, 67 por cento aumentou os colaboradores deslocados no estrangeiro e, hoje, 34 por cento são do sexo feminino, ao contrário do que sucedia há cinco anos quando a percentagem atingia apenas os 22 por cento. Os três motivos principais apontados pelas empresas para aumentar o número de executivos no estrangeiro são a "expansão do negócio", o "preenchimento de uma função que requer competências técnicas específicas" ou de uma função de gestão. Os portugueses são enviados, na maioria, para a Europa (78 por cento) e África (56 por cento), com Espanha e Angola a figurarem como mercados preferenciais para a expansão do negócio, em linha com o volume de exportações actualmente realizadas pelas empresas nacionais. Dos países europeus escolhidos, depois de Espanha, segue-se França e Alemanha. No continente africano, Moçambique é eleito por 50 por cento das empresas. Até 2012, 47 por cento dos inquiridos "prevêem novos destinos para expatriação". Diogo Alarcão, responsável pela Mercer em Portugal, revela que as organizações estão a procurar informações sobre destinos na Europa de Leste, China, África do Sul, Congo, Argélia, Líbia e Marrocos. Cativar os trabalhadores depende das políticas definidas internamente, desde a compensação monetária a outras regalias que podem fazer a diferença na hora de propor uma mudança de vida. Os pacotes de compensação para um expatriado são semelhantes aos de outros países, diz Diogo Alarcão. Regra geral, é atribuído um prémio de mobilidade (percentagem do salário-base). As diferenças de custo de vida também são compensadas, quer quando se trata de países onde os preços são mais elevados, quer quando "as condições sanitárias, a oferta de bens de consumo e culturais ou o sistema de saúde são inferiores às do país de origem". "Há ainda outras componentes como o número de viagens anuais ao país de origem, financiamento da educação dos descendentes ou habitação", exemplifica. No grupo Auto Sueco, por exemplo, a direcção de recursos humanos tem uma área específica de apoio aos seus 70 expatriados, espalhados por oito países. O pacote salarial e as revisões de ordenado são feitas de acordo com o país de origem e os trabalhadores têm direito a duas viagens por ano a casa ou despesas de alojamento. De acordo com as 20 empresas inquiridas, o salário é definido através da combinação de vários factores: práticas do país de origem e de acolhimento, estrutura salarial da empresa e negociação individual. Em 38 por cento, estas políticas variam conforme o nível ou a categoria da função do trabalhador. Apenas 30 por cento pagam o ordenado na moeda do país de acolhimento e 64 por cento revêem uma vez por ano a remuneração. Perto de 60 por cento não ajustam o salário de acordo com as flutuações da moeda. Em termos de benefícios, a maioria dá subsídios para a educação dos filhos, mas 75 por cento não concedem qualquer complemento "destinado a compensar os inconvenientes causados ao cônjuge pela transferência" do trabalhador. Ainda assim, 42 por cento dos inquiridos dão apoio na obtenção do visto e oferecem cursos de línguas. A maior parte dos expatriados têm a renda da casa paga e 55 por cento das empresas pagam os depósitos ou garantias exigidos, tal como serviços relacionados com a habitação, como a água, electricidade ou gás. Cerca de 45 por cento atribuem dias de férias extra para o colaborador poder ir a casa. Diogo Alarcão não tem dúvidas de que enviar trabalhadores para fora de portas compensa, mas o processo de expatriação tem de ser bem planeado e quantificado. "É preciso escolher os melhores e mais adequados colaboradores", alerta. Ser expatriadoOs expatriados portugueses são, na maioria, solteiros e permanecem entre seis meses a cinco anos no país de acolhimento sem a família. Cerca de 33 por cento das empresas que enviam trabalhadores por longos períodos sem acompanhante fazem-no por razões de segurança; quase 20 por cento fazem-no porque os custos financeiros são elevados. Apenas 47 por cento dos inquiridos afirma ter expatriados a curto prazo, ou seja, entre dois a seis meses. "Regra geral, os colaboradores permanecem no destino o tempo acordado, sendo mesmo frequentes as situações em que acabam por ficar mais tempo do que o inicialmente previsto", aponta Diogo Alarcão. Questionadas sobre as maiores dificuldades que enfrentam quando enviam colaboradores para países estrangeiros, 71 por cento das empresas abrangidas pelo estudo apontaram os elevados custos como um obstáculo. Para 50 por cento, o principal problema é a reintegração do colaborador quando termina a experiência fora de portas. O posto de trabalho nem sempre é garantido pelo empregador.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Cavaco defende uma parceria estratégica para facilitar negócios
O Presidente queria resolver "questões pendentes", Eduardo dos Santos lembrou a necessidade de definir objectivos e prioridades. (...)

Cavaco defende uma parceria estratégica para facilitar negócios
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente queria resolver "questões pendentes", Eduardo dos Santos lembrou a necessidade de definir objectivos e prioridades.
TEXTO: No primeiro dia da visita de Estado a Angola, o Presidente da República foi directo ao assunto. Quer que os angolanos aceitem criar os mecanismos necessários para facilitar a vida aos portugueses que têm negócios naquele país. Perante os deputados angolanos, para quem discursou numa reunião extraordinária, Cavaco Silva convidou Angola a avançar com a "consagração institucional" de uma parceria estratégica que, na sua opinião, só não existe em papel. Mas esse documento permitiria, segundo o Presidente, "mais facilmente resolver questões pendentes". "Uma parceria estratégica, que, através dos seus mecanismos de diálogo técnico e político, nos permita mais facilmente resolver questões pendentes e traçar rumos para o futuro", disse Cavaco Silva. O chefe de Estado português lembrou depois aos representantes angolanos que os empresários portugueses eram os que há mais tempo se haviam estabelecido naquele país africano, inclusive no interior. Por trás do apelo estava a necessidade de uma "certeza jurídica" ainda em falta. O Presidente referia-se ao atraso na aprovação de um acordo sobre protecção de investimentos a que faltava a ratificação pela Assembleia Nacional. O tiro de partida foi disparado logo à chegada a Angola, numa mensagem gravada para o site da Presidência. "Vários empresários, um largo número de empresários, encontra-se aqui em Angola, muitos empregos de portugueses dependem deste mercado", disse o chefe de Estado. "É minha convicção de que não apenas Portugal beneficia desta intensidade de relações comerciais, mas também Angola. Os empresários portugueses estão a contribuir para o desenvolvimento económico e social de Angola, para a melhoria das condições de vida da sua população. "José Eduardo dos Santos mostrou-se em sintonia com a proposta de Cavaco Silva, reconhecendo existirem "bases sólidas" para institucionalzar uma parceria estratégica com Portugal. Para o Presidente angolano faltava apenas definir objectivos, prioridades e um figurino jurídico, uma vez que a "cooperação entre os dois países se estende já a praticamente todos os domínios". Cavaco Silva voltou a insistir no tema da língua portuguesa, como tinha feito há semanas, na visita a Cabo Verde. "Não podemos desperdiçar por mais tempo as enormes potencialidades que o facto de partilharmos a mesma língua coloca ao nosso alcance", frisou Cavaco Silva, numa intervenção na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. Em causa estava uma das bandeiras do Presidente: "É do interesse de todos e de cada um dos nossos países que continuemos, se possível com maior dinamismo, o trabalho até aqui já realizado com vista à afirmação internacional da língua portuguesa, em particular no quadro das Nações Unidas, onde ela justifica há muito o estatuto de língua oficial", afirmou. No primeiro dia da visita de Estado houve também espaço para homenagens. O presidente da Assembleia Nacional de Angola elogiou Cavaco pela importância do papel de Portugal na mediação dos acordos de paz de Bicesse, em 1991, quando o actual Presidente português era primeiro-ministro. Paulo Kassoma sublinhou mesmo que esse esforço levou, em última instância, à instituição do regime democrático em Angola e à criação da Assembleia Nacional angolana. Os acordos então assinados entre o MPLA e a UNITA permitiram a realização de eleições, às quais se seguiu um período de extrema violência entre as duas forças. "Apesar do posterior reacender do conflito, podemos dizer que esta Assembleia Nacional, enquanto instituição do regime democrático de Angola, é em última instância produto daqueles acordos, os quais Portugal e, em especial, vossa Excelência não só testemunharam, como deram uma prestimosa contribuição à paz em Angola", disse Paulo Kassoma. Já Cavaco Silva condecorou o bispo emérito de Luanda, D. Alexandre do Nascimento, devido aos seus esforços pela reconciliação nacional e apoio aos mais desfavorecidos. "Pude testemunhar o empenho de D. Alexandre do Nascimento na procura da paz. O seu nome ficará inscrito nas páginas nobres da história de Angola", afirmou o Presidente. Antes disso, havia já depositado uma coroa de flores no Largo da Independência, em homenagem a Agostinho Neto, o primeiro Presidente de Angola. Grupo de trabalho para vistosUm "problema" empolado, mas um "problema" para resolver. Na visita de Cavaco Silva, voltou a surgir a questão da obtenção de vistos. Foi o chefe de Estado que anunciou a criação de um grupo de trabalho, mas para depois defender que o "problema" não era assim tão sério. "Constituiremos um grupo de trabalho para resolver o problema da concessão de vistos", confirmou Cavaco Silva. Mas ambos os chefes de Estado tentaram desvalorizar a questão, dando a entender que os problemas nesta matéria eram empolados pela comunicação social. "As dificuldades são menores do que às vezes se diz. Ontem mesmo constatei isso em conversa com o embaixador", afirmou o Presidente português. José Eduardo dos Santos afirmou, por seu turno, que "basta ver os aviões que vão e vêm de Portugal completamente lotados".
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Mota-Engil assina entendimento para pagamento da dívida angolana
Mota-Engil é uma das principais credoras de Angola, mas a dívida só deverá ser paga dentro de dois anos. (...)

Mota-Engil assina entendimento para pagamento da dívida angolana
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mota-Engil é uma das principais credoras de Angola, mas a dívida só deverá ser paga dentro de dois anos.
TEXTO: O Grupo Mota-Engil assinou na passada semana um “entendimento” com o Governo angolano para definir os moldes de pagamento da dívida deste país à empresa, confirmou Jorge Coelho, presidente da comissão executiva da Mota-Engil. Hoje, na inauguração da Novicer, a fábrica de cerâmicas da Mota-Engil Angola, Jorge Coelho recusou-se a especificar os moldes do contrato, mas garantiu que se o assinou é porque estão de acordo com o que nele consta. O responsável executivo sublinhou ainda que para se poder trabalhar e investir em Angola, é necessário “músculo financeiro, paciência e escolher os parceiros certos” e que para isso é preciso haver uma estratégia a médio ou longo prazo. Durante este processo que gira em torno das dívidas de Angola às construtoras portuguesas, a Mota-Engil nunca fez referência do montante em causa nesta dívida. É de salientar que Angola possui uma dívida a empresas que ascende aos 5, 2 mil milhões de euros, sendo que 30 por cento desse valor seja referente a empresas portuguesas. Do grupo de empresas credoras portuguesas fazem parte PME’s - pequenas e médias empresas, e empresas de grande capital, como é o caso da Mota-Engil, uma das que possui maior crédito no país africano. Ontem, durante a recepção ao Presidente da República portuguesa, o primeiro-ministro angolano, José Eduardo dos Santos, garantiu que as dívidas às PME’s deverão ser pagas no prazo de dois meses, mas que a grande fatia só será paga dentro de dois anos. Em curso está já um programa levado a cabo pelo Governo de Angola para pagar as dívidas. Segundo adiantou José Eduardo dos Santos, as empresas com maiores créditos, caso da Mota-Engil, estão já a ser chamadas pelo Governo angolano para se definir o pagamento de 40 por cento da dívida em causa. O restante crédito será posteriormente discutido com o objectivo de chegarem a um entendimento da forma como será saldada a dívida.
REFERÊNCIAS:
Tráfego aéreo da TAP sobe 5,7 por cento no primeiro semestre
O mercado brasileiro foi o que mais cresceu, protagonizando uma subida de 33,5 por cento. Já a Venezuela registou uma quebra de 14,7 por cento. (...)

Tráfego aéreo da TAP sobe 5,7 por cento no primeiro semestre
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.041
DATA: 2010-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O mercado brasileiro foi o que mais cresceu, protagonizando uma subida de 33,5 por cento. Já a Venezuela registou uma quebra de 14,7 por cento.
TEXTO: O primeiro semestre de 2010 representou um crescimento de 5, 7 por cento no transporte de passageiros da TAP. Esta subida foi suportada, essencialmente, pelos mercados brasileiro, africano e norte-americano. De acordo com dados fornecidos pela empresa estatal, entre Janeiro e Junho deste ano foram transportados 4. 047 mil passageiros, o que representou um aumentou de 5, 7 por cento no tráfego de passageiros. Em termos de transporte de mercadorias, a subida foi maior, situando-se nos 26 por cento. Do total da rede operada pela TAP, o Brasil foi o mercado que apresentou o melhor desempenho, registando um crescimento de 33, 5 por cento no primeiro semestre de 2010. Seguiram-se as ligações para África, com um crescimento de 12, 3 por cento, para os Estados Unidos (10, 2 por cento) e para a Europa (3, 6 por cento). Já a Venezuela foi responsável pela maior quebra. A rota da TAP para este mercado caiu 14, 7 por cento entre Janeiro e Junho por causa da "desvalorização da moeda ocorrida há alguns meses no país", explicou fonte oficial da transportadora aérea. Também os voos para as regiões autónomas da Madeira e dos Açores registaram uma quebra, na ordem de 10, 4 por cento. "A concorrência para a Madeira aumentou a oferta, factor conjugado com a quebra de tráfego para a região", justificou a empresa. A taxa de ocupação global das ligações da companhia de aviação nacional situou-se nos 71, 1 por cento, acima do registado em igual período do ano passado (64, 3 por cento).
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Agência Internacional de Energia revê em alta previsão de consumo mundial
A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu hoje em alta a sua previsão de consumo mundial de petróleo para este ano e 2011, devido à melhoria das perspectivas económicas e ao dinamismo das principais economias emergentes. (...)

Agência Internacional de Energia revê em alta previsão de consumo mundial
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.08
DATA: 2010-08-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu hoje em alta a sua previsão de consumo mundial de petróleo para este ano e 2011, devido à melhoria das perspectivas económicas e ao dinamismo das principais economias emergentes.
TEXTO: No relatório mensal sobre o mercado de petróleo, hoje publicado, a AIE aumenta o prognóstico de consumo para estes dois anos em 80. 000 e 50. 000 barris diários, respetivamente. A confirmar-se esta subida, o consumo mundial em 2010 atingirá os 86, 6 milhões de barris por dia, mais 1, 8 milhões de barris e, em termos percentuais, mais 2, 2 por cento face a 2009. Para 2011, a agência antecipa um consumo de 87, 9 milhões de barris, mais 1, 3 milhões (1, 5 por cento) do que em 2010. As previsões da AIE, sedeada em Paris, baseiam-se nos últimos prognósticos do Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa um crescimento económico de 4, 5 por cento para este ano e de 4, 3 por cento para 2011. Os especialistas da agência alertam, contudo, que as preocupações em torno de um possível abrandamento da recuperação da economia mundial, avançadas por organismos internacionais para a segunda metade deste ano, representam um “risco significativo de revisão em baixa” destas previsões. Como exemplo, o estudo avança um cenário em que o crescimento mundial acaba por ser um terço inferior ao previsto, o que implicaria uma redução da procura de petróleo em 290. 000 barris diários em 2010 e em 1. 200. 000 barris em 2011. Numa análise por regiões, a AIE refere que o aumento da procura de crude se registará sobretudo nos países emergentes, como a China, Arábia Saudita e Brasil. Entre os países mais desenvolvidos, que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o consumo crescerá 0, 2 por cento em 2010 e cairá 0, 4 por cento em 2011, segundo a agência. Já nos países que não fazem parte da OCDE, entre os quais se encontram as nações mais ricos do mundo, a procura deverá subir 4, 5 por cento em 2010 e 3, 7 por cento em 2011. Segundo a AIE, a diferença entre a procura mundial de petróleo e a oferta disponível aumentará, este ano, para os 90. 000 barris e, em 2011, para os 320. 000 barris diários. No que se refere à produção, a agência -- que reúne os principais consumidores da OCDE -- reporta um crescimento de 850. 000 barris diários em Julho, para os 87, 2 milhões de barris diários, sobretudo registado na Nigéria e nos Emirados Árabes Unidos. No seu relatório anterior, a AIE antecipava um crescimento do consumo de crude de 2, 1 por cento este ano e de 1, 6 por cento em 2011, fixando o consumo mundial nos 86, 5 e 87, 8 milhões de barris diários, respectivamente.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
PIB per capita português ocupará em 2015 o pior lugar no ranking desde a adesão à UE
Daqui a cinco anos, Portugal terá um Produto Interno Bruto (PIB) per capita, ou seja, um rendimento por habitante, que é vinte vezes maior do que tinha há 35 anos. Contudo, vai também perder lugares no ranking mundial, descendo para a pior posição desde que entrou na União Europeia, em 1986. (...)

PIB per capita português ocupará em 2015 o pior lugar no ranking desde a adesão à UE
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -1.0
DATA: 2010-08-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Daqui a cinco anos, Portugal terá um Produto Interno Bruto (PIB) per capita, ou seja, um rendimento por habitante, que é vinte vezes maior do que tinha há 35 anos. Contudo, vai também perder lugares no ranking mundial, descendo para a pior posição desde que entrou na União Europeia, em 1986.
TEXTO: As previsões constam do World Economic Outlook, elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e publicado no passado mês de Abril, e mostram seis países a passar à frente de Portugal no ranking mundial do PIB per capita em 2015: a República Checa, a Coreia do Sul, Taiwan, o Bahrein, Trindade e Tobago e Omã. Actualmente, o FMI aponta que o PIB per capita nacional se situe nos 21. 185 dólares (16. 500 euros), devendo chegar aos 23. 240 dólares daqui a cinco anos. Há 30 anos, o valor era manifestamente inferior: 3192 dólares. No entanto, a última década de crescimento económico bastante lento e as perspectivas (do FMI, mas também de outras entidades a nível nacional e internacional) de uma continuação desta tendência nos próximos anos, devido às limitações estruturais da economia, fazem com que Portugal possa vir a perder lugares face a outros países. O PIB per capita é um indicador muito usado para analisar a qualidade de vida de um país e tem a vantagem, face a um simples indicador do produto, de levar em conta as variações da população, que, por exemplo, têm colocado países como a Índia ou a China nos primeiros lugares do ranking das maiores economias do mundo. Segundo as previsões do FMI, 11 países ultrapassarão Portugal em 2015 em termos de valor total do PIB. São eles, por ordem decrescente, o Egipto, a Nigéria, a Malásia, a República Checa, a Roménia, Hong Kong, o Chile, Israel, a Irlanda, as Filipinas e Singapura. Neste ranking, liderado pelos EUA, China e Japão, Portugal passaria a ocupar o 48. º lugar, enquanto este ano ocupa o 37. º, de acordo também com as previsões do FMI para 2010. Daqui a cinco anos, o nosso PIB ascenderá a quase 250 mil milhões de dólares (195 mil milhões de euros), face aos 226 mil milhões de dólares (176 mil milhões de euros) deste ano. Para Portugal, a perda de posição é sobretudo preocupante em relação a um país em concreto: a República Checa. O país do Leste europeu tem praticamente a mesma população que Portugal, mas deverá crescer bem mais do que a economia nacional nos próximos anos. Depois de o PIB checo ter contraído 4, 3 no ano passado, as previsões do FMI apontam que cresça 1, 7 este ano, 2, 6 no próximo e 3, 5 por ano até 2015. Em Portugal, o cenário é outro. Depois de um recuo de 2, 7 por cento em 2009, o PIB nacional deverá crescer 0, 3 por cento este ano. Nos próximos dois anos, o crescimento permanecerá abaixo de um por cento e, entre 2013 e 2015, andará em torno de 1, 3 ou 1, 4 por cento. Em 2015, ano em que a República Checa ultrapassará Portugal, em valor de PIB per capita e de PIB real, o país do Leste europeu deverá ter já entrado ou estar prestes a entrar no euro, abolindo assim a última fronteira que lhe resta na Europa. À semelhança de outras nações do Leste, a República Checa tem sido responsável por boa parte da deslocalização do investimento directo estrangeiro de vários países europeus, entre os quais Portugal, que apresentam custos de mão-de-obra superiores. Situado no coração da Europa, o país tem atraído indústrias na área automóvel, metalúrgica, química, electrónica, têxtil e do vidro, posicionando-se como uma das economias mais desenvolvidas e industrializadas do antigo mundo comunista da Europa Central e de Leste. Apesar de ter sido bastante atingida pela quebra das exportações durante a crise mundial do último ano, a República Checa está a conseguir manter a balança de pagamentos corrente relativamente equilibrada. Segundo o FMI, o seu défice externo situar-se-á este ano em 1, 7 por cento do PIB, bastante abaixo do de Portugal, que deverá chegar os nove por cento.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA FMI
Vítor Bento: "Governo está a reagir de supetão para estancar uma hemorragia"
O economista Vítor Bento, presidente da Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), não encontra na proposta de Orçamento do Estado para 2011 medidas que ataquem o que considera ser o principal problema da economia: o crescimento. (...)

Vítor Bento: "Governo está a reagir de supetão para estancar uma hemorragia"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2010-10-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O economista Vítor Bento, presidente da Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), não encontra na proposta de Orçamento do Estado para 2011 medidas que ataquem o que considera ser o principal problema da economia: o crescimento.
TEXTO: Em vésperas de lançamento do livro em que identifica o "nó cego" da economia portuguesa, alerta para o empobrecimento real dos portugueses após duas décadas de transferência de riqueza dos sectores mais competitivos para os menos. Para si, o grande problema da economia dos últimos 20 anos está nos incentivos errados que favorecem os sectores não transaccionáveis (protegidos da concorrência internacional) em detrimento dos transaccionáveis e defende que é necessário aumentar a exportabilidade dos primeiros. Refere o turismo, a saúde, os cuidados à terceira idade. Portanto, os sectores já não são estanques. De quais falava exactamente quando escreveu este livro?A primeira grande dificuldade para essa identificação é estatística. O país não tem disponíveis séries adequadas para identificar as actividades que podem fazer parte do sector transaccionável e as que não podem. Nos serviços há muitas actividades que o podem ser ou são, mas não há dados. A agricultura e indústria são típicos transaccionáveis. Em cima disso, haverá o turismo e outros, mesmo serviços financeiros que podem ser transaccionáveis. Uma economia razoavelmente avançada no campo dos serviços e com algumas potencialidades associadas a essa actividade pode melhorar a situação aumentando a transaccionalidade desses mesmos serviços, ou seja, sujeitando-se ao mercado internacional, tornando-os exportáveis. Em bom rigor, isso nunca é tão transaccionável como a indústria. A indústria exporta o produto, enquanto o turismo concorre com destinos, mas aqui o efeito económico é o mesmo e acho que temos algumas potencialidades, criando até um cluster alargado do turismo com base na saúde. Temos um bom clima e o custo de vida é mais barato do que no centro da Europa, podemos exportar serviços e atrair estrangeiros para estas actividades. A terceira idade é outra. Podemos ser a Florida do Norte da Europa. Podemos replicar em parte o que a Florida fez para os EUA, que é atrair os reformados do resto do país para desfrutar do bom clima, acabando por ser uma forma de turismo mais permanente. Portanto considera mesmo como não transaccionáveis os serviços do Estado, a construção, energia, telecomunicações, empresas públicas e grandes empresas, que é o que tem maior peso na economia?Basicamente sim. No Estado, são os serviços públicos quase todos. Um sector onde pode haver parte de exportabilidade - como um todo nunca deixará de ser não transaccionável - é a educação. Dificilmente se consegue replicar integralmente um modelo, mas por que não ter um grande campus universitário que atraia gente de todo o mundo como fez a cidade de Boston? Claro que isto leva muitos anos a construir. É possível que a Fundação Champalimaud, com as actividades que vai desenvolver, se torne num centro de exportação de serviços. Estes são exemplos de que para aumentar a transaccionalidade da economia não é preciso apenas indústria. Esta é importante, mas temos de ter capacidade de ter actividades que sejam exportáveis ou que substituam importações e que possam ser sujeitas à concorrência internacional e ao seu factor de disciplina económica. Mas temos razões para ficar preocupados, mesmo quanto à solução. Se não temos indústria e nos podemos apoiar nos serviços, mas estes tradicionalmente são os menos transaccionáveis, o salto continua difícil. Tornámos a rentabilidade do sector não transaccionável excessivamente elevada por razões artificiais. Canalizámos os principais recursos da economia para lá - dizemos que não há investimento estrangeiro em Portugal, mas há e muito. Está é todo nesse sector. Quem são os accionistas da EDP, da PT, das grandes empresas na bolsa? Grande parte é investimento estrangeiro, que não foi para actividades onde pudessem trazer know-how e tecnologia e onde nos criassem uma base de produção interna internacionalmente concorrente. Tornámos esses sectores excessivamente atractivos em desfavor da indústria, como um todo, portanto o investimento e o talento deixou de ser atraído para os outros. É necessário reconstruir as condições de rentabilidade desse sector para voltar a ser uma base importante, mas não tem de ser único. Podemos, a partir de alguns serviços tradicionalmente não transaccionáveis, criar uma parte transaccionável sujeita à concorrência internacional. A Finlândia continua a ter um sector industrial significativo. A criatividade e inovação estão no sector industrial. A Finlândia há 20 anos estava falida, passou por uma crise tão grande ou maior que a que estamos a passar agora, mas regenerou-se. Havia outras condições. . . É verdade que tinha a seu favor a moeda, pôde desvalorizá-la e isso ajudou muito a criar as condições de arranque da economia. Não tenho nostalgia do escudo, mas devemos ter a noção que criámos uma prisão que fomos nós que a tecemos à nossa volta. Não é a moeda única que é uma prisão em si, mas a teia que tecemos à sua volta é que nos criou a prisão, porque não criámos a flexibilidade interna que a economia precisava para lidar com o grau de rigidez que ia ser introduzido no lado cambial. A internacionalização das grandes empresas, como a PT e a EDP, foi-nos vendida como uma coisa boa para a economia do país, mas afinal empobreceu-o. É isso? Do ponto de vista da gestão das empresas, a medida é inatacável e elas estão a fazer o mais acertado. Do ponto de vista macroeconómico isso é discutível, porque estamos a canalizar as rendas económicas do sector não transaccionável para investir no exterior, em vez de investir internamente no sector transaccionável. O problema resolve-se com uma política macroeconómica. O Estado é que tem de definir os incentivos e os instrumentos para que esta situação possa vir a ser revertida. Denuncia no seu livro o caminho de empobrecimento da economia portuguesa praticamente desde 1990. Com as medidas que surgiram no pacote de austeridade e agora com a proposta de OE, há sinais de mudança de rota?Não vão corrigir a rota, vão atacar pelo lado dos sintomas, vão tentar baixar a febre do doente, que é o descontrolo financeiro do Estado. São medidas decididas muito em cima da hora e do problema, de uma forma muito intempestiva sem fazer parte de um plano macroeconómico integrado para resolver os problemas da economia portuguesa como um todo - nomeadamente, não atacam o problema do crescimento. Precisamos de aumentar a competitividade. Não tendo moeda, podemos simular os efeitos de uma desvalorização. E uma das formas é baixar os custos laborais sem tocar nos salários, como fez a Alemanha e como a OCDE recomenda: é baixar as contribuições sociais das empresas em função do trabalho, compensando a receita do Estado com outros impostos, ou seja, seria reduzir a taxa social única e aumentar o IVA. Isto tem várias grandes vantagens. Como todas as exportações são produzidas internamente, se se baixasse a contribuição social, baixava-se também o custo das nossas exportações. É como se estivéssemos a subsidiar as exportações. Além disso, como todas as importações têm de pagar IVA, estariamos a aumentar os impostos a que estas estão sujeitas. É o equivalente a criar uma tarifa sobre as importações. Portanto estamos a favorecer o comércio externo a nosso favor. Mas como o Governo está a reagir de supetão para estancar uma hemorragia, aumenta o IVA sem contrapartidas e portanto vai fechar a porta para que esta operação se possa vir alguma vez a fazer, porque, como o IVA vai ficar no nível mais elevado de toda a zona euro, se torna difícil subi-lo ainda mais. Fechando esta porta, para o futuro, já só vai ficar aberta a porta da redução dos salários. Este é o momento para discutir esse plano?O Fórum para a Competitividade tem essa proposta em cima da mesa e vai apresentá-la, no dia 27, de forma mais pormenorizada. Só digo que se perde essa oportunidade e fica-se mais amarrado ao que temos para lidar com o problema da competitividade, pelo menos no curto prazo. A única forma de enriquecer uma economia é aumentando a produtividade. Sobre isso não temos dúvidas nenhumas. Mas aumentar a produtividade leva tempo e não se sabe quanto. Pelo contrário, baixar custos tem um efeito directo nos preços. Com os cortes salariais, o país vai voltar a assumir que é um país de salários baixos?Quando dizemos que os nossos salários são baixos ou elevados é em relação a quê? São baixos em relação aos alemães, mas elevados relativamente à China ou a um país africano. Não há um dado objectivo para medir. Na Alemanha são mais elevados e não têm quaisquer problemas em relação a isso, porque a produtividade é mais elevada. O que define o nível sustentável dos salários é o nível de produtividade da economia. E a verdade é que não temos um nível de produtividade que sustente o nosso nível salarial. É pena que seja assim, mas o que a evidência mostra é que com estes salários, os custos tornam-se não competitivos para a tecnologia que temos face a países que oferecem os mesmos produtos mas baseados em custos mais baixos. Ou progredimos na escala de valor - mas isso não acontece de um dia para o outro - ou temos de competir pela via da redução de custos, algo que é essencial para preservar emprego. Acabámos por transferir os incentivos oferecidos ao investimento para o sector marginalmente menos produtivo e, ao mesmo tempo, foi nesse sector que os salários mais subiram. Em simultâneo, criámos incentivos para uma maior subida de salários e para que a produtividade não subisse, sacrificando o sector transaccionável - este é o nó cego. Para sairmos dele, neste momento, o único caminho é baixar salários. E é o que deveríamos evitar a todo o custo. Há um ano e meio, escrevi sobre a possibilidade de redução de salários. Os que então me criticaram vão ter agora os seus salários reduzidos, porque praticamente todos trabalham no sector público, mas a suprema ironia nem é essa. É que vão baixar não para aumentar a competitividade da economia, mas apenas para pagar a fantasia de que o Estado a gastar muito é que faz a economia crescer.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA OCDE