Tanto é quase tudo
Foi reconfortante saber que há uma rede tentacular de vigilantes espalhados pelo território, posta de pé pelo Comité Contra as Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança da Guiné-Bissau e pela sua carismática líder Fatumata Djau Baldé. Claro que não há garantias de que a excisão tenha sido erradicada — mas foi retirada do espaço público e isso não é, de todo, irrelevante. (...)

Tanto é quase tudo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.2
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foi reconfortante saber que há uma rede tentacular de vigilantes espalhados pelo território, posta de pé pelo Comité Contra as Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança da Guiné-Bissau e pela sua carismática líder Fatumata Djau Baldé. Claro que não há garantias de que a excisão tenha sido erradicada — mas foi retirada do espaço público e isso não é, de todo, irrelevante.
TEXTO: Não mudou tudo, mas mudou tanto. E tanto é muito mais do que um princípio, é quase tudo quando se fala de um tema tão complexo como a mutilação genital feminina, prática que há séculos viola os direitos humanos de milhões de meninas e raparigas pelo mundo fora. Não visitei a Guiné-Bissau durante quase dez anos e a última vez foi uma deslocação relâmpago para acompanhar o na altura ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira, para este jornal onde agora escrevo, mas no qual já não trabalho. Em equipa com o fotojornalista Daniel Rocha, só tivemos tempo, e pouco, para ir registar os danos que um surto de cólera estava a provocar no hospital central de Bissau. Na verdade, o meu trabalho aprofundado sobre mutilação genital feminina na Guiné-Bissau remonta a 2002, altura em que comecei a escrever sobre o tema para o PÚBLICO. A primeira investigação é publicada a 4 de Agosto, sobre a situação em Portugal, após três meses intensos de leitura, pesquisa, entrevistas, reportagem, dúvidas e mais dúvidas. Um privilégio a que me dediquei fora das horas regulares de trabalho, mas que foi recebido com honras de primeira página e umas raras oito páginas de diário. Escrevi tudo o que achei importante, sem constrangimentos de espaço, como voltaria a acontecer uma e outra vez. Como acontece agora — e por isso agradeço ao PÚBLICO, onde cresci como jornalista durante dez anos. Só em Novembro de 2003 pousei em chão guineense pela primeira vez — e nunca mais encontrei cor ou cheiro como aquele. Desde então, escrevi tanto sobre a mutilação genital feminina que o PÚBLICO decidiu editar um livro, em 2006 — edição esgotada e sem cópias sobrantes. Nessa mesma altura, a Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP) organizou e financiou o lançamento do livro na Guiné-Bissau. Menciono isto porque é esta mesma organização que agora nos permitiu, através de uma bolsa, fazer o trabalho plasmado nestas páginas. E porque acho que nada é por acaso. Num assunto como este, isto significa comprometimento. E não é pouco, porque todos sabemos que, no que à mutilação genital diz respeito, o que conseguirmos hoje pode ser revertido amanhã, que tudo muda muito lentamente, que ainda há tantas meninas por salvar. Foi, por isso, reconfortante saber que há uma rede tentacular de vigilantes espalhados pelo território, posta de pé pelo Comité Contra as Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança da Guiné-Bissau e pela sua carismática e respeitada líder Fatumata Djau Baldé. Claro que não há garantias de que a prática tenha sido, efectivamente, erradicada — mas foi retirada do espaço público e isso não é, de todo, irrelevante. Em 2003, quando fui à Guiné pela primeira vez, assisti ao fim de um fanado — nome dado ao ritual de iniciação, neste caso uma cerimónia alternativa, sem corte de genitais mas mantendo tudo o resto, que era financiada no âmbito de um projecto coordenado por Paula da Costa, a minha primeira anfitriã na Guiné-Bissau e profunda conhecedora do tema. Lembro-me bem da saída das fanadozinhos (meninas e jovens iniciadas), olhos no chão, cabeças baixas, encostadas umas às outras, no trilho do comboio para a idade adulta. Lembro-me de a comunidade as receber em festa, em contraste com o medo que traziam inscrito no rosto. Era um cerimonial efusivo, no qual as comunidades respectivas se envolviam activamente, e tolerado como costume pelos não praticantes. Fazia parte da cultura guineense e não havia muito quem o questionasse. Essa cobertura foi-lhe retirada. Já não se ouve como justificação que sempre se fez assim e que qualquer alteração seria uma ofensa à memória dos antepassados. Outra boa surpresa deste regresso à Guiné foi a descoberta de que o tema da excisão já não é tabu. Pode parecer insignificante, mas é muito mais difícil acabar com aquilo de que ninguém fala. Lembro-me de me virarem a cara quando fiz perguntas sobre o tema, em 2003. Não voltou a acontecer agora. As próprias mulheres guineenses são agora muito mais empoderadas, capacitadas e assertivas. Querem dar a sua opinião sobre o assunto — e sabem do que falam. Querem porque vivem com as consequências do que lhes fizeram; querem porque estão esclarecidas sobre os danos da prática — para si próprias, para as suas filhas, para as comunidades, para todo o país. Agora, há outros desafios. Tivemos a sensação de que a prática passou à clandestinidade e, num território onde a denúncia não é bem vista, isso pode colocar obstáculos à acção. Mas também é verdade que as casas das tabancas são viradas umas para as outras e que é difícil ocultar uma coisa destas — só se os vizinhos escolherem não ver. Ora, o ritual do fanado perdeu a dimensão social e cultural que lhe estava atribuída, as fanatecas perderam o estatuto que tinham e viram-se forçadas, algumas com dificuldades, a reconverterem-se profissionalmente. Sabemos que não são poucos os exemplos de países que adoptaram leis apenas no papel, que não são aplicadas na prática. Não se pode dizer que seja esse o caso da Guiné — onde dez casos já foram julgados —, mas também não se pode dizer que a justiça está a fazer tudo o que deve, nomeadamente perante as sentenças pouco exemplares que tem aplicado. A excessiva proximidade entre as autoridades e as comunidades também tem dificultado uma intervenção mais musculada. Afinal, na Guiné toda a gente se conhece e não raramente são até da mesma família. Também os políticos mantêm o silêncio, na generalidade abstendo-se de comentarem o assunto e mais ainda de combaterem activamente a prática. Todos os votos contam e acreditam — provavelmente com razão — que perderão uns quantos se se referirem a um assunto considerado “privado”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por tudo isto, é de louvar o esforço continuado e persistente das organizações da sociedade civil guineense, que nunca abandonaram o assunto. É que agora podem reclamar vitória. Não total, mas sem dúvida uma vitória. Prefiro sempre ver o copo meio cheio do que meio vazio. Muita coisa já mudou. Vamos lá mudar o resto. Nô pintcha, Guiné-Bissau! Nô sta djuntu!P. s. : Deixo aqui um agradecimento ao meu camarada Mussá Baldé, com quem tive o privilégio de fazer este trabalho, numa experiência de aprendizagem mútua, rara entre dois continentes tão próximos e tão distantes. As nossas muitas e saudáveis diferenças nunca nos desviaram da rota traçada: perguntar, perguntar e perguntar — para tentar perceber e fazer o mais abrangente retrato possível de um tema complexo. Sem preconceitos, mas também sem falsas neutralidades. O jornalismo deve testemunhar, sem abdicar de denunciar as violações de direitos humanos, ao serviço da transformação social.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos cultura mulher comunidade social criança medo mulheres feminina
Tribunal espanhol confirma nove anos de prisão para La Manada
O Tribunal Superior continua a considerar que se tratou de assédio. Pelo menos dois magistrados discordaram de decisão, por considerarem que se tratou de agressão sexual (ou violação). (...)

Tribunal espanhol confirma nove anos de prisão para La Manada
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Tribunal Superior continua a considerar que se tratou de assédio. Pelo menos dois magistrados discordaram de decisão, por considerarem que se tratou de agressão sexual (ou violação).
TEXTO: O Tribunal Superior de Navarra confirmou nesta quarta-feira a condenação do grupo de cinco homens auto-intitulado La Manada a nove anos de prisão pelo crime de abuso sexual de uma rapariga de 18 anos, durante as festas de San Fermín, em 2016, reafirmando a pena conhecida em Abril. Pelo menos dois juízes votaram contra a decisão do tribunal. A maioria dos juízes do Tribunal Superior de Navarra deu razão à decisão do tribunal provincial e concluíram que, apesar de não ter havido consentimento, também não houve intimidação. Os juízes acreditam que não é “verosímil” que a vítima, uma jovem de Madrid, “tenha consentido os maus-tratos e o vexame, a atmosfera opressiva e a prevalência do grupo em que se desenvolve a acção criminosa”. Mas consideram que “é duvidosa a ocorrência de intimidação, necessária para qualificar aquelas acções como agressão sexual ou violação”, lê-se no documento tornado público pelo Tribunal Superior. De entre os cinco juízes, dois discordam da decisão. Joaquín Galve e Miguel Ángel consideram que não se trata de assédio, mas sim de agressão sexual, por entenderem que “houve intimidação”, lê-se no mesmo documento. Os dois magistrados entendem que os homens de La Manada “fizeram uma emboscada à vítima” da qual era “praticamente nula a possibilidade de fugir ou escapar”. Estes dois magistrados pedem uma pena de prisão de 14 anos, três meses e um dia para os cinco acusados. Há ainda outro recurso, apresentado pela vítima, que não foi julgado por este tribunal e que pode representar uma nova sentença para estes homens: o facto de terem gravado a jovem enquanto a obrigavam a manter relações sexuais com eles. Tal pode constituir uma ofensa contra a intimidade e, se forem considerados culpados pelo tribunal provincial (responsável por reavaliar se constitui delito ou não), a pena ainda lhes pode ser aumentada. De acordo com o Código Penal espanhol, a diferença entre abuso sexual e violação assenta na existência (ou não) do recurso à violência e intimidação. Caso exista intimidação ou violência, a pena atribuída é de um a cinco anos de prisão. Já se não existir violência a pena oscila entre um a três anos de prisão. A esta definição soma-se o agravamento da pena caso exista penetração (vaginal, anal ou oral), quer com o corpo ou através de objectos. Neste caso, a pena poderá chegar aos 15 anos. Diz ainda a lei espanhola que a intimidação acontece caso exista uma “ameaça concreta de um mal se a vítima não concordar em participar numa determinada acção sexual”. Ora, os criminosos foram julgados com base no artigo 181. 3 do Código Penal espanhol, que pune os crimes sexuais cometidos com base no consentimento “obtido através de uma situação de manifesta superioridade que corta a liberdade da vítima”. O Ministério Público está a avaliar se, na sequência desta decisão — que ainda está dependente de recurso — se pode suspender a liberdade condicional dos membros do La Manada. Esta entidade, assim como o governo de Navarra e os advogados de defesa de La Manada já anunciaram que iam recorrer da decisão tornada pública nesta quarta-feira. Os cinco membros do La Manada, o grupo que abusou sexualmente de uma rapariga nas festas de San Fermín, em Pamplona, estiveram detidos durante dois anos, mas foram libertados em Junho deste ano, depois de terem pago uma fiança de 6000 euros cada um. A condenação por abuso sexual e não por violação gerou uma onda de indignação em Espanha. Também a decisão de os libertar levou milhares de espanhóis às ruas, em protesto. Vários líderes políticos manifestaram-se sobre a decisão, entre eles, Pedro Sanchéz, à época na oposição, que escreveu no Twitter: “Ela disse NÃO. Acreditámos em ti e continuamos a acreditar. Se o que fez #LaManada não foi violação em grupo contra uma mulher indefesa o que entendemos então por violação?”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Junho, os cinco homens ficaram obrigados a apresentar-se às autoridades às segundas, quartas e sextas-feiras, proibidos de entrar na comunidade de Madrid (onde mora a vítima), de comunicar com ela, de sair de Espanha sem autorização judicial e os seus passaportes foram apreendidos. Actualmente apenas quatro membros continuam em liberdade, visto que um deles, Ángel Boza, 26 anos, foi preso novamente por ter roubado um par de óculos de sol no valor de 200 euros num centro comercial em Sevilha.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens lei violência tribunal mulher prisão comunidade violação sexual maus-tratos corpo rapariga abuso assédio
CP tem comboios abandonados que podiam evitar crise na ferrovia
Dezenas de locomotivas e carruagens estão encostadas no Entroncamento e no Barreiro. Empresa nunca lhes fez uma manutenção mínima para serem reserva estratégica. Alugueres a Espanha e supressões em todo o país teriam sido desnecessários. (...)

CP tem comboios abandonados que podiam evitar crise na ferrovia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Dezenas de locomotivas e carruagens estão encostadas no Entroncamento e no Barreiro. Empresa nunca lhes fez uma manutenção mínima para serem reserva estratégica. Alugueres a Espanha e supressões em todo o país teriam sido desnecessários.
TEXTO: A CP já tem 20 automotoras a diesel alugadas a Espanha (pelas quais paga 7 milhões de euros por ano) e prevê alugar mais quatro (por mais 1, 4 milhões de euros anuais), bem como comboios eléctricos de longo curso. Mas nas suas instalações a empresa tem encostadas locomotivas e carruagens que poderiam ser postas ao serviço e evitar esse aluguer, caso tivessem sido alvo de uma manutenção mínima. O caso mais flagrante é o de 20 locomotivas Alstom que estão parqueadas ao ar livre no Entroncamento, inicialmente com o objectivo de serem reserva estratégica para a CP, mas que nunca foram alvo de qualquer manutenção. Mais: nem sequer foram ligadas periodicamente, o que aumentou rapidamente o seu grau de obsolescência. Um engenheiro ferroviário, que foi nos anos 90 director de material da CP, explicou ao PÚBLICO, sob anonimato, os riscos associados a esta situação. “A imobilização prolongada no exterior provoca a degradação do isolamento do equipamento eléctrico, em particular dos motores de tracção. Na parte mecânica os principais danos estão relacionados com a corrosão devida à condensação da humidade durante os ciclos de variação da temperatura ambiente. Este fenómeno afecta também os rolamentos porque associado à imobilidade provoca a ruptura da película lubrificante causando danos irreversíveis nas pistas”. Foi muito tempo a depender de muito pouco. Bastaria ligar as locomotivas periodicamente e pô-las a fazer uma rotação de vez em quando para que elas se mantivessem hoje operacionais sem necessidade de reparações que, a serem executadas, serão dispendiosas. Aliás, a prática de colocar material mais antigo ao serviço para evitar a sua obsolescência é frequente em praticamente todas os operadores ferroviários, com destaque para os suíços, franceses e alemães. >>> Leia o especial A Ver Passar Comboios <<<Além das locomotivas, a CP tem também encostadas algumas dezenas de carruagens Sorefame que durante décadas fizeram parte da geografia ferroviária portuguesa. Construído na Amadora entre 1961 e 1975, este material circulou em todo o território nacional e algum foi até modernizado e dotado de ar condicionado para integrar a frota dos actuais Intercidades. Em 2016 a CP fez movimentar 25 destas carruagens do Entroncamento para Contumil (Porto) a fim de as renovar e pô-las ao serviço nos Intercidades, mas o projecto nunca avançou. A falta de pessoal na EMEF, que já na altura se fazia sentir, terá sido uma das razões. Em consequência a CP terá agora de alugar a Espanha comboios eléctricos para o longo curso. A empresa detém também algumas locomotivas a diesel da série 1400 que, rebocando uma ou duas carruagens, poderiam efectuar alguns serviços regionais em linhas onde constantemente estão a ser suprimidos comboios (Oeste, Alentejo e Algarve). Mas a empresa não o faz alegando que as carruagens não têm ar condicionado e que os custos de exploração são mais elevados porque estas locomotivas precisam de um segundo agente a acompanhar o maquinista. E porque implicam custos de manobra para reverter a locomotiva nas estações terminus. A CP, porém, nunca fez um inquérito aos seus clientes sobre se preferem ter um comboio sem ar condicionado ou ficar em terra sem transporte. A sua opção, nesse aspecto, é clara: prefere suprimir comboios em vez de assegurar a sua oferta regular com custos mais elevados. A AMT (Autoridade da Mobilidade dos Transportes), que é o organismo regulador, ainda não se pronunciou pelo facto de a empresa ter vindo, desde Janeiro de 2017, a suprimir comboios praticamente todos os dias por falta de material circulante. António Brancanes, da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos-de-Ferro, em cujas fileiras se encontram verdadeiros especialistas na ferrovia, também é de opinião que mais vale voltar a pôr a circular nos carris material que tinha sido retirado do serviço, do que permitir supressões todos os dias por as automotoras existentes estarem envelhecidas e não aguentarem mais quilómetros. “Não é a solução ideal e as 1400 e carruagens Sorefame poderiam apenas constituir um reforço às automotoras que estão em fim de vida útil, mas é a que configura mais respeito pelos clientes que hão-de preferir um comboio velho a não ter comboio”, disse ao PÚBLICO. “Afinal é o serviço público que está em causa”, concluiu. Em sintonia está Rui Raposo, da Comissão de Defesa da Linha do Oeste, que defende também a utilização de locomotivas 1400 e carruagens na linha que liga Lisboa a Caldas da Rainha e Coimbra. “Essa possibilidade iria resolver, pelo menos provisoriamente, o problema das supressões. Qualquer dia não há comboios na linha do Oeste”, frisou em declarações ao PÚBLICO. A CP possui ainda material eléctrico parqueado em Campolide e Algueirão que está em estado de semi-abandono e que, se estivesse operacional, reduziria os riscos de supressão de serviços por avaria, como já tem acontecido na linha de Sintra. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O ex-director de material da CP alerta que algumas estão a ser canibalizadas, isto é, utilizadas como reserva de peças sobressalentes, tornando-se assim inúteis para o serviço. Em sua opinião, corre-se o risco de, quando as linhas forem electrificadas, não haver material de tracção eléctrica para nelas circularem. Atento às questões da manutenção, este especialista diz que não entende por que motivo a electrificação da linha do Algarve não é prioritária (é um dos últimos investimentos previstos no Ferrovia 2020). “Se se electrificassem as ‘pontas” da linha do Algarve, podia-se retirar de lá o material a diesel e ter a tracção eléctrica uniformizada em praticamente todo o sul do país”, diz. O PÚBLICO fez várias perguntas à CP relacionadas com o material circulante encostado e a sua possível utilização, mas não obteve resposta em tempo útil.
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Partidos LIVRE
Serão poucas as mães que nunca desejaram que "os filhos tivessem um botão de desligar"
Parir? "Se os homens tivessem que passar por isto, há muito que a humanidade se teria extinguido", diz Carmen Garcia, enfermeira alentejana que escreveu um livro em que fala abertamente sobre o lado menos romântico da maternidade. (...)

Serão poucas as mães que nunca desejaram que "os filhos tivessem um botão de desligar"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento -0.2
DATA: 2018-11-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Parir? "Se os homens tivessem que passar por isto, há muito que a humanidade se teria extinguido", diz Carmen Garcia, enfermeira alentejana que escreveu um livro em que fala abertamente sobre o lado menos romântico da maternidade.
TEXTO: Cansada da “visão cor-de-rosa da maternidade” que predomina nas redes sociais, uma enfermeira com dois filhos pequenos aventurou-se, no início deste ano, a criar um blogue e uma página no Facebook em forma de desabafo, com uma grande dose de humor e num tom provocador. O blogue e a página foram conquistando seguidores e acabaram por desaguar no livro Os 10 Mandamentos de Uma Mãe Imperfeita (Ego), que Carmen Garcia lançou ontem. Nele, admite, sem pruridos, que não gostou de estar grávida, que tem muitas saudades de tomar um banho demorado, e que não se encheu “de um amor infinito mal viu” o primeiro filho após o parto. Enfermeira de cuidados intensivos no Hospital de Évora, Carmen, 32 anos, ousou avançar por este terreno minado durante a gravidez de risco do segundo filho, quando começou a enjoar, digamos assim, a visão romantizada da maternidade que abunda nas redes sociais. “É que para onde quer que olhasse as mães tinham sempre um cabelo saudável, um bronzeado natural, viviam em casas decoradas por profissionais e passeavam pelo mundo com filhos vestidos a condizer. E eu, grávida do segundo filho no espaço de um ano e meio, sentia-me permanentemente cansada, não vestia outra coisa que não leggings com camisolas velhas, vivia numa casa sem um único cortinado e Armação de Pêra tinha sido o meu destino de férias mais tropical dos últimos tempos”, escreve. Decidida a assumir frontalmente que “a maternidade também tem um lado negro”, ainda pensou no início que o blogue A Mãe Imperfeita iria funcionar como uma espécie de terapia e se limitaria a ser lido “pelo marido e pelas irmãs”. Surpreendentemente para ela, foi conquistando muitas mulheres. São agora “mais de vinte mil mães imperfeitas, mulheres que amam incondicionalmente os filhos, mas que não têm medo de dizer que ser mãe é uma tarefa hercúlea, que assumem que às vezes têm saudades da vida pré-maternidade e que aprenderam a viver com mais dúvidas do que certezas”, sintetiza. A enfermeira está longe de ser a primeira mãe a desvendar em público o lado mais sombrio da maternidade. Nos últimos anos têm-se multiplicado blogues e páginas no Facebook deste tipo, como o Ser Supermãe É Uma Treta, só para dar um exemplo (porque haverá muitos outros). E, em matéria de livros, várias mulheres já se aventuraram antes neste domínio. Como Filipa Fonseca Silva que também começou a falar da experiência da maternidade tal como ela é, sem filtros, num blogue e, há três anos, publicou o livro Coisas Que Uma Mãe Descobre (e de Que Ninguém Fala), editado pela Bertrand, que desencadeou alguma polémica. Também Sofia Anjos, que foi colunista da secção Life&Style do PÚBLICO, escreveu em 2015 um livro sobre o tema, o Difícil É Parir a Mãe. Sofia tinha desencadeado a fúria de algumas mulheres, como recordou na altura ao Observador, quando assinou uma crónica intitulada “As mães não se medem às mamadas”. É que, no reino das mães, a amamentação é um tema extremamente delicado. Carmen Garcia não poupa as mulheres que agrupa na “brigada das mamas” para lamentar a espécie de bullying que algumas mães que se imaginam perfeitas fazem às mães que se reconhecem muito imperfeitas e que amamentam durante poucos meses. “Os próprios pediatras não são fundamentalistas ao ponto de insistirem na amamentação quando esta já é um problema”, acentua. “Fuja dos fundamentalismos” é, justamente, um dos “dez mandamentos” da obra inaugural da enfermeira. Exagero? Carmen desafia os leitores a visitar meia dúzia de grupos de Facebook de mães que, “em termos de terrorismo psicológico e técnicas intimidatórias, conseguem fazer tremer de inveja a rapaziada do Estado islâmico”. Em tempos, recorda, atreveu-se a confessar que por vezes dava ao filho mais velho papa instantânea. “Fui encostada às cordas por uma brigada de fanáticas. ” E uma delas atirou-lhe: “Depois não se venha queixar para as redes sociais que o seu filho é diabético!”A vida de mãe não tem sido fácil, admite. “Quando engravidamos, vamos um bocado iludidas, ao engano. ” “[Mesmo] tentando sempre descomplicar, tenho chorado muitas vezes desde que o mais velho nasceu, [porque] me sinto cansada, porque estou farta, porque tenho demasiado sono. . . ”, explica. “Estive e continuo a estar a milhas de distância do ar tranquilo e sapiente que ostentam as mães do Ruca desta vida”, suspira. Antes de engravidar, também ela era, confessa, “toda cheia de certezas”. “Que filhos meus não haviam de ser largados em frente à televisão, que filhos meus não fariam aquelas birras de se atirarem para o chão enquanto gritavam e puxavam os cabelos, que filhos meus teriam hora certa para adormecer todos os dias. . . ”Se antes era “cheia de teorias sobre pedagogia e psicologia infantil”, hoje é “pelo que funciona”, remata a enfermeira, que admite que “leva o tablet para os restaurantes para o puto estar entretido” e poder “comer em paz e sossego”. “Devem existir muito poucas mães que nunca tenham desejado que os filhos tivessem um botão de desligar”, atira. Com muita polémica à mistura, o silêncio que tradicionalmente imperava sobre o “lado b” da maternidade acabou há algum tempo e cada vez são mais as mulheres que dão a cara e se expõem em público. Em Espanha, um blogue popular é o Club de Malasmadres, um espaço de desabafo para muitas mulheres que podem queixar-se ali da dificuldade de conciliar a maternidade e a carreira profissional sem falhar em qualquer uma das frentes. São, como as próprias se definem, uma comunidade emocional de mães com poucas horas de sono, alérgicas a lamechices e empenhadas em destruir o mito da mãe perfeita. “A vida é melhor com filhos. Agora, não me venham dizer que fica tudo melhor depois”, sintetiza Carmen, que ainda não regressou ao trabalho — o filho mais pequeno tem três meses —, mas já se cansou de estar permanentemente “em privação de sono”, de ter de sair à rua com “um cabelo sem corte” e de há quase dois anos não tomar “o pequeno-almoço sentada”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quanto aos mandamentos que prega no livro, começa por propor que se “discorde da expressão ‘estado de graça’” com que a gravidez costuma ser baptizada. A gravidez? Foi “um mal necessário”, diz. “Sentia-me cansada por causa da anemia, estive nauseada do primeiro ao último dia (. . . ), as hormonas queimaram-me os circuitos, os odores corporais intensificaram-se, tive ciática e diabetes gestacional. ”Parir? “Se os homens tivessem que passar por isto, há muito que a humanidade se teria extinguido”, resmunga. Mesmo sendo um “acto de amor gigantesco”, parir é difícil e “não tem nada de purpurinas, corações ou unicórnios”, resume a enfermeira, cujo primeiro parto foi muito doloroso e complicado — de tal forma que o filho acabou por ficar surdo. Agora, faz aquilo que gostava que tivessem feito com ela, antes de ficar grávida. Teria apreciado que a tivessem avisado para aquilo que realmente se ia passar a seguir. “Esqueçam o romance”, durmam tudo o que puderem na fase final da gravidez, chorem quanto tiverem vontade e sobretudo “peçam ajuda”, propõe. A “supermulher”, lembra, “é uma personagem de banda desenhada que está longe de existir na vida real”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens filho ajuda negro comunidade medo espécie mulheres infantil
Acórdão que desvaloriza violação é assinado por presidente do sindicato dos juízes
Para o presidente do Observatório Nacional de Violência e Género, o acórdão da Relação do Porto poderá violar a lei. A penalista Teresa Pizarro Beleza, considera que este acórdão "parece revelar mais uma vez uma estranha insensibilidade em matéria de graves atentados contra a liberdade pessoal". (...)

Acórdão que desvaloriza violação é assinado por presidente do sindicato dos juízes
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para o presidente do Observatório Nacional de Violência e Género, o acórdão da Relação do Porto poderá violar a lei. A penalista Teresa Pizarro Beleza, considera que este acórdão "parece revelar mais uma vez uma estranha insensibilidade em matéria de graves atentados contra a liberdade pessoal".
TEXTO: Uma mulher de 26 anos foi violada por dois homens quando se encontrava desmaiada na casa de banho de uma discoteca. Os violadores foram o barman e o porteiro da mesma discoteca. Os factos, ocorridos em Novembro de 2016 em Vila Nova de Gaia, foram dados como provados pela justiça, mas os criminosos ficaram em liberdade com pena suspensa, uma sentença confirmada pelo Tribunal da Relação do Porto, que considerou que “a ilicitude [praticada] não é elevada”, uma vez que “não há danos físicos [ou são diminutos] nem violência”. O acórdão foi assinado por dois magistrados. E um deles é o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, Manuel Ramos Soares. “Enquanto presidente não fez qualquer acórdão. Quem o assinou, e concordou com o seu teor, foi o juiz Manuel Soares, que por acaso é presidente da associação sindical. ” A afirmação é da secretária-geral da mesma associação, Carla Oliveira, a quem o juiz Manuel Soares delegou a tarefa de falar com o PÚBLICO. Esta magistrada ressalva que não leu o acórdão em causa, que só sabe dele o que foi reproduzido pela imprensa, mas não tem dúvidas de que se tratou de “uma decisão jurídica acertada”, já que a sentença se pronunciou pela manutenção da pena suspensa decidida antes pelo tribunal da primeira instância, sendo esta a única matéria que estava em causa, insiste. “Até cinco anos de prisão [os violadores foram condenados a quatro anos e meio] a pena pode ser sempre suspensa, independentemente do crime praticado”, explicita. Quanto aos pressupostos em que a Relação do Porto baseou esta sua decisão, Carla Oliveira é também peremptória: “Não vi nada que me chocasse. ” Afirma também que não lhe parece existir ali “uma desvalorização” do crime praticado. Para além de considerar que a ilicitude do que foi feito “não é elevada”, o acórdão defende que “a culpa dos arguidos situa-se na mediania, ao fim de uma noite com muita bebida alcoólica, ambiente de sedução mútua, ocasionalidade na prática dos factos”. Numa nota enviada ao PÚBLICO ao início da madrugada deste sábado, mas com a data de sexta-feira, a ASJP repete alguns dos argumentos de Carla Oliveira e acrescenta: "Não é verdade que o tribunal tivesse considerado que o crime de abusos sexual de pessoa incapaz de resistência ocorreu num ambiente de sedução mútua; essa qualificação refere-se ao contexto que antecedeu a prática dos crimes e que foi tida como relevante para a determinação da pena. "A nota refere ainda que "os tribunais não têm agendas políticas ou sociais nem decidem em função das expectativas ou para agradar a associações militantes de causas, sejam elas quais forem; a agenda dos tribunais é a aplicação das normas e princípios legais e a justiça do caso concreto". A professora catedrática de Direito Penal da Universidade Nova de Lisboa Teresa Pizarro Beleza já tinha lido o acórdão quando foi abordada pelo PÚBLICO. Diz que “este parece revelar mais uma vez uma estranha insensibilidade em matéria de graves atentados contra a liberdade pessoal, em especial na esfera sexual”. “Neste caso, seria evidente que o estado de inconsciência convertesse em abuso grave tudo o que acontece, por impossibilidade de ser manifestada uma vontade real por parte da vítima”, frisa. O sociólogo Manuel Lisboa, presidente do Observatório Nacional de Violência e Género, ressalva que não conhece o caso em pormenor, mas não deixa de apontar que o acórdão “pode ferir as convenções internacionais de direitos humanos e também a Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres, de que Portugal é signatário”. Ou seja, especificou, “poderá estar em causa uma clara violação da lei”. Na sequência de outro acórdão polémico da Relação do Porto, em que o suposto adultério de uma mulher era apontado como atenuante para as agressões de que foi vítima, o Conselho Superior de Magistratura decidiu instaurar um processo disciplinar aos dois juízes que o subscreveram, Neto Moura e Luísa Arantes, que ainda está em curso. O psicólogo e dirigente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), Daniel Cotrim, alerta que a decisão de manter a pena suspensa transmite um sinal que pode ser “perigoso”. “Existem vários estudos que mostram que há uma tendência para a repetição destes fenómenos precisamente porque do ponto de vista judicial se registou um tratamento benigno”, explica Cotrim. Considera também que mais uma vez a justiça portuguesa “encontra uma série de atenuantes para o que devia ser considerado um crime grave” e que isso acontece sobretudo porque “a vítima é uma mulher”. E ao contrário do que se pressupõe no acórdão em causa, afirma que as marcas de uma violação “podem subsistir para sempre”, o que ainda será mais provável neste caso porque não lhe foi garantido acompanhamento desde o início: “O estatuto de vítima especialmente vulnerável foi ignorado pelo tribunal que inicialmente julgou o caso, quando é à magistratura que compete a sua aplicação. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Teresa Pizarro Beleza refere que já ensinou o tema “crimes sexuais” em vários sítios e que constatou, nesta experiência, que “é difícil fazer compreender a muita gente o que está em causa, nestes 'incidentes', dada a dimensão de desequilíbrios de poder no contexto das relações de género”. A penalista defende que “é essencial que as universidades e o Centro de Estudos Judiciários, que forma os nossos magistrados, desenvolvam formação e investigação nesta área”. O que por si só não resolverá o problema, porque “o mais relevante, e mais difícil, é conseguir uma alteração radical na percepção social destes assuntos”. "São milénios de tradição de submissão e desigualdade que pesam sobre nós” e não é “fácil mudar formas de ver que tanto nos condicionam, quantas vezes de forma inconsciente”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime direitos homens lei humanos violência tribunal mulher prisão social violação género sexual mulheres abuso adultério
Na Linha do Oeste, a CP já é conhecida por “Camionetas de Portugal”
Nem sempre a empresa substitui comboios por autocarros e muitas vezes os passageiros ficam em terra sem qualquer informação. (...)

Na Linha do Oeste, a CP já é conhecida por “Camionetas de Portugal”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nem sempre a empresa substitui comboios por autocarros e muitas vezes os passageiros ficam em terra sem qualquer informação.
TEXTO: Na região do Oeste, a CP já começa a ser conhecida por “Camionetas de Portugal”, tal é a quantidade de vezes que a empresa recorre ao transporte rodoviário alternativo por não ter material circulante para assegurar o serviço. Entre 20 e 28 de Junho a transportadora pública suprimiu 56 comboios na Linha do Oeste, o que dá uma média de seis por dia. Um valor que tem sido relativamente constante no mês de Junho. “Antigamente, um comboio suprimido dava direito a um inquérito e ao apuramento de responsabilidades. Agora é uma coisa rotineira”. O desabafo é de um ferroviário que se vê confrontado com os protestos dos passageiros perante as constantes supressões e respectivos atrasos porque todo o serviço fica desregulado e os atrasos atingem frequentemente as duas horas. Com o início da época balnear, os transtornos causados são maiores, sobretudo entre Caldas da Rainha e S. Martinho do Porto. A viagem de comboio entre estas duas estações demora apenas sete minutos, ficando os passageiros a escassos 50 metros da praia. De automóvel demora-se 25 minutos, mas os autocarros alternativos demoram mais de meia hora e circulam sistematicamente atrasados. Pior, porém, é quando os clientes da CP não têm comboio. . . nem autocarro. Foi o que aconteceu a 8 de Junho com uma professora e uma turma de alunos da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, das Caldas da Rainha, que foram fazer uma actividade de campo a S. Martinho. Compraram bilhete de ida e volta, mas em vez de comboio foram de autocarro porque aquele tinha sido suprimido. O pior foi no regresso: o comboio das 18h56 não apareceu, nem nenhum autocarro. A estação não tinha pessoal, e o call center tinha uma gravação a dizer para mandarem um e-mail. Resultado: alunos e professora foram resgatados pelos encarregados de educação que se mobilizaram para irem buscar o grupo abandonado pela CP. Histórias como estas sucedem-se. Creches e escolas costumam organizar passeios à praia com as crianças, mas chegam à estação das Caldas da Rainha e não há comboio. E também já aconteceu grupos de crianças ficarem retidas três horas na estação das Caldas por não haver ligações devido às supressões. A empresa, entretanto, recusa vender bilhetes para grupos, assumindo que não consegue assegurar a sua oferta regular. E porquê? Porque não tem automotoras. As poucas que tem são tão velhas que avariam frequentemente e vão para as oficinas. Estas, por sua vez, por não terem pessoal, não conseguem repará-las. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fonte oficial da empresa disse ao PÚBLICO que em breve 20% a 25% da frota diesel da CP deverá ficar imobilizada devido à falta de capacidade da EMEF (empresa de manutenção de equipamento ferroviário) em dar resposta. Daí que o problema afecte também as linhas do Alentejo e do Algarve, onde são habituais as supressões. O problema, contudo, era previsível. Desde Janeiro de 2017 que a CP começou a suprimir comboios na Linha do Oeste, sem nunca ter criado uma alternativa. A única “solução” foi a de reduzir a oferta de comboios, incluindo o fim das ligações directas para Coimbra, a partir deste Verão, mas a tutela não concordou e, para já, os horários mantêm-se (apesar de nunca cumpridos). Até ao fim do ano passado, a CP fornecia dados sobre o número de supressões e montante gasto em aluguer de autocarros, mas recentemente deixou de fornecer ao PÚBLICO essas informações. Também não respondeu às perguntas sobre como tenciona resolver o problema.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola campo educação rainha
Gravidez: permitem-me não gostar dela?
Bárbara e Joana não gostaram de estar grávidas. Então, sentiram que não podiam falar sobre o tema. Este domingo assinala-se o Dia da Mãe. (...)

Gravidez: permitem-me não gostar dela?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Bárbara e Joana não gostaram de estar grávidas. Então, sentiram que não podiam falar sobre o tema. Este domingo assinala-se o Dia da Mãe.
TEXTO: Quando descobriu que estava grávida, Bárbara Oliveira, vendedora de loja, hoje com 33 anos e mãe de uma menina de 4 anos, ficou surpreendida. Não estava à espera, mas aceitou a surpresa. No entanto, não foi um período bom na sua vida, confessa. Joana Marques, 30 anos, passou mal durante a gravidez e o parto também não foi fácil. Não são casos únicos. Em Portugal, 13% das mulheres afirma que a maternidade não foi o que esperavam. Contudo, apesar de não se sentirem felizes como mães, voltariam a ter filhos. Os números são do estudo As mulheres em Portugal, hoje: quem são, o que pensam e como se sentem, que inquiriu 2428 mulheres. Destas há 9% que dizem que se arrependeram de terem tido filhos. Não é o caso de Bárbara Oliveira, o que lhe custou foi a falta de independência durante os meses de gestação, as oscilações de humor e o cansaço diário. “Acho que a maternidade nem sempre nos flui naturalmente. É algo que se aprende com o tempo”, avalia hoje, mas então decidiu esconder os seus sentimentos. Segundo André Costa, psicólogo clínico na Associação Nacional de Intervenção Precoce (Anip), as mulheres estão sujeitas a muita pressão, o que, por consequência, influencia a gravidez. “Se tivessem à vontade para falar, seria mais fácil lidar com o processo da gravidez e isso talvez fosse visto de outra forma”, considera o psicólogo. No início, para estas mães, pode haver um misto de alegria e dúvida. “São 40 semanas de constante turbulência. Com muitas dúvidas, que se vão respondendo ao longo do tempo”, contabiliza o especialista. Com a gravidez vêm as mudanças – as físicas são as mais visíveis e a questão da imagem é relevante para muitas mulheres. “Muitas olham ao espelho e dizem: ‘eu não era assim, eu não gosto disto e não consigo lidar comigo assim. Eu tinha uma imagem e neste momento tenho outra. Não me reconheço. É como se não fosse eu’”, exemplifica o psicólogo, natural de Coimbra. Joana Marques, 30 anos, directora de loja, mãe de um menino de 14 meses, detestou os enjoos que teve até aos seis meses de gestação. Quando achou que o pior já tinha passado foi presenteada com azia ao sétimo mês. Mas o que mais a incomodou foi a relação que desenvolveu com o espelho e consigo mesma. “Sempre fui muito exigente com a minha imagem. Durante a gravidez a minha relação com o espelho não foi muito fácil porque me via a ficar maior. Engordei 23 quilos. Só no fim é que comecei a aceitar. Foi quando comecei a respirar fundo e a encarar-me melhor. Até lá evitava olhar-me ao espelho. ”Esta dificuldade pode levar a um afastamento do parceiro. Joana precisou desse espaço e, felizmente, o seu companheiro respeitou-a. “Pensava: se eu não me acho atraente, como é que ele vai achar?”No caso de Bárbara Oliveira, o que teve mais impacto foi a perda de independência e autonomia. Não gostou de ser privada das coisas que sempre gostou de fazer. Não gostou de não poder dormir como lhe apetecia. “Não podia deitar-me de barriga para cima. Não podia dormir de lado, porque a bebé não parava de se mexer. Dormi de barriga para baixo a gravidez toda. Eu precisava de descansar. ”Irritou-a ter de deixar o emprego e passar toda a gravidez em casa, sem poder fazer esforços ou as suas rotinas de todos os dias. “É frustrante”, resume. Também Joana passou a gravidez toda em casa. “Às vezes não comia nada com a ansiedade de pensar que a seguir ia vomitar. Não comia, mas acabava por vomitar na mesma”, recorda. Para evitar vomitar deixou de ir ao café e saía de casa apenas para ir às sessões de mindfulness na maternidade, em Coimbra. Aprendeu pequenas meditações e a controlar a respiração. As mães testemunham que durante a gravidez, é inevitável ouvir histórias de outras mulheres sobre como foi o parto. “Há toda uma pressão em cima desse momento. Nem sei o que é pior: as pessoas falarem muito ou não falarem de todo. Ouvi muitas experiências de parto, todas diferentes, mas cheguei a um ponto que disse: ‘Não quero ouvir mais. Quando tiver de ser, é’”, recorda Joana. O dia em que o filho nasceu foi um dia confuso. Foi três vezes às urgências e só à terceira é que ficou. Estava com dificuldades na dilatação. Na maternidade, diziam-lhe: “‘Não pode gritar, respire’. . . e eu: ‘como é que não grito se estou cheia de dores?’. Diziam-me para respirar e só me apetecia dizer 500 asneiras. . . eu já estava a respirar! Tive a percepção de mo tirarem da barriga, como se fosse uma ventosa. Entretanto ouvi-o chorar e foi aí que relaxei. Pensei: ‘Ok, já está. ’” Depois veio o processo de recuperação. Uma recuperação bastante complicada. O namorado foi o seu pilarJá Bárbara Oliveira viveu o parto de forma diferente. Foi um momento estranho, partilha, custoso, mas suportável. Depois, ver a filha pela primeira vez também estranho. “Não senti logo aquela ligação de que toda a gente fala. Colocaram-ma no colo. Não senti essa ligação no primeiro instante mas, passado umas horas, já ninguém lhe podia tocar. Era minha”, conta bem-disposta. “Não gostar de estar grávida não quer dizer que não se tente criar relação [com o bebé]. Uma coisa não elimina a outra. Uma coisa é eu não conseguir lidar com a minha impotência, perder autonomia, ter de deixar de trabalhar, estar cansada e distraída ou não conseguir lidar comigo. Outra coisa é eu ter isto tudo, mas ao mesmo tempo não conseguir lidar com a criança. Não fazer nada para criar uma relação”, explica o psicólogo. De volta a casa e ao fim de duas semanas, o leite de Joana secou e a mãe sentiu-se mal com isso. Tentou bombear, mas nada. Conta que se sentiu frustrada inicialmente. Estaria a falhar como mãe?, perguntou-se. Sentiu esse medo e essa pressão. “Na maternidade já tiveram que dar ao bebé suplementos e aí sentimos nova pressão da sociedade, porque a mãe tem de amamentar e se não amamentar é porque é má mãe. Isso foi complicado. ”Para Bárbara, o nervoso miudinho não terminou depois do nascimento. “Cheguei a casa com ela e pensei… E agora?” André Costa reitera: “Todas as dúvidas que tinham vão-se esvaindo, mas depois surgem novas. ‘Tenho a criança aqui. E agora?’” As mães sentem que há uma nova prova de fogo. “Há mais um papel que surge para desempenhar. Tem de haver uma tentativa para conciliar [todos os papéis] mas, muitas vezes, focam-se mais num do que no outro. O desafio é encontrar o equilíbrio”, aconselha o especialista. Por vezes, a relação do casal ressente-se. “Passado algum tempo de a nossa filha estar em casa, tive de falar com ele [o companheiro]. Explicar-lhe todas as mudanças a que estava sujeita, para compreender o meu cansaço, o meu afastamento. Compreendo o porquê de muitas separações quando a criança é pequena. Chegamos a um ponto que vivemos tanto para a criança que o pai passa a ser um pouco esquecido. E isso cria conflito. Acho que, às vezes, é necessário ter esta conversa para conseguirmos estar em sintonia. A comunicação é fundamental”, defende Bárbara. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mudam-se as rotinas. Mudam-se as disposições. Mudam-se as prioridades. Porém, Bárbara reforça a importância de continuar a fazer vida de casal, além de serem pais. “Quando vamos ao cinema ou passar um fim-de-semana fora, deixamos a nossa filha em casa da minha mãe ou da minha sogra. Ela adora ficar com as avós. ”Para Joana, nada é igual, o filho passou a ser a sua prioridade. “É a melhor coisa da vida. Não se pensa em nada sem se pensar nele. A nossa rotina é adaptada a ele. ” Os pais e sogros são pilares importantes nesta nova realidade. Mas a vida de casal não fica esquecida. “Pelo menos uma vez, de duas em duas semanas, tentamos sair os dois. É muito importante haver tempo para a nossa relação. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha filho criança medo estudo mulheres ansiedade
Comboios suprimidos no Algarve, Oeste e Alentejo
Empresa não assegura transporte rodoviário alternativo para todos os clientes. (...)

Comboios suprimidos no Algarve, Oeste e Alentejo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Empresa não assegura transporte rodoviário alternativo para todos os clientes.
TEXTO: A CP suprimiu nesta quarta-feira dois comboios no Algarve, uma ocorrência que tem sido rotineira devido à falta de material circulante. Não se efectuaram dois comboios (um em cada sentido) entre Vila Real de Sto. António e Faro. Em consequência disso, outros comboios sofreram atrasos superiores a 30 minutos e, como habitualmente, houve passageiros a ficar em terra porque o transbordo rodoviário não é assegurado em todas as estações. No caso desta quarta-feira, a CP colocou um autocarro em substituição dos comboios, mas apenas com paragens em Tavira, Olhão e Bom João. Ficaram de fora as estações e apeadeiros de Monte Gordo, Cacela, Conceição, Porta Nova, Luz, Livramento e Fuzeta. Os passageiros, alguns deles turistas estrangeiros, que aí esperavam o comboio ficaram, como é habitual, sem qualquer informação à espera de uma composição que não existe. Já na linha do Oeste a solução da CP é mais radical. Na terça-feira, foram suprimidos três comboios: dois entre Caldas da Rainha e Meleças e um em sentido contrário. E nesta quarta-feira foram suprimidos dois comboios no mesmo percurso, um em cada sentido. Mas neste caso não houve qualquer transporte alternativo. Entre Meleças e Caldas da Rainha existem 20 estações e apeadeiros, das quais só quatro estão guarnecidas com pessoal ferroviário, que poderão dar informações aos passageiros. Nas restantes 14, os clientes da CP ficam sem qualquer informação sobre a ausência de comboio. O PÚBLICO perguntou à CP por que motivo não assegura transporte alternativo - até porque muitas das supressões já estão previstas no dia anterior -, mas a empresa não respondeu. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A falta de material circulante e de pessoal para o reparar explica também que nesta quinta-feira, o comboio entre Entroncamento e Badajoz seja feito em autocarro. A CP só tem uma automotora (da série Allan) afecta aquele serviço, que faz todos os dias a viagem de ida e volta. Como esta tem de ir fazer manutenção à oficina, a solução foi recorrer a um autocarro, que fará paragens em Abrantes, Ponte de Sôr, Crato, Portalegre e Elvas. De fora – e sem qualquer informação para os eventuais passageiros que se aventurem a apanhar o único comboio do dia que pára naqueles apeadeiros – ficam Bemposta, Torre das Vargens, Chança, Assumar e Santa Eulália. A empresa possui ainda mais três automotoras Allan, mas todas estão imobilizadas nas oficinas. Além da falta de material, há azares que surpreendem a empresa, neste caso no Algarve: nesta quarta-feira, a bilheteira da estação de Vila Real de Sto. António esteve fechada todo o dia porque foi assaltada durante a madrugada.
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Palavras-chave rainha
Portugal teve a mais baixa taxa de fertilidade da UE em 2014
País registou também a maior queda de nascimentos da UE entre 2001 e 2014. A idade média da mulher portuguesa para o seu primeiro filho é de 29,2 anos. Em 2015 nasceram 5,1 milhões de bebés nos 28 países da UE. (...)

Portugal teve a mais baixa taxa de fertilidade da UE em 2014
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-03-15 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20160315181259/http://www.publico.pt/n1726187
SUMÁRIO: País registou também a maior queda de nascimentos da UE entre 2001 e 2014. A idade média da mulher portuguesa para o seu primeiro filho é de 29,2 anos. Em 2015 nasceram 5,1 milhões de bebés nos 28 países da UE.
TEXTO: Portugal foi o país da União Europeia (UE) com a taxa de fertilidade mais baixa em 2014, de 1, 23 bebés por mulher, e foi também o Estado-membro que registou a maior queda de nascimentos entre 2001 e 2014, revela o Eurostat. Os dados do gabinete oficial de estatísticas da UE revelam que em 2014 nasceram 5, 1 milhões de bebés no conjunto dos 28 Estados-membros -- contra 5, 0 milhões em 2001 -, tendo em média a taxa de fertilidade aumentado de 1, 46 em 2001 para 1, 58 em 2014, ano em que variou entre 1, 23 em Portugal e 2, 01 em França, os países na cauda e no topo da lista, respectivamente. Uma taxa de fertilidade de cerca de 2, 1 nados vivos por mulher é considerada como aquela que corresponde ao nível de renovação da população nos países desenvolvidos, ou seja, o número médio de nascimentos por mulher necessário para manter constante o tamanho da população, sem ter em conta movimentos migratórios. Todavia, só a França registou uma taxa de fertilidade superior a 2, 0, sendo seguida da Irlanda (1, 94), Suécia, (1, 88) e Reino Unido (1, 81). No extremo oposto da lista, aponta o Eurostat, as taxas de fertilidade mais fracas foram registadas em Portugal (1, 23), Grécia (1, 30), Chipre (1, 31), Espanha e Polónia (ambos com 1, 32). Portugal registou ainda a segunda descida mais acentuada da taxa de fertilidade entre 2001 (1, 45) e 2014 (1, 23), de -0, 22, apenas superada por Chipre (-0, 26), e em termos de nascimentos lidera mesmo as quedas, e de forma destacada, ao registar uma diminuição de 27% (de 112. 774 nascimentos em 2001 para 82. 367 em 2014), muito acima do segundo país com um maior recuo, a Holanda, com -13, 5%. Relativamente à idade média das mulheres aquando do nascimento do seu primeiro filho, o Eurostat aponta que a média europeia é de 28, 8 anos, variando entre os 25, 8 anos de idade na Bulgária e os 30, 7 anos em Itália, surgindo Portugal com uma média de 29, 2 anos. Em Novembro de 2015 a Direcção-Geral da Saúde divulgou as estatísticas sobre “Natalidade, mortalidade infantil, fetal e perinatal – 2010/2014” onde se constatava que a taxa de natalidade aumentou ligeiramente em 2014, mas mesmo assim nasceram menos 420 bebés do que no ano anterior. A explicação para esta aparente contradição reside no facto de a população residente em Portugal ter continuado a diminuir em 2014, como já tinha acontecido nos quatro anos anteriores, O acréscimo da taxa de natalidade resultou, assim, da "diminuição da população residente em 56. 233 habitantes", explicava-se no documento da DGS.
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Entidades UE
Concessão de edifícios públicos para turismo chega às áreas protegidas
O Revive, que permite a gestão de património do Estado por privados, vai ser alargado a imóveis como antigas casas florestais ou da guarda fiscal. (...)

Concessão de edifícios públicos para turismo chega às áreas protegidas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Revive, que permite a gestão de património do Estado por privados, vai ser alargado a imóveis como antigas casas florestais ou da guarda fiscal.
TEXTO: O Revive, programa de valorização do património imobiliário do Estado criado em 2016, vai ser alargado às áreas protegidas e aos parques naturais. De acordo com informações do Ministério do Ambiente e da Transição Energética (MATE) ao PÚBLICO, a medida implica a criação do Fundo Imobiliário - Revive Natureza, de capitais públicos, que irá reunir os imóveis em causa. Até agora foram identificados cerca de 60 imóveis “com potencial para integrar o fundo” num processo de avaliação que ainda decorre, de acordo com fonte oficial do Ministério liderado por João Pedro Matos Fernandes. Aqui englobam-se, por exemplo, antigos postos fiscais e casas florestais. Os imóveis estão dispersos pelo território “com especial incidência na zona Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Algarve, em áreas protegidas ou áreas florestais sob a tutela do Estado”, e serão “arrendados ou concessionados para fins turísticos, através de concurso, ficando sujeitos a um conjunto de regras de utilização e de gestão em rede”. Com a criação desta rede de casas de turismo de natureza, o MATE diz que se “pretende promover a utilização de imóveis públicos sem utilização, com localizações ímpares, em áreas protegidas ou em áreas florestais sob a tutela do Estado”, e criar “redes de oferta turística para gerar actividade e dar visibilidade a territórios de baixa densidade”. Até aqui, o Revive, orientado para a recuperação de património estatal e dinamização da economia local por via do turismo, tem reunido os ministérios da Economia (através do Instituto do Turismo), Cultura (Direcção-Geral do Património Cultural) e Finanças (Direcção-Geral do Tesouro e Finanças), além dos respectivos municípios. O primeiro concurso foi ganho pelo grupo hoteleiro Vila Galé, que, em Outubro de 2016, ficou com a concessão do Convento de São Paulo, em Elvas, por um período de 40 anos. Em troca, tem de investir cinco milhões de euros e pagar uma renda de 12 mil euros por ano. De acordo com as informações prestadas pela Secretaria do Estado do Turismo (SET) ao PÚBLICO, a exploração deve iniciar-se no início do ano que vem. Este grupo ganhou também a concessão por 50 anos da Coudelaria de Alter (em Alter do Chão), com um investimento de oito milhões de euros e uma renda anual de cinco mil euros. Neste caso, o imóvel será adaptado para um hotel temático de quatro estrelas. Até ao momento, o grupo hoteleiro Vila Galé destaca-se como o que mais concessões ganhou no âmbito do Revive, uma vez que assegurou duas das quatro adjudicações que já ocorreram. As outras duas foram ganhas pelo grupo MRG (Hotel Turismo da Guarda, por 50 anos, com um investimento de sete milhões e renda de 63 mil euros) e pelo grupo Visabeira (pavilhões do Parque D. Carlos I, Caldas da Rainha, por 48 anos, com um investimento de 14, 4 milhões e renda de 42 mil euros). Ao todo, já houve seis concursos concluídos, mas dois ficaram por adjudicar. De acordo com a SET, no caso do Colégio de São Fiel (Castelo Branco) “está a ser estudada uma alternativa” com a autarquia, depois de o concurso lançado no início deste ano ter ficado deserto. O imóvel, segundo informações do Revive, funcionava como instituto de reeducação para jovens e estava desocupado desde 2003. No ano passado foi atingido por um dos grandes incêndios que marcaram a região, e a ideia do concurso era, além da “dinamização da actividade turística local” e da “preservação do património arquitectónico”, dar também um impulso à “recuperação económica da zona”. Por adjudicar ficou também a Quinta do Paço de Valverde, em Évora, com a SET a afirmar que o concurso “será relançado em breve”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Além destes seis concursos, há ainda outros três já em curso, a ritmos diferentes. O mais adiantado é o do Convento de Santa Clara, em Vila do Conde, que foi alvo de duas propostas e deverá ser adjudicado ainda este mês. Depois, está a decorrer o concurso do Convento de Santo António dos Capuchos, em Leiria, que decorre até ao dia 9 de Janeiro. Já na passada sexta-feira foi lançado o processo de concessão da Casa de Marrocos (um imóvel do século XX), em Idanha-a-Velha, mas neste caso as candidaturas têm de ser entregues mais cedo, até dia 26 de Dezembro. Ao todo, foram seleccionados 33 imóveis no âmbito do Revive, espalhados por várias regiões, como o Castelo de Portalegre, parte do Santuário do Cabo Espichel (Sesimbra) e o Forte do Guincho (fortificação do século XVII, em Cascais). Com Ana Brito e Luisa Pinto
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura rainha