Incidência do HIV recua nos jovens entre os 15 e os 24 anos nos países mais afectados
A epidemia da sida recuou nitidamente nos jovens entre os 15 e os 24 anos para perto de metade nos 25 países mais seriamente afectados do mundo, particularmente na África Subsariana, anunciou hoje a Onusida. (...)

Incidência do HIV recua nos jovens entre os 15 e os 24 anos nos países mais afectados
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.166
DATA: 2010-07-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: A epidemia da sida recuou nitidamente nos jovens entre os 15 e os 24 anos para perto de metade nos 25 países mais seriamente afectados do mundo, particularmente na África Subsariana, anunciou hoje a Onusida.
TEXTO: “A prevalência do HIV entre os jovens está a baixar em vários países chave”, avança o relatório anual do Programa das Nações Unidas sobre o HIV. O documento recorda que 80 por cento dos jovens contaminados – ou seja, 4 milhões de pessoas – vivem na região da África Subsariana, e refere que a diminuição na incidência do vírus se deve ao aumento do uso de preservativos. Estes países “atingiram ou esperam atingir o objectivo internacional de redução de 25 por cento da prevalência do HIV entre os jovens, estipulado pela Conferência Internacional [das Nações Unidas] sobre a população e o desenvolvimento, em 1994”, continua o relatório. Entre os que conseguiram atingir o objectivo estão o Botswana, Costa do Marfim, Etiópia, Quénia, Malawi, Namíbia e Zimbabwe. E entre os países que esperam conseguir fazê-lo até ao fim deste ano estão o Burundi, Lesoto, Ruanda, Suazilândia, Bahamas e Haiti. O relatório adianta que isto é “essencial para inverter a trajectória da epidemia da sida”. Adianta ainda que, pela primeira vez, a redução da prevalência do vírus coincide com a alteração de um comportamento sexual. “Houve uma mudança entre os jovens em todo o mundo, em particular em certas zonas da África Subsariana”. O recuo é explicado por uma entrada mais tardia na vida sexual activa, por uma redução no número de parceiros sexuais e por uma “utilização acrescida” do preservativo entre os 15 e os 24 anos nos jovens com vários parceiros. Segundo a Onusida, cerca de 5 milhões de jovens com esta idade têm sida. Cerca de 900 mil foram contaminados em 2008, 66 por cento mulheres.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave sexual mulheres marfim
Palco sem emoção, festa fora dele, no Sudoeste
Nota de popularidade para Jamiroquai. Nota artística para DJ Shadow. Foi assim, ontem, no Sudoeste, perante 40 mil pessoas que fizeram a festa, apesar da mediania do que se viu e ouviu. (...)

Palco sem emoção, festa fora dele, no Sudoeste
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nota de popularidade para Jamiroquai. Nota artística para DJ Shadow. Foi assim, ontem, no Sudoeste, perante 40 mil pessoas que fizeram a festa, apesar da mediania do que se viu e ouviu.
TEXTO: Na noite anterior tinha existido emoção e agitação em palco, através de M. I. A. , Flaming Lips, Very Best, Bomba Estéreo ou Rye Rye, e uma resposta apagada do público, que apenas despertou aquando do concerto de M. I. A. . Ontem foi ao contrário. Espectáculo mornos, assistência em festa. Cerca de 40 mil pessoas, diz a organização. Vá-se lá perceber estas coisas. Ou tente-se. A generalidade do cartaz e a concepção do espaço, misto de parque de atracções e de arsenal publicitário com tudo o que é para adolescentes, está concebido para receber quem vai a um festival em missão de reconhecimento, não de descoberta. Só assim se percebe que o cantautor inglês James Morrison ou a americana Colbie Caillat, que não se distinguem por outra coisa a não ser por alguma fotogenia e por terem um ou dois sucessos radiofónicos pouco aconselháveis, sejam recebidos em festa. Só assim se entende que os repetentes Jamiroquai, capazes de apresentar um espectáculo profissional e competente, mas a léguas da excelência, sejam acolhidos com arrebatamento. Dizem-nos a toda a hora que este é o festival da “boa onda”. Na noite de ontem pareceu apenas o festival da falta de exigência. Quem acabou por beneficiar da letargia, das mensagens de amor bem intencionadas de Colbie Caillat e das versões mais do que ensaiadas por toda a gente (“No woman no cry”, a canção popularizada por Bob Marley), foi Jay Kay, com as inevitáveis penas engalanadas na cabeça, e os seus Jamiroquai. Depois de uma sessão delicodoce, o seu funk dançante até parecia que fazia levitar. Mas, claro, era apenas uma impressão inicial. Quem já o viu ao vivo antes, sabe do que é capaz: apresentar um espectáculo eficiente e dinâmico, coadjuvado por um numeroso naipe de músicos e cantoras, que resgatam os seus êxitos todos (de “Virtual insanity” a “Cosmic girl ou “Alright”), mas a frescura da sua música já lá vai e o gesto espontâneo que liberta um concerto da mediania já não quer nada com ele. Mas o público fez a festa. A nota de popularidade estava entregue. A nota artística teve outros protagonistas: a sueca Lykke Li e, principalmente, o americano DJ Shadow. Da primeira até já lhe vimos melhores prestações, mas as canções do álbum “Youth Novels”, e algumas novas que apresentou, nunca se desfiguram por completo, apesar da cantora e dos músicos que a acompanharam, estarem em regime de serviços mínimos, com as percussões tribalistas a darem lugar à elegância electrónica. Na noite anterior havia-se visto M. I. A. a tentar, com sucesso, apresentar um espectáculo total, que proporcione um tipo de experiência que não se restrinja ao habitual do concerto rock. Ontem foi a vez de DJ Shadow, de forma diferente, o ensaiar. E foi coroado de êxito, facto tanto mais assinalável porque é um alquimista sonoro, não particularmente comunicativo. Mas é autêntico na forma como interage. Apresentou-se dentro de uma bola gigante, que fazia girar, ora estando oculto da assistência ora deixando-se vislumbrar, enquanto as imagens se sucediam. O resto foi com a sua música, o habitual corte-e-cola inspirado em linguagens pós-hip-hop e também em variações rítmicas repescadas ao drum & bass. Foi uma sessão sonora versátil, do ponto de vista cénico surpreendente, que levou a assistência ao rubro. Um exemplo de como transformar uma actuação de um músico sóbrio, que não tem uma relação muito física com a matéria sonora, em qualquer coisa criativa e apelativa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cantora
Número de afectados pelas chuvas no Paquistão sobe para 15 milhões
Mais de 1600 mortos, 15 milhões de pessoas afectadas, 650 mil casas destruídas, pelo menos 550 mil hectares de terra agrícola alagada. As cheias no Paquistão, as piores dos últimos 80 anos, não dão sinais de abrandar. (...)

Número de afectados pelas chuvas no Paquistão sobe para 15 milhões
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais de 1600 mortos, 15 milhões de pessoas afectadas, 650 mil casas destruídas, pelo menos 550 mil hectares de terra agrícola alagada. As cheias no Paquistão, as piores dos últimos 80 anos, não dão sinais de abrandar.
TEXTO: O primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani esteve a acompanhar as operações de salvamento, e disse que ainda não é possível calcular os estragos. “Peço ao mundo que nos ajude. Estamos a fazer tudo o que podemos. ”Embarcações da Marinha paquistanesa tentavam ontem resgatar sobreviventes na província de Sindh, Sudeste do país, onde as águas do rio Indus galgaram as margens e uma barragem transbordou. O alerta vermelho foi decretado na região e as barragens de Tarbela a Mangla atingiram também o nível máximo. Nos próximos dois dias a situação não deverá abrandar, uma vez que as previsões apontam para fortes chuvas. “Espero que estas águas desapareçam. Quero regressar”, disse à Reuters Sakina, uma das muitas mulheres que tentam fugir às cheias e entrar nos barcos da Marinha, por vezes com crianças ou sacos de roupas. Até galinhas, dos poucos animais que se conseguem salvar. As inundações já terão matado cerca de 10 mil vacas. Mohammad Saleem perdeu tudo na aldeia de Kot Addu. “Não recebemos qualquer ajuda do Governo ou de fora, e tenho a certeza de que a ajuda estrangeira não chegará até nós”, disse à Reuters. Ele é um dos muitos paquistaneses que critica a forma como o Governo tem lidado com a catástrofe, numa altura em que o Presidente Asif Ali Zardari está a ser contestado por ter mantido uma viagem à Europa em vez de ficar no país. No Reino Unido, onde Zardari se encontrou no sábado em Birmingham com apoiantes do Partido do Povo do Paquistão, chegou a haver protestos e do lado de fora da reunião ouviu-se: “Go Zardari, go!” Lá dentro um homem tentou atirar-lhe com um sapato mas foi travado a tempo pela segurança. Zardari é também criticado por manter a viagem ao Reino Unido depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter sugerido, durante uma visita à Índia, que o Paquistão “promove a exportação do terrorismo”. Zardari, dizia o diário paquistanês Dawn em editorial, “parece ter desvalorizado o impacto que esta visita terá para a sua imagem enquanto Chefe de Estado. ”Extremistas no terrenoNo Noroeste do Paquistão está a ser distribuída ajuda humanitária pelo grupo de militantes islamistas Jamaat-ud-Dawa, com ligações à organização extremista Lashkar-e-Taiba, responsabilizada pelos ataques de Bombaim que, em Novembro de 2008, mataram mais de 160 pessoas. “Um dos grandes problemas é que, enquanto o Governo de Zardari e a comunidade internacional lutam para concertar a sua actuação, os militantes islamistas estão no terreno a ajudar”, disse à Reuters o analista Bruce Riedel, do Brookings Institute em Washington. O Jamaat-ud-Dawa está na lista de grupos terroristas da ONU. Nos últimos dias tem distribuído ajuda em Charsadda, Noroeste do país, incluindo alimentos e um serviço de ambulância para socorrer as vítimas, esceveu o Christian Science Monitor, que adiantou: “Através da ajuda humanitária, conquistam corações e mentes numa região ameaçada pela militância islamista e os taliban. ” Um dos voluntários no campo de Charsadd, Hajji Makbool Shah, de 55 anos, disse: “Se o Governo tivesse a fazer o seu trabalho, nós não seríamos precisos. Onde é que estão as ambulâncias do Governo?”
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Nobel da Medicina para o pai da fertilização in vitro
A época dos Nobel de 2010 arrancou hoje com o galardão da Fisiologia ou Medicina que distinguiu Robert G. Edwards, o pai da fertilização in vitro. (...)

Nobel da Medicina para o pai da fertilização in vitro
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A época dos Nobel de 2010 arrancou hoje com o galardão da Fisiologia ou Medicina que distinguiu Robert G. Edwards, o pai da fertilização in vitro.
TEXTO: Robert G. Edwards nasceu em 1925 em Manchester, no Reino Unido, e está ligado à Universidade de Cambridge, no mesmo país. Depois do serviço militar na segunda Guerra Mundial, estudou Biologia na Universidade de Gales e na Universidade de Edimburgo, onde completou em 1955 o seu doutoramento com uma tese sobre o desenvolvimento embrionário em ratinhos. Em 1958 integrou o “National Institute for Medical Research”, em Londres, onde se dedicou à fertilização em humanos. A partir de 1963 passou a trabalhar em Cambridge, primeiro na universidade e depois na clínica Bourn Hall, o primeiro centro mundial de bebés-proveta, que fundou com Patrick Steptoe, o ginecologista que foi sempre o seu braço direito nestas investigações. “A sua descoberta permitiu tratar a infertilidade, uma condição médica que afecta uma larga proporção da humanidade, incluindo mais de dez por cento dos casais de todo o mundo”, explicou a academia sueca, em comunicado. Foi ainda na década de 1950 que Edwards percebeu que a fertilização in vitro poderia ser o caminho para o tratamento da infertilidade, trabalhando, desde aí, em experiências com óvulos e culturas de células. Um empenho que veio a colher frutos a 25 de Julho de 1978, dia em que nasceu o primeiro “bebé-proveta”. Nos anos seguintes, Edwards e os seus colaboradores refinaram as técnicas necessárias e partilharam-nas com médicos do mundo inteiro. De acordo com dados avançados pela Assembleia Nobel, até ao momento, o investigador já foi pai de quatro milhões de bebés, muitos dos quais já são adultos e até pais. “Uma nova era da Medicina emergiu, com Robert Edwards a liderar o processo desde as descobertas mais fundamentais às mais correntes (. . . ) O seu contributo representa um marco no desenvolvimento da Medicina moderna”, destaca o mesmo comunicado. Para a descoberta de Edwards em muito contribuíram outros cientistas que concluíram com sucesso as experiências com maturação de ovócitos de mamíferos, nomeadamente ratinhos e coelhos, em tubos de ensaio. Edwards percebeu, contudo, que nos humanos os ciclos são muito diferentes, comparativamente com animais como os coelhos, conseguindo clarificar como se processa a maturação, que hormonas a regulam e em que condição é possível haver fertilização. Conseguiu fertilizar um óvulo in vitro, pela primeira vez, em 1969, mas este não se subdividiu. Partiu para uma nova fase: recolher óvulos já amadurecidos nos ovários através de uma técnica chamada laparoscopia e que gerou grande polémica na época, a par com os diversos debates éticos e religiosos que lançou sobre recriar vida em laboratório. 25 de Julho de 1978O dia 25 de Julho de 1978 foi um sábado muito especial para o casal Leslie e John Brown, de Bristol, no Sul de Inglaterra. Mas também foi um sábado especial para muitos casais em todo o mundo, que estavam, até aí, impossibilitados de ter filhos naturalmente. Leslie preparava-se para ser a mãe do primeiro bebé-proveta de sempre, uma menina, chamada Louise Brown. “Comecei a fazer estudos com tecido ovárico humano recolhido em cirurgias. Mas tinha de conseguir fertilizar os ovócitos no laboratório”, contou Edwards, em 2003, aquando da celebração dos 25 anos da sua invenção. As primeiras experiências de Pincus e Saunders, com coelhos, tinham mostrado que bastavam 12 horas para o amadurecimento e fertilização dos ovócitos no tubo de ensaio. Ter acreditado que esses resultados poderiam aplicar-se a células humanas custou-lhe vários desgostos. Até que chegou o dia: "Decidi então esperar 25 horas por três ovócitos que me restavam. De repente, foi a alegria. Agora havia esperança para a fertilização in vitro".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra humanos
Reacções ao Prémio Nobel para Mario Vargas Llosa
Para o crítico literário Pedro Mexia, este é um prémio surpreendente do ponto de vista político, mas sem surpresas no aspecto literário, disse o autor ao PÚBLICO. O seu antigo editor, Nélson de Matos, considera que o prémio "tardava a ser atribuído.” Um amigo de longa data e editor argentino, Mario Muchnik, descreve a ambição literária de Vargas Llosa como sendo quase "inconsciente". (...)

Reacções ao Prémio Nobel para Mario Vargas Llosa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para o crítico literário Pedro Mexia, este é um prémio surpreendente do ponto de vista político, mas sem surpresas no aspecto literário, disse o autor ao PÚBLICO. O seu antigo editor, Nélson de Matos, considera que o prémio "tardava a ser atribuído.” Um amigo de longa data e editor argentino, Mario Muchnik, descreve a ambição literária de Vargas Llosa como sendo quase "inconsciente".
TEXTO: Pedro Mexia, crítico literárioPara Pedro Mexia, crítico literário, este é um Prémio Nobel surpreendente do ponto de vista político, mas expectável em termos literários. "Vargas Llosa faz parte daqueles autores canónicos" que está na eterna lista dos candidatos ao Nobel da Literatura, explica ao PÚBLICO ao telefone a partir de São Paulo. "É um prémio que é um pouco surpreendente do ponto de vista político, pelas posições políticas que tem assumido", nomeadamente como cronista e autor de obras como "Diário do Iraque". Mas tal como Phillip Roth ou Milan Kundera, indica, "autores que não precisam do Nobel" para a consagração, é um autor com uma longa obra e que, em termos literários e de correntes sul-americanas, "contraria o realismo mágico - sempre se interessou pelo realismo puro e duro, pelos regimes autoritários", remata. Nélson de Matos, editorNélson de Matos, editor durante vários anos de Vargas Llosa em Portugal durante os seus anos na Dom Quixote, recebeu a notícia da distinção do escritor peruano com muita satisfação. “É um prémio merecidíssimo e que de facto tardava a ser atribuído. ” O editor, agora responsável pelas Edições Nelson de Matos, reconhece que a lista dos candidatos a Nobel contemplava “outros autores, igualmente importantes”, mas destaca, por duas razões, a justiça da atribuição do prémio a Mário Vargas Llosa: “Por estar em atraso por parte da Academia, e por ser um grande escritor, com uma obra muito extensa e diversa, riquíssima sob todos os pontos de vista”. Da obra de Vargas Llosa, Nélson de Matos destaca “Conversa n’a Catedral”, “A Guerra do Fim do Mundo” e “A Tia Julia e o Escrevedor”. “São os seus livros mais conhecidos e mais importantes”, aponta. “Falam-nos quer da sua juventude, quer da sua vida de adulto no Peru onde nasceu, um país cheio de diversidades que aparecem bem relatadas nas suas histórias e de que a sua escrita, muito trabalhada, nos dá conta”. Mario Muchnik, editor e inspiração para personagem de "Travessuras da menina má” (2006)"Estava na hora", diz ao telefone com o PÚBLICO o argentino Mario Muchnik, sobre a chegada do Nobel às mãos de Mario Vargas Llosa. "Há muitos anos que o esperava". Muchnik, que já editou J. M. Coetzee (Nobel em 1993), Susan Sontag ou Bruce Chatwin, conheceu Mario Vargas Llosa entre 1966/7, em Londres. Muchnik, com formação na Física e apaixonado pela fotografia, "estava a começar no mundo editorial". O escritor peruano já tinha sido premiado por "A Cidade e os Cães" (1963) e estava a lançar "A Casa Verde" (1966). Do trabalho do amigo, com quem se encontra regularmente, diz que "é uma literatura mais difícil do que, por exemplo, a de Gabriel García Márquez". "Tem uma estrutura literária extraordinária e ideias muito ambiciosas. Tem romances que são reflexo dessa sua tal ambição literária, por que da outra [ambição] não tem", frisa ao telefone. "É tão ambicioso que é quase inconsciente", ignorando os perigos da possibilidade de não corresponder às suas próprias expectativas. Muchnik dirigiu as colecções Robert Laffont em Paris, criou em seu nome a Muchnik Editores e, mais recentemente, o Taller de Mario Muchnik, em Madrid. É também escritor e fotógrafo. A homenagem maior de Llosa à amizade dos dois foi tê-lo transformado em personagem de "Travessuras da menina má” (2006). "Sou editor [no livro], é uma efabulação do Mario, que me pediu autorização para o fazer quando jantávamos num restaurante italiano", conta. "Por um lado, é muito elogioso", diz, "trata-me muito bem como seu editor" ficcional. "Não sou editor dele, mas gostava de o ter sido". Porque nunca aconteceu? "Ele tornou-se muito conhecido rapidamente e não foi possível. Em pouco tempo tinha três ou quatro livro importantes nas livrarias, não estava ao meu alcance", diz, rindo-se. José Eduardo Agualusa, escritor
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra cães
Chile antecipa início do resgate dos mineiros para a meia-noite
As autoridades chilenas decidiram antecipar para as oito horas da noite (24h00 horas em Lisboa) o início da operação de resgate dos 33 homens soterrados a 700 metros de profundidade numa mina de ouro e cobre do deserto de Atacama desde 5 de Agosto. (...)

Chile antecipa início do resgate dos mineiros para a meia-noite
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DATA: 2010-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: As autoridades chilenas decidiram antecipar para as oito horas da noite (24h00 horas em Lisboa) o início da operação de resgate dos 33 homens soterrados a 700 metros de profundidade numa mina de ouro e cobre do deserto de Atacama desde 5 de Agosto.
TEXTO: O arranque do salvamento tinha sido inicialmente marcado para a meia-noite, mas depois de testados os equipamentos envolvidos na manobra, foi decidido antecipar o começo em quatro horas. A postos estão os 16 homens directamente envolvidos na operação – membros das forças especiais do exército chileno, médicos socorristas, mineiros e engenheiros. Eles vão trabalhar por turnos de doze horas. Dois deles vão descer até ao refúgio onde se encontram os mineiros, para poder assistir na preparação de cada um deles antes da subida de volta à superfície. A ascensão de cada homem deve demorar cerca de 20 minutos dentro da “Fénix”: a cápsula de quatro metros de altura, 53 centímetros de largura e 460 quilos de peso que rodopiará pelo túnel de 622 metros (e 72 centímetros de diâmetro) escavado em 33 dias. As autoridades estimam que com a preparação para entrar na cápsula o processo possa durar até uma hora. O treino dos mineiros para a viagem envolveu exercício físico e uma dieta líquida para prevenir náuseas e vómitos e assegurar as calorias suficientes para suportar o stress. Os homens vão usar um cinto abdominal que regista os seus sinais vitais, uns óculos de sol para bloquear os raios ultravioleta e tampões para os ouvidos. Uma lista com a ordem pela qual os homens vão ser retirados já terá sido feita, mas não foi divulgada à imprensa. O princípio usado pelas equipas de salvamento foi o seguinte: os homens mais experientes e mais capazes de controlar os nervos vão subir primeiro, porque saberão lidar com qualquer imprevisto durante o transporte. A seguir vão aqueles cuja condição física inspira algum cuidado (os hipertensos e diabéticos, por exemplo). Para o fim ficam os mais fortes. A segurança em redor da mina de San José, em pleno deserto de Atacama foi significativamente reforçada. Uma multidão de familiares, amigos, companheiros de profissão, curiosos, jornalistas e entidades oficiais está plantada junto à gigantesca grua que vai içar a cápsula metálica desenhada para retirar os mineiros, um a um, das profundezas. O Presidente do Chile, Sebastian Pinera, deve chegar ao local ao final da tarde. O seu congénere boliviano, Evo Morales, também pretende estar presente. As montanhas do deserto de Atacama estão a ser patrulhadas por polícia a cavalo e helicópteros. O “campo Esperança”, onde se instalou uma pequena aldeia de tendas, fervilha de actividade. Enquanto as centenas de equipas de televisão se preparam para a transmissão em directo da “hora H” em que o primeiro sobrevivente alcance a superfície, as mulheres e namoradas dos mineiros ensaiam penteados e fatiotas, e os cozinheiros ocupam-se dos petiscos para a grande celebração. Os 33 homens ficaram soterrados quando um muro de sustentação colapsou. Só 17 dias depois do acidente as equipas de busca conseguiram confirmar que todos estavam vivos. Desde então, os mineiros têm sido alimentados através de um ducto de diâmetro semelhante a um cano doméstico. Por esse tubo de ligação ao exterior chegaram cartas, vídeos e presentes. Os 68 dias que os mineiros do Chile já passaram debaixo da terra constituem um recorde absoluto em termos de sobrevivência.
REFERÊNCIAS:
“Que isto não volte a acontecer”, diz Piñera
Na mina de San José tocaram as sirenes, cantou-se o hino nacional do Chile. Emocionado, o Presidente Sebastián Piñera prometeu que o acidente que deixou 33 mineiros soterrados durante mais de dois meses não ficará impune. “Que isto não volte a acontecer”. (...)

“Que isto não volte a acontecer”, diz Piñera
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DATA: 2010-10-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na mina de San José tocaram as sirenes, cantou-se o hino nacional do Chile. Emocionado, o Presidente Sebastián Piñera prometeu que o acidente que deixou 33 mineiros soterrados durante mais de dois meses não ficará impune. “Que isto não volte a acontecer”.
TEXTO: No acampamento Esperanza a festa prolongou-se pela madrugada. Durante quase 24 horas, o Chile explodiu de alegria 33 vezes, tantas quantas a cápsula Fénix regressou das profundezas com mais um mineiro salvo a bordo. A esperança renascera 17 dias após a derrocada de 5 de Agosto, quando os mineiros conseguiram fazer chegar à superfície a mensagem “Estamos bien en el refugio, los 33”. Agora, já junto das famílias e do Presidente, seguravam uma faixa onde se lia “Están todos bien, en la superficie los 33!”. Cantou-se o hino. E gritou-se, muitas vezes, Chi-chi-chí, le-le-lé, los mineros de Chi-lé!”. Depois das lágrimas e dos abraços, das imagens que correram mundo com o primeiro mineiro, Florencio Ávalos, a sair da cápsula Fénix, e dos 32 mineiros que o seguiram a abraçar as mulheres e os filhos, chegava a hora de compreender o que se passou. “Que isto não volte a acontecer”, disse Sebastián Piñera, referindo-se às más condições de trabalho na mina. “Dizemos desde o primeiro dia. Isto não vai ficar impune, os que tiverem responsabilidade vão ter de assumir as suas responsabilidades, mas o que aconteceu foi também uma grande lição para todos os chilenos e para o nosso Governo: melhorar os nossos sistemas, as nossas atitudes, os nossos procedimentos para salvaguardar a vida, a integridade e a dignidade dos nossos trabalhadores, e não só na área das minas, mas também nas áreas da construção, dos transportes, das pescas. ”A falta de condições de trabalho na mina foi notícia desde o primeiro instante. Pouco após a derrocada chegou a ser referido que, se houvesse uma escadaria junto ao principal túnel de ventilação, os mineiros teriam conseguido escapar. Ontem, o segundo mineiro a ser resgatado, Mario Sepúlveda, falou aos jornalistas sobre isso, alertando para a necessidade de mudanças. Depois de abraçar os mineiros, Piñera anunciou que será construído um monumento de homenagem aos “33 heróis de Atacama”, e prometeu também que serão reformuladas as leis de trabalho na mina “para que não haja mais acontecimentos como este”. “Os que tiverem que pagar, pagarão”, garantiu o Presidente chileno no final de uma noite “que nunca mais será esquecida”. E adiantou, em inglês, para as televisões e os jornais de todo o mundo: “O Chile é agora mais respeitado no mundo inteiro. Não é o mesmo país que tínhamos há 69 dias”. O chefe da equipa de mineiros, Luis Urzúa Iribarren, de 54 anos, foi último mineiro a sair, já perto das 02h00 (22h00 no Chile), e entregou o turno ao Presidente. Há dois meses, a derrocada na mina fez prever o pior. Mas ontem, tudo o que tinha de correr bem correu mesmo muito bem. Mais cedo do que o esperado – chegou a falar-se num resgate pelo Natal -, e em menos horas do que o previsto, os 33 mineiros foram salvos. “Obrigada ao Chile e a todas as pessoas que nos salvaram”, disse Luis Urzúa após sair da cápsula Fénix. “Estou orgulhoso de viver aqui”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres
Judiciária detém no Bombarral capo mafioso em fuga
A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria deteve na quinta-feira na localidade de Carvalhal, Bombarral, um capo siciliano há vários anos em fuga das autoridades do seu país e perseguido pela polícia espanhola desde Dezembro de 2009. Este homem, juntamente com mais seis pessoas - três outros italianos, dois portugueses e uma brasileira -, será responsável por inúmeros crimes de burla qualificada, falsificação de viaturas, branqueamento de capitais e associação criminosa. (...)

Judiciária detém no Bombarral capo mafioso em fuga
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria deteve na quinta-feira na localidade de Carvalhal, Bombarral, um capo siciliano há vários anos em fuga das autoridades do seu país e perseguido pela polícia espanhola desde Dezembro de 2009. Este homem, juntamente com mais seis pessoas - três outros italianos, dois portugueses e uma brasileira -, será responsável por inúmeros crimes de burla qualificada, falsificação de viaturas, branqueamento de capitais e associação criminosa.
TEXTO: A quantificação monetária dos crimes ainda estava ontem a ser feita, mas o valor que já havia sido contabilizado rondava o meio milhão de euros. O italiano em causa, Giovanni Lore, de 45 anos, seria o principal mentor de uma organização que em Portugal se dedicava a clonar empresas já existentes. Aparentando idoneidade e solidez financeira, o grupo negociava, sobretudo, em produtos alimentares, acordando formas de pagamento prolongadas. Depois, revendiam os bens para o estrangeiro, obtendo lucros elevados, mas já não pagavam aos fornecedores originais. A actividade liderada pelo capo já estaria a ser desenvolvida em anos anteriores em Espanha. Em Dezembro de 2009, na zona de Vigo, o principal suspeito, juntamente com os três compatriotas agora detidos pela PJ, terá logrado escapar a uma operação policial de grande dimensão. Os indicadores recolhidos dizem que o italiano, com cerca de 120 quilos de peso, estaria implicado numa rede que traficava armas e droga e que também explorava a prostituição. A capa de Lore, a exemplo do que também acontecia em Portugal, era o negócio dos mariscos congelados. Nos tempos em que esteve na Galiza, terá movimentado, segundo a polícia espanhola, mais de 2, 5 milhões de euros. Em Itália, por sua vez, a "família" liderada por este homem terá igualmente sido alvo de grandes investigações, tendo sido detidas mais de 30 pessoas já acusadas pela prática de inúmeros crimes violentos e organizados. Parceiro portuguêsEm Portugal, os italianos estabeleceram os contactos que lhes permitiram continuar a actividade criminal. O principal parceiro encontrado foi um empresário português, de Torres Vedras, que funcionava não só como receptador dos bens alimentares comprados a empresas reais, como também procedia ao reencaminhamento dos produtos para empresas estrangeiras, nomeadamente espanholas. O grupo agora desmantelado, numa operação que a PJ denominou Máfia do Oeste, ocupava na localidade de Carvalhal uma casa denominada Vivenda do Sossego. Na zona, conforme referiu ontem a agência Lusa, raramente eram vistos de dia e à noite circulavam com frequência de táxi. O taxista da terra, que os levou em diversas ocasiões a Santarém (onde supostamente iam buscar mulheres), diz que era sempre Lore quem se encarregava de efectuar os pagamentos, mas, como os mesmos nem sempre eram feitos de imediato, tem agora a haver cerca de 3. 500 euros. Giovanni Lore é, ao que se sabe, o terceiro elemento com cargos de chefia na máfia italiana localizado em Portugal. O primeiro caso reportado pela PJ ocorreu no início da década de 1990. O chefe de uma família calabresa, que, anos antes, forjara a própria morte num acidente de aviação, vivia com identidade falsa em Cascais, onde dirigia uma empresa de pesca. Foi executado com dois tiros de revólver 38 na cabina telefónica onde semanalmente efectuava contactos com elementos que se lhe mantinham fiéis. Anos mais tarde, seria preso Mário Giovinni, outro chefe de uma família siciliana, tida como das mais violentas. Até ser extraditado, foram abortadas diversas tentativas de fuga das cadeias portuguesas por onde passou.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
EUA: Supremo discute venda de videojogos violentos a menores
No dia em que os Estados Unidos foram às urnas votar para as eleições intercalares, o Supremo Tribunal deu início a uma discussão que promete polémica: a venda de videojogos violentos a menores e a possibilidade, ou não, de estes produtos deixarem de beneficiar da liberdade de expressão consagrada na Primeira Emenda à Constituição dos EUA. (...)

EUA: Supremo discute venda de videojogos violentos a menores
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.8
DATA: 2010-11-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: No dia em que os Estados Unidos foram às urnas votar para as eleições intercalares, o Supremo Tribunal deu início a uma discussão que promete polémica: a venda de videojogos violentos a menores e a possibilidade, ou não, de estes produtos deixarem de beneficiar da liberdade de expressão consagrada na Primeira Emenda à Constituição dos EUA.
TEXTO: Tudo começou em 2005, quando o governador da Califórnia e antiga estrela de filmes de acção violentos Arnold Schwarzenegger fez aprovar uma lei estadual que proibia a venda de videojogos violentos a menores. Em teoria, a partir dessa data, qualquer jovem com menos de 18 anos não poderia comprar um jogo que estivesse classificado como violento sem o consentimento dos pais. Quem fosse apanhado a vender material proibido a menores pagaria multas de mil dólares. Nesta lei ficava definido que “videojogos violentos” são todos aqueles que incluem “matar, desfigurar, mutilar ou atacar sexualmente uma imagem de um ser humano” de forma “abertamente ofensiva” e que possam atiçar interesses “desviantes ou mórbidos” e que careçam de “valor literário, artístico, político ou científico”. Acontece que esta lei estadual da Califórnia foi imediatamente criticada pela Entertainment Merchants Association que levou a questão até à Justiça tendo conseguido que todos os tribunais até agora (antes do Supremo) dessem razão aos seus argumentos, incluindo o de que a lei californiana é ambígua e que a noção de violência é muito fluida. Porém, o argumento mais importante invocado por esta associação é que esta lei estaria a violar a Primeira Emenda (First Amendment) à Constituição dos Estados Unidos. A Primeira Emenda proíbe qualquer legislação que, entre outras coisas, infrinja a liberdade de expressão, um valor quase sagrado nos Estados Unidos da América. Porém, o caso continuou na Justiça e cabe agora ao Supremo Tribunal ouvir ambas as partes e decidir se os videojogos violentos poderão ou não ficar de fora da cobertura dada pela Primeira Emenda. Ontem, na primeira sessão que reuniu os nove juízes do Supremo Tribunal, debateram-se algumas questões importantes, nomeadamente se a lei californiana faz uma distinção séria entre os videojogos tendo por base o grau de violência“O que é um videojogo violento desviante?”, questionou o juiz Antonin Scalia, aquele que se mostrou mais contra a lei californiana, citado pelo “The New York Times”. “Por oposição a quê? A um videojogo violento ‘normal’? Algumas histórias dos irmãos Grimm também são violentas. Também as vão banir?”, questionou o juiz. Já o juiz Stephen G. Breyer tomou o partido contrário – indica ainda o NYT –, argumentando que o senso comum deveria dar ao Governo a capacidade de ajudar os pais a protegerem as crianças de jogos que incluam imagens “gratuitas, dolorosas e agonizantes” de “violência e tortura sobre crianças e mulheres”. A maioria dos juízes, porém, parece ter concordado – ainda segundo o jornal nova-iorquino – que uma decisão a favor da lei californiana implicaria alterações à Primeira Emenda e que, basicamente, o supremo a irá descartar. Em Abril último, no caso Estados Unidos da América v. Stevens, o tribunal descartou uma lei federal que transformaria em crime a venda de vídeos de lutas de cães ou imagens semelhantes de crueldade para com os animais por oito votos contra apenas um. O tribunal alegou não estar preparado para criar uma nova categoria de expressão fora daquilo que está estipulado na Primeira Emenda. Os videojogos estão a tornar-se cada vez mais violentos. Alguns analistas consideram que isto tem a ver com a subida da idade média do comprador de videojogos, que actualmente se situa nos 40 anos. Ou seja, a indústria estará a adaptar-se aos seus consumidores.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime lei violência tribunal mulheres cães
Birmânia vota 20 anos depois para dar à junta militar um verniz civil
Ninguém tem dúvidas de que os generais continuarão a dominar o país com mão-de-ferro. Mas alguns jovens estão a abrir novas portas para encontrar o seu caminho. (...)

Birmânia vota 20 anos depois para dar à junta militar um verniz civil
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2010-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ninguém tem dúvidas de que os generais continuarão a dominar o país com mão-de-ferro. Mas alguns jovens estão a abrir novas portas para encontrar o seu caminho.
TEXTO: Uma artista quis fazer pássaros de papel de jornal porque diz que as vozes do povo não são ouvidas nos media do seu país. Uma banda de raparigas chamada "Tiger Girls" canta "Pára de falar e dança" e "Usa a anca e não a boca" para denunciar a falta de liberdade de expressão. Um rapper faz rimas como "vou pôr a Birmânia no mapa com uma miúda no meu colo". Quem tem menos de 38 anos, nunca votou em eleições legislativas. Hoje poderá fazê-lo. E se a certeza antecipada dos resultados pode gerar alguma apatia, muitos jovens que têm tentado lutar por mais abertura encontram aqui, apesar de tudo, um momento para se falar de política. As palavras são de um dos elementos da "Tiger Girls", Htike Htike, também conhecida como "Electro": "Ainda estamos à procura do nosso caminho. . . Alguns fãs não percebem a estrada que tomámos", disse à Reuters. Outros sabem que ela traz riscos. Não é contestação aberta, pura e dura. Mas a mensagem está lá para quem estiver atento, mais ou menos escondida, já que é sempre preciso contar com o comité de censura. Por exemplo, a canção "Água, Electricidade, Por Favor Voltem", do artista de hip hop Thxa Soe, foi proibida por expor as falhas do país, onde um terço da população vive abaixo do limiar da pobreza. A revista "Time" escrevia recentemente que há muitos jovens que aprenderam a respeitar a autoridade ao mesmo tempo que a subvertem. Que estão a encontrar novas formas para se exprimirem e, pelo caminho, de alterar a sociedade birmanesa. Não é de mudança que se fala quando se fala das eleições de hoje. A junta militar - que se manteve no poder mesmo depois da vitória esmagadora da oposição liderada por Aung San Suu Kyi há 20 anos - não dá sinais de brechas. O general Than Swe, de 77 anos, tem mantido o secretismo sobre o seu próprio futuro depois da eleição, que publicitou como uma transição democrática para um regime civil. As eleições vão escolher os representantes das duas câmaras do parlamento e de 14 assembleias regionais. Os deputados elegerão dois vice-presidentes e o Presidente, posto que foi criado com a Constituição de 2008. E este escolherá ministros e o procurador-geral, sem que o Parlamento o possa refutar, a não ser que escapem aos "critérios de qualificação". Os planos para o futuro do generalíssimo têm ficado em segredo, mas especula-se bastante que este "Governo civil" será liderado por ele. "Não acho que ele vá partir", comentou à AFP Aung Zaw, director da revista "Irrawaddy", publicada na Tailândia por birmaneses no exílio. "Vai ficar no poder tanto quanto possível", e vai entregar as chaves do Exército "a alguém da sua confiança, bem mais fraco que ele". A agência reforça que estas eleições, que foram descritas como uma farsa por vários países ocidentais, tentam imprimir um "verniz civil" à junta. Mas "o país dirige-se para a perpetuação de um regime de burocratas, economistas, ideólogos e políticos saídos do poder militar, ou fortemente influenciados e dependentes dele", afirma o investigador Renaud Egreteau. O Exército nunca disse que pretende retirar-se da política. E um quarto dos assentos do Parlamento fica sob a sua escolha directa. O resto será ocupado por militares na reforma ou por partidos pró-junta, como o Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (PSDU, que diz ter 18 milhões de membros, quando há 28 registados para votar) e o Partido da Unidade Nacional (PUN). Ambos são formados principalmente por ex-membros do Exército e da elite económica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave pobreza