Asif quer voltar à casa que vendeu para fugir de Caxemira
Pensava que o estavam a levar para os Estados Unidos até descobrir que tinha atracado na Guiné-Conacri. Pediu asilo a Portugal sem saber o que a palavra asilo queria dizer, e foi em Português que aprendeu a escrever. Sonha voltar um dia à casa que vendeu em troca da fuga, mas só quando Caxemira estiver em paz. (...)

Asif quer voltar à casa que vendeu para fugir de Caxemira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pensava que o estavam a levar para os Estados Unidos até descobrir que tinha atracado na Guiné-Conacri. Pediu asilo a Portugal sem saber o que a palavra asilo queria dizer, e foi em Português que aprendeu a escrever. Sonha voltar um dia à casa que vendeu em troca da fuga, mas só quando Caxemira estiver em paz.
TEXTO: A luz do meio-dia encandeia Lisboa, é Agosto e estamos na altura do Ramadão. Asif, “só Asif, que é um nome comum”, é muçulmano, está a cumprir o jejum e dispensa os cafés. Quer um sítio com árvores, por isso é num banco de jardim debaixo de um jacarandá que conta a sua história. Talvez estas árvores lhe lembrem as macieiras que tinha plantadas em frente à sua casa na aldeia de Lali, na Caxemira sob controlo da Índia. Falta-lhe o cheiro da sua montanha, um cheiro que se torna mais intenso quando a neve derrete e destapa as árvores. Era em frente a essa montanha que Asif estava no dia em que a sua vida mudou, o dia que acabou por trazê-lo a Portugal. Tinha levado para o campo as suas ovelhas e cabras, estava a vê-las pastar quando dois homens se aproximaram. Não os conhecia, nunca soube quem eram, mas lembra-se bem do que lhe vieram dizer. Um dos homens aproximou-se, outro ficou a vigiar o local. Não demoraram muito tempo, não mais do que o necessário para lhe contar como tinha morrido o seu pai. Foi numa explosão causada por militares indianos, disseram-me. O pai e todas as outras pessoas que estavam com ele. Asif teria pouco mais do que 20 anos, não se lembra bem. Desde então o tempo correu tão depressa e tão devagar. Já tinham passado alguns invernos após a morte do pai, tinha ele “13 ou 14 anos”, mas aquela conversa sobressaltou-o. Até ali, estava convencido de que morrera num incêndio na padaria onde trabalhava numa vila próxima, em Pakhwan. O pai de Asif era padeiro e a história do incêndio até parecia plausível. Ali cozia-se pão a lenha, até poderia ter acontecido um acidente. Mas não. Diziam-lhe agora que não tinha sido um acidente. “As pessoas contavam-me que tinha sido um incêndio, ninguém me deixou ver o cadáver. ”A conversa com os dois homens perturbou-o, por isso foi contá-la à mãe. Ela zangou-se. “Mas por que é que te foste encontrar com aqueles homens?” Ele explicou-lhe que não os tinha procurado, que estava a ver os animais a pastar, mas ela avisou-o para não contar aquela história a ninguém, tentou convencê-lo de que era mentira e proibiu-o de sair de casa durante vários dias. “És filho único, o nome da nossa família vai continuar contigo. Não tens de pensar nas lutas pela independência de Caxemira, tens de dar continuidade ao nome do teu pai. ” Dizia-lhe isto e chorava. “Chorava muito. ”Então foi isso, pensou Asif. A morte do pai estava relacionada com o conflito em Caxemira que, entre tréguas e confrontos, opõe a Índia ao Paquistão desde 1947. Ele nada sabia de política, nunca tinha ido à escola, nunca lhe falaram disso. Só mais tarde percebeu que os militares tinham suspeitado de que na padaria do pai eram acolhidos rebeldes separatistas que defendem a independência do território. E talvez fossem. “À noite, se alguém entra num prédio, o que é que se pode fazer?” Asif também não sabe se o pai algum dia apoiou os rebeldes. Os seus olhos negros cristalizam quando fala do que aconteceu, a voz serena sobe de tom. Admite que pensou muito no assunto e que até pensou juntar-se aos rebeldes. Hoje, que os jornais e a Internet já lhe contaram mais sobre o sítio onde cresceu, acha que o melhor futuro para Caxemira seria a independência. “Devia ser independente, não quero que mais nenhum pai seja assassinado. ”A mãe acabou por travar a sua revolta. Adoeceu, ele teve de cuidar dela, não havia mais ninguém para o fazer. Mas o que lhe tinham contado chegou para ver os seus passos controlados e vigiados. “Em Caxemira, os militares sabem que quando matam a família de alguém os filhos podem ter desejo de vingança. Por isso vigiavam-me especialmente a mim, que era a única pessoa naquela aldeia que tinha sido magoada pelos militares. ” O mais provável, pensou, era que um dia o viessem buscar, por isso decidiu seguir a intuição e o desejo da mãe: fugir.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens escola campo filho
Júlio Resende: A morte cada vez me preocupa menos
Já lhe chamaram o maior pintor português de sempre. Aos 90 anos, Júlio Resende continua inquieto. Mais na cabeça do que na tela porque, para isso, as forças já não chegam. E as suas mãos já não são deste tempo. (...)

Júlio Resende: A morte cada vez me preocupa menos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2011-09-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Já lhe chamaram o maior pintor português de sempre. Aos 90 anos, Júlio Resende continua inquieto. Mais na cabeça do que na tela porque, para isso, as forças já não chegam. E as suas mãos já não são deste tempo.
TEXTO: No atelier de Júlio Resende não bate o sol. O pintor explica que a luz em excesso deturpa as cores na tela. O rio Douro não se vê - adivinha-se, ao fundo. O que se vê por uma parede envidraçada é um jardim com metros quadrados suficientes para albergar um diospireiro e um melro-preto. Não há sinais dele durante a conversa. Se calhar por ser demasiado cedo. Júlio Resende sempre gostou das manhãs por causa da expectativa que estas lhe trazem. Cartoonista, autor de histórias aos quadradinhos e ilustrador, além de pintor, dobrou em Novembro a esquina dos 90 anos. Uma semana depois, deram-lhe como presente uma morada definitiva para a sua "Ribeira Negra", que esteve anos a ganhar poeira num armazém. Agora, pode ser vista no edifício da Alfândega do Porto. Agora sim, o homem a quem um acidente nas falangetas impediu de se tornar pianista, diz-se feliz. Ainda instintivo, ainda inquieto, gostava que a casa que construiu para si lhe servisse de epitáfio. E gostava, sobretudo, de ainda ter forças para pintar um quadro grande antes de concordar com a iminência da morte. Duvida da pertinência da sua voz e não percebe porque teimam em pôr-lhe gravadores à frente. Homem dado a inverter a ordem estabelecida, é ele que arranca com a entrevista. "Não sei por que me querem entrevistar. . . " Para o ouvir e para o dar a conhecer a mais gente. A minha fala tem as vozes do círculo cromático. Muitas vezes se diz que um pintor não deve falar, deve pintar. Acho que isso é verdade, mas também acho que a pintura, como a fala, é sempre uma transmissão de ideias. À pintura está subjacente uma compreensão do mundo que pressupõe o pensamento. Eu acho que não será só aquilo que se diz mas a maneira como se diz. Aí há toda aquela técnica que faz as pessoas estarem a ouvir outra durante uma hora sem se fatigarem. E isso só acontece quando a pessoa consegue dizer aquilo que sente verdadeiramente e demonstrá-lo, até pelos gestos que faz. O cinema também tem isso: mostrar o que se quer de maneira a criar um todo em que há silêncios, hesitações ou então o gesto de olhar por cima de óculos (tenho que pôr óculos e não me apetece pôr óculos, sobretudo óculos escuros. Tiram-me a luz). Continua a gostar de se levantar cedo. Gosto muito da manhã. É algo que ainda me faz crer que eventualmente vou chegar ao fim do dia com qualquer coisa para revelar e que me fez sentir que vivi. A ideia de expectativa?É. Às vezes chego ao fim do dia e penso: "Que diabo, hoje não tenho nada que acrescentar. " Mas quase sempre há qualquer coisa. Às vezes coisas nas menos visíveis é que está aquilo que me interessa. Acho graça à paisagem, mas não precisa de ser uma coisa enorme: um palmo de terra chega. Já conseguiu pintar o canto do seu melropreto?Já hoje andou por ali. Há animais que reconhecem as pessoas. Não o pintei, mas já tenho aplicado o preto. O pintor sabe que quando usa o preto na tela há logo uma exaltação das cores. O preto ou o branco. Alguém escreveu que teve na arte portuguesa contemporânea a dimensão que Picasso teve na arte internacional do século XX. Ui! Que semelhanças podem encontrar? O Picasso não procura, o Picasso encontra. Eu procuro, continuo à procura. O que é que se procura aos 90 anos?
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Palavras-chave morte homem negra
Papa manifesta compreensão por quem deixa a Igreja por causa dos casos de pedofilia
O Papa Bento XVI disse esta manhã, na viagem que o levou à Alemanha, que compreende as pessoas que abandonam a Igreja Católica por causa dos escândalos de pedofilia. (...)

Papa manifesta compreensão por quem deixa a Igreja por causa dos casos de pedofilia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Papa Bento XVI disse esta manhã, na viagem que o levou à Alemanha, que compreende as pessoas que abandonam a Igreja Católica por causa dos escândalos de pedofilia.
TEXTO: Interrogado sobre os casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero, incluindo na sua Alemanha natal, o Papa afirmou, citado pela AFP: “Posso compreender que, perante tais informações, sobretudo quem está próximo de pessoas atingidas, diga: ‘Já não é a minha Igreja, a Igreja era para mim a força da humanização do amor. Se os representantes da Igreja fazem o contrário, não quero estar mais nesta Igreja. ”Nas declarações aos jornalistas a bordo do avião que o levou de Roma a Berlim, Bento XVI convidou os crentes a “suportar estes terríveis escândalos” permanecendo na Igreja Católica, que é mais do que “uma associação desportiva ou cultural”. Aludindo ao episódio bíblico da pesca milagrosa, o papa acrescentou: “A Igreja é a rede do Senhor, na qual os peixes bons e maus são retirados das águas da morte para a terra da vida. ”No aeroporto Tegel, de Berlim, o Papa foi recebido pela chanceler Angela Merkel e vários ministros, nesta que é a sua primeira viagem oficial ao seu país natal – em 2005 e 2006 o Papa já tinha estado na Alemanha, mas em visitas pastorais. O carácter oficial da visita também tem levantado críticas – 100 deputados (em 620) anunciaram que iriam boicotar o discurso do Papa, esta tarde, no Bundestag, o Parlamento federal. E uma manifestação contra as posições de Bento XVI e do Vaticano está também prevista em questões morais está também prevista para esta tarde, ao mesmo tempo que o Papa fala no Parlamento. O Papa também exprimiu compreensão pelas manifestações que o contestam. “É normal numa sociedade livre marcada por uma forte secularização. Tomo nota e não há nada a dizer quando [a contestação] se exprime de modo civilizado. Respeito os que assim se exprimem. ”No avião, o Papa evocou também o encontro, previsto para sexta-feira, em Erfurt, com os líderes das igrejas luteranas. Católicos e protestantes podem “mostrar a sua unidade fundamental mesmo se há ainda grandes problemas”. O encontro decorrerá amanhã ao meio-dia no mosteiro onde viveu Martinho Lutero, o iniciador da Reforma protestante. “Estar unido é fundamental para o nosso tempo. O homem é feito à imagem de Deus, estamos unidos e devemos dizê-lo”, acrescentou o Papa. No seu encontro com a chanceler Merkel, que decorreu ao final da manhã, os dois líderes falaram dos mercados financeiros e da crise económica que atinge a Europa. Foi a própria Angela Merkel que afirmou, citada pela AFP: “Falámos dos mercados financeiros, sobre o facto de que a política deve ter a força de agir, mais do que se submeter. É uma tarefa primordial na época da mundialização. ”O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, indicou que o Papa saudou a “solidariedade” que a Alemanha tem manifestado na crise europeia. Antes, o alemão Joseph Ratzinger fora recebido pelo Presidente Christian Wulff na sua residência oficial. “Até que ponto a Igreja deve ser misericordiosa a lidar com os falhanços nas vidas privadas das pessoas?”, perguntou o Presidente, que é católico, divorciado e casado segunda vez. Wulff referiu também as falhas da Igreja “na sua própria história” e na conduta dos seus representantes, numa referência aos casos de pedofilia.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Haver ou não maioria absoluta, eis a questão nas eleições regionais da Madeira
Com a colossal dívida da região no centro da campanha que hoje se inicia, a grande incógnita é saber se o PSD vai obter a maioria absoluta que Alberto João Jardim exige para continuar no governo. “Se não tiver uma maioria para poder governar, eu vou embora da política”, avisou há dois meses. (...)

Haver ou não maioria absoluta, eis a questão nas eleições regionais da Madeira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com a colossal dívida da região no centro da campanha que hoje se inicia, a grande incógnita é saber se o PSD vai obter a maioria absoluta que Alberto João Jardim exige para continuar no governo. “Se não tiver uma maioria para poder governar, eu vou embora da política”, avisou há dois meses.
TEXTO: Nos 10 últimos actos eleitorais realizados na Madeira, incluindo legislativas nacionais e regionais, para o Parlamento Europeu e autárquicas, o PSD só não obteve a maioria absoluta nas eleições para a Assembleia da República de 2005 (45, 24%), de 2009 (48, 1%) e de 2011 (49, 42%). Em todas as eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira obteve mais de metade dos votos expressos, embora registando uma acentuada tendência decrescente, entre a máxima votação obtida em1988 (67, 7%) e a mínima em 2004 (53, 71%) que foi contrariada nas eleições antecipadas de 2007 (64, 24%). Quando se acentuava esta descida, Jardim aproveitou a revisão da lei de finanças regionais, em 2007, para provocar eleições antecipadas que transformou num plebiscito contra o “inimigo externo”, Lisboa. A estratégia saiu duplamente vencedora: reforçou o poder e neutralizou todos os partidos da oposição minoritária, congregando-os à sua volta contra o PS regional e o Governo de Sócrates. De um total de 47 mandatos a distribuir num círculo eleitoral único, o PSD poderá não obter uma maioria absoluta no parlamento madeirense se a sua votação ficar abaixo dos 45 por cento. Numa extrapolação com os resultados das últimas legislativas nacionais, a continuidade de Jardim no governo está dependente de apenas três mandatos. Basta que um em cada sete abstencionistas (o maior “partido” regional que habitualmente representa mais de 40% dos recenseados e ultrapassa, com uma média de 70 mil, o dos votantes do PSD) vote num partido da oposição. Ou, em alternativa, que os sociais-democratas percam cerca de quatro mil votos para outras forças concorrentes. Se perder a maioria absoluta e Jardim, por isso, abandonar a política, como prometeu no Chão da Lagoa, o CDS/PP está disposto a formar um governo de coligação com o PSD, hipótese sempre rejeitada pelo líder social-democrata. No entanto, esta semana, numa entrevista à RTP-Madeira, recuou ao admitir, num cenário hipotético de perder a maioria, tal aliança. “O CDS seria o parceiro ideal, até para ficarmos conjugados, mas está a pôr aqui uma conjuntura que não me passa pela cabeça”, frisou. Adiantou que “se fosse preciso fazer coligação, o CDS facilitava até a vida da Madeira, porque havia uma comunhão mais forte de interesses e deixava de haver estas histórias do senhor Portas lá ser aliado do PSD e aqui ser adversário do Alberto João”. Duas outras forças concorrentes, de um total de nove (Partido Trabalhista Português -PTP, Partido da Terra-MPT, Nova Democracia-PND, PPD/PSD, BE, CDU, CDS/PP, Partido pelos Animais e pela Natureza - PAN, e PS, assim ordenados no boletim de voto) também se mostram disponíveis para viabilizar um governo liderado pelo PSD, sem colocar qualquer reserva em relação a Jardim. Face a todas estas hipóteses, equacionadas e debatidas internamente, Jardim tem-se desdobrado entre dezenas de inaugurações oficiais, como presidente do governo regional, e jantares-comício de natureza partidária, a apelar ao voto da maioria dos 256. 481 cidadãos recenseados, mais 25 mil pessoas que nas últimas regionais de 2007 e menos 10 mil que toda a população residente no arquipélago. Embora a opinião pública nacional condene as contas de Jardim, quer pela ocultação das dívidas, quer pelo seu impacto no défice de Portugal, Jardim sabe que o seu julgamento político depende exclusivamente dos jurados madeirenses, que tem incitado a insurgir-se contra “o ódio e a inveja” de Lisboa, o “inimigo externo” queixoso. Sentado no banco dos réus, sob a acusação de despesismo, desaforo orçamental e desbarato do erário público, espera pela sentença que pode ser a maioria absoluta, pena maior a que seria condenado a governar com as restrições que agora oculta aos eleitores, ou, sem maioria, uma pena suspensa, a de livrar de governar em tempo de vacas magras.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD MPT BE
Partido Pirata toma Berlim com o país em vista
O Partido Pirata, conhecido sobretudo pela defesa de uma Internet mais livre e a despenalização das cópias para uso privado, teve um sucesso nas eleições de Berlim tão grande que surpreendeu os próprios membros do partido. (...)

Partido Pirata toma Berlim com o país em vista
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Partido Pirata, conhecido sobretudo pela defesa de uma Internet mais livre e a despenalização das cópias para uso privado, teve um sucesso nas eleições de Berlim tão grande que surpreendeu os próprios membros do partido.
TEXTO: A força política, nascida após o estabelecimento do primeiro Partido Pirata na Suécia, prometia crescer já desde as últimas legislativas. Mas nada fazia prever os 8, 9% de há uma semana nas eleições da cidade-estado. Tanto que todos os integrantes da lista (15 em 149 deputados estaduais) foram eleitos: se tivessem ganho mais votos, ficariam com lugares por preencher. O que querem os piratas? Na primeira conferência de imprensa, os novos deputados foram bombardeados com perguntas. Um jornalista perguntou mesmo se o grupo seria apenas um "bando caótico de arruaceiros". Desajeitados perante as câmaras, tentaram escudar-se atrás dos computadores portáteis abertos. Os seus principais cavalos-de-batalha são a legalização das cópias privadas, a protecção de dados online e a luta contra a censura, embora defendam também mais transparência dos processos de decisão política e dos concursos públicos. Para Berlim, fizeram ainda propostas como a criação de uma rede de Wi-Fi gratuita em toda a cidade e transportes públicos grátis, propondo ainda um salário mínimo. Os piratas assumem o seu amadorismo nas questões de processo político - que os analistas não se cansam de dizer que é caracterizado por grande complexidade e burocracia - mas querem impor um novo paradigma: a "democracia líquida". Tudo com base na interactividade da Internet, que daria mais poder aos cidadãos no processo político - e legislativo. O mesmo para a orientação política, ainda indefinida. A pergunta foi posta pelo próprio partido no seu fórum oficial, conta o jornal Die Zeit. "Somos de direita ou de esquerda?" O líder parlamentar, Andreas Baum (escolhido por sorteio), admitia que os piratas têm de ir "experimentando". "Não temos nenhum grande plano estratégico, ainda temos de pôr os resultados numa tabela de Excel", disse, citado pela revista Stern. Os novos Verdes?O Partido Pirata, actualmente com 12 a 13 mil membros, tem desencadeado uma avalanche de comparações com os Verdes no seu início. Também são um partido de "causa única", apresentada com irreverência, e o modo como se vestem sublinha esta imagem - na tomada de posse alguns usavam sweatshirts com capuzes, fazendo lembrar Joschka Fischer, dos Verdes, que tomou posso nos anos 1980 no estado federado de Hesse com ténis brancos e um blazer desajeitado. Os slogans dos piratas são provocatórios e bem-humorados: "Pergunta aos teus filhos por que deves votar nos piratas" ou "Nós temos as perguntas, vocês têm as respostas" ou ainda "Não acredites no que lês nos cartazes de campanha - informa-te". Os Partudo Pirata obteve dois por cento dos votos nas últimas eleições parlamentares. Tal como os Verdes em 1980, não conseguiram superar os cinco por cento necessários para entrar no Parlamento federal. Mas os Verdes conseguiram-no três anos depois - e dez anos após a representação parlamentar chegaram ao Governo, em coligação com os sociais-democratas de Gerhard Schröder. Hoje, os Verdes são considerados o partido que poderá decidir as eleições de 2013, e poderão ser cortejados até, dizem analistas, pela própria Angela Merkel. Os piratas gostam da comparação, mas sublinham a mudança nos Verdes. "Acho que os Verdes são agora um partido conservador", criticou Sebastian Schneider, um dos membros do grupo de deputados berlinenses do partido. "Ainda não decidiram se se juntam ao lado negro da força", comentou, numa alusão mista ao Star Wars e a uma possível coligação com a CDU, partido cuja cor é o preto. Excentricidade berlinense?
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro salário
Amanda Knox sabe hoje se sai em liberdade ou fica presa
Há quatro desfechos possíveis para o caso de Amanda Knox, uma estudante norte-americana condenada pelo assassínio da sua colega de quarto na cidade italiana de Perugia, em Novembro de 2007. Mas só um é aquele que Amanda espera ouvir hoje, quando o tribunal de recurso anunciar a sua decisão: a exoneração das queixas, que lhe permitirá sair em liberdade. (...)

Amanda Knox sabe hoje se sai em liberdade ou fica presa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2011-10-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há quatro desfechos possíveis para o caso de Amanda Knox, uma estudante norte-americana condenada pelo assassínio da sua colega de quarto na cidade italiana de Perugia, em Novembro de 2007. Mas só um é aquele que Amanda espera ouvir hoje, quando o tribunal de recurso anunciar a sua decisão: a exoneração das queixas, que lhe permitirá sair em liberdade.
TEXTO: Desde a sua detenção, há quatro anos, que Amanda reclama inocência. O crime pelo qual foi condenada a 25 anos de prisão aconteceu um mês depois de Knox chegar a Itália: a britânica Meredith Kercher, com quem dividia casa, foi encontrada morta, degolada no seu quarto. Além de Amanda, então com 20 anos, as autoridades italianas prenderam (e mais tarde condenaram) Raffaele Sollecito, o seu namorado de seis dias, e Rudy Guede, um traficante de droga da Costa do Marfim. A procuradoria fez saber que levará o caso até ao Supremo, se o veredicto for no sentido da libertação da americana. A acusação sustentava a culpa de Knox no facto de o seu ADN ter sido encontrado no cabo de uma faca cuja lâmina continha o sangue da vítima. Uma reavaliação do material forense por um painel independente descobriu 54 "erros grosseiros" dos investigadores na recolha de provas, levando à sua exclusão. No entanto, o juiz pode considerar que não há razões para pôr em causa o processo original. Se essa for a sua decisão, existem ainda assim três possibilidades. Uma é que o juiz exija que Knox cumpra os 22 anos de pena que ainda tem pela frente em Itália. Outra é que aceite negociar uma redução de pena, como fez com Rudy Guede (de 30 para 16 anos). E outra ainda - o pior cenário para a defesa - é que aceite o pedido da procuradoria para o reforço da sentença inicial, condenando a norte-americana a prisão perpétua.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime exclusão prisão morta marfim
Finanças querem extinguir sociedades de "endividamento" da Madeira
A Inspecção-Geral de Finanças, no relatório sobre a situação financeira da Madeira, propõe a extinção das quatro sociedades de desenvolvimento regional que "estão em situação de falência técnica". "Não faz sentido manter" as Sociedades de Desenvolvimento do Norte (SDNM), do Porto Santo (SDPS), Metropolitana (SMD) e Ponta Oeste (SDPO), conclui o relatório apresentado sexta-feira pelo ministro das Finanças. (...)

Finanças querem extinguir sociedades de "endividamento" da Madeira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-10-03 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20111003150735/http://publico.pt/1514739
SUMÁRIO: A Inspecção-Geral de Finanças, no relatório sobre a situação financeira da Madeira, propõe a extinção das quatro sociedades de desenvolvimento regional que "estão em situação de falência técnica". "Não faz sentido manter" as Sociedades de Desenvolvimento do Norte (SDNM), do Porto Santo (SDPS), Metropolitana (SMD) e Ponta Oeste (SDPO), conclui o relatório apresentado sexta-feira pelo ministro das Finanças.
TEXTO: Propondo a concentração numa nova entidade das competências daquelas sociedades, a IGF recomenda que neste processo seja também equacionado o destino a dar à Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, concessionária da Zona Franca em que a região é minoritária em parceria com o grupo Pestana, "pois não se justifica a existência de mais do que uma entidade deste tipo". As quatro sociedades anónimas, de capitais exclusivamente públicos em que a região é maioritária em parceria com os municípios abrangidos pela sua actividade, "não dispõem de uma base empresarial sustentável", frisa o relatório. Têm servido, "pelo menos nos últimos anos, como um instrumento de desornamentação regional e para contornar os limites de endividamento impostos ao governo regional, propósito aliás assumido publicamente" pelo executivo de Alberto João Jardim. A região criou também a Zarcos Finance BV, que serviu como veículo para a obtenção de meios financeiros para as referidas quatro empresas deficitárias. Da utilização da dívida por aquela contraída beneficiou também a Madeira Parques Empresariais (MPE). As cinco sociedades devem 625 milhões de euros. Substituindo-se ao governo e aos municípios, impedidos de contrair novos empréstimos, as quatro sociedades e a MPE foram responsáveis pela realização de investimentos e prestação de garantias a projectos cuja viabilidade "não parece suficientemente demonstrada, a avaliar pelos resultados deficitários constantes". Concluído o aeroporto da Madeira em Setembro de 2000, a maior obra do jardinismo, coube às sociedades de desenvolvimento abrir o novo ciclo de obras públicas numa altura que, atendendo aos níveis entretanto atingidos pela região, decresciam os apoios comunitários. Marcaram a primeira década do século XXI, conjuntamente com as PPP rodoviárias, outra fórmula de engenharia financeira a que o líder madeirense recorreu para contornar os limites de endividamento. Essas obras mantiveram o poderoso lóbi da construção, que hoje sobrevive à custa da lei de meios para a reconstrução pós-temporal. O caso mais emblemático de inutilidade de obras das sociedades de desenvolvimento é a marina do Lugar de Baixo, inaugurada em 2004, antes de eleições regionais. Esteve desde então inoperacional devido à fragilidade e insegurança da infra-estrutura, que obrigaram a reparações e intervenções, fazendo quadruplicar o custo inicial para cerca de 100 milhões. Mas, como noticiou o PÚBLICO, acentuadas derrapagens registaram-se igualmente no Parque Temático de Santana (dos orçamentados 34, 9 milhões passou para 70, 8 milhões), no Museu da Baleia do Caniçal (de 1, 5 milhões para 11, 5 milhões), obras das sociedades de desenvolvimento que hoje têm espalhados pelo arquipélago mais de 70 bares e restaurantes nos seus complexos balneares, promenades, parques desportivos e campos de golfe, quase tão pouco frequentados como as infra-estruturas da Madeira Parques. Com todos estes "elefantes brancos", há o risco, como alertou a Inspecção-Geral de Finanças, de as garantias financeiras (537, 4 milhões) dadas pelo governo aos empréstimos virem, por incumprimento dos encargos das sociedades, a constituir dívida directa da região. Se o governo regional tiver de assumir a responsabilidade indirecta sobre a dívida financeira (1255 milhões de avales) das empresas do sector público, a dívida global da Madeira passará então dos agora contabilizados 6328 milhões para 7583 milhões, sem incluir despesas não facturadas nem as escalonadas para próximos anos económicos. Leia o dossier completo sobre "A rede do poder na Madeira" no PÚBLICO de hoje e na edição online exclusiva para assinantes.
REFERÊNCIAS:
Caso Amanda Knox: acusação vai pedir recurso ao Supremo
A acusação do caso do assassínio de Meredith Kercher, em Perugia, em 2007, vai interpor recurso no Supremo Tribunal italiano e mostrou-se confiante na revogação da absolvição de Amanda Knox e Raffaele Sollecito anunciada ontem à noite pelo Tribunal de Recurso de Perugia. (...)

Caso Amanda Knox: acusação vai pedir recurso ao Supremo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A acusação do caso do assassínio de Meredith Kercher, em Perugia, em 2007, vai interpor recurso no Supremo Tribunal italiano e mostrou-se confiante na revogação da absolvição de Amanda Knox e Raffaele Sollecito anunciada ontem à noite pelo Tribunal de Recurso de Perugia.
TEXTO: “A sentença de ontem à noite é errada e contraditória. Existe uma primeira sentença que condena os acusados e agora há um recurso que os absolve. Será o Supremo Tribunal a decidir quem tem razão”, adiantou o procurador Giuliano Mignini. Mignini frisou que foi o próprio Tribunal de Recurso de Perugia que condenou a estudante norte-americana a três anos de prisão por caluniar Patrick Lumumba, proprietário de um bar falsamente acusado por Knox de estar na cena do crime na noite da morte de Meredith. “Por que o acusou? Não se sabe”, acrescentou. A família de Meredith Kercher também mostrou a sua perplexidade perante a absolvição de Knox e Sollecito. “Respeitamos a decisão do Tribunal de Recurso, mas não compreendemos como é possível modificar deste modo a sentença emitida no primeiro processo”. E disseram também que não acreditavam que Rudy Guede, um rapaz de 23 anos da Costa do Marfim, condenado com pena definitiva e imutável a 16 anos pela morte de Kercher, seja o único culpado. Amanda Knox já deixou ItáliaA estudante norte-americana, declarada inocente depois de quatro anos detida numa prisão italiana pela morte da jovem britânica Meredith Kercher, chegou ao aeroporto de Fiumicino, nos arredores de Roma, às 9h30 locais (menos uma hora em Lisboa), onde embarcou com os pais num voo da British Airways com destino a Londres para, daí, viajar até Seattle, a sua cidade natal. Depois de deixar a prisão de Capanne, perto de Perugia, Amanda Knox fez algumas declarações. “Suportei o insuportável. Agora só quero voltar a casa, tomar as rédeas da minha vida e reconquistar a felicidade”. A jovem e o ex-namorado, o italiano Rafaelle Sollecito, foram condenados num primeiro processo a 26 e 25 anos respectivamente pelo homicídio da colega de casa de Knox. A jovem disse ainda não sentir rancor pelos italianos. “Quem me estendeu a mão e ofereceu apoio e respeito apesar das polémicas foram os italianos. Foram eles que me escreveram, que me defenderam e que estiveram do meu lado, que rezaram por mim. Estar-lhes-ei sempre agradecida”, escreveu numa carta divulgada pela ANSA. Apesar de já estar a caminho dos Estados Unidos, Knox terá de regressar a Itália, tal como prevê a lei do país, para se submeter a um terceiro e definitivo julgamento sobre o homicídio de Meredith. “Ganhamos uma batalha, mas não a guerra”, admitiu Luciano Ghirga, um dos advogados, depois de a norte-americana ter deixado a prisão. “Agora falta que o Supremo Tribunal se pronuncie. Porém, a extradição de Amanda era a nossa prioridade”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte guerra lei homicídio tribunal prisão marfim
Morreu o cenógrafo Mário Alberto, fundador de A Barraca
O cenógrafo Mário Alberto, co-fundador do Teatro Adoque e do grupo A Barraca, morreu hoje, em Lisboa, aos 86 anos. Pintor, cenógrafo, figurinista, profissional de teatro, cinema e televisão Mário Alberto nasceu no Lubango (ex-Sá da Bandeira), a 20 de Julho de 1925, e cresceu no Alentejo. (...)

Morreu o cenógrafo Mário Alberto, fundador de A Barraca
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: O cenógrafo Mário Alberto, co-fundador do Teatro Adoque e do grupo A Barraca, morreu hoje, em Lisboa, aos 86 anos. Pintor, cenógrafo, figurinista, profissional de teatro, cinema e televisão Mário Alberto nasceu no Lubango (ex-Sá da Bandeira), a 20 de Julho de 1925, e cresceu no Alentejo.
TEXTO: Discípulo de Yves Brayer e Henri Goetz, na Academia de La Grand Chaumiére, onde se inscreveu, em 1957, por conselho da pintora Vieira da Silva, expôs pela primeira vez na Galeria de Raymond Duncan, no final da década de 1950. A sua estada em Paris foi financiada pela actriz Beatriz Costa, como revelou o próprio em várias entrevistas. Fundador dos grupos de teatro Adoque e A Barraca, foi um dos principais responsáveis pela renovação da “Revista à Portuguesa” iniciada com “O Fim da Macacada”, no Teatro ABC. Integrou centenas de revistas dos teatros de Lisboa, de todo o país e no estrangeiro, assinando os figurinos, os cenários, tendo sido igualmente co-autor de textos e director de montagens. Foi professor de Cenografia, na Companhia de Teatro de Almada e na Escola de Circo - Secção de Teatro. Dirigiu a cenografia de “Tem a Palavra a Revista”, que estreou no Maria Vitória no ano 2000, com cenários de António Casimiro, Avelino do Carmo, Eduardo Cruzeiro, Jorge Rosa, Juan Soutullo, Luís Furtado, Mário Alberto, Moniz Ribeiro e Octávio Clérigo. Mário Alberto recebeu o Prémio de Cenografia da Casa da Imprensa em 1957, e o Prémio de Cenografia da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro pela cinematografia da adaptação dramática de “Valente soldado Schveik”, do escritor checo Jiri Hájek. Foi o homenageado do Ano no Festival de Teatro de Almada, em 1990. Em 2008, foi homenageado no Teatro Nacional D. Maria II por iniciativa de A Barraca e da Câmara de Lisboa, sendo essa uma das últimas vezes em que apareceu em público. Mário Alberto está representado no acervo do Museu do Teatro, em Lisboa, e em diversas colecções nacionais e estrangeiras. O velório do cenógrafo realiza-se a partir das 20h no auditório da Sociedade Portuguesa de Autores, disse à Lusa fonte familiar. O funeral realiza-se na quarta-feira, às 15h30, para o cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Notícia actualizada às 17h35
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola circo
Processo Portucale entra hoje nas alegações finais
O processo Portucale – relacionado com o abate de sobreiros em Benavente, em 2005, para a construção de um projecto turístico-imobiliário - leva hoje às Varas Criminais de Lisboa o Ministério Público e defesa dos arguidos, nas suas alegações finais. (...)

Processo Portucale entra hoje nas alegações finais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: O processo Portucale – relacionado com o abate de sobreiros em Benavente, em 2005, para a construção de um projecto turístico-imobiliário - leva hoje às Varas Criminais de Lisboa o Ministério Público e defesa dos arguidos, nas suas alegações finais.
TEXTO: O caso envolve o abate de sobreiros na herdade da Vargem Fresca, em Benavente, para a construção de um projecto turístico-imobiliário da empresa Portucale, do Grupo Espírito Santo (GES), e começou a ser julgado em Fevereiro. Os onze arguidos são Abel Pinheiro, Carlos Calvário, José Manuel de Sousa e Luís Horta e Costa (estes três ligados ao GES), António de Sousa Macedo (ex-director-geral das Florestas), Manuel Rebelo (ex-membro da Direcção-Geral das Florestas), António Ferreira Gonçalves (ex-chefe do Núcleo Florestal do Ribatejo), João Carvalho, Teresa Godinho, Eunice Tinta e José António Valadas (funcionários do CDS à data dos factos). Abel Pinheiro e os administradores do GES são acusados de tráfico de influências, enquanto os funcionários do CDS-PP respondem pela acusação de falsificação de documentos. Em causa no processo estão, nomeadamente, suspeitas quanto ao preenchimento de recibos de donativos para justificar a entrada de um milhão de euros nas contas do partido, em Dezembro de 2004. Os factos reportam a 2005 quando, a poucos dias das eleições legislativas, um despacho assinado pelos ex-ministros Costa Neves (Agricultura), Nobre Guedes (Ambiente) e Telmo Correia (Turismo) declarava como de imprescindível utilidade pública um projecto do GES para um empreendimento turístico em Benavente. No documento era autorizado o abate de mais de 2500 sobreiros, uma espécie protegida. Nobre Guedes (CDS-PP), Costa Neves (PSD) e Telmo Correia (CDS-PP) não foram acusados de qualquer crime pelo Ministério Público, decisão contestada pela defesa do ex-director-geral das Florestas, António Sousa Macedo, que estranhou não estarem na sala do tribunal os ministros da Agricultura, Ambiente e Turismo, mas apenas os técnicos que “se limitaram a cumprir a lei”. Na fase de instrução, José António Barreiros, advogado de Abel Pinheiro, pediu que o ex-dirigente do CDS-PP não fosse pronunciado, alegando não haver provas de que tenha cometido os crimes de que estava acusado, designadamente tráfico de influências e falsificação de documentos, mas o juiz não aceitou o argumento. O CDS/PP é assistente no processo, mas também discordou do Ministério Público (MP), considerando que, durante a instrução, não ficou provado que os funcionários do partido constituídos arguidos tenham cometido os crimes de que são acusados. As alegações finais antecedem o acórdão dos juízes e têm a finalidade de tentar influenciar a sua decisão. As partes, defesa e acusação (MP), irão falar das suas pretensões. O processo está em julgamento nas Varas Criminais de Lisboa, no Campus de Justiça, no Parque das Nações.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD