Blatter acredita que o Mundial “vai ser maravilhoso”
O presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), o suíço Joseph Blatter, assegurou esta segunda-feira que o Mundial, que arranca sexta-feira na África do Sul, vai “ser maravilhoso”. (...)

Blatter acredita que o Mundial “vai ser maravilhoso”
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 1.0
DATA: 2010-06-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: O presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), o suíço Joseph Blatter, assegurou esta segunda-feira que o Mundial, que arranca sexta-feira na África do Sul, vai “ser maravilhoso”.
TEXTO: “Este Mundial vai ser maravilhoso, estamos ansiosos que comece”, disse ‘Sepp’ Blatter, após uma reunião do Comité Executivo da FIFA, em Joanesburgo. Para o dirigente máximo do organismo, esta competição vai demonstrar que “o continente africano e a África do Sul são capazes de organizar um evento desta grandeza”. “Encontrámos algumas dificuldades em todos os âmbitos, mas estamos optimistas e pensamos que vai ser um Mundial fantástico”, disse. A competição arranca sexta-feira, com o duelo entre a África do Sul e o México, seguido do embate entre Uruguai e França, ambos do Grupo A.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Portugal é o 13º país mais pacífico do mundo
Portugal é actualmente o 13º melhor país mais pacífico do mundo. A conclusão foi publicada hoje pelo Global Peace Index que, para classificar os países analisados, se socorreu de um vasto leque de indicadores, tais como a educação, a saúde, a segurança ou o rendimento per capita. (...)

Portugal é o 13º país mais pacífico do mundo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2010-06-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Portugal é actualmente o 13º melhor país mais pacífico do mundo. A conclusão foi publicada hoje pelo Global Peace Index que, para classificar os países analisados, se socorreu de um vasto leque de indicadores, tais como a educação, a saúde, a segurança ou o rendimento per capita.
TEXTO: Com um score de 1. 366 pontos, Portugal tem, ainda assim, dez países europeus melhor colocados. A melhor classificação da lista é ocupada pela Nova Zelândia enquanto que no extremo oposto (do último até ao antepenúltimo postos) se encontram o Iraque, a Somália e o Afeganistão. Portugal é classificado com 1. 5 pontos (numa classificação que vai até 5, sendo este último o mais negativo) relativamente à sua participação em conflitos armados externos. A pontuação obtida resulta da participação de forças militares e policiais nacionais em zonas de permanente instabilidade, nomeadamente em países como o Afeganistão, Iraque ou até Timor. Os indicadores de paz relativos a Portugal referem que o país, numa escala de cinco, obtém dois pontos relativamente ao respeito pelos direitos humanos, o mesmo que é, de resto, atribuído à possibilidade de vir a ser alvo de potenciais actos terroristas. A instabilidade política é outro dos aspectos mais negativos (1. 25 pontos) numa listagem que inclui 23 pressupostos analisados. Outro dos aspectos em que aparece penalizado (com três pontos) é o que diz respeito à probabilidade de ocorrerem manifestações violentas. Ainda no que se refere aos indicadores sobre a paz dentro do país, é referido que Portugal possui três agentes policiais por cada 100 mil habitantes, o que também penaliza a pontuação do país. Em contraponto, o facto de apenas ocorrer um crime de homicídio por cada 100 mil pessoas beneficia a classificação de Portugal. O Global Peace Index divulga também outros dados sobre o país, que contribuem para o resultado. É o caso do sistema eleitoral do país, que merece uma classificação de 9. 58 pontos numa escala que vai até dez (sendo que , nesta classificação, o último valor é agora o mais positivo). O funcionamento do Governo é classificado com 8. 21 pontos enquanto que a participação política se fica pelos 5. 56. Ainda numa escala que vai até 10, a política cultural de Portugal merece uma apreciação de 7. 5 pontos, enquanto o cumprimento das liberdades civis é contemplado com 9. 41, valores estes bem superiores aos que são dados, por exemplo, à percepção que as pessoas têm sobre a existência de corrupção, a qual se cifra em 5. 8. Num país onde a taxa de literacia nos adultos já é superior a 94 por cento regista-se, no entanto, apenas 56. 88 por cento de frequência do ensino superior. As despesas correntes com a educação consomem 5, 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Quanto à esperança de vida, Portugal é um país onde há uma importante longevidade, com as estimativas a apontarem para os 79, 25 anos. O número de crianças mortas por cada 1000 nascimentos é de 2. 9. Em relação a 2009, Portugal melhorou este ano um lugar na classificação. Os indicadores mostram, no entanto, que a situação já foi bem melhor do que a actual, uma vez que nos anos de 2008 e 2007 o país ocupou, respectivamente, o sétimo e o nono lugares entre os mais seguros do mundo (para este ano fez-se uma contabilidade de 149 nações). Para mais informações sobre os países incluídos na lista do Global Peace Index pode consultar http://www. visionofhumanity. org/gpi-data/#/2010/scor
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime direitos humanos homicídio educação
Prémio Príncipe das Astúrias de Letras para Amin Maalouf
O escritor libanês Amin Maalouf foi hoje distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras. O júri do prémio, reunido esta manhã em Oviedo, escolheu um autor que "através da ficção histórica e da reflexão teórica, tem conseguido abordar com lucidez a complexidade da condição humana", elogiando-lhe a "linguagem intensa e sugestiva" que nos transporta "no grande mosaico mediterrâneo de línguas, culturas e religiões para construir um espaço simbólico de encontro e entendimento". (...)

Prémio Príncipe das Astúrias de Letras para Amin Maalouf
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: O escritor libanês Amin Maalouf foi hoje distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras. O júri do prémio, reunido esta manhã em Oviedo, escolheu um autor que "através da ficção histórica e da reflexão teórica, tem conseguido abordar com lucidez a complexidade da condição humana", elogiando-lhe a "linguagem intensa e sugestiva" que nos transporta "no grande mosaico mediterrâneo de línguas, culturas e religiões para construir um espaço simbólico de encontro e entendimento".
TEXTO: "Frente à desesperança, à resignação ou ao vitimismo, a sua obra traça uma linha própria para a tolerância e a reconciliação, uma ponte fundada nas raízes comuns dos povos e das culturas", remata o júri no comunicado em que anuncia o vencedor do galardão deste ano. Autêntico eremita, residente em França, homem acostumado a isolar-se durante meses para escrever os seus livros, Maalouf é um católico árabe que nasceu em Beirute em Fevereiro de 1949 e é licenciado em Economia e Sociologia. A família materna era natural da Turquia, de onde fugiu para o Cairo, tendo finalmente ido parar ao Líbano. O pai era um conhecido jornalista, bisneto de um pregador presbiteriano, de modo que ele sempre se considerou no cruzamento de múltiplas culturas e civilizações. Aos seis anos escreveu o primeiro artigo, em árabe, mas aos 16 já todas as suas notas eram em francês, tendo mais tarde explicado que o árabe era a sua língua social e o francês a sua língua íntima, que a dada altura se tornaria a fala quotidiana, quando os conflitos do Médio Oriente o atiraram para Paris. Aos 27 anos estava como repórter internacional ao serviço do “An Nahar”, principal diário libanês em língua árabe. Foi recebido em Nova Deli pela primeira-ministra indiana Indira Gandhi, deslocou-se ao Vietname e ao Bangladesh, tornou-se um cidadão do mundo. Os primeiros livros que iniciou nunca chegaram a ser acabados, o que é próprio de um espírito atormentado, até que em 1981 se começou a interessar muito em particular pelas Cruzadas, tendo devorado dezenas e dezenas de obras sobre esse tema tão transcendental no relacionamento da Europa com o mundo muçulmano. Foi assim que surgiu um clássico da literatura contemporânea, “As Cruzadas vistas pelos árabes”, a que se seguiriam os romances “Leão, o Africano” (1986), “Samarcanda” (1988), “Os jardins de luz” (1991) e “O século primeiro depois de Beatriz” (!992). De 19998 é o ensaio “As identidades assassinas” e do ano passado “Um Mundo sem regras”. “As Cruzadas vistas pelos árabes” mereceram-lhe o Prémio da Maison de la Presse e, em 1993, “O rochedo de Tanios” deu-lhe o Goncourt, um dos mais prestigiados prémios literários franceses. Já na presente década escreveu os libretos de quatro óperas: “O amor de longe”, “Adriana Mater”, “A Paixão de Simone” e “Emília”, todas elas da compositora finlandesa Kaija Saariaho. Em Julho do ano passado, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Maalouf dissertou sobre “o desregramento intelectual, económico, geopolítico e ético do mundo no século XXI”. Com este prémio, Maalouf junta-se a uma lista de galardoados que conta com Mario Vargas Llosa (1986), Camilo José Cela (1987), Francisco Umbral (1996), Günter Grass (1999), Doris Lessing (2001), Arthur Miller (2002), Fatema Mernissi e Susan Sontag (2003), Paul Auster (2006), Amos Oz (2007), Margaret Atwood (2008) ou Ismaíl Kadaré (2009).
REFERÊNCIAS:
Cavaco Silva vê na operacionalização das Forças Armadas um "superior interesse da nação"
O Presidente da República defendeu, nas comemorações oficiais do dia 10 de Junho, o papel das Forças Armadas na segurança internacional e no apoio às solicitações nacionais, considerando a sua operacionalização como um "superior interesse da nação". (...)

Cavaco Silva vê na operacionalização das Forças Armadas um "superior interesse da nação"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.7
DATA: 2010-06-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente da República defendeu, nas comemorações oficiais do dia 10 de Junho, o papel das Forças Armadas na segurança internacional e no apoio às solicitações nacionais, considerando a sua operacionalização como um "superior interesse da nação".
TEXTO: Cavaco Silva disse esta manhã em Faro, onde decorrem as celebrações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que é preciso valorizar o potencial do país "em várias frentes", incluindo a militar. "Importa ter presente que a redução da capacidade das Forças Armadas tem historicamente coincidido com o aumento das vulnerabilidades nacionais e o enfraquecimento da voz de Portugal no concerto das nações, como Estado soberano e independente", salientou, considerando que “a preservação da operacionalidade das nossas Forças Armadas é, sem dúvida, um superior interesse da Nação". No seu discurso aos militares, o Presidente da República sublinhou que as "Forças Armadas devem cumprir a sua quota parte na segurança internacional e na defesa de valores universais", como a dignidade humana. Assim, destacou o trabalho dos militares portugueses no Afeganistão, nas missões aeronavais de combate à pirataria nos mares da Somália, no Líbano, nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e em Timor-Leste. Em Portugal, Cavaco Silva salientou o apoio à Protecção Civil no combate aos incêndios e no resgate da vida humana no mar. O Presidente prestou ainda homenagem aos antigos combatentes, considerando-os "exemplos de vida" que "tudo se dispuseram a dar por Portugal".
REFERÊNCIAS:
Cidades Faro
Mundial vai custar três mil milhões de euros
Quando a África do Sul conquistou, em Maio de 2004, o direito de organizar o Mundial de futebol em 2010, o planeta ainda estava longe da crise financeira que se vive actualmente. (...)

Mundial vai custar três mil milhões de euros
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando a África do Sul conquistou, em Maio de 2004, o direito de organizar o Mundial de futebol em 2010, o planeta ainda estava longe da crise financeira que se vive actualmente.
TEXTO: Em retrospectiva, talvez não fosse boa ideia acolher um torneio tão oneroso, mas os sul-africanos já não podiam escapar a receber o primeiro Mundial em África. E vão pagar cerca de três mil milhões de euros pelo privilégio. Os custos previstos na altura em que ganharam a votação eram, no mínimo, conservadores, para não dizer irrealistas. Na altura, previa-se gastar apenas 250 milhões de euros em estádios e outras infra-estruturas, mas em 2010 esses custos escalaram para mais de dez vezes esse valor. Só em estádios (cinco construídos de raiz e cinco remodelados), a organização sul-africana vai gastar cerca de 950 mil milhões de euros. "O Mundial que estava na nossa proposta de candidatura não é o Mundial que estamos a organizar", admite Danny Jordaan, director executivo do comité organizador do torneio, em entrevista ao Financial Times. Jordaan justifica o aumento de custos com a mudança de planos no que diz respeito à construção dos estádios. "No início, íamos apenas construir dois estádios novos", refere - os estádios correspondem a cerca de um terço do investimento total para a competição; o mais caro foi o Green Point Stadium, na Cidade do Cabo, onde Portugal jogará contra a Coreia do Norte e que custou 247 milhões de euros. A outra grande fatia das despesas está nos transportes, que consumiram 1, 2 mil milhões de euros. Ainda assim, o investimento sul-africano só nos estádios está bem longe, por exemplo, da loucura que foi o Mundial 2002, com organização partilhada pela Coreia do Sul e pelo Japão. Ao todo, foram 20 recintos (dez por país), quase todos novos, que obrigaram a um investimento de 3, 7 mil milhões de euros. O Mundial da Alemanha foi bastante mais racional do que o torneio realizado na Ásia, apresentando apenas 12 estádios, que, entre construções de raiz e remodelações, custaram cerca de 1, 4 mil milhões de euros. Para o Mundial de 2014, no Brasil, os custos estimados para a construção e remodelação de estádios (que serão 12) são de 920 milhões de euros. O Mundial brasileiro vai obrigar ainda a um grande investimento no que diz respeito ao sistema de transportes, estando previsto, por exemplo, a construção de uma linha férrea para um comboio de alta velocidade e a remodelação profunda de dez aeroportos das cidades-sede.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
FIFA diz que escolha de Vieira para entregar a taça é "totalmente justificada"
A FIFA considerou hoje que a escolha do francês Patrick Vieira para entregar a taça do Mundial no concerto de abertura da prova, na quinta-feira em Joanesburgo, foi “totalmente justificada”, respondendo assim às críticas italianas. (...)

FIFA diz que escolha de Vieira para entregar a taça é "totalmente justificada"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2010-06-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: A FIFA considerou hoje que a escolha do francês Patrick Vieira para entregar a taça do Mundial no concerto de abertura da prova, na quinta-feira em Joanesburgo, foi “totalmente justificada”, respondendo assim às críticas italianas.
TEXTO: “Patrick Vieira foi campeão do Mundo [1998]. Além disso, nasceu no Senegal e, por isso, tem raízes africanas. Esta escolha foi, portanto, totalmente justificada”, disse hoje aos jornalistas o porta-voz da FIFA, Nicolas Maingot, citado pela agência francesa France Press. No sábado, o presidente da federação italiana (FIGC), Giancarlo Abete, manifestou a sua estupefacção por a escolha ter recaído em Patrick Vieira, e não num italiano campeão do Mundo em título. Durante o concerto realizado no Soweto, o médio francês entregou simbolicamente a taça à África do Sul. “A entrega do troféu do Campeonato do Mundo à África do Sul é um erro da FIFA”, insistiu Abete. Maingot frisou que “os italianos foram convidados, mas não puderam ir” ao concerto, o que considerou “totalmente compreensível em plena preparação”, mas o presidente da FIGC garantiu que nenhum jogador italiano campeão do Mundo em 2006 recebeu qualquer convite oficial. “Houve apenas um pedido informal da presença de Andrea Pirlo [médio e campeão do Mundo], que actualmente está lesionado”, precisou Abete.
REFERÊNCIAS:
Tempo sábado
Portista Álvaro Pereira quer "mais protagonismo" do Uruguai
O defesa Álvaro Pereira, do FC Porto, disse que a selecção do Uruguai “tentará ter mais protagonismo” do que no jogo com a França no próximo encontro do Mundial 2010, na quarta-feira, frente à África do Sul. (...)

Portista Álvaro Pereira quer "mais protagonismo" do Uruguai
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.35
DATA: 2010-06-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: O defesa Álvaro Pereira, do FC Porto, disse que a selecção do Uruguai “tentará ter mais protagonismo” do que no jogo com a França no próximo encontro do Mundial 2010, na quarta-feira, frente à África do Sul.
TEXTO: “Não jogámos mal frente aos franceses, embora nos tenha faltado força ofensiva”, admitiu “Palito” Pereira, como é conhecido pelos seus companheiros. O Uruguai empatou com a França sem golos no seu primeiro encontro do Grupo A - a anfitriã África do Sul empatou com o México a um golo. “Estivemos a analisar os defeitos e as virtudes dos sul-africanos”, afirmou também Álvaro Pereira, acrescentando: “Estamos tranquilos e a trabalhar com muita dedicação a pensar na África do Sul e na forma de somar os três pontos, que serão fundamentais para a definição do grupo”. As selecções do Uruguai e da África do Sul defrontaram-se em 2007, em Pretória, num jogo particular que terminou com um empate sem golos.
REFERÊNCIAS:
Cidades Pretória
Mundo assinala 65 anos de Suu Kyi com apelos à sua libertação
Aung San Suu Kyi faz hoje 65 anos e os apelos à libertação da líder da oposição birmanesa, mantida em prisão domiciliária, vieram de todo o mundo: Barack Obama, David Cameron e Ban Kin-moon são os nomes mais sonantes. (...)

Mundo assinala 65 anos de Suu Kyi com apelos à sua libertação
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aung San Suu Kyi faz hoje 65 anos e os apelos à libertação da líder da oposição birmanesa, mantida em prisão domiciliária, vieram de todo o mundo: Barack Obama, David Cameron e Ban Kin-moon são os nomes mais sonantes.
TEXTO: Distinguida em 1991 com o Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi é um dos presos políticos mais conhecidos em todo o mundo, com um estatuto equiparável ao de que gozou outrora o sul-africano Nelson Mandela. Em vários países estão marcadas manifestações a pedir, uma vez mais, a sua libertação, enquanto o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon se declarava “profundamente preocupado” por a junta militar birmanesa ainda não lhe ter dado liberdade. “Tenho vindo a exigir persistentemente que todos os presos políticos, incluindo Aung San Suu Kyi, sejam libertados sem condições, logo que possível, de modo a que possam participar no processo político”, disse. David Cameron, o primeiro-ministro britânico, prometeu "fazer tudo o que seja possível" para pôr fim "à injustiça" que representa a prisão de Suu Kyi. "A injustiça da sua detenção prolonda reflecte a injustiça a que o regime submente o seu povo e o seu país há tantos anos", escreveu o chefe do Governo de Londres numa carta aberta à líder da oposição birmanesa. “A sua contínua detenção e a de mais de 2100 outros presos políticos birmaneses é contra a lei internacional dos direitos humanos”, disse, por seu turno, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague. Obama referiu-se a Suu Kyi como “o único laureado com o Nobel da Paz que se encontra detido”. Ela passou em prisão domiciliária 15 dos últimos 20 anos, embora com alguns intervalos de liberdade. A coligação Free Burma organizou já ontem uma manifestação frente à embaixada birmanesa em Manila, depois de na quinta-feira o grupo de estadistas The Elders, fundado por Mandela, ter deixado simbolicamente um lugar vago para ela numa reunião efectuada na África do Sul. A Liga Nacional para a Democracia ganhou as legislativas birmanesas de 1990, mas não foi autorizada a formar governo. Em vez disso, o partido teve de passar à clandestinidade e os militares continuaram no poder. Os militantes da Liga Nacional para a Democracia, de Suu Kyi, tencionam plantar 20. 000 árvores em todo o país, para marcar o aniversário.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Depoimentos ao PÚBLICO sobre Saramago
Eduardo Lourenço, ensaísta"Em todos os sentidos, como destino e como autor, é um caso paradoxal. Aparece tarde no horizonte da ficção portuguesa, quando já ninguém o esperava, provavelmente nem ele. E isso é já em si um paradoxo e sobretudo um milagre cultural. À sua maneira, era uma versão nossa da Gata Borralheira. (...)

Depoimentos ao PÚBLICO sobre Saramago
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Eduardo Lourenço, ensaísta"Em todos os sentidos, como destino e como autor, é um caso paradoxal. Aparece tarde no horizonte da ficção portuguesa, quando já ninguém o esperava, provavelmente nem ele. E isso é já em si um paradoxo e sobretudo um milagre cultural. À sua maneira, era uma versão nossa da Gata Borralheira.
TEXTO: Para imitar Saramago, também ele se levantou do chão, de um sítio sem memórias eruditas canónicas, apoiado na sua extraordinária experiência dos homens, sonhando e ressonhando o texto que foi para ele matricial. Refiro-me à Bíblia. Quase todos os seus livros célebres são um diálogo com a mitologia bíblica, que ele vai submeter a uma estranha desmitologização, fazendo com ela um mundo às avessas ou antes um mundo onde as mais famosas histórias bíblicas se tornam a história mesma da humanidade unicamente humana. Provavelmente com a queda da utopia que foi assumidamente a dele, essa espécie de diálogo dramático com a mundovisão religiosa de raiz bíblica foi o que o salvou, não só literariamente, do traumatismo ideológico e ético. Deportou o essencial da sua utopia para paragens onde esse autêntico apocalipse político fosse substituído pelos sonhos de uma humanidade que pudesse ter perdido uma guerra mas nunca a ilusão que a faz viver. "Pedro Mexia, subdirector da Cinemateca e crítico literário "Já há algum tempo que se esperava a notícia, embora José Saramago tenha recuperado até muito bem nos últimos tempos, numa espécie de nova vitalidade. Mas tinha 87 anos e já tinha estado quase do outro lado. Ele teve uma espécie de segunda vida, depois daquela quase morte de há três anos em que passou a ter um renovado sentido de humor, uma coisa que não era muito óbvia nele. E escreveu A Viagem do Elefante, um livro também invulgar na obra dele. Foram os últimos anos de vida um bocadinho diferentes, e para mim foi uma surpresa agradável. O gosto de viver acentuou-se no confronto com a morte, como, aliás, penso que é relativamente natural que aconteça. A Viagem do Elefante, que só terminou depois de ser hospitalizado, é um livro que não tem uma amargura muito comum noutros livros dele. Isso foi uma novidade de fim de vida que apreciei bastante. Duas características marcam o lugar dele na literatura portuguesa. É um escritor de ideias, o que não é o mais comum no âmbito da ficção portuguesa. Os romances dele partiam sempre de uma ideia forte, alegorias sobretudo políticas e civilizacionais. É um autor que constrói os seus romances à volta de ideias e não necessariamente de personagens ou de enredos. Há uma visão do mundo que é muito forte. E, por outro lado, a sua escrita era uma espécie de actualização do barroco do padre António Vieira, um autor de que ele gostava e que tinha lido. Os famosos parágrafos corridos tinham também muito a ver com o incorporar dos diálogos e portanto com uma mistura de uma linguagem muito literária com uma abertura à oralidade que era a abertura às personagens e às classes que não têm acesso a outro tipo de linguagem - que falam e não escrevem. Isso também tinha uma intenção política. Acho que ele também ficará como um autor político, o que naturalmente também tem os seus perigos, porque os autores que ficaram ligados à política nem sempre as suas obras envelhecem bem. Não sei se será o caso de Saramago. É um autor de que gosto muito de alguns livros e nada de outros. Foi o primeiro português que ganhou o Nobel e provavelmente o último e desse ponto de vista esse lugar está assegurado na literatura portuguesa. "Urbano Tavares Rodrigues, escritor"Toda a obra literária de José Saramago é tocada pela centelha do génio, particularmente livros como Levantado do Chão, Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a Cegueira. A força das ideias mestras, a lucidez e o humor, a originalidade de um discurso oral que interpela o leitor e mescla dialecticamente acção, diálogo e comentário combinam-se em todos os seus livros com elementos mágicos de variada extracção, que ele muito justamente faz seus. A sua defesa das grandes causas, mesmo para além das suas convicções comunistas, se é certo que lhe valeram alguns pequenos ódios e perseguições, trouxeram-lhe inegavelmente grande prestígio mundial. Como personalidade ímpar é olhado e respeitado. Amigos desde o tempo da resistência ao salazarismo fascista e ao caetanismo, criámos laços de fraternidade inesquecíveis. Nunca olvidarei aquela folhinha dobrada que ele me metia no bolso, na redacção do Diário de Lisboa já no começo dos anos 70, dizendo-me: "Toma lá isto. " Isto era o Avante! clandestino. Ao longo dos anos, após o 25 de Abril, partilhámos lutas, esforços tenazes, alegrias e decepções. Muitas vezes divergimos e discutimos, dentro do partido ou cá fora, por diferente avaliação de acontecimentos ou realidades polémicas. Mas a frontalidade dessas divergências nunca empanou nem a admiração nem o profundo afecto que lhe dedico. Recordo, emocionado, certas pausas da nossa intensa actividade de escritores e revolucionários, nos anos em que mais convivemos, e como a ironia de José Saramago faiscava nessas inesquecíveis conversas. Hoje como ontem, nos lançamentos dos seus romances em Lisboa, sobre os quais quase sempre escrevi, ou a sua presença nas feiras do livro, entre dois livros assinados, o seu sorriso cúmplice, o seu abraço rijo. Deixo-te aqui, Zé, um incitamento: continua a olhar para cima, para o sol da razão, que iluminou sempre a tua vida e a tua escrita. "Carlos Reis, ensaísta"A notícia da morte chega nos momentos e nos lugares mais estranhos, mesmo que ela seja uma morte não propriamente anunciada, mas já esperada. À porta de um hotel, em Cáceres, pouco depois da reunião de um júri que atribuiu o prémio de criação da Junta de Extremadura a Eugenio Trías, comentávamos, Eduardo Lourenço e eu, o frágil estado de saúde de José Saramago; de repente, uma chamada telefónica (malditos telemóveis!) deu notícia daquilo que há tempos estava para vir: a morte de José Saramago. Com José Saramago desaparece não apenas um grande escritor português, mas sobretudo um enorme escritor universal. Mas fica connosco um universo: esse que Saramago criou, feito de uma visão subversiva da História e dos seus protagonistas, dos mitos estabelecidos e das imagens estereotipadas. Ainda que a sua obra tenha a dimensão plurifacetada e sempre em renovação que é própria dos grandes escritores, quero evocar, neste momento de comovida homenagem, alguns dos seus componentes mais fortes e expressivos. E assim, digo que o romancista que em 1980 publicava Levantado do Chão - uma espécie de romance de iniciação que confirmava a aprendizagem representada em Manual de Pintura e Caligrafia - pagava uma espécie de tributo literário ao extinto neo-realismo, com o qual o escritor mantinha fortes laços de solidariedade ideológica e política. Mas logo depois, e na sequência do admirável Memorial do Convento, Saramago escreve e publica, entre outros que agora não menciono, O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986) e História do Cerco de Lisboa (1989). Isto significa que Memorial do Convento não era um caso isolado, no que à inscrição da História na ficção diz respeito. E significa também que a tematização da História desencadeava inevitavelmente um jogo de variações e de modulações temáticas. A reflexão sobre Portugal e o seu destino (mau destino, para Saramago) de integração europeia, a problematização de mitos portugueses (o de Fernando Pessoa, por exemplo) em articulação com um tempo histórico tão bem identificado como o dos inícios do salazarismo, a revisão crítica e provocatória do cristianismo, a reflexão em clave ficcional sobre as origens históricas e políticas de Portugal, de novo em incipiente "diálogo" com a Europa, são alguns dos grandes temas que a ficção saramaguiana nos legou. Depois desta, que é a década mais fecunda da escrita literária de Saramago, abre-se um tempo de tematização de sentidos, de valores e de temas com um alcance universal. É então sobretudo que o registo da alegoria entra decididamente na escrita literária de Saramago; e é por isso que romances como Ensaio sobre a Cegueira ou Todos os Nomes são e serão lidos como grandes romances da literatura universal. Diz-se que José Saramago era um escritor polémico. É verdade. São polémicos os escritores que, com desassombro e com arrojada visão do futuro, interpelam os homens e os poderes do seu tempo. E é justamente quando o fazem, em conjugação com o impulso inovador que às suas obras incutem, que dizemos deles que são grandes escritores. Saramago foi e será um grande escritor. "Hélia Correia, escritora"Diz a lenda o que a história não confirma: que, no tempo em que Sófocles morreu, a Atenas que tanto o venerou e que tão venerada foi por ele se encontrava cercada pelos espartanos. A aldeia natal do dramaturgo encontrava-se então fora de portas, inacessível aos atenienses. O deus do teatro apareceu então nos sonhos de Lisandro, o general das tropas sitiantes. Ordenava que abrissem alas para dar passagem ao cortejo funerário. Lisandro obedeceu sem hesitar . Todos, atenienses e espartanos, se inclinaram com vénia e com lamento, ante o corpo do grande criador. Não consigo fazer elogios fúnebres. Digo "não" ao louvor de circunstância. Palavras e palavras vão cair com um grande barulho neste dia e todas elas ficarão aquém da grandeza deste homem. Que houve entre nós um luminoso afecto é coisa que me diz respeito a mim e sobre a qual não tenho que escrever. Que tenho um pensamento de triunfo é o que eu gostaria de explicar. Porque há aqui triunfo: a plenitude de um cidadão inteiramente dedicado à sua polis e aos seus contemporâneos. E a plenitude de um "poeta", daquele que faz obra e é por ela tornado glorioso. É o homem na sua existência absoluta. O homem que, sabendo-se mortal e não acreditando num Além, se empenha soberbamente em viver e criar com um fulgor e com uma coragem que os crentes desconhecem ou receiam. Para além do meu preito pessoal, que não se há-de resumir a depoimento, eu imagino aqui uma cidade que o leva em ombros - e os inimigos a abrirem caminho e a curvarem-se. Se os gregos inventaram esta lenda, é para que a memória a active quando um homem como Saramago nos deixa. "Miguel Ángel Bastenier, jornalista"Não sei se entre Portugal e Espanha há algum convénio de dupla nacionalidade, como o Estado espanhol mantém com muitos países latino-americanos. Penso que não, provavelmente devido aos receios que uma parte da opinião pública portuguesa sempre abrigou acerca dos supostos desígnios imperialistas de Madrid. Mas isso seria quase redundante, pois não há duas nações - e atrevo-me a dizer nações, apesar da Catalunha e do País Basco - que estejam mais próximas, que tenham mais a ver uma com a outra nem que sejam mais indistinguíveis do que Portugal e Espanha. O hispânico é mais lusitano e o lusitano é mais hispânico do que muitos nacionais da América Latina que fala espanhol. E, de todos os homens públicos dos dois países, ninguém simboliza melhor do que José Saramago essa nacionalidade "portunhola", esse encontro nas margens do Douro-Duero, esse sonho nem sempre bem compreendido de Filipe II de olhar a Península Ibérica como um todo, ou de Oliveira Martins, ao proclamar sem rodeios a Hispânia de todos, subprefeitura das Gálias, Império Romano, que teve num personagem lendário, num "pastor lusitano", como se dizia nos meus livros de História do liceu, um primeiro mito de toda a península - obviamente, Viriato. O Nobel português disse há uns meses que Portugal acabaria por ser absorvido pela Espanha, o que provocou alguma comoção no nosso irmão atlântico, ainda que se possa entender que essa fusão apenas poderia ter sentido no quadro da integração europeia. Em Espanha a notícia foi recebida com humor, como uma boutade intelectual, ainda que, no fundo, talvez muitos espanhóis possam ter achado que Portugal compreendia finalmente o seu "destino". Saramago, tão "portunhol" - língua que falava na perfeição e que provavelmente preferia ao espanhol assepticamente académico -, olhava para lá de Lisboa e de Madrid, mas isso não significava - apesar de ter empregado a expressão "absorção", talvez como concessão à castelhanidade de base dos seus leitores espanhóis - que ignorasse as diferenças entre os dois países. Lembro-me de um artigo que lhe pedi nos anos 90 para um suplemento internacional publicado por mais de vinte jornais - entre eles o PÚBLICO e o El País - no qual explicava como a dureza castelhana na ortografia e orografia da palavra "Tajo", que cortava como aço toledano, se pronunciava em português com a suavidade do "J" arrastado, que não corta mas, pelo contrário, aconchega. Essas eram as diferenças que o autor resolvia na "portunhalidade". Quase rematando o ano, José Saramago fez-se ao mar naquela formidável jangada da pedra na qual resumia o seu ideário: Portugal e Espanha são uma mesma realidade diversa, têm uma entidade e identidade ibérica intensamente comum. Por isso Saramago agrada tanto na Espanha castelhana, por isso, quando lhe pedi o artigo do Tejo, a sua colaboração apareceu como pertencendo ao contingente "espanhol" entre as contribuições dos diferentes jornais para esse suplemento mundial. E, por isso, não tenho a mínima dúvida de que Saramago e eu somos da mesma nacionalidade. Seja ela qual for. "Juan Cruz, jornalista do "El País" e antigo editor de Saramago"Nas últimas semanas, José Saramago mal falava, mas ria, continuava a rir. Pilar del Rio, a sua mulher, com quem conviveu mais de 20 anos, continuava a preparar-lhe jantares e pequenos-almoços, e embora a comida parecesse ser de outro mundo ou de outras necessidades, ele estava em todos os ritos que ela preparava para que continuasse ligado ao fio da sobrevivência. Estava e não estava, mas ria. Ontem [quinta-feira] amanheceu melhor, como se ressurgisse, e conversou com Pilar, com o médico, como se se despedisse da vida e das pessoas que o acompanharam até ao fim. Às vezes - aconteceu quando estivemos pela última vez com eles, há uma semana, na sua casa de Tías, Lanzarote - só ouvia música, que Pilar escolhia com o cuidado com que tratou até ao último detalhe (e até ao fim) da felicidade do marido [. . . ]. Lanzarote deu-lhe muita felicidade, desde que Pilar ali o levou pela primeira vez em 1993, um ano depois de ali morrer um herói cujo esteiro ele prolongou, César Manrique, outro Quixote, neste caso insular, que tinha abraçado causas que sempre foram familiares a Saramago: o respeito aos homens e à terra, a luta contra a injustiça dos homens contra os homens. De forma intermitente, viveu em Lanzarote (onde se curou de um desengano, o do seu país, que o impediu de concorrer a um prémio internacional com o seu Evangelho segundo Jesus Cristo) e continuou a viver em Lisboa, que guardava o mais central do seu coração: o amor aos outros e o amor aos seus antepassados. O seu avô, analfabeto, ensinou-lhe a amar os homens e a terra, e a ele dedicou num discurso memorável o prémio Nobel [. . . ]. Esse carácter português e quixotesco levou-o à garupa de todas as causas civis do seu tempo: comunista convicto, jornalista contra a ditadura e a favor da mudança dos cravos em Portugal, foi em todos os países que visitou (do Brasil ao México, de Espanha a Israel ou Palestina) um firme defensor dos direitos humanos, contra as guerras (a do Iraque nos últimos anos), contra o esmagamento (de Israel sobre a Palestina), a favor de aquelas pessoas (como Baltasar Garzón) assediadas por defenderem o que ele mesmo defendeu, a memória civil dos perdedores. Sempre com essa filosofia espartana com que comparecia aos actos, nas apresentações e nos múltiplos aeroportos que frequentou, como se a honra e a glória fossem penugem no casaco. Foi uma hospedeira de Frankfurt que o informou de que ganhara o Nobel, quando já abandonava a Feira do Livro, uma quinta-feira de Outubro de 1998. Então sentiu-se só, "à minha volta não havia nada, ninguém, nada, ninguém, nada", e começou a caminhar sem rumo até encontrar a sua editora Isabel de Polanco a quem comunicou a notícia. Esse abraço, que durante anos foi marca da relação que mantiveram, adquire hoje o aroma triste da melancolia, porque os dois protagonistas deste bonito episódio simples morreram. Há uma semana, Pilar del Rio disse-me a mim e a Francisco Cuadrado, o seu editor de Santillana, que uma dessas manhãs o seu marido se levantara com vontade de escrever outra vez, de retomar o fio de uma das suas histórias em que estava enfrascado quando a gravidade do seu estado fez com que perdera a voz mas não o riso. Pilar aconselhou-o a esperar, e ela mesmo esperava que o milagre de dois anos antes amanhecesse outra vez no cenário discreto da vida de Saramago, que o autor das Intermitências da Morte voltasse outra vez a ocupar o seu sítio preferido da casa, a biblioteca da Fundação, sob os cristais da luz que também foi o ar de Manrique. Mas já só o animavam as piadas de Pilar, a persistência dela em continuar os hábitos da vida diária, o pão com azeite, as verduras, o arroz, o bacalhau português, os peixes, a carne, a vida viva que Saramago sempre quis. Já havia pouco para dizer, depois de ter dito tanto, depois de tanto sonho e de tanta escrita. Fomos vê-lo onde esperava as imagens da televisão e, sem dúvida, o sonho que já pouco se interrompia. Então dissemos-lhe adeus, até amanhã, e ele disse, acariciando com as suas mãos já transparentes, grandes mas simples: Até amanhã". Mia Couto, escritor"O primeiro sentimento que tenho é a generosidade para com os autores, que se manifestou com os escritores de língua portuguesa. Antes de ganhar o Nobel, tinha a generosidade de promover e trazer para a visibilidade os escritores e a escrita dos africanos de língua portuguesa. Não foi só comigo, mas ele ofereceu-se para fazer o lançamento e apresentou o meu primeiro livro de contos, Cada Homem É Uma Raça, lançado aqui em 1989. Já doente, saiu da cama para apresentar Venenos de Deus, Remédios do Diabo. Há uma entrega aos outros, uma dedicação a uma causa, que não era só política, mas a causa dos que estavam longe e dos que não tinham voz. Isso marcou-me muito: a dimensão humana dele. "Luiz Schwarcz, editor brasileiro de Saramago"Acabo de ver o escritor José Saramago morto. Quando a notícia apareceu na Internet, liguei pelo Skype para Pilar, que sem que eu pedisse me mostrou José deitado na cama, morto. Tenho falado com Pilar quase todos os dias. Sabia que não havia chance de recuperação. Posso dizer que José Saramago era um grande amigo. Quando vinha ao Brasil, hospedava-se em minha casa, no quarto que foi da Júlia, minha filha. Ele detestava hotéis. Viu meus filhos crescerem. Fui conhecer sua casa em Lanzarote logo que se mudou com Pilar, abandonando Portugal. Assisti emocionado à cerimónia do Nobel em Estocolmo - pouco antes, no hotel, aprovámos, Lili e eu, o vestido de Pilar para o evento. Estava em Frankfurt quando ele recebeu a notícia do prémio; celebrámos juntos. A obra de Saramago veio para a Companhia das Letras por acaso. No fim da Feira de Frankfurt de 1987, ao despedir-me de Ray-Gude Mertin, amiga pessoal e agente literária, comentei que era dos meus autores favoritos. Conversa de fim de feira. Não fazia ideia de que ela representava o escritor português, junto com a editora Caminho, e que estava para mudar Saramago de editora no Brasil. Atrasei minha partida e voltei, com a bagagem no porta-malas do táxi, para falar com Zeferino Coelho sobre a Companhia das Letras. Foi tudo muito rápido, Jangada de Pedra foi o primeiro livro, lançado em Abril de 1988. A empatia foi imediata. Em seguida fui a Lisboa. Já éramos bem amigos, ele queria mostrar-me o novo livro que escrevia. Em sua casa, na Rua dos Ferreiros à Estrela, José leu trechos de A História do Cerco de Lisboa, e levou-me para jantar no seu restaurante favorito, o Farta Brutos. Pilar foi minha guia de Lisboa. Comprei com Pilar o primeiro computador de José. Antes disso, ele datilografava três vezes cada livro para entregá-lo completamente limpo a seus editores. No Brasil, o lançamento de Jangada de Pedra foi uma festa interminável. Filas enormes na livraria Timbre e a efusão de beijos e abraços no escritor fizeram-no exclamar: "Luiz, esta gente quer-me matar de amor. " Daí para frente, esse amor dos brasileiros por José Saramago só cresceu, suas visitas se tornaram mais frequentes. A mais recente foi aquando da publicação de A Viagem do Elefante. Ele já estava muito fraco. Ao chegar a minha casa, disse-me que não escreveria mais. Depois do evento de lançamento, vencida uma fila enorme de autógrafos, fomos ao Rio, para a continuidade dos eventos. Ao pousarmos na cidade, José anunciou para mim, Lili e Pilar, que no voo achara a solução que faltava para Caim, que acabou por ser o seu último livro. Com as melhores lembranças, o amor, e minha saudade. Maldita palavra, tão portuguesa, que agora ficará associada ao meu amigo. Mas saudade não tem remédio, não é, José?"
REFERÊNCIAS:
Descobertos dois genes humanos associados à malária cerebral
Estudo de equipa portuguesa mostrou variações em dois genes humanos que tornam as pessoas mais susceptíveis à malária cerebral. (...)

Descobertos dois genes humanos associados à malária cerebral
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudo de equipa portuguesa mostrou variações em dois genes humanos que tornam as pessoas mais susceptíveis à malária cerebral.
TEXTO: A malária começa sempre por uma picada de um mosquito. Como acaba, depende da profilaxia, do tratamento e do nosso corpo. Há uma pequena percentagem de casos em que a doença alcança o estado mais perigoso, a malária cerebral. A inflamação chega ao cérebro, produz lesões no tecido neurológico, pode haver coma e depois a morte. Em ratinhos, já se conheciam genes que causavam susceptibilidade para esta variação da doença, agora uma equipa coordenada por portugueses descobriu dois genes em humanos que estão relacionados com a malária cerebral. O estudo, publicado esta semana na edição on-line da PLoS One, mostra que certas variações dos genes TGFbeta2 e o HMOX1 "parecem conferir algum risco de desenvolvimento dessa forma específica da doença", disse ao PÚBLICO por telefone o investigador Carlos Penha-Gonçalves. Segundo o líder do grupo de investigação do Instituto Gulbenkian de Ciência, estes dois genes são importantes no processo anti-inflamatório que se inicia sempre que o corpo tem uma inflamação. O TGFbeta2 e o HMOX1 fazem parte de um grupo maior de genes candidatos que os cientistas analisaram em crianças angolanas que visitavam o Hospital Pediátrico David Bernardino em Luanda. "Este projecto da malária cerebral em populações angolanas surge a partir de uma colaboração entre o IGC e o hospital", explica o cientista. Maria Rosário Sambo, primeira autora do artigo, investigadora e médica no hospital, analisou vários grupos de crianças, algumas sem doença, outras com versões menos perigosas da malária e outras com malária cerebral. "A mortalidade causada pela malária cerebral ainda não está bem quantificada, mas sabe-se que entre um e cinco por cento das crianças sofrem desta forma da doença", alerta o investigador. A estatística foi feita posteriormente no IGC, onde se testou se existiam variações dos genes que estavam associados à prevalência da malária cerebral nas crianças. "Estas variantes nos genes fazem com que as proteínas sejam expressas em maiores ou menores quantidades e isso confere mais ou menos protecção à doença", explica Penha-Gonçalves. A investigação vai continuar, salienta o cientista, explicando que vão investigar outros genes para terem um espectro mais completo das causas da doença. "Vamos tentar perceber os mecanismos, como é que os genes actuam e como dão protecção. Só assim é que se podem desenvolver terapias. " A malária mata 1, 5 milhões de pessoas por ano, maioritariamente crianças africanas.
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