Na vida dos hominídeos eles ficavam, elas vinham, sugere estudo da Nature
Há mais de um milhão de anos, na savana situada no que é hoje a África do Sul, os grupos de hominídeos teriam uma história de vida diferente consoante fossem machos ou fêmeas. Um estudo publicado esta quarta-feira na Nature sugere que enquanto os hominídeos masculinos mantinham-se no mesmo habitat desde que nasciam até à morte, as fêmeas teriam crescido num local diferente e acabavam por morrer noutra região. (...)

Na vida dos hominídeos eles ficavam, elas vinham, sugere estudo da Nature
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há mais de um milhão de anos, na savana situada no que é hoje a África do Sul, os grupos de hominídeos teriam uma história de vida diferente consoante fossem machos ou fêmeas. Um estudo publicado esta quarta-feira na Nature sugere que enquanto os hominídeos masculinos mantinham-se no mesmo habitat desde que nasciam até à morte, as fêmeas teriam crescido num local diferente e acabavam por morrer noutra região.
TEXTO: A descoberta não foi feita a partir de fósseis novos encontrados. O trabalho de uma equipa internacional de cientistas dos Estados Unidos, da Alemanha, Suiça, Inglaterra e da África do Sul utilizou técnicas diferentes para recolher esta informação. O estudo focou-se nos fósseis de dentes de duas espécies de hominídeos. O Australopithecus africanus, viveu há 2, 2 milhões de anos e foi possivelmente antepassado directo do Homem, e o Paranthropus robustus, que viveu há 1, 8 milhões de anos, e foi um primo. Os fósseis de cada espécie foram encontrados em duas grutas no Noroeste da África do Sul, que estão a poucos quilómetros de distância uma da outra. A equipa analisou a quantidade relativa de um metal chamado estrôncio, que existe no esmalte dos dentes. Este elemento químico está nos minerais e é absorvido pelas plantas, entrando assim nos ecossistemas. Durante o crescimento dos animais, o estrôncio acumula-se no esmalte dos dentes. A percentagem relativa de isótopos deste metal que existe no ambiente vai ficar registada nos dentes e serve de assinatura do local onde os hominídeos cresceram. “Um dos nossos objectivos foi tentar encontrar algo sobre o uso da paisagem dos primeiros hominídeos”, disse em comunicado Sandi Copeland, primeira autora do artigo da "Nature", que trabalha no Instituto Max Planck, em Leipzig, Alemanha. “Aqui, tivemos um vislumbre directo dos movimentos geográficos dos primeiros hominídeos, e parece que as fêmeas moviam-se preferencialmente para longe dos grupos onde residiam. ”A equipa analisou fósseis de oito indivíduos de Australopithecus africanus e 11 de Paranthropus robustus. A percentagem relativa de isótopos de estrôncio nos dentes das fêmeas, que por norma são mais pequenos, mostrava que pelo menos metade tinham vindo de outro sítio. Enquanto nos machos esta percentagem era apenas de dez por cento. “O que os resultados mostram é que as fêmeas vinham mais de fora da região do que os machos. Não vinham de muito longe, mas não era o mesmo grupo natal onde cresceram”, disse à BBC News Julia Lee-Thorpe, investigadora da Universidade de Oxford que fez parte da equipa. “Não sabemos se as fêmeas derivaram de outro grupo, se vieram de propósito, ou se foram sequestradas; não temos forma de saber esse tipo de detalhes, mas na generalidade, a maioria das fêmeas veio de outro lugar. ”Este comportamento é o que acontece nos chimpanzés, onde os machos ficam no mesmo sítio onde nascem e as fêmeas são obrigadas a abandonar o grupo para não haver consanguinidade. Algo que não acontece, por exemplo nos gorilas, onde tanto os machos como as fêmea migram do grupo onde nasceram.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homem estudo espécie
Pavan Sukhdev: A invisibilidade económica da natureza é um problema
A economia está a invadir o raciocínio conservacionista da natureza e a desafiar o que tem sido a prática dominante: vivemos orientados para o lucro privado, não para o bem público. O segredo está em fazer com que a perspectiva tenha sentido económico para as pessoas, até que as políticas sejam suficientemente pressionadas e mudem. (...)

Pavan Sukhdev: A invisibilidade económica da natureza é um problema
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-06-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: A economia está a invadir o raciocínio conservacionista da natureza e a desafiar o que tem sido a prática dominante: vivemos orientados para o lucro privado, não para o bem público. O segredo está em fazer com que a perspectiva tenha sentido económico para as pessoas, até que as políticas sejam suficientemente pressionadas e mudem.
TEXTO: Pavan Sukhdev é o economista indiano que interrompeu a sua carreira de banqueiro no Deutsche Bank para liderar o projecto que liga os europeus, o G8 e as Nações Unidas: convencer as sociedades de que tanto a destruição como o usufruto da biodiversidade e dos ecossistemas têm um valor. A realidade vai dando razão ao trabalho da equipa de Sukhdev, que terminará antes da cimeira da biodiversidade, a realizar em Outubro, em Nagoya, no Japão. Se tivesse Tony Hayward à sua frente, o que diria ao presidente da segunda maior companhia petrolífera do mundo sobre o que ter em conta em relação ao problema ambiental que causou no golfo do México? Há várias maneiras de olhar para o problema. A primeira é que a BP e a indústria devem investigar se o que aconteceu foi não ter havido um equipamento que travasse automaticamente a fuga. Se foi esse o caso, foi por causa da regulação local, de uma decisão da companhia ou de ambas? É preciso investigar o que aconteceu em termos de segurança. A outra é que toda a indústria petrolífera tem de entender que é preciso avaliar as externalidades [efeitos tradicionalmente considerados colaterais e que não são considerados no preço de mercado dos bens, neste caso, o petróleo]. De que forma é que o estudo que tem liderado pode contribuir para que as empresas ganhem mais consciência disso?O estudo está praticamente pronto, temo que seja um bocado tarde para isso. Este acontecimento vai fazer com que a opinião pública exija a divulgação das externalidades, e isso estender-se-á, a prazo, a outros sectores. As indústrias têm externalidades, que não são apenas emissões de dióxido de carbono (CO2), mas também de utilização de água e outras. Por exemplo, uma empresa mineira tem custos externos de desflorestação e uso do solo. São externalidades que deveriam ser calculadas e divulgadas nos relatórios anuais das companhias. Não chega pôr os dados nas declarações de responsabilidade social ou nos relatórios de sustentabilidade, porque os analistas e os investidores nem sempre lêem esses relatórios. No relatório intercalar, menciona as lições tiradas com o desastre do Exxon Valdez, em 1989, nomeadamente princípios mais severos do poluidor-pagador. E agora? O Exxon Valdez, no Alasca, foi um acontecimento mais limitado [derrame de um petroleiro]. Aqui é diferente. É importante que as companhias ganhem capacidade de avaliar a dimensão económica deste impacto. Vimos as notícias sobre as negociações entre a administração dos EUA e a BP para financiar um fundo. Isso é, no entanto, uma questão pós-desastre. O que é necessário fazer é perceber o verdadeiro custo deste tipo de fugas, ou seja, o custo das suas externalidades. No golfo do México, é necessário estudar os custos sobre a pesca, o turismo e até sobre os indivíduos que se vêem privados de, simplesmente, usufruir de um passeio pelo mar. As externalidades têm de ser estimadas, para que a sociedade tenha uma melhor noção do que é o custo real destes acontecimentos. Claro que já há um imenso custo para a humanidade, para as pessoas que morreram na plataforma, para as famílias. Mas além destes, há ainda os custos externos a estimar. Os 20 mil milhões de dólares do fundo que a BP vai financiar gradualmente não lhe parece que cobrem esses custos? É uma solução para a dor e para as perdas, mas não é uma solução sistémica. Esta ocorrerá quando as companhias reconhecerem e publicarem as suas externalidades e os riscos que se podem tornar externalidades. Há para si uma ligação entre o grau de exigência de avaliação económica e de regulação? Claro. A economia é a moeda da política. Não importa quão bem fundamentado possa ser o meu argumento do ponto de vista humano e de responsabilidade. A menos que consiga que tenha sentido económico, é provável que não seja ouvido. É preciso que os decisores políticos percebam que o "caso ambiental" não é apenas respeitar os recursos piscícolas ou defender os passeios de barco no golfo do México. O "caso ambiental" é entender que há um custo económico, do mesmo modo que há um custo humano e um custo ambiental. É o mais difícil?É, mas é muito necessário fazer isso, caso contrário não há pressão para a mudança de políticas. Em 2006, o economista Nicholas Stern fez um estudo sobre o impacto económico das alterações climáticas. Tanto esse como o seu têm números que impressionam, mas o de Stern ficou mais no ouvido. Tinha números mais "sexy" ou é a biodiversidade que é difícil de entender? Sir Stern quis avaliar os impactos de acontecimentos, probabilidades e riscos futuros sobre a economia, com base em complexos modelos climáticos. Na biodiversidade, a complexidade é de outra natureza. Aqui não falamos de efeitos futuros, mas do presente, sempre a três níveis simultâneos. Um é a nível local. Tem a ver com a vida das comunidades locais, por exemplo, se têm ou não acesso a produtos florestais não lenhosos ou às pastagens. O efeito a nível regional já é à escala do país, com os problemas de acesso a água por parte de uma população que lhe permita manter os campos férteis, dos quais dependem não só os agricultores, mas toda uma sociedade. Depois há o efeito global. Por outras palavras, é o impacto de não se ter mais floresta ou recifes de coral. Qual a principal conquista que conseguiu com o trabalho feito até agora? Os políticos, as empresas, a sociedade, a imprensa estão a perceber que a invisibilidade económica da natureza é um problema. Para mim, este é o dado mais importante, não que seja novo. É um assunto que se discute há, pelo menos, 40 anos [entre os especialistas], mas as pessoas começam a perceber isso. Estas são boas notícias. Acredita que os casos que mostram que os benefícios são maiores que os custos estão a convencer os decisores políticos para adoptarem políticas sustentáveis?Ainda não. Porque os decisores ainda não agem tendo em conta os benefícios públicos. Como, por exemplo, os benefícios de ter água e ar limpos, de não ter inundações em França e na Alemanha e secas na Índia. Esses casos são vistos como catástrofes naturais, as pessoas não os ligam com a ecologia que deve ser protegida, apesar de existirem todas as razões para o fazer. Há locais, desde Nova Iorque a São Francisco e Bombaim, onde as florestas são usadas como reservatórios de água para abastecer as cidades. Por isso, deviam estar a pensar em investir em infra-estruturas ecológicas. No fim de contas, isto é um bem público. Todos pagamos impostos, é dinheiro público que deveria ser usado para o bem de todos. Este pensamento ainda não existe em muitos governos. Alguns estão à frente, mas ainda assim a atenção está voltada para criar riqueza privada, na mão das empresas. Temos de repensar a nossa política de impostos e começar a taxar as externalidades, como as emissões poluentes, e não apenas os lucros e receitas. O esgotamento de recursos deveria ser taxado, por exemplo. Ao atribuirmos um valor económico à biodiversidade, não corremos o risco de conservar apenas o que nos pode dar lucro? Qual a ética nesta equação?Sim, há um risco de isso acontecer. É uma questão ética enorme, profundamente enraizada e discutida na filosofia do estudo cuja sigla inglesa é TEEB (The Economics of Ecosystems and Biodiversity). Ao mostrar que os ecossistemas têm valor, estaremos nós a criar o risco de, de alguma forma, reduzirmos a natureza e o seu objectivo apenas à sua utilidade, ao que é antropocêntrico? Existe esse risco. Mas ao mesmo tempo temos de reconhecer que a valorização é uma instituição social, não se trata de um grupo de economistas. A sociedade valoriza aquilo que tem valor para ela. E, por vezes, essa valorização pode nem ter referência à economia ou a números. Se valorizarmos um monumento ou uma floresta sagrada para uma comunidade, não há nada que diga que precisamos de os proteger por algum motivo. E, assim, a protecção acontece por si mesma, sem precisar de razões. Mas em outras situações precisamos de demonstrar que tem impacto económico, e aí a política muda. Recentemente, a Índia introduziu um sistema que paga aos pobres para replantar florestas. Eles compreendem que aqui há um valor e que vale a pena pagar-lhes para reconstruir esses ecossistemas. As pessoas são pagas por fazer aquilo que é correcto. E, finalmente, há situações em que temos de chegar a um valor, pagando pelos serviços dos ecossistemas. Há muitos exemplos de pagamentos locais pelos serviços dos ecossistemas, como a água limpa ou o ecoturismo. Na parte do relatório para o governo local, que publicaremos em Setembro, temos 78 exemplos espalhados por todo o mundo. Paga-se para que alguém aja ou mude comportamentos com o objectivo de conservar ou gerar valor económico através dos serviços dos ecossistemas. Um exemplo que funciona é o comércio de emissões. Estamos a recompensar empresas pelo trabalho de reduzir as suas emissões. O risco é saltarmos logo para uma visão meramente economicista. Há razões éticas, religiosas e sociais para valorizar a natureza e há também razões económicas. Muitos concluem que só estamos a falar de mercados. Isso não é verdade. O trabalho do TEEB é tudo menos uma solução custo-benefício para o planeta. Quando dizem que pomos um preço na natureza, isso está errado. Quais espera que sejam os efeitos reais deste estudo?Penso que o conceito dos pagamentos pelos serviços dos ecossistemas será mais bem aceite em todo o mundo. Quando as pessoas virem casos de sucesso em pequenas comunidades, começarão a adoptar este pensamento. Já recebi pedidos de ajuda de muitos países e teremos muito gosto em responder. De países em desenvolvimento?Sim, de África, da América Latina, da Ásia. Um bom resultado é o TEEB ser bem aceite. Outro, será dar muita atenção ao sector das pescas. E que as comunidades locais e a indústria pesqueira percebam que isto é no seu interesse, se quiserem sobreviver a longo prazo. Piratas da Somália "amigos" dos peixesComo se protegem espécies, como o rato-de-cabrera, que não são carismáticas e que dificultam a construção de auto-estradas?É um desafio. Como vamos proteger espécies que as pessoas não querem? Encontrar razões económicas para preservar espécies é uma tarefa muito difícil. É mais fácil encontrar essas razões para ecossistemas, porque dão mais à sociedade. O argumento da utilidade funciona melhor. Às vezes podemos consegui-lo, mas com espécies carismáticas. Não um rato. Por isso, temos de pensar de maneira diferente: a que ecossistema pertence, o que está a região a fazer para proteger o ecossistema, se há habitats alternativos para o rato, perceber o seu papel no ecossistema e o que vai acontecer se desaparecer. Contrariamente ao rato-de-cabrera, há espécies a que damos grande valor económico, provocando sérios problemas, nomeadamente nas pescas. As pescas são suportadas por dois conceitos: um é o acesso livre em mar alto. Qualquer um pode ir a qualquer lado e pescar sem controlo. O segundo é a política de subsídios: 27 mil milhões de dólares pagos anualmente. Isto é muito se pensarmos que o total de peixe capturado vale 85 ou 90 mil milhões de dólares, estamos a falar de quase um terço. No entanto, o valor do sector podia chegar aos 135 mil milhões de dólares, se as pescas fossem exploradas de forma sustentável. Assim, além de estarmos a perder 50 mil milhões de dólares, estamos a subsidiar 27 mil milhões de dólares. A soma dá 77 mil milhões de dólares. É uma estupidez tão grande que é incrível que o estejamos a fazer. Qual a solução?Devido à sobreexploração, 30 por cento de todos os stocks colapsaram, ou seja, têm menos de dez por cento do stock inicial do que quando começaram a ser pescados. É possível que em 2020-2050 só tenhamos stocks em colapso. É importante perceber que temos capacidade excedentária e a "boa economia" concentra-se em investir em recursos escassos. O que fazemos é subsidiar a construção de frotas com mais capacidade. Mas isso não é o recurso escasso; o recurso escasso é o peixe. Devíamos encontrar meios económicos para investir no peixe, por exemplo, criar áreas protegidas marinhas. Já há casos de sucesso. Quais?Uma história engraçada é o caso da Somália. Devido à pirataria, os stocks de peixe recuperaram porque os barcos de pesca não podem lá ir, segundo os relatórios que me chegam. E, por isso, as comunidades locais estão a enriquecer. O problema da pirataria até pode estar resolvido. Isto pode ser feito, mas sempre apoiando as comunidades locais que forem privadas da pesca durante os três ou quatro anos necessários para recuperar os stocks. Em vez de gastar subsídios para aumentar a capacidade pesqueira, devíamos gastá-los no apoio às comunidades e em sistemas de gestão locais. Concentramo-nos, por vezes, em espécies únicas, como a baleia-azul, mas o problema maior é sistémico. E se o solucionarmos, é mais fácil solucionar o problema de cada espécie.
REFERÊNCIAS:
Apresentamos-lhe Ardi, a nova mais antiga antepassada dos homens
Há muito, muito tempo, a região de Afar, no que é hoje a Etiópia, perto da actual aldeia de Aramis, 230 quilómetros a nordeste da capital Addis Abeba, era um autêntico paraíso. Uma paisagem de floresta esparsa, onde corriam cascatas de água doce, com zonas densamente arborizadas, mas também com grandes extensões de pradaria. Na floresta havia palmeiras, abundavam as figueiras e os lódãos. Era um mundo povoado de caracóis, mochos, papagaios e pavões – e ainda de ratos, morcegos, ouriços-cacheiros, hienas, ursos, porcos, rinocerontes, elefantes, girafas, macacos e antílopes. Também aí, entre os seus, vivia Ardi, um... (etc.)

Apresentamos-lhe Ardi, a nova mais antiga antepassada dos homens
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-08-30 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20160830183134/https://www.publico.pt/1403329
TEXTO: Há muito, muito tempo, a região de Afar, no que é hoje a Etiópia, perto da actual aldeia de Aramis, 230 quilómetros a nordeste da capital Addis Abeba, era um autêntico paraíso. Uma paisagem de floresta esparsa, onde corriam cascatas de água doce, com zonas densamente arborizadas, mas também com grandes extensões de pradaria. Na floresta havia palmeiras, abundavam as figueiras e os lódãos. Era um mundo povoado de caracóis, mochos, papagaios e pavões – e ainda de ratos, morcegos, ouriços-cacheiros, hienas, ursos, porcos, rinocerontes, elefantes, girafas, macacos e antílopes. Também aí, entre os seus, vivia Ardi, uma fêmea de hominídeo primitivo. Pesava uns cinquenta quilos e media cerca de um metro e vinte. Vivia em grupo, criava os filhos e foi aí que morreu. . . há 4, 4 milhões de anos. O primeiro fragmento dos seus restos fossilizados – um molar – foi descoberto há 17 anos por Gen Suwa, da Universidade de Tóquio, e anunciado em 1994 na revista Nature. A seguir, entre 1994 e 1997, o resto do esqueleto (só parcialmente recuperado), em mau estado e muito fragilizado e disperso, com o crânio esmagado, foi minuciosamente libertado pelos paleontólogos dos sedimentos onde se encontrava prisioneiro. Mais de 125 fragmentos ósseos de Ardi foram assim postos a nu: crânio, dentes, braços, mãos, pélvis, pernas, pés. E também ossos de pelo menos mais 36 indivíduos da mesma espécie que esta fêmea de Ardipithecus ramidus, deste “símio do chão” (ardi, em Afar, significa “chão”). E ainda milhares de ossos de dezenas de animais e de plantas, que permitiram reconstituir, com um pormenor sem precedentes, o habitat de Ardi e dos seus congéneres. A recuperação e a análise destes achados demorou 17 anos e centenas de pessoas participaram no projecto. E hoje, uma equipa multidisciplinar de 47 cientistas, oriundos de dez países, publica na revista Science nada menos do que 11 artigos descrevendo os resultados – alguns dos quais põem em causa ideias estabelecidas da história evolutiva dos grandes símios e dos homens. Remontar às origensA questão de saber como era o mais recente antepassado comum aos homens e aos grandes símios – e em particular aos chimpanzés, que são geneticamente os mais próximos de nós – é uma questão central da nossa história como espécie e prende-se com coisas como a origem do bipedismo, do crescimento espectacular do cérebro humano, etc. Pensa-se que esse antepassado terá vivido há seis ou mais milhões de anos – o que, diga-se já, exclui à partida a possibilidade de que os hominídeos da espécie Ardipithecus ramidus sejam esse antepassado comum, situados nessa bifurcação da árvore evolutiva dos primatas. Mas, mesmo assim, os autores do estudo concluem que Ardi deverá ter sido bastante parecida com esse misterioso antepassado comum – e com certeza mais parecida com ele do que Lucy, o célebre esqueleto fóssil de uma fêmea de Australopithecus afarensis, uma espécie de homens-símios totalmente bípedes, com um cérebro de pequenas dimensões, que viveu há 3, 2 milhões de anos (mais de um milhão de anos depois de Ardi). Até ontem, Lucy, descoberta em 1974 não muito longe de donde foi agora descoberta Ardi, detinha oficialmente, com os seus congéneres, o título de mais antigo antepassado conhecido da espécie humana. “Ardipithecus é uma forma não especializada que ainda não evoluiu muito em comparação com o Australopithecus”, diz num comunicado Tim White, da Universidade da Califórnia e um dos líderes da equipa de cientistas. “E quando olhamos para [Ardi] da cabeça aos pés, o que vemos é uma criatura-mosaico, que não é nem chimpanzé, nem humana. ”E é aí que começam as surpresas. Acontece que, até agora, os cientistas concordavam em dizer que os chimpanzés, os gorilas e os outros símios africanos modernos tinham conservado muitas das características físicas daquele último antepassado que partilharam com os humanos – ou seja, pensava-se que o antepassado em questão era muito mais parecido com um chimpanzé, ou com um gorila, do que com um homem. Por outras palavras ainda: enquanto nós tínhamos evoluído imenso desde aquela altura, tornando-nos muito diferentes daquele antepassado comum, os símios actuais tinham evoluído pouco desde então. Ardi vem precisamente pôr em causa essa concepção das coisas. Pensava-se, por exemplo, que o antepassado comum aos homens e aos chimpanzés teria sido um ágil trepador, conseguindo pendurar-se nos ramos das árvores, baloiçar-se e saltar de árvore em árvore tal como os chimpanzés de hoje. E também que, tal como eles, caminhava apoiado nos nós dos dedos das mãos. Mas não foi nada disso que os investigadores descobriram ao examinarem Ardi. Como explica ainda o comunicado acima referido, quando se encontravam no chão, os hominídeos de Ardipithecus caminhavam erguidos, apoiados nas suas duas pernas (isto é sugerido pela anatomia dos pés). Uma outra ideia estabelecida pode, aliás, estar em causa aqui: a que supõe que o bipedismo dos hominídeos nasceu quando eles se lançaram para espaços mais abertos, para a savana e não quando ainda viviam na floresta. Os Ardipithecus eram “bípedes facultativos”, dizem os investigadores. Um outro elemento surpreendente é que, conforme o que se pôde deduzir da morfologia dos dentes de Ardipithecus, este hominídeo tinha uma dieta diferente dos símios africanos actuais. Por outro lado, Ardi não parece ter-se deslocado apoiando-se nos nós dos dedos das mãos (é o que indica a anatomia das mãos e dos pulsos, que não possuíam rigidez suficiente para isso). E também não parece ter passado muito tempo a baloiçar-se ou pendurada dos ramos das árvores. Pelo contrário, um dos artigos publicado na Science, dedicado às mãos de Ardi, qualifica-a mesmo de “trepadora prudente”, que subia às árvores, disso não há dúvidas, mas que se deslocava de gatas pelos ramos, ajudada pelo polegar oponível dos seus pés. Se se confirmarem estes dados, isso significa, em particular, que os chimpanzés não são um bom modelo desse misterioso antepassado comum entre eles e nós – e que talvez um melhor modelo sejamos. . . nós próprios! É o que parece concluir no mesmo artigo sobre as mãos de Ardi a equipa de Owen Lovejoy, da Universidade Estadual do Ohio e também um dos principais investigadores. “Esta descoberta”, escrevem na Science, “põe um ponto final a anos de especulação sobre o decorrer da evolução humana. (. . . ) Foram os símios africanos que evoluíram imenso desde os tempos do nosso último antepassado comum, não os humanos nem os seus antepassados hominídeos mais imediatos. As mãos dos primeiros hominídeos eram menos parecidas com as dos símios do que as nossas (. . . . ). ”Claro que nem todos os especialistas concordam com a interpretação dos achados e que alguns dos peritos interrogados por uma jornalista da Science, que acompanha a publicação dos resultados, permanecem cépticos. Mas todos acolheram com grande interesse os novos dados e acham que é agora que o debate vai começar.
REFERÊNCIAS:
Óleo de palma, floresta e conflito em São Tomé
Num país essencialmente pobre, um grande projecto agro-florestal começa com atropelos ambientais e sociais, provocando uma onda de contestação. São apenas 50 quilómetros entre São Tomé e Ribeira Peixe, mas o caminho faz-se devagar. A estrada é sinuosa, acomoda-se ao contorno da costa e vence a orografia em curvas e declives, com o mar à esquerda e a floresta verdejante à direita. Alguns minutos além do rio Iô Grande surgem as primeiras palmeiras. Estão alinhadas em fileiras, entre as quais foi semeada uma leguminosa para fertilizar o solo. O conjunto estende-se num tapete geométrico até ao limite onde a floresta ... (etc.)

Óleo de palma, floresta e conflito em São Tomé
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-07-30 | Jornal Público
TEXTO: Num país essencialmente pobre, um grande projecto agro-florestal começa com atropelos ambientais e sociais, provocando uma onda de contestação. São apenas 50 quilómetros entre São Tomé e Ribeira Peixe, mas o caminho faz-se devagar. A estrada é sinuosa, acomoda-se ao contorno da costa e vence a orografia em curvas e declives, com o mar à esquerda e a floresta verdejante à direita. Alguns minutos além do rio Iô Grande surgem as primeiras palmeiras. Estão alinhadas em fileiras, entre as quais foi semeada uma leguminosa para fertilizar o solo. O conjunto estende-se num tapete geométrico até ao limite onde a floresta foi cortada. Ao fundo, enquadrado por esta paisagem dual, vê-se o Cão Grande, o curioso dedo vulcânico que se eleva a 663 metros de altitude. O cenário é tudo menos um simples cartão postal de São Tomé e Príncipe. Aquelas palmeiras fazem parte de uma exploração agro-florestal que é o tema do momento no país. Implica derrubar áreas de floresta para produzir óleo de palma e está a semear a discórdia entre cidadãos, organizações não-governamentais, empresas e administração central. Não é uma história que se encaixe numa divisão simplista entre defensores e destruidores da natureza. São Tomé e Príncipe é um país pobre, com um PIB per capita de 1100 euros por ano, 6% do português. As roças de cacau e de café que alimentaram a economia colonial estão quase todas falidas. Nas cidades há poucos empregos. O país precisa de investimento. Mas a população não está disposta a aceitá-lo a qualquer custo. O trinómio idílico do desenvolvimento sustentável, onde a economia, o ambiente e o bem-estar social andam de mãos dadas, não está aqui a funcionar. Produzir óleo de palma não é uma novidade no país. No anos 1980, o Governo criou a Empresa de Óleos Vegetais (Emolve) e plantou cerca de 600 hectares de palmeira-andim (Elaeis guineensis) no Sul de São Tomé. O projecto durou pouco e estava moribundo quando, há cinco anos, o Governo começou a negociar uma parceria para o ressuscitar. Surgiu então a Agripalma, com 12% de capital do Estado são-tomense e 88% da STP Invest, uma sociedade belga cujos responsáveis estão ligados a empresas da área das renováveis. A ideia é replantar e ampliar os palmares para quase 5000 hectares e construir uma fábrica. O investimento equivale a 29 milhões de euros e a produção esperada é de 20 mil toneladas de óleo de palma por ano, em 2017. Parte destina-se ao consumo local e parte será exportada. Corrida a África O projecto surge num momento em que muitos investidores estão de olho na exploração do óleo de palma em África. Actualmente, 85% da produção mundial vem da Indonésia e da Malásia, com destino sobretudo à China, Índia e União Europeia. Com a expectativa de duplicação do consumo até 2020 - como óleo comestível e para a produção de biodiesel -, outras áreas de cultivo estão a ser procuradas nos trópicos. Num relatório de Dezembro de 2011, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente já alertava para a destruição de florestas tropicais devido "à rápida expansão da monocultura do óleo de palma". Conflitos ambientais e sociais, em especial pela posse da terra, têm sido reportados em países africanos como a Nigéria, Camarões, Gana, República Democrática do Congo, Costa do Marfim. Em São Tomé é Príncipe, estão a repetir-se, desde que os contratos com a Agripalma foram assinados em 2009. "A partir deste momento, as coisas começaram a correr mal", queixa-se Bastien Loloum, organização não-governamental Marapa (Mar, Ambiente e Pesca Artesanal). O estudo de impacto ambiental, diz Loloum, é deficiente, não teve consulta pública e foi difícil de obter. "Estava na Bélgica, em inglês, e a tradução é má", afirma. Em documentos do projecto, há várias referências a compromissos de responsabilidade ambiental. A própria empresa que executará o projecto - a Socfinco, detentora de 100 mil hectares de palmares em África - é fundadora da Roundtable Sustainable Palm Oil, criada pelos produtores em 2004 para garantir que as explorações seguem os preceitos do desenvolvimento sustentável. No terreno, porém, os exemplos contrários multiplicam-se quando se passa a cidade de Porto Alegre, no extremo sul de São Tomé, e se segue por uma estrada irregular de terra batida. Depois de um pequeno percurso a pé, entre fetos e coqueiros, Bastien Loloum mostra uma área pejada de árvores abatidas. Ali passa um curso de água que mal se vislumbra. "Deviam ter guardado uma faixa de 40 metros a partir da ribeira", lamenta Loloum, que coordena projectos da Marapa naquela região. Mais à frente, o caminho passa por troços difíceis, com pequenas pontes periclitantes, até desaguar numa área com amplas faixas de floresta abertas para as palmeiras. Há ribeiras entulhadas com troncos e acentuados declives recém-despidos. A vulnerabilidade à erosão é evidente. Foi nesta área que a população se rebelou contra o avanço das máquinas. O projecto previa, na região de Porto Alegre, o envolvimento dos agricultores locais - num modelo distinto das plantações industriais em Ribeira Peixe. Mas os moradores dizem que os bulldozers avançaram sem aviso nem cerimónia. "O problema é a maneira como estão a agir na comunidade", afirma Fidel Sanches, presidente da Associação Comunitária de Porto Alegre. Reforma falhada Em grande medida, o que foi derrubado correspondia às ruínas de uma reforma fundiária falhada, que teve início nos anos 1990. Ex-trabalhadores das roças receberam lotes de terreno do Estado. Mas, por falta de apoio, de formação ou de iniciativa, muitos nunca cultivaram a sério os seus talhões. Hoje simplesmente retiram da terra o que a terra lhes dá - algum cacau ou café remanescente, bananas, cocos, fruta-pão. Das próprias palmeiras extrai-se a seiva para fazer o vinho de palma. Grandes árvores transformam-se em madeira, o material de construção mais popular na ilha. "A terra não era cultivada, mas havia a nossa madeira que estávamos a proteger", justifica Fidel Sanches. "Derrubaram e destruíram", acrescenta. O sangue ferveu numa manhã de Maio passado. De catanas em punho, a população impediu o avanço das máquinas. A Agripalma suspendeu as operações e agora vêem-se no local apenas alguns trabalhadores a seccionarem grandes árvores já abatidas. Num país onde a falta de emprego é um problema, a perspectiva de trabalho no projecto Agripalma não entusiasma a todos. "São trabalhadores extras. Não têm regalias, segurança social, se ficam doentes ninguém lhes paga", diz Adelino dos Prazeres, outro morador de Porto Alegre. O conflito social à volta do projecto não é o único. As plantações estão a tomar o lugar da floresta, com efeitos ainda mal estudados. O resumo do estudo de impacte ambiental faz uma descrição muito sumária da fauna e nula da flora. Os impactos sobre a paisagem e a biodiversidade estão resumidos em três parágrafos curtos. Um deles diz: "A biodiversidade será preservada como uma prioridade". São Tomé e Príncipe tem animais e plantas únicos, que não existem em mais lugar nenhum. A sua avifauna, por exemplo, inclui espécies criticamente ameaçadas de extinção, como a galinhola (Bostrychia bocagei), o picanço (Lanius newtoni) e o anjolô (Neospiza concolor). "A grande questão é que se desconhecem quais são as áreas vitais para estas espécies", alerta Nuno Barros, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). "Não havendo estudos, pode-se estar a estragar coisas que nem sequer conhecemos", diz Barros. Providência cautelar Organizações como a SPEA somaram as suas preocupações à dos moradores e de outros sectores da sociedade. O resultado é um movimento cívico que tem agora agido em conjunto. Uma petição "contra a desflorestação" foi lançada na Internet e uma queixa formal levou o Ministério Público a entrar com uma providência cautelar, no princípio de Julho, para suspender o projecto. Parte da luta legal tem sido garantida pelo envolvimento de juristas são-tomensens, como a bastonária da Ordem dos Advogados, Celiza de Deus Lima, e o ex-procurador-geral da República, Adelino Pereira. Este advogado tem uma concessão agrícola na zona do projecto, mas diz que o que o move não é nenhum interesse pessoal. "Quando vi aquilo, fiquei chocado", afirma, no seu escritório na cidade de São Tomé. Adelino Pereira não entende como é que o Estado entrou com os terrenos todos da Agripalma e só ficou com 12% da empresa. "É óbvio que há uma desproporção imensa". A Agripalma pagará ao Estado uma renda anual de sete euros por hectare, o que, para o advogado, "é uma aberração". Parte dos terrenos, embora públicos, pode ser hipotecada para empréstimos bancários. Os contratos prevêem uma concessão de até 75 anos, amplas isenções fiscais e o monopólio da actividade no país, enquanto estiverem a ser pagos os empréstimos. "Os contratos estão impregnados de vários vícios", conclui Adelino Pereira. "Há muita desinformação e muito aproveitamento político", rebate o director-geral da Agricultura, Carlos Pascoal. O projecto da Agripalma insere-se numa tentativa de atrair investidores estrangeiros para viabilizar áreas agrícolas que não estão a ser cultivadas. "Temos de reagir a esta economia que não existe e alargar a nossa base produtiva de exportação", diz Carlos Pascoal. O director-geral admite que nem tudo tem corrido bem. "Houve alguns erros, áreas que não deveriam ser derrubadas e foram. Mas não se pode pôr em causa um projecto por erros que são reversíveis", afirma. Depois das queixas, o Governo criou uma comissão permanente para fiscalizar os trabalhos, embora muitos duvidem de que haja recursos para manter os funcionários no terreno. Carlos Pascoal - que representa o Estado no conselho de gerência da Agripalma - diz que as cláusulas do contrato são o resultado de oito meses de negociações e que a renda paga pelos terrenos está acima dos quatro euros por hectare previstos na legislação. "Não vejo onde está o crime disto. . . ", comenta. Terras a menos O Governo vê como natural a protecção do negócio por um monopólio enquanto houver dívidas à banca, bem como a hipoteca de terrenos públicos - já que o próprio Estado é parte interessada no projecto. Quanto à não-realização de uma consulta pública para o estudo de impacto ambiental, prevista na lei, Carlos Pascoal pergunta: "Qual é o projecto que teve consulta pública?"Há uma questão ainda delicada por resolver. Dos 4917 hectares previstos no projecto, 1272 seriam concessionados no Príncipe. Mas o governo regional daquela ilha chumbou a ideia e será impossível encontrar, na ilha de São Tomé, mais áreas planas para as palmeiras. "Não temos", diz Carlos Pascoal. O contrato com a STP Invest tem agora de ser revisto. Na sede da Agripalma em São Tomé, a política neste momento é a do silêncio. Ao PÚBLICO foi apenas entregue um comunicado de 19 de Junho, assinado pelo director-geral Jan Van Eykeren. No documento, a Agripalma diz que "desde o início do projecto tem procurado respeitar a protecção do ambiente" e que está a seguir as recomendações contidas num estudo complementar que mandou fazer sobre a biodiversidade. Também afirma que não desflorestou qualquer área dentro do Parque Natural Obô - criado em 2006 e onde se concentra a vegetação original da ilha -, e que não está a explorar áreas legalmente classificadas como floresta, já que as zonas concessionadas ou já eram palmares ou tinham sido reocupadas por coqueiros e outras árvores, depois de abertas à agricultura há muito tempo. Segundo a Agripalma, não há aves endémicas na área concessionada. A empresa refere que está a empregar 800 trabalhadores, com uma folha de pagamentos mensal de 1500 milhões de dobras (61. 000 euros). "Não vamos destruir o país para dar emprego a 800 pessoas", contesta o advogado Adelino Pereira. "Não estamos contra a Agripalma. Queremos é que as coisas sejam bem feitas", completa, repetindo uma afirmação comum a todos os envolvidos no movimento cívico ouvidos pelo PÚBLICO. Os ânimos estão longe de acalmar. Na semana passada, trabalhadores da Agripalma voltaram a ser interpelados em Porto Alegre. E, se não houver alterações, o próximo passo da contestação já está agendado, segundo diz Fidel Sanches: "Estamos à espera da chuva para retomar a nossa roça".
REFERÊNCIAS:
Os amigos do TC
As pressões de Bruxelas são inadmissíveis, as de Luanda são entre bons amigos. Há aqui qualquer coisa que não está a bater certo1. Os angolanos, por razões provavelmente internas, dão-se ao luxo de tratar o Estado português como lixo. Que não somos um Estado de direito, que somos um bando de corruptos, que não querem uma parceria estratégica connosco para que aprendamos que o respeito é muito bonito. Estão naturalmente a ver-se ao espelho. Mas não se pode dizer que a intimidação não dê os seus frutos. Do Governo ao Presidente, estão todos dispostos a vergar ainda mais a espinha para preservar o nosso interesse no... (etc.)

Os amigos do TC
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-20 | Jornal Público
TEXTO: As pressões de Bruxelas são inadmissíveis, as de Luanda são entre bons amigos. Há aqui qualquer coisa que não está a bater certo1. Os angolanos, por razões provavelmente internas, dão-se ao luxo de tratar o Estado português como lixo. Que não somos um Estado de direito, que somos um bando de corruptos, que não querem uma parceria estratégica connosco para que aprendamos que o respeito é muito bonito. Estão naturalmente a ver-se ao espelho. Mas não se pode dizer que a intimidação não dê os seus frutos. Do Governo ao Presidente, estão todos dispostos a vergar ainda mais a espinha para preservar o nosso interesse no mercado e no investimento angolano. Cavaco Silva veio mesmo dizer que o Governo angolano está sustentado em eleições consideradas como livres e justas. (Jacques Chirac, num mau momento, também considerou que Putin era um grande democrata). Já quanto à Comissão, órgão central do sistema institucional da União, a sensível alma portuguesa está preparada para rechaçar, indignada, a sua ingerência nos assuntos internos do país e nada a incomoda tanto como as pressões inadmissíveis de Bruxelas sobre o Tribunal Constitucional. As pressões de Bruxelas são inadmissíveis, as de Luanda são entre bons amigos. Há aqui qualquer coisa que não está a bater certo. 2. Escrevi recentemente que um pouco de patriotismo não faria mal a ninguém. Referia-me à lamentável incapacidade das forças políticas que querem manter Portugal no euro e que assinaram o memorando, de se entenderem para negociar com a troika (e com as instituições que representa) soluções mais adaptadas à realidade, sobretudo tendo em vista o falhanço (que já quase ninguém nega) dos primeiros dois anos do programa. Deste patriotismo continuamos à míngua. Tem custos políticos que ninguém quer assumir. O PS prefere esperar que o Governo se desfaça por dentro ou por um segundo resgate para obter o seu momento de glória em eleições que seriam provavelmente antecipadas. Está a fazer mais ou menos o mesmo que Passos Coelho, quando o PSD forçou eleições antecipadas em 2011. É muito mais fácil alimentar tiradas patrióticas contra Bruxelas (ou Berlim). Não é que as palavras de Jorge Sampaio não façam sentido e não sejam sentidas. Ouvir o presidente da Comissão, num discurso em Portugal, dizer que se houver falta de responsabilidade de todos os órgãos de soberania teremos o caldo entornado, é demasiado ofensivo. Sampaio foi compreensivo quando Barroso, então primeiro-ministro, lhe foi dizer a Belém que tinha a oportunidade de presidir à Comissão, vendo nisso um ganho para o país. Ver agora o mesmo Barroso tratar o seu país desta forma é algo que lhe deve ser insuportável. Mas esse não é o verdadeiro problema. O problema é este assomo de "patriotismo" na defesa do Tribunal Constitucional, visto como o herói da pátria e do Estado de direito e o último baluarte contra as forças perversas de Bruxelas e dos seus representantes no Governo português. Num país normal, a fiscalização do TC poderia ser utilizada de maneira inteligente pelas forças políticas que assinaram o programa de ajustamento como uma forma de pressionar Bruxelas ou Berlim. Mas para isso era preciso que o Governo não tivesse enveredado pelo caminho das acusações ao TC, sem se dar sequer ao trabalho de justificar cabalmente as suas decisões com uma argumentação fundamentada (parece que desta vez já arrepiou caminho e fez o trabalho de casa). E era preciso também que o PS, em vez de prosseguir no caminho da radicalização, tivesse a mesma atitude. Como nada disto aconteceu, o TC foi transformado como o último reduto contra a troika, uma espécie de governo-sombra a que toda a gente se agarra para determinar as opções políticas do verdadeiro governo. O último episódio fala por si. 3. O relatório enviado pelo chefe da delegação da Comissão em Lisboa sobre o debate que se está a travar em Portugal não é muito diferente de outros, que já me passaram pelos olhos. É uma prática normal das delegações. Pode ser exercida com um espírito mais político ou pode cingir-se a um arrazoado de banalidades que não comprometem ninguém, conforme o perfil do funcionário que a chefia (muitas vezes escolhido por entendimentos políticos entre a Comissão e o governo nacional). Vale o que vale, ou seja, bastante pouco. Não sei se a actual delegação tem enviado também para Bruxelas relatórios sobre o enorme custo social do programa da troika. Se não fez, devia ter feito. Mas, apesar de tudo, tirando uma coisa ou outra com uma linguagem um pouco duvidosa, o que foi transmitido a Bruxelas é grosso modo o que se debate aqui. E aqui o tema central também é em torno do destino "constitucional" deste Orçamento. O risco de uma crise política caso o TC fizesse uma razia nas principais medidas destinadas a cortar os gastos públicos é a nossa discussão quotidiana. As críticas às decisões anteriores dos seus juízes são o pão nosso de cada dia. Tal como a percepção de que o TC (tribunal político, com 13 juízes eleitos por um entendimento entre os dois maiores partidos) tem de levar em consideração que somos um país do euro e que a lei europeia se sobrepõe à lei nacional. O que também é normal é que os nossos parceiros europeus se preocupem com isso. O que volta a não ser normal é que o mesmo PS que defende publicamente uma solução federal para a zona euro e que assinou o Tratado Orçamental, no qual o nível de "ingerência" nas contas públicas nacionais e das suas políticas económicas são muito maiores, alinhe com os que acusam Bruxelas de se comportar de forma inadmissível. Gostaríamos de perceber qual é então a visão socialista sobre o futuro da Europa. 4. O debate sobre as ordens constitucionais já é velho. Quando a Constituição europeia foi debatida no Parlamento português (teria vida curta por causa do chumbo francês e holandês), alguns eurocépticos e outros tantos constitucionalistas fizeram cavalo-de-batalha com o facto de no novo tratado explicitar que a lei constitucional nacional se submete ao tratado constitucional europeu, o que verdadeiramente já não era uma novidade. A integração europeia assenta numa partilha voluntária de soberania que os seus Estados-membros estão dispostos a aceitar. O euro é a forma mais avançada dessa soberania partilhada. A crise veio alterar as regras dessa partilha, tornando-a mais exigente. A filosofia de Berlim para lidar com esta crise é relativamente fácil de entender: primeiro, a garantia de que as políticas orçamentais dos Estados-membros têm de estar sujeitas a regras comuns muito estritas; segundo, que os choques assimétricos não se podem transformar em crises do euro. Terceiro, se tudo isto for adquirido, provavelmente a Alemanha acabará por negociar uma qualquer forma de aliviar o peso da dívida em alguns países e de dar aos mercados as garantias suficientes para eles olharem para a zona euro de novo com confiança. Como sempre, preferimos a via mais fácil de ser patriota. O problema é que, na zona euro, o que acontece a um tem repercussões para os outros, como temos aprendido à nossa custa nos últimos dois anos. Nesta Europa nova que estamos a tentar construir, os compromissos vão obedecer a regras muito mais duras. Com TC ou sem TC. As virgens ofendidas sabem tudo isto. Mas dá muito menos trabalho lançar meia dúzia de invectivas contra Bruxelas do que discutir as coisas a sério. A nossa Constituição, apesar das várias revisões, é um documento datado, que corresponde a um país e a uma Europa que já não existem. Temos de olhar para ela com os olhos da realidade actual. E podemos ter de alterá-la num sentido que reflicta melhor o nosso lugar na Europa e no euro. Mas estes é outro estúpido tabu em que ninguém quer tocar. Dá muito menos trabalho ser amigo do TC. Jornalista. Escreve ao domingo
REFERÊNCIAS:
Afweyne, o pirata com uma missão, foi preso a pensar que ia fazer um filme
Mohamed Abdi Hassan, líder do grupo de piratas somalis que fez alguns dos mais audaciosos sequestros de navios, foi preso em Bruxelas. Mas agora diz que queria acabar com a pirataria no seu paísUm dos maiores piratas da Somália, que terá ganho milhões de dólares com o resgate de superpetroleiros e um grande navio com armamento russo sequestrados ao largo deste Estado falhado, foi apanhado pela polícia belga há uma semana com um estratagema que parece filme: convenceram-no a abandonar a Somália e a ir até Bruxelas para ser consultor num documentário sobre a pirataria. Fazia todo o sentido para Mohamed Abdi Hassan,... (etc.)

Afweyne, o pirata com uma missão, foi preso a pensar que ia fazer um filme
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-20 | Jornal Público
TEXTO: Mohamed Abdi Hassan, líder do grupo de piratas somalis que fez alguns dos mais audaciosos sequestros de navios, foi preso em Bruxelas. Mas agora diz que queria acabar com a pirataria no seu paísUm dos maiores piratas da Somália, que terá ganho milhões de dólares com o resgate de superpetroleiros e um grande navio com armamento russo sequestrados ao largo deste Estado falhado, foi apanhado pela polícia belga há uma semana com um estratagema que parece filme: convenceram-no a abandonar a Somália e a ir até Bruxelas para ser consultor num documentário sobre a pirataria. Fazia todo o sentido para Mohamed Abdi Hassan, também conhecido como Afweyne - que quer dizer Boca Grande em somali -, um rico armador que anunciou a sua reforma em Janeiro, tem passaporte diplomático e cuja missão actual, garantia, era incentivar os jovens a abandonar a pirataria. Um relatório de 2012 do Grupo de Monitorização da Somália das Nações Unidas não hesitava em classificar Mohamed Abdi Hassan como "um dos mais célebres e influentes líderes da Rede de Pirataria Hobyo-Harardheere", que actua na zona central da costa da Somália. Mas Afweyne não era nenhum capitão Jack Sparrow, nem mesmo na sua versão moderna, com uma arma automática a tiracolo. É um empresário, tanto quanto se sabe conhecido pelos modos calmos. "Afweyne trouxe uma nova sofisticação a este negócio. Conseguiu capital de risco para as operações de pirataria, tal como se estivesse a lançar uma operação em Wall Street", escreveu Jay Bahadur, no livro The Pirates of Somalia - Inside Their Hidden World, lançado em 2011. A polícia belga queria prendê-lo porque, em 2009, uma dúzia de piratas atacaram o navio belga Pompei, a cerca de 700 milhas da costa da Somália, e sequestraram a tripulação durante mais de 70 dias, até ser pago um resgate. Dois dos piratas que participaram na operação foram capturados e julgados na Bélgica, condenados a dez e nove anos de prisão. Mas a justiça de Bruxelas estava interessada no mandante, e não apenas nos piratas - que podem ser apenas desempregados que enveredam pela pirataria para ganhar a vida. "Muitas vezes, estas pessoas estão para além do alcance da justiça", comentou o procurador Johan Delmulle. Não foram revelados pormenores concretos sobre a operação, nem como prosseguirá o caso de Mohamed Abdi Hassan, que terá um passaporte diplomático, emitido pelo governo de transição da Somália, com conhecimento do próprio Presidente Sheik Sharif Ahmed. É o que dizia o relatório de 2012 do Grupo de Monitorização da Somália: "O documento declarava que Afweyne estava envolvido em actividades antipirataria, em nome do governo de transição". Reformado aos 60 anosO próprio Mohamed Abdi Hassan anunciou, em Janeiro de 2013, que os seus dias de pirataria tinham terminado. "A partir de hoje deixo de estar envolvido em actividade de gangs. Tenho encorajado muitos dos meus colegas a renunciar à pirataria", afirmou, a partir da cidade de Adado, na Somália central, onde tem o seu centro de operações. Aliás, o governador da cidade, Mohamed Tiiceey Aden, é um parceiro próximo: negociou muitos resgates de navios e viajou com ele para a Bélgica, onde foi também preso. Terá sido através de Tiiceey que a polícia belga chegou a Afweyne, diz o jornal britânico The Telegraph. Aos 60 anos, estava pronto a enveredar por uma nova via, a dar o exemplo aos mais novos, declarou numa entrevista ao site de notícias sobre a região do Corno de África Sabahionline. com. "Quando tive a certeza de que podia tomar algumas medidas, o Governo deu-me permissão total para lutar contra pirataria", disse Boca Grande. Noutra passagem, nesta entrevista publicada a 8 de Outubro, menos de uma semana antes de ter sido preso no aeroporto de Bruxelas, contabilizava os seus sucessos. "Já persuadimos 1023 [jovens] a deixarem a pirataria. Alguns ficaram convencidos de que a pirataria não é uma coisa boa [e foram reintegrados nas suas comunidades] e outros [estão em processo de reabilitação] em campos. "O próprio Presidente Sheik Ahmed - cuja autoridade sobre o território não vai além de Mogadíscio, a capital - confirmou que a atribuição de passaporte diplomático a Afweyne fez parte dos esforços de desmantelamento dos grupos de pirataria que afligiram o tráfego de petroleiros e navios de carga pelo Golfo de Áden. Redução drásticaLevando em conta os resgates milionários exigidos pelos piratas para devolverem os navios que capturam e a subida dos prémios dos seguros pagos pelas empresas de navegação, as estimativas sobre quanto a pirataria somali terá custado à economia global oscilam entre 7000 milhões e 18. 000 milhões de dólares - e este último valor é uma estimativa do Banco Mundial. Só em resgates a piratas somalis terão sido pagos, desde 2005, cerca de 385 milhões de dólares, calculava o Banco Mundial, num relatório publicado em Abril. Mas a verdade é que a pirataria na Somália se reduziu drasticamente. O número de ataques atingiu o pico em 2011, para caírem 80% no ano seguinte. As operações navais dos Estados Unidos e da União Europeia na zona e o facto de se ter generalizado a prática nos navios que passam na zona de levarem guardas armados e outras medidas antiabordagem são avançadas como causas para esta queda acentuada no sucesso dos ataques dos piratas da Somália - este ano praticamente não há notícia de abordagens. Houve também uma controversa tentativa (que não chegou a bom porto) para criar uma polícia marítima privada na região autónoma de Puntland, no Norte da Somália, conhecida por ter bases de piratas, com financiamento dos Emirados Árabes Unidos e uso de empresas de segurança privada, sul-africanas e americanas. Os piratas somalis dividiam-se em quatro grandes grupos, organizados de forma geográfica e por uma lógica de clãs, segundo uma classificação do site Global Security. Muitos destes grupos estão interligados com a milícia islâmica Al-Shabab, que actua em terra. A Guarda Costeira Nacional de Voluntários, comandada por Garaad Mohamed, tem sede em Kismayu, na costa Sul, e especializou-se em interceptar navios pequenos e embarcações de pesca. O grupo Marka, comandado pelo sheik Yusuf Mohamed Siad, é composto por vários outros grupos, numa organização mais dispersa, e actua ao largo da cidade de Marka, que fica um pouco a sul de Mogadíscio. Uma terceira formação opera ao largo de Puntland, tem por origem pescadores e é denominada Grupo de Puntland. O grupo mais poderoso e melhor organizado era o dos Marines Somalis, de Afweyne, com uma estrutura de tipo militar que incluía um almirante, um vice-almirante e um responsável pelas operações financeiras, dizia um artigo no Global Security. Modelo de negócioNum país sem unidade política nem economia, a pirataria tornou-se uma actividade económica extremamente bem organizada e estratificada, explica Jay Bahadur no Livro The Pirates of Somalia. Cada célula de piratas tinha como que operários especializados em atacar os navios, intérpretes, contabilistas e cozinheiros, os seus próprios fornecedores de khat (uma planta que se masca e se torna viciante, cujas folhas são importadas do Quénia e da Etiópia). Os piratas propriamente ditos não ganham fortunas - os que estão no escalão mais baixo da hierarquia recebem apenas o suficiente para sobreviver. Afweyne notabilizou-se porque os seus homens capturaram navios como o superpetroleiro saudita Sirius Star, do tamanho de um porta-aviões, carregado com dois milhões de barris de crude, que foi abordado em 2008 a 450 milhas a sul do porto de Mombassa, no Quénia. O resgate, pago após dois meses, terá sido no valor de três milhões de dólares, e foi deixado cair de pára-quedas no convés do navio por um helicóptero. Outra conquista que tornou Afweyne e o seu modelo de negócio famosos foi a captura, pouco tempo depois, do navio ucraniano Faina, que transportava 33 tanques T72 do tempo da União Soviética que tinham sido renovados e outro armamento russo, com destino ao Quénia. O sequestro durou 134 dias, até ser pago um resgate também na ordem dos três milhões de dólares. O capitão do Faina morreu de ataque cardíaco. Empresário justiceiroAfweyne, no entanto, renega uma visão do seu passado que o encare simplesmente como um pirata. Dir-se-ia que prefere ver-se como um justiceiro que fez justiça pelas próprias mãos, quando os grandes navios pesqueiros estrangeiros começaram a chegar às águas do seu país e a roubar descaradamente o peixe, pelo que explicou ao site de notícias Sabahionline. com. "Eu era proprietário de uma grande empresa de pesca e tinha uma produção significativa. Mas quando os navios estrangeiros nos atacaram e já não pudemos ir para o mar ou ganhar a vida, decidimos tomar medidas para nos protegermos, o que era uma forma legítima de autodefesa", disse na entrevista de 8 de Outubro. "Lutámos contra os que estavam a destruir o mar e a impedir-nos de o usar. Por isso, eu não era um raptor, era um líder desde movimento legítimo de autodefesa. Organizámos a juventude da região com o objectivo de nos protegermos e não para fazer raptos". Qual o sucesso destes argumentos na justiça belga - e até com a dinamarquesa, que poderá também estar interessada em julgá-lo, devido ao sequestro do navio Danica White - é o que se verá nos próximos dias.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes
O andorinhão-real é capaz de voar 200 dias sem uma única paragem
A migração de três andorinhões-reais foi registada com um pequeno aparelho colocado nas aves por uma equipa de investigadores suíços. Fica por descobrir como é que as aves dormem durante o vooChegando o final do Verão, as várias espécies de andorinhões abandonam os locais na faixa mediterrânica, de Portugal à Bulgária, onde fazem os seus os ninhos e voam em direcção à África Subsariana, à procura do seu alimento preferido - insectos -, que escasseia na Europa durante o Inverno. Há muito que se acredita que estes migradores de longa distância passam grande parte da sua vida em voo. O estudo de uma equipa suíça, pu... (etc.)

O andorinhão-real é capaz de voar 200 dias sem uma única paragem
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.409
DATA: 2013-10-21 | Jornal Público
TEXTO: A migração de três andorinhões-reais foi registada com um pequeno aparelho colocado nas aves por uma equipa de investigadores suíços. Fica por descobrir como é que as aves dormem durante o vooChegando o final do Verão, as várias espécies de andorinhões abandonam os locais na faixa mediterrânica, de Portugal à Bulgária, onde fazem os seus os ninhos e voam em direcção à África Subsariana, à procura do seu alimento preferido - insectos -, que escasseia na Europa durante o Inverno. Há muito que se acredita que estes migradores de longa distância passam grande parte da sua vida em voo. O estudo de uma equipa suíça, publicado na revista Nature Communications, vem provar que, pelo menos no caso dos andorinhões-reais, isso acontece realmente. Os andorinhões pertencem à família dos apodídeos, do grego ápodos, que significa "sem pé". "Claro que é um eufemismo, porque eles têm patas, mas são muito pequenas, por isso quase não as usam", explica ao PÚBLICO Gonçalo Elias, investigador num estudo sobre o andorinhão-pálido na serra da Arrábida. "Passam muito tempo no ar, só vêm a terra para nidificar. "O estudo agora publicado mostra como três aves, anilhadas e equipadas com um aparelho localizador quando abandonaram os locais de nidificação, na Suíça, terão estado permanentemente em voo durante 200 dias - quase sete meses! - até regressarem aos mesmos locais de nidificação. Ou, no máximo, terão pousado durante períodos muito breves, em locais à mesma altura do que a do seu plano de voo. "Têm de pousar num sítio alto, porque se pousam no chão não conseguem levantar voo, devido às suas asas muito grandes", acrescenta Helder Costa, um dos autores do livro Aves de Portugal, editado pela Assírio & Alvim. "São aves muito bem adaptadas ao meio aéreo, com elevadíssima mobilidade", reforça Gonçalo Elias. "Há estudos com andorinhões-pretos que mostram que percorrem todo o continente africano, fora da época de nidificação, para se alimentarem. Neste período, não têm nenhum território fixo. " Alimentam-se em voo, sem terem necessidade de pousar, utilizando o seu bico curto e largo e uma boca grande, capaz de apanhar uma grande quantidade de insectos, como se fosse uma rede de arrasto de um navio de pesca. Para perceber melhor os voos dos andorinhões-reais, foram colocados pequenos aparelhos em seis animais enquanto nidificavam na Suíça. Destes, conseguiram-se recuperar três, quando regressaram aos locais de nidificação no ano seguinte. "Só se conseguem capturar quando pousam nos locais de nidificação", refere Gonçalo Elias. "Não se conseguem apanhar nas redes [como as usadas normalmente para apanhar aves], porque voam muito alto. "Os dados recolhidos pelos aparelhos da equipa suíça parecem mostrar que os três animais se mantiveram em voo, fosse um voo batido ou planado, e que as aves estavam mais activas ao amanhecer e ao anoitecer, altura em que terão maior disponibilidade de alimento. Durante a noite, a actividade foi reduzida, mas desconhece-se se as aves descansaram ou dormiram e como o fizeram. "Durante muitos anos, dormir foi considerado essencial para recuperar pelo menos algumas das funções fisiológicas do cérebro", escrevem Felix Liechti, do Instituto Ornitológico Suíço (em Sempach) e colegas, na Nature Communications. "As necessidades de sono são diferentes consoante a espécie", especifica Gonçalo Elias. Embora os humanos precisem de dormir um certo número de horas todos os dias, há espécies que pouco descansam se têm de alimentar as crias, para aproveitar o alimento disponível, ou outras espécies que hibernam, dormindo quase metade do ano. Recordistas das migraçõesO corpo dos andorinhões, aerodinâmico e bastante leve, tem capacidade para chegar aos 110 quilómetros por hora em voo batido, e está completamente optimizado para uma maior eficiência energética, obtendo o máximo proveito no voo com um consumo mínimo de energia. Mas um voo de quase sete meses registado para estes andorinhões-reais desafia os limites das migrações. Este tipo de movimentações, durante períodos tão longos, só era conhecido para os animais marinhos, mas estes podem manter-se dentro da coluna de água com um esforço mínimo, permitindo-lhes descansar. Mesmo o recordista das migrações, a andorinha-do-mar-árctica (Sterna paradisaea), que viaja cerca de 70 mil quilómetros anualmente para ir e voltar da Gronelândia à Antárctida, não permanece em voo durante toda a viagem, pára para se alimentar. Acredita-se que os indivíduos das várias espécies de andorinhões que nidificam em Portugal regressem todos os anos, mantendo-se fiéis aos locais onde constroem os ninhos. Os andorinhões-reais (Apus melba) são raros em Portugal, embora apareçam por cá, sendo mais frequentes os andorinhões-pretos e os andorinhões-pálidos. Medem 21 centímetros de comprimento e têm 53 centímetros de envergadura de asas, tornando-os a maior espécie desta família. As penas são castanho-escuras, distinguindo-se pelas manchas brancas por baixo do bico e na barriga. Em voo, os andorinhões identificam-se por parecerem uma âncora, com as asas desproporcionadas em relação ao corpo. Apesar de algumas espécies até terem a cauda bifurcada, não são primos das andorinhas. Essas longas asas levam-nos em viagens incansáveis, como se viu agora.
REFERÊNCIAS:
As melhores fotografias de Natureza de 2013
O Museu de História Natural de Londres anunciou os vencedores do concurso Wildlife Photographer of the Year 2013, uma das mais importantes competições de fotografia de vida selvagem a nível mundial. O sul-africano Greg du Toit ficou em primeiro lugar, com uma imagem algo mística de elefantes africanos junto a um lago, numa reserva natural do Botswana. As 100 melhores fotografias ficam em exposição no Museu até 23 de Março de 2014.... (etc.)

As melhores fotografias de Natureza de 2013
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 1.0
DATA: 2013-10-22 | Jornal Público
TEXTO: O Museu de História Natural de Londres anunciou os vencedores do concurso Wildlife Photographer of the Year 2013, uma das mais importantes competições de fotografia de vida selvagem a nível mundial. O sul-africano Greg du Toit ficou em primeiro lugar, com uma imagem algo mística de elefantes africanos junto a um lago, numa reserva natural do Botswana. As 100 melhores fotografias ficam em exposição no Museu até 23 de Março de 2014.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Portugal, Europa... Cinco conclusões e uma pergunta
1. Votou-se nestas eleições para o mais inócuo dos órgãos da UE, mas elas permitem ver o que acham os europeus deste austeritarismo socialmente letal, imposto pela alta finança, o BCE e os seus muitos braços políticos (a Comissão Barroso, os governos da direita e da área socialista). Nos países sujeitos aos ditames da troika, é evidente a viragem à esquerda, e não à direita: vence na Grécia, e sobe em Portugal (CDU), em Espanha (Esquerda Unida, Podemos, independentistas bascos e catalães), e na Irlanda (Sinn Féin). Era bom que quem se tem concentrado tanto na reação racista, fascistóide e ultranacionalista que ga... (etc.)

Portugal, Europa... Cinco conclusões e uma pergunta
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-29 | Jornal Público
TEXTO: 1. Votou-se nestas eleições para o mais inócuo dos órgãos da UE, mas elas permitem ver o que acham os europeus deste austeritarismo socialmente letal, imposto pela alta finança, o BCE e os seus muitos braços políticos (a Comissão Barroso, os governos da direita e da área socialista). Nos países sujeitos aos ditames da troika, é evidente a viragem à esquerda, e não à direita: vence na Grécia, e sobe em Portugal (CDU), em Espanha (Esquerda Unida, Podemos, independentistas bascos e catalães), e na Irlanda (Sinn Féin). Era bom que quem se tem concentrado tanto na reação racista, fascistóide e ultranacionalista que ganhou força em França, na Grã-Bretanha, na Dinamarca, na Áustria, na Hungria, na Polónia, não deixasse de perceber esta outra reação. Os partidos de onde saíram os comissários europeus perderam milhões de votos, a CDU de Merkel, os conservadores de Cameron, o PS de Hollande, a direita portuguesa, esmagada até ao seu mínimo histórico. 2. Nunca numas eleições no Portugal democrático, quaisquer que elas tenham sido, os partidos do Governo sofreram uma derrota tão grande, nunca se lhes deu um apoio social tão reduzido! PSD e CDS têm hoje 27, 7% dos votos, perderam mais de 1/3 (520 mil) do que tinham há cinco anos. Na Madeira, por exemplo, repararam?, tem. . . 30, 9% dos votos, metade do que tinha! Dêem-se as voltas que se quiser, invoque-se a abstenção (como se ela não tivesse sido sempre elevadíssima em europeias anteriores), diga-se que “daqui a um ano é que se vai ver!”, mas não há volta a dar: em europeias, a direita tinha tido o seu pior resultado em 2004, em pleno arranque da austeridade, pela mão de Durão e Ferreira Leite, e obtivera 33, 3% dos votos; agora afundou-se. Até em 1975, em pleno fulgor revolucionário, superava 34% dos votos! Lembremo-nos que esta coligação de direita reuniu, em 2011, tanto apoio quanto Cavaco há 25 anos, bem mais do que as vitórias de Sá Carneiro. Está hoje reduzida a isto. O único castigo de dimensões comparáveis a algum partido de governo ocorreu nas legislativas de 1985, quando o PS, que liderara um governo de Bloco Central numa austeridade de efeitos tão devastadores como esta, mas aplicada por muito menos tempo, perdeu em dois anos mais de 40% da sua representação – mas o seu parceiro de governo, o PSD, é que não pagou o mesmo preço, o que, com a irrupção do PRD (17, 9% dos votos), propiciou nesse ano a mais baixa vitória de sempre em eleições (29, 8%). É verdade que ao fim de 24 horas o PS se deixou embarcar em mais uma daquelas operações em que só embarcam políticos profissionais fechados dentro da sua redoma, sem perceberem como são diferentes os tempos que estamos a viver: Seguro ou Costa?, quem é mais “ganhador”?, “qual dos dois nos safa de termos de fazer uma coligação e repartir lugares que gostaríamos só para nós?” De todo este lamentável folclore politiqueiro quase até parece que já nem há derrota irremissível de um governo que assumiu o maior ataque à sociedade portuguesa desde que Salazar nos lançou em 13 anos de guerra em África. Assentemos na segunda conclusão: nunca um governo teve tão pouco apoio em Portugal desde que há democracia! Nunca foi tão evidente que a Constituição deveria ser ativada para o demitir e permitir aos portugueses escolher outro governo!3. Semelhante derrota das candidaturas europeias de quem, no Governo português e no Parlamento Europeu, assente como um cão de porcelana ao Diktat de Berlim, não põe em causa a legitimidade do poder em Portugal? Tem-se insistido mais na elevadíssima abstenção para falar de uma crise do sistema democrático, mas, se assim é, deveria perceber-se que essa crise se mantém há 20 anos. Não votaram nestas europeias (65, 3%) tantos quanto em 1994 (64, 5%). Há 20 anos que mais de 60% dos portugueses não votam em europeias – o que, aliás, é bem menos do que em sete outros membros da UE; em 20 dos 28 países vota-se a menos de 50%. Mais revelador é que a abstenção, depois de 38 anos de rotação PS/direita, tenha passado de 10%-20% nas legislativas dos anos 70 para os 35%-42% deste século – mas, quando se trata de governar, quem ganha já não acha que a abstenção tira legitimidade à vitória. . . Além disso, esquece-se que em cinco anos terão emigrado 400-500 mil portugueses: é de espantar que se tenham abstido agora 240 mil eleitores mais. Colocadas estas eleições em contexto, o maior obstáculo à representatividade do poder não creio que esteja na abstenção – está, sim, nesta extraordinária, incomparável, derrota de quem governa!
REFERÊNCIAS:
Descoberto um oásis do Jurássico com mil trilhos de dinossauros
A valsa não nasceu no Jurássico, mas é fácil aludir a um salão de dança com 190 milhões de anos quando se vê tantas pegadas de dinossauros juntas. Nos Desfiladeiros de Vermillion, no Norte do Arizona, já perto da fronteira com o Utah, nos Estados Unidos, geólogos e geofísicos da Universidade de Utah descobriram muitos trilhos de dinossauros, alguns deles acompanhados de marcas de caudas. O estudo foi hoje publicado na revista "Palaios". “Terá que ter havido mais do que um tipo de dinossauro aqui”, disse Marjorie Chan, professora de geologia e geofísica na Universidade de Utah. “Era um local que atraia uma multidã... (etc.)

Descoberto um oásis do Jurássico com mil trilhos de dinossauros
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2008-10-21 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20081021130903/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1346801
TEXTO: A valsa não nasceu no Jurássico, mas é fácil aludir a um salão de dança com 190 milhões de anos quando se vê tantas pegadas de dinossauros juntas. Nos Desfiladeiros de Vermillion, no Norte do Arizona, já perto da fronteira com o Utah, nos Estados Unidos, geólogos e geofísicos da Universidade de Utah descobriram muitos trilhos de dinossauros, alguns deles acompanhados de marcas de caudas. O estudo foi hoje publicado na revista "Palaios". “Terá que ter havido mais do que um tipo de dinossauro aqui”, disse Marjorie Chan, professora de geologia e geofísica na Universidade de Utah. “Era um local que atraia uma multidão, tal como as pistas de dança”, exemplifica a cientista. Os investigadores acreditam que a atracção daquele local era a água. Há 190 milhões de anos, a Terra só tinha um super-continente chamado Pangeia. O território actualmente definido pelos Estados de Utah, Wyoming, Colorado, Novo México, Arizona e Nevada, formava um deserto maior do que o Sahara. Devido ao tamanho do continente, os investigadores acreditam que existiam ventos muito fortes que formavam dunas maiores do que as do deserto africano. “As áreas entre estas dunas de areia podiam ter poças de água – um oásis”, explica o primeiro autor do estudo, Winston Seiler, que na altura da descoberta estava a tirar o mestrado. “Para sustentar grandes dinossauros, é provável que não houvesse só uma poça de água, mas muitas. Eles caminhavam numa rede de oásis para se alimentarem e beberem água”, diz o investigador. A área tem mais de 3000 mil metros quadrados. Já foram estimados mais de mil trilhos de dinossauros. Pensa-se que existam quatro espécies diferentes, com vários tamanhos. “Os trilhos de tamanhos diferentes [de 2, 5 centímetros a meio metro] podem querer dizer que estamos a ver mães a caminharem com os seus bebés”, refere Seiler. Não é produto da erosãoMarjorie Chan visitou pela primeira vez o local em 2005 e pensou que as marcas deixadas na rocha arenítica tinham sido formadas a partir da erosão do vento. Mas na altura a investigadora suspeitou de algo mais, “eu sabia que isto não era toda a história, havia uma alta concentração de marcas e não existiam em mais local nenhum na região”. Quando em 2006 Winston Seiler visitou o local, o investigador percebeu do que se tratava. “Depois de caminhar pelo local durante cinco minutos, percebi que eram pegadas de dinossauro”, disse. Vários argumentos deram força à teoria: o tamanho dos trilhos é o indicado para animais grandes e as pegadas estão limitadas a uma única camada rochosa; encontraram-se quatro tipos diferentes de trilhos que incluíam marcas de garras, dedos e calcanhares; as marcas tinham uma orientação, o que indica uma direcção na caminhada. Os trilhos de cauda que a dupla encontrou tornam o local ainda mais especial, porque não se conhecem muitas marcas destas no mundo. “Os dinossauros não costumavam andar a arrastar as caudas”, diz Seiler. As marcas têm cerca de seis centímetros de largura e prolongam-se até mais de sete metros. Segundo os investigadores, foram feitas por dinossauros do tipo dos saurópodes – os que se movem em quatro patas, são herbívoros e têm pescoços e caudas enormes. Os trilhos não deram informação suficiente para se conseguir identificar as espécies certas de dinossauros. Um do tipo de pegadas pertencia a um animal parecido com o carnívoro Tyrannosaurus rex, mas mais pequeno, com o comprimento entre 4, 8 e seis metros. Outro trilho seria de um dinossauro que não ultrapassava os 30 centímetros de altura e um terceiro trilho de outro dinossauro que não chegava aos quatro metros de comprimento. Depois de os dinossauros terem “dançado” naquela região, a superfície foi coberta pelas dunas que estavam em constante movimento. Posteriormente as rochas que se formaram foram sendo erodidas até que as pegadas ficaram visiveis. Eventualmente, a erosão também vai apagar as pegadas. Esta descoberta alterou a concepção que Marjorie Chan tinha deste local. Em vez do deserto "vasto, seco e inabitável” que a geóloga julgava existir, agora compreende que existiram "muitas variações, e houve períodos em que os dinossauros viveram aqui”.
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