Bruxelas aprova apoio de 851 mil euros para promover azeite e vinho português
Comissão Europeia dá luz verde a 20 programas para promover produtos agrícolas dentro e fora da União Europria. Dois são portugueses. (...)

Bruxelas aprova apoio de 851 mil euros para promover azeite e vinho português
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DATA: 2014-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Comissão Europeia dá luz verde a 20 programas para promover produtos agrícolas dentro e fora da União Europria. Dois são portugueses.
TEXTO: Dois programas portugueses para promover o vinho e o azeite receberam, nesta terça-feira, luz verde da União Europeia (UE) para receber um financiamento global de mais de 1, 6 milhões de euros, 851 mil euros dos quais oriundos de Bruxelas. A Comissão Europeia aprovou no total 20 iniciativas de promoção de produtos agrícolas dentro e fora da Europa, que terão um orçamento de 46, 5 milhões de euros, 50% financiados pela UE. A maioria destes programas (como é o caso dos portugueses) vai desenvolver-se ao longo de três anos e foram seleccionados entre 33 projectos apresentados até 30 de Novembro de 2013, no âmbito do regime de informação e promoção. Esta é, assim, a primeira vaga de apresentação de programas para 2014. Para promover os vinhos no mercado nacional, a Associação das Empresas de Vinho do Porto vai receber um total de 281, 780 euros (169, 074 vindos de Bruxelas). O outro programa é liderado, em conjunto, pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana e a Casa do Azeite que querem divulgar o vinho e o azeite português não só no mercado interno, mas também na Alemanha, Reino Unido, Suécia e Polónia. As duas entidades dispõem de um total de quase 1, 4 milhões de euros, a três anos, 681, 972 euros dos quais são fundos comunitários. De acordo com a informação divulgada por Bruxelas, os programas seleccionados abrangem produtos com classificações de qualidade (como os de Denominação de Origem Protegida ou Indicação Geográfica Protegida), biológicos, frutas e produtos hortícolas, vinho, leite, flores, frutas ou produtos transformados à base de cereais e arroz. A divulgação no espaço extra-comunitário será feita na América do Norte, Rússia, China, Médio Oriente, Sudeste Asiático, Índia ou Turquia. Entre os projectos que vão receber ajudas, há ovos de Espanha, presunto de Itália, produtos lácteos da Polónia ou cereais da Grécia. As acções financiadas podem ser desde campanhas de relações públicas a acções de promoção ou de publicidade que “evidenciem as vantagens específicas dos produtos da UE em termos de qualidade, higiene e segurança dos alimentos, nutrição, rotulagem, bem-estar dos animais ou de métodos de produção respeitadores do ambiente”. A Comissão Europeia pode contribuir directamente para financiar estas acções de informação e tem um orçamento total anual de 60 milhões de euros. Ao abrigo do acordo político alcançado a 5 de Abril, o orçamento deverá aumentar para 200 milhões de euros em 2020.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Lacticínios portugueses vão entrar na China
Visita de Cavaco Silva à China ajuda a desbloquear entraves à exportação de lacticínios para aquele país. (...)

Lacticínios portugueses vão entrar na China
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DATA: 2014-05-18 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140518170209/http://www.publico.pt/1636446
SUMÁRIO: Visita de Cavaco Silva à China ajuda a desbloquear entraves à exportação de lacticínios para aquele país.
TEXTO: Na visita de Cavaco Silva à China, que termina este domingo, em Macau, foram desbloqueados os entraves à exportação de lacticínios portugueses para aquele país. Cerca de três dezenas de empresas portuguesas do sector manifestaram interesse, estando também prevista uma visita empresarial àquele país asiático. Esta informação foi dada como quase certa por Cavaco Silva alegando que considerava que a comissão mista tinha resolvido as questões relacionadas com os bloqueios às exportações para a China de produtos portugueses. Contudo, a Rádio Renascença já avançou que o processo já foi concluido. Está ainda em curso o desbloqueamento da exportação de produtos suínos, que foi um dos temas abordados. Ao final da tarde, o Presidente da República dará uma conferência de imprensa, onde deverá fazer o balanço desta visita oficial de sete dias à China.
REFERÊNCIAS:
Étnia Asiático
História de uma das leveduras do vinho começou na Patagónia
Equipa internacional liderada por portugueses identificou a origem de espécie de levedura importante na produção de bebidas alcoólicas. O seu ADN reflecte um processo de domesticação. (...)

História de uma das leveduras do vinho começou na Patagónia
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DATA: 2014-06-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Equipa internacional liderada por portugueses identificou a origem de espécie de levedura importante na produção de bebidas alcoólicas. O seu ADN reflecte um processo de domesticação.
TEXTO: O berço geográfico da Saccharomyces uvarum foi a Patagónia chilena. Usada na produção de vinho e cidra na Europa viajou primeiro daquela região da América do Sul para a América do Norte e daqui seguiu para o continente euroasiático. Através da análise e comparação genética entre estirpes selvagens de Saccharomyces uvarum de todo o mundo e estirpes usadas na indústria, uma equipa internacional liderada por portugueses conseguiu verificar a sua origem geográfica e o resultado da domesticação feita pelo homem, conclui um artigo publicado ontem na edição da revista Nature Communications. O iogurte, a cerveja ou vinho são substâncias produzidas graças à fermentação feita por bactérias ou leveduras. A partir de farinhas ou açúcares, estes microorganismos alimentam-se, produzindo substâncias como álcool ou ácido láctico. No caso do vinho, o processo industrial de fermentação alcoólica recorre normalmente à levedura Saccharomyces cerevisiae. Mas em climas mais frios, onde a fermentação é com temperaturas mais baixas, os produtores vinícolas usam a Saccharomyces uvarum. Alguns vinhos do País Basco (Espanha), de Verona (Itália) ou da Borgonha (França) usam esta espécie de levedura. Assim como a cidra, uma bebida alcoólica produzida com sumo de maçã. Em Portugal, pensa-se que esta estirpe não é usada, preferindo-se a Saccharomyces cerevisiae. Além de trabalharem melhor a temperaturas mais baixas, “há compostos aromáticos que as leveduras Saccharomyces uvarum produzem que são superiores aos da Saccharomyces cerevisiae”, explica ao PÚBLICO José Paulo Sampaio, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que liderou a equipa com cientistas da Argentina, dos EUA e de França. Mas ainda se sabe pouco sobre a origem e a evolução da Saccharomyces uvarum. “O nosso trabalho é procurar as estirpes selvagens para as comparar com as estirpes domésticas e perceber como ocorreu a domesticação”, diz o cientista. A domesticação de animais ou de vegetais requer a observação e a escolha de seres vivos com certas características consideradas uma mais-valia. Apesar de as leveduras serem microscópicas, observadas só há alguns séculos, José Paulo Sampaio defende à mesma a existência de uma “domesticação”, já que o resultado da actividade das leveduras foi sendo avaliado pelo sabor das bebidas. “A bebida tem um aspecto sensorial. Os nossos antepassados sabiam dizer: ‘Gosto desta bebida, não gosto daquela. ’ Quando uma bebida funcionava, guardavam um bocadinho daquela bebida e usavam-no num novo lote”, diz o cientista. A equipa fez amostragens de estirpes de Saccharomyces uvarum usadas na indústria na Europa, bem como de estirpes naturais presentes na Europa, na América do Norte e do Sul, na Ásia e na Oceânia. No hemisfério Norte, este fungo encontra-se associado a algumas espécies de carvalhos. No hemisfério Sul, aparece associado a espécies de Nothofagus, um género de árvores que nos climas temperados da Patagónia e da Oceânia ocupa os mesmos nichos ecológicos que os carvalhos no Norte. O estudo mostrou a existência de uma grande diversidade genética nas estirpes da Patagónia. Esta diversidade foi decrescendo na América do Norte e na Europa. Através da comparação genética, a equipa concluiu que as estirpes que hoje são usadas na Europa vieram da América do Sul, via América do Norte. E as estirpes da Oceânia são o que resta de um habitat maior, quando a levedura existia no grande supercontinente Gonduana, que há dezenas de milhões de anos se foi partindo na América do Sul, África, Antárctica e Oceânia. Não se sabe quando ou como é que a levedura chegou à América do Norte e depois daí até à Europa e à Ásia. Nada indica que o homem tenha tido um papel nesta migração. “Arriscar-me-ia a dizer que [estas migrações] nos antecederam e que as leveduras têm mecanismos próprios de dispersão que não conhecemos. ”Quando é que a Saccharomyces uvarum entrou na produção de vinho é outra incógnita. Segundo o cientista, as amostras mais antigas de Saccharomyces uvarum datam do final do século XIX. Gene resistente aos sulfitosMas os efeitos desta utilização de séculos acabam por se revelar no ADN das leveduras pelas “introgressões genéticas”: genes provenientes de outras espécies de leveduras e que aparecem nas estirpes industriais de Saccharomyces uvarum, mas neste caso não se encontram nas da natureza. “Tudo começa com uma hibridação”, explica o cientista: uma célula de levedura de Saccharomyces uvarum cruzou-se ao acaso com uma célula de Saccharomyces eubayanus, usada na produção da cerveja. O resultado deste cruzamento é uma levedura híbrida, com metade do genoma de cada espécie progenitora. Mas se a nova levedura continuar a cruzar-se só com a Saccharomyces uvarum, o genoma da Saccharomyces eubayanus fica mais diluído até quase desaparecer. No entanto, alguns genes da Saccharomyces eubayanus podem ser escolhidos e ficar para sempre nas estirpes de Saccharomyces uvarum, como é o caso do gene FZF1. “Este gene é central em muitos mecanismos de resistência aos sulfitos e foi sistematicamente submetido à domesticação. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
O Mundial é um exemplo de flexi-segurança
Quase um terço dos treinadores saiu após o final do torneio. Quase metade tem o futuro por decidir. (...)

O Mundial é um exemplo de flexi-segurança
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DATA: 2010-07-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quase um terço dos treinadores saiu após o final do torneio. Quase metade tem o futuro por decidir.
TEXTO: Marcello Lippi já tinha o destino traçado antes de chegar à África do Sul, mesmo que voltasse a ser campeão do mundo com a Itália: iria ser substituído por Cesare Prandelli. Quatro anos antes, já lhe havia acontecido o mesmo, substituído por Roberto Donadoni, mas saíra por cima, com um título. Desta vez, saiu sem glória e vergado pela humilhação de uma eliminação precoce, tal como a França de Raymond Domenech, mais circo e menos equipa. Em comum outro facto: Lippi e Domenech são dois dos dez treinadores que vão procurar novo emprego, agora que terminou o Mundial. Outro dos treinadores com despedida anunciada era o milagreiro alemão Otto Rehhagel, que conduziu a Grécia a um título europeu em 2004, sendo substituído no cargo pelo português Fernando Santos. Dunga, odiado por todos os brasileiros, já sabia que só um título mundial lhe iria salvar o emprego, mas a selecção canarinha ficou-se pelos quartos-de-final e o técnico foi despedido assim que voltou a casa. Para além de Lippi, Carlos Alberto Parreira era um dos dois técnicos em competição com um título mundial no currículo (com o Brasil, em 1994), mas saiu ao não ter conduzido a anfitriã África do Sul para lá da fase de grupos - a primeira vez que um organizador não passou desta fase. Já Sven-Goran Eriksson irá por certo continuar a ser um “globetrotter” do futebol mundial. O sueco apenas esteve alguns meses na Costa do Marfim, não passou da fase de grupos, ganhou 2, 4 milhões de euros e é dado como o principal candidato a treinador do Fulham, da Premier League inglesa. Continuando no futebol inglês, há um treinador que vai sobreviver ao fracasso da selecção que orientou. Fabio Capello vai manter-se a gerir os destinos da Inglaterra, segundo dizem os “media” britânicos, não pela eventual vontade da federação em despedir o italiano, mas em não ter dinheiro para o fazer - Capello ainda tem mais dois anos de contrato, com um salário anual de 7, 1 milhões de euros, que faz dele o seleccionador mais bem pago do mundo. Entre os 32 treinadores mundialistas, nove têm a certeza que vão continuar (o português Carlos Queiroz é um deles), enquanto 13 não definiram ainda o seu futuro. Alguns por tabu auto-imposto, outros à espera de uma decisão federativa. Maradona, por exemplo, apenas conduziu a Argentina aos “quartos”, mas o povo e os jogadores querem que ele fique e, segundo o líder federativo, só depende dele próprio a sua continuidade, embora tenha dito que se ia embora após a eliminação frente à Alemanha. Uma incógnita é o que vai acontecer a Kim Jong-Hun, da Coreia do Norte, depois das três derrotas no Mundial. Só quando a selecção asiática voltar a competir fora do país é que se vai saber.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave circo salário marfim
Bancos centrais preocupados com a deflação
Ministros das Finanças, governadores dos bancos centrais e grandes financeiros chegaram a Washington para o Oktoberfest anual da governação económica e, caso não se tenha percebido pelas manchetes dos últimos dias, estão muitíssimo preocupados com a possibilidade de a recuperação económica global estar prestes a desacelerar. (...)

Bancos centrais preocupados com a deflação
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DATA: 2010-10-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ministros das Finanças, governadores dos bancos centrais e grandes financeiros chegaram a Washington para o Oktoberfest anual da governação económica e, caso não se tenha percebido pelas manchetes dos últimos dias, estão muitíssimo preocupados com a possibilidade de a recuperação económica global estar prestes a desacelerar.
TEXTO: Os governadores dos bancos centrais, tendo baixado, de um dia para o outro, as taxas de juro para zero, estão a ponderar novas e criativas formas de aumentarem o provimento de dinheiro e de crédito, e de evitarem que se instale uma dinâmica deflacionária. O Banco do Japão deu o primeiro passo anunciando que injectaria o equivalente a 60 mil milhões de dólares na economia comprando não só obrigações do governo mas também IOUs de curto prazo a bancos e empresas, e pacotes seguros de empréstimos imobiliários. O Banco Central Europeu está a acumular obrigações de alguns dos países-membros mais endividados. E o presidente da Reserva Federal dos EUA, Ben Bernanke, parece ter convencido os seus colegas de que está na altura de imprimir mais um ou dois mil milhões para comprar títulos e obrigações do Tesouro com datas de vencimento mais tardias. Nesta altura dos acontecimentos, os riscos por os bancos centrais não fazerem nada (deflação, desemprego elevado e continuado) são maiores do que o risco de fazer trabalhar a impressora da moeda (inflação futura). Mas ninguém deverá esperar que isso seja uma poção mágica para a economia. Alguns especialistas em modelos económicos calculam que a taxa de desemprego se vai manter acima dos nove por cento quer a Fed aumente o seu orçamento em 500 milhões de dólares quer o faça em dois mil milhões de dólares. A razão é que as vias normais que permitem criar folga monetária estão bastante esgotadas. As taxas de juro estão já tão baixas que reduzi-las ainda mais não irá induzir maior recurso ao crédito. Os agregados familiares o que pretendem é pagar as suas dívidas e não aumentá-las, e as empresas têm bastante liquidez e não prevêem um aumento de vendas que justifique alargar as sua capacidade produtiva ou as suas linhas de produtos. O único canal que está a funcionar é o mercado financeiro. Nas últimas semanas, os preços das acções e das obrigações subiram, antecipando o fluxo de dinheiro do banco central; esses preços mais elevados devem, por sua vez, ajudar a reforçar a confiança entre os executivos das empresas e entre os consumidores mais abastados. As taxas mais baixas vão também melhorar os lucros dos bancos, muitos dos quais estão por um fio e desesperados por compensar os prejuízos ainda indeterminados e resultantes das suas actividades de crédito imobiliário. Voltar de novo a alimentar bolhas financeiras não é geralmente considerado um objectivo meritório para a política monetária mas mostra o crescente desespero dos responsáveis da Fed, que sentem não ter outra opção. O assunto mais urgente da agenda deste fim-de-semana tem a ver com taxas de câmbio e a ameaça de que os países vão começar a competir na desvalorização das suas taxas de câmbio com o propósito de reforçarem as suas economias. Também aqui foi o Japão a dar o primeiro passo, intervindo nos mercados financeiros para fazer baixar o valor do iene em relação ao dólar. No entanto, o principal objectivo do Japão não era proteger as suas exportações para os Estados Unidos - era lutar contra a perda de quota de mercado global em favor de competidores na China, em Taiwan e noutras potências do Sudeste Asiático que, de algum modo, ancoram a sua moeda no dólar. O Japão não é o único país preocupado com a valorização da sua moeda e o consequente efeito nas suas exportações. A Coreia do Sul e o Brasil adoptaram também medidas para atenuar o impacto de uma valorização das suas moedas, e os exportadores europeus começaram a queixar-se do recente subida no valor do euro. O que se receia é que os países desencadeiem uma série de desvalorizações competitivas que possam conduzir a uma guerra comercial generalizada e desestabilizar o sistema financeiro global. No centro deste problema está a obstinada recusa da China em permitir que a sua moeda, o yuan, se valorize gradualmente em relação ao dólar reflectindo o extraordinário aumento da riqueza e da produtividade no país. Permitir a flutuação do yuan é um primeiro passo necessário para reequilibrar uma economia global que se tornou dependente do facto de os Estados Unidos consumirem muito mais do que produzem e a China produzir muito mais do que consome. Esse desequilíbrio foi a principal causa da recente bolha do crédito e, enquanto ele se mantiver, vai ser difícil aos Estados Unidos fazerem baixar a taxa de desemprego para um nível aceitável. Durante anos, a China tem vindo a iludir a questão da sua moeda, prometendo evoluir para uma moeda baseada no mercado e susceptível de flutuações sempre que as pressões aumentam muito - mas sem nunca deitar mãos à obra. E há anos que os responsáveis norte-americanos de diferentes governos vêm dizendo que a paciência e a persistência dão melhores resultados do que impor o tipo de tarifas retaliatórias que alguns furiosos membros do Congresso exigem. Mas, nesta semana, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, reconheceu que a estratégia da cenoura sem o pau falhara e começou a aumentar a pressão sobre a China. Ele deixou bem claro que os Estados Unidos deixariam de apoiar o esforço da China para obter um papel relevante em organizações como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional enquanto esta continuasse a desvalorizar a sua moeda e a promover outras políticas mercantilistas. Geithner também deu a entender que os Estados Unidos procurariam conseguir sanções internacionais contra a China se esta continuasse a gerar enormes excedentes comerciais, favorecendo as exportações em detrimento do consumo interno. A resposta das autoridades chinesas, e dos seus cães de fila na comunidade empresarial norte-americana, era previsível. Por um lado, dizem que não foi só o yuan que desvalorizou e que, de qualquer forma, a sua valorização não afectaria significativamente a balança comercial. Depois, numa segunda tirada, dizem que aumentar a taxa de câmbio levaria ao encerramento de muitas fábricas chinesas e, nas palavras do primeiro-ministro, Wen Jiabao, isso "seria um desastre para a China e para o mundo". Esse poderá ser o tipo de lógica que determina a opinião do comité central mas dificilmente nos faz confiar em que a China esteja pronta a ocupar a sua legítima posição na liderança económica global. Colunista do Washington Post
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Um quinto das plantas do planeta está ameaçado de extinção
Uma em cada cinco espécies de plantas no planeta está ameaçada de extinção, a maioria nas regiões tropicais, revela hoje um estudo científico internacional que atribui as maiores responsabilidades às intervenções humanas no meio. (...)

Um quinto das plantas do planeta está ameaçado de extinção
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DATA: 2010-09-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma em cada cinco espécies de plantas no planeta está ameaçada de extinção, a maioria nas regiões tropicais, revela hoje um estudo científico internacional que atribui as maiores responsabilidades às intervenções humanas no meio.
TEXTO: A destruição da floresta em Madagáscar está a empurrar para a extinção a pequena palmeira Dypsis brevicaulis. Estima-se que a população mundial esteja agora reduzida a 50 plantas em três locais. Mas não é caso único. O grupo mais ameaçado é o das Gimnospérmicas, onde se incluem os pinheiros e as araucárias e o habitat que, de momento, mais preocupa é a floresta tropical. E é nos trópicos que se concentra a maioria das espécies ameaçadas. Para chegar a estas conclusões, os investigadores dos Kew Gardens, do Museu de História Natural de Londres e da UICN (União Mundial de Conservação da Natureza) estudaram uma amostra de 7000 espécies – dos principais grupos de plantas, como os Briófitos, Pteridófitos, Gimnospérmicas e Angiospérmicas -, representativas das 380 mil conhecidas actualmente. Do trabalho resultou o primeiro estudo à dimensão da ameaça ao mundo vegetal. “Pela primeira vez temos uma ideia clara do risco de extinção das plantas conhecidas no mundo. Este relatório mostra que as mais urgentes ameaças e regiões em maior perigo”, comentou Stephen Hopper, director dos Kew Gardens. E os resultados não surpreenderam ninguém. “O estudo confirma aquilo que já suspeitávamos, ou seja, que as plantas estão ameaçadas e que a principal causa é a perda de habitat induzida pelo ser humano”, acrescentou o responsável. O relatório refere, especificamente, a conversão de habitats em solos agrícolas e para pastagens. No Sudeste asiático, as plantações de óleo de palma estão a causar um “efeito devastador nas florestas tropicais nativas”, ameaçando “muitas espécies de plantas”. Já na Austrália, ecossistemas inteiros estão a entrar em colapso devido à infestação do fungo Phytophthora cinnamomi que causa o apodrecimento das raízes. E se os Estados Unidos, Europa e Ásia não têm espécies muito ameaçadas, os autores alertam para a crescente expansão e intensificação de práticas agrícolas e desenvolvimento urbano. Relatório será levado à cimeira de NagoyaA partir de aqui, este relatório faz caminho até à Cimeira da ONU dedicada à Biodiversidade, em meados de Outubro em Nagoya, Japão. “A meta para a biodiversidade em 2020 que será discutida em Nagoya é ambiciosa. Mas numa altura em que aumenta a perda da biodiversidade, é inteiramente apropriado intensificar os nossos esforços”, considerou Hopper. “As plantas são a fundação da biodiversidade e o seu significado em tempos climáticos, económicos e políticos incertos tem sido descurado há muito tempo”. “Todo o nosso esforço terá merecido a pena se os líderes mundiais tomarem medidas significativas para reduzir o actual ritmo de perda da biodiversidade”, disse Neil Brummitt, responsável pelo projecto no Museu de História Natural de Londres. Os responsáveis adiantam que este projecto vai ser revisto periodicamente, para “monitorizar o destino das plantas”, mostrando onde e que tipo de acção é necessária. Ainda assim, esta não será uma missão fácil. Avaliar a ameaça às plantas (com 380 mil espécies estimadas) é mais complicado do que fazer o mesmo em relação às aves (9998 espécies), mamíferos (quatro mil) ou anfíbios (6433).
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Fabricante japonês inventa aparelho que traduz miados para linguagem humana
Depois de ter vendido 300 mil aparelhos que, alegadamente, traduzem o ladrar dos cães para linguagem humana, o fabricante japonês de brinquedos Takara Co. está a planerar fazer o mesmo para os gatos. Chamado Meowlingual, o aparelho previsto entrar no mercado japonês em Novembro, traduz os miados dos gatos para frases como "Estou farto", apesar das palavras exactas ainda não estarem definidas, informou ontem a empresa, sediada em Tóquio. O aparelho deverá custar 74 dólares (65 euros), ligeiramente mais barato do que o dos cães, o Bowlingual, que custava 125 dólares (111 euros). Ambos os aparelhos utilizam dados ci... (etc.)

Fabricante japonês inventa aparelho que traduz miados para linguagem humana
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2003-07-17 | Jornal Público
TEXTO: Depois de ter vendido 300 mil aparelhos que, alegadamente, traduzem o ladrar dos cães para linguagem humana, o fabricante japonês de brinquedos Takara Co. está a planerar fazer o mesmo para os gatos. Chamado Meowlingual, o aparelho previsto entrar no mercado japonês em Novembro, traduz os miados dos gatos para frases como "Estou farto", apesar das palavras exactas ainda não estarem definidas, informou ontem a empresa, sediada em Tóquio. O aparelho deverá custar 74 dólares (65 euros), ligeiramente mais barato do que o dos cães, o Bowlingual, que custava 125 dólares (111 euros). Ambos os aparelhos utilizam dados científicos sobre os sons que os animais fazem, trabalhados por um laboratório japonês que também analisa vozes humanas para ajudar a resolver crimes e fabricar telemóveis. Ao contrário do que acontece com o Bowlingual, o Meowlingual não vai ser colocado na coleira do animal. Maiko Hasumi, porta-voz da Takara, explicou que os donos têm que segurar o aparelho e aproximá-lo da boca do gato. Depois, é só esperar que ele "diga" alguma coisa. Takara pretende começar a vender o Bowlingual nos Estados Unidos no próximo mês. Quanto à versão felina, a empresa espera ter vendido 300 mil exemplares no mercado asiático até Março de 2004.
REFERÊNCIAS:
Leilão da colecção de arte da família Espírito Santo rendeu 1,5 milhões de euros
A estrela do leilão foi a rara taça chinesa do século XVIII, do período Qianlong, arrematada por 204,6 mil euros. (...)

Leilão da colecção de arte da família Espírito Santo rendeu 1,5 milhões de euros
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A estrela do leilão foi a rara taça chinesa do século XVIII, do período Qianlong, arrematada por 204,6 mil euros.
TEXTO: Foram 149 lotes no total e nem todos foram comprados. A colecção de arte de Ana Maria do Espírito Santo Bustorff Silva (1928-2014) foi leiloada nesta quarta-feira pela Christie’s, em Londres, e rendeu 1, 5 milhões de euros. A estrela do leilão foi, como se esperava, a rara taça chinesa do século XVIII, do período Qianlong, decorada a partir de uma pintura de William Hogarth, que acabou arrematada por 120 mil libras (167, 7 mil euros), com a comissão da leiloeira o preço da peça fixou-se nas 146, 5 mil libras (204, 6 mil euros). Surpresa para a pintura a óleo Circle de Jakob Bogdáni que foi à praça por 30 mil libras (cerca de 42 mil euros) e acabou vendida também por 120 mil libras (com a comissão o preço foi o mesmo da taça chinesa). O leilão começou com alguns lotes a não encontrarem comprador e outros a serem arrematados por valores abaixo das estimativas apontadas pela Christie’s até que ao lote 28 a leiloeira levou à praça a pintura a óleo Circle do húngaro Jakob Bogdáni (1660-1724). As estimativas mais altas da Christie’s apontavam para que a obra fosse arrematada por 50 mil libras (cerca de 70 mil euros) mas esta acabou por ser vendida por mais do dobro do preço. Numa venda muito disputada, a pintura foi arrematada por 120 mil libras (167, 7 mil euros). Segundo o leiloeiro responsável pela venda, o quadro terá sido comprado por um licitador online a partir de Itália. Este foi também o valor da rara taça chinesa do século XVIII e que era anunciada como a estrela deste conjunto que pertencia à neta de José Maria Espírito Santo Silva, o fundador da empresa que deu origem ao Banco Espírito Santo, e filha mais nova de Ricardo do Espírito Santo Silva (1900-1955), que dirigiu o BES nos anos 1930 e foi um importante mecenas e coleccionador de arte. Ana Maria do Espírito Santo Bustorff Silva morreu no ano passado e era a mãe da ex-ministra da Cultura Maria João Bustorff e tia do banqueiro Ricardo Salgado. A peça chinesa foi à praça por 48 mil libras (67 mil euros). Foi disputada não só por licitadores na sala como ao telefone e na internet. Acabou arrematada por um licitador na sala, cuja identidade não foi revelada. O antiquário Jorge Welsh, especializado em porcelanas orientais, considera esta taça “uma peça muito rara no mercado internacional”, e pergunta-se mesmo como “terá vindo parar a Portugal” este objecto decorado com armas inglesas. Já as restantes porcelanas da colecção, acrescenta, incluem “algumas peças interessantes”, mas que "vão aparecendo em leilões e não são de grande raridade". Estas foram as duas peças mais caras de todo o leilão, seguindo-se o par de pastéis de Jean-Baptiste Pillement (1728-1808) vendido por 92, 5 mil libras (129 mil euros), acima das esperadas 60 mil libras (83 mil euros). Uma destas telas é uma vista do Tejo, com pescadores na margem do rio, e a outra mostra uma paisagem ribeirinha escarpada e um rebanho de ovelhas e respectivos pastores. São ambas datadas de 1782, pouco posteriores ao regresso do pintor a Portugal, onde chegou a fundar uma escola. Pillement tinha apenas 17 anos quando chegou pela primeira vez a Lisboa, empregando-se como pintor e decorador. E o seu talento era já então suficientemente reconhecido para que D. José I lhe tenha oferecido o cargo de pintor real, que então recusou para regressar a Londres. Hoje sobretudo reconhecido pela influência que as gravuras que executava a partir dos seus próprios desenhos vieram a ter na disseminação do estilo rococó na Europa, Pillement foi um importante paisagista, e terá justamente atingido o seu apogeu no período em que realizou o par de telas agora leiloado. A colecção integrava ainda várias outras pinturas e esboços do artista, mas que não alcançaram preços significativos. Do total da colecção que era composta por pinturas, desenhos, móveis, porcelanas e pratas de várias épocas e proveniências, 40 lotes não foram vendidos. Quando em Março, a Christie’s anunciou este leilão referiu-se a este conjunto da família como o “mais consistente núcleo da colecção original de peças francesas, chinesas, italianas e inglesas” que Ricardo do Espírito Santo Silva reuniu. Para a leiloeira, Ricardo do Espírito Santo Silva foi um “verdadeiro conhecedor”, “um dos maiores coleccionadores do seu tempo” e “um dos mais importantes patronos das artes em Portugal". Parte da colecção foi doada ao Estado português em 1953, tendo-se criado a Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS), que se mantém activa até aos dias de hoje. Ao doar a colecção Ricardo do Espírito Santo Silva doou também o Palácio Azurara (nas Portas do Sol), para que ali as obras pudessem ser expostas. A outra parte da colecção ficou então com a sua filha, Ana Maria do Espírito Santo Bustorff Silva. É essa colecção privada que nesta quarta-feira a Christie’s leiloa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha escola cultura
Um gato de mil milhões de dólares
A aquisição da empresa que criou o Talking Tom Cat por uma companhia chinesa sem credenciais na área tecnológica é apenas o mais recente exemplo de uma tendência asiática. (...)

Um gato de mil milhões de dólares
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: A aquisição da empresa que criou o Talking Tom Cat por uma companhia chinesa sem credenciais na área tecnológica é apenas o mais recente exemplo de uma tendência asiática.
TEXTO: Quanto vale um gato falante? Para uma empresa chinesa de água oxigenada, a resposta é mil milhões de dólares (898 milhões de euros). Não falamos literalmente de nenhum felino que tenha aprendido a falar, mas não é por isso que a história deixa de surpreender. No início do ano, a Zhejiang Jinke, uma companhia sem qualquer tradição na área da tecnologia (ou dos animais de estimação), resolveu passar um cheque de dez dígitos a um jovem casal da Eslovénia, Samo e Iza Login, pela Outfit7, a empresa de Ljubljana responsável pelo Talking Tom Cat – o popular gato de olhos verdes que repete o que dizemos, com uma voz de desenho animado, através de uma aplicação de telemóvel. Para Samo e Iza, namorados desde o liceu, foi o negócio de uma vida. Ao fim de oito anos a tentar a sorte no mercado das aplicações que a Apple de Steve Jobs inaugurou em 2008, o casal esloveno vendeu a empresa à conta do seu maior sucesso (e como é recorrente nestes casos, com um produto em que depositavam pouca esperança). Agora, e segundo conta esta semana a Bloomberg, os Login preparam-se para aplicar a sua fortuna numa fundação para a sustentabilidade e segurança alimentar. Se é fácil imaginar a satisfação dos eslovenos, torna-se difícil perceber a lógica que presidiu, do lado chinês, ao negócio multimilionário. O que levará uma empresa de água oxigenada a embarcar em semelhante aventura? Tal como a BBC o fez em 2016, a Bloomberg explica que a Zhejiang Jinke não está sozinha, e que são várias as companhias chinesas a irem além-fronteiras e além das suas áreas de negócio para adquirir empresas ocidentais de videojogos, aplicações móveis e entretenimento. O caso mais caricato será o de dois estúdios de videojogos, o canadiano Digital Extremes (co-autor da serie Unreal) e o britânico Splash Damage (envolvido no desenvolvimento de Quake e Doom 3), que foram comprados por um aviário chinês. Mas há também empresas de canalização, construção civil e imobiliário às compras na Europa e na América do Norte. E, claro, empresas tecnológicas como a gigante Tencent. RuneScape, Clash of Clans, League of Legends, World of Warcraft ou Candy Crush Saga são alguns jogos populares que se encontram, em parte ou na totalidade, em mãos chinesas. O mercado justifica estes investimentos. Apesar do abrandamento da economia, a dimensão demográfica da China torna-a inevitavelmente na maior consumidora mundial de videojogos, pelo que até um produto de sucesso modesto pode render uma fortuna. Mas a principal explicação está na bolsa de Xangai. Entrar no principal índice chinês é atingir, a prazo, uma valorização em Bolsa dezenas ou centenas de vezes superior ao valor inicial (e real) da empresa. Ao mesmo tempo, as regras para conquistar e manter o lugar no índice são muito exigentes, e a apresentação obrigatória de lucros torna-se difícil perante a desaceleração da economia. Por isso, e graças à facilidade de financiamento, a compra de um estúdio de videojogos com facturações milionárias para melhorar as contas da empresa-mãe é um recurso útil e relativamente barato. O único obstáculo à multiplicação destes negócios são as leis chinesas de controlo de capitais, o que leva as empresas a conduzirem as aquisições através de sociedades offshore. No caso da Outfit7, o cheque entregue aos Login veio na verdade das Ilhas Virgens Britânicas.
REFERÊNCIAS:
A fábrica de fitas que está presa por um fio
A história da Francisco Soares da Silva não chega para lhe garantir um futuro. Fundada em 1840, a empresa que fabrica as fitas de seda para as medalhas e condecorações do Estado português, começou a definhar com a concorrência dos produtos chineses e agora luta por manter-se à tona. (...)

A fábrica de fitas que está presa por um fio
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-03-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: A história da Francisco Soares da Silva não chega para lhe garantir um futuro. Fundada em 1840, a empresa que fabrica as fitas de seda para as medalhas e condecorações do Estado português, começou a definhar com a concorrência dos produtos chineses e agora luta por manter-se à tona.
TEXTO: Longe vão os tempos em que “choviam encomendas” e a Francisco Soares da Silva “tinha mais de 40 operários e sustentava três famílias”. Instalada desde 1840 à beira do Jardim das Amoreiras, na freguesia lisboeta de Santo António (antiga freguesia de S. Mamede), onde o metro quadrado vale hoje cerca de quatro mil euros, é a única fábrica de fitas, elásticos, cordões e galões de Lisboa, de onde saem, por exemplo, as fitas de seda para medalhas e condecorações atribuídas pelo Governo e pelo Presidente da República. É uma empresa mais do que centenária, que já viveu dias mais felizes. “Enquanto eu for vivo, a fábrica não fecha, mas levamos uma luta tremenda contra os chineses, que estão a fechar os nossos clientes todos”, queixa-se Carlos Manteigas, que tem 90 anos e desde há 30 lidera a empresa. Chegou à Francisco Soares da Silva porque era “amigo da filha do último administrador, ainda da família do fundador”, o próprio Francisco Soares da Silva. Veio para ajudar com as contas e os balancetes e acabou por ficar e converter-se no sócio maioritário, abrindo, entretanto, o capital a parceiros (como gravadores de medalhas), clientes (os armazéns de revenda e as retrosarias de norte a sul do país) e colaboradores. “A base da empresa eram as fitas, eu é que a levei para o caminho da importação”, conta ao PÚBLICO. Durante anos, a Francisco Soares da Silva forneceu retrosarias de Portugal inteiro com fechos, botões, velcros e os artigos mais variados (“Chegámos a ser o maior centro de compras do país”). O negócio ia de vento em popa e, a dada altura, a importação ultrapassou a produção na facturação da empresa. Mas há dez anos, tudo mudou: chegou a concorrência chinesa e, com ela, “metade do negócio foi ao ar”. Se antes a facturação anual rondava os 2, 5 milhões de euros, agora anda em torno do milhão de euros, diz Artur Ricardo, responsável de vendas da empresa, que gostava de ver um novo accionista, “com uma visão mais moderna e abrangente”, a assumir as rédeas da Francisco Soares da Silva. “Precisamos de uma lufada de ar fresco e sangue novo”, diz. Mas Carlos Manteigas, o patrão, garante que a empresa não anda à procura de um investidor: “Procurámos em tempos e vieram para cá pessoas que não tinham competência. ” Por isso, agora, o que o líder da administração ambiciona é “encontrar pessoas que queiram trabalhar”, que percebam de gestão industrial, que saibam o que a empresa produz e como “despachar” os produtos de importação armazenados num edifício do outro lado da rua. Pôs um anúncio no jornal e deposita esperança nos candidatos “que vêm no fim do mês” a entrevistas. “Isto tem potencial, mas comigo tem poucas possibilidades, dada a minha idade”, lamenta o gestor, que continua a chegar ao escritório todos os dias às oito da manhã. Uma “benessezita”Certo é que os desafios da Francisco Soares da Silva estão longe de se esgotar na necessidade de encontrar alguém que assegure a gestão no futuro. Nos últimos anos, fecharam várias retrosarias e as que continuam de porta aberta também encomendam cada vez menos. Carlos Manteigas reconhece que o problema se transformou numa espécie de pescadinha de rabo na boca. Os vendedores, que ganham à comissão, “começaram a sair”— com isso, a empresa também deixou de ter uma força de vendas capaz de chegar a potenciais clientes e gerar negócio. E, “se não houver vendas, não há nada”, nem ordenados, nem dinheiro para pagar as dívidas, que entre a banca e o Estado (fisco e Segurança Social) já somam 400 mil euros. “Se o Estado desse uma benessezita. . . mas não vai dar. Aos grandes perdoam dívidas, aos pequeninos esfolam-nos vivos”, queixa-se. Felizmente, “as máquinas estão todas amortizadas”. Se antes “não se faziam esforços e as encomendas apareciam”, agora a Francisco Soares da Silva tem de fazer o possível para retirar o máximo dos produtos em que é especialista. “As condecorações do Governo, como são um exclusivo nosso, têm uma boa margem de lucro. Mas isso não chega para aguentar a firma. ” Outra aposta são as fitas universitárias. A empresa já trabalha directamente com várias universidades em Portugal, mas Artur Ricardo, que diz que “cada aluno que se forma precisa de 20 metros de fita”, não esconde a ambição de elevar a fasquia e aponta a mira ao gigantesco mercado universitário norte-americano. Assim o novo accionista o quisesse. Enquanto não chega a tal lufada de ar fresco, a empresa (que tem cerca de uma dezena de funcionários) vai procurando agarrar-se a oportunidades de negócio, seja na produção, seja para escoar o material que tem em armazém (muito do qual, ironia do destino, importado da China, e com “qualidade muito superior” aos produtos que inundam o mercado). Agora tem a expectativa de fechar um grande contrato com a Inditex, a dona da Zara, para vender fechos éclair que estão em armazém e outro com a TAP, neste caso para fornecer os elásticos para as cabeceiras dos assentos dos aviões, conta o responsável de vendas. “Estamos sempre a visitar as feiras nacionais e internacionais para estar a par das cores e das tendências”, diz Artur Ricardo. Explica que este ano a moda deu uma mãozinha a um dos produtos que a empresa tem em catálogo: as faixas de gorgorão (as faixas laterais) que enfeitam as calças de senhora em várias colecções de vestuário. “A moda vai e vem e há sempre lugar para os nossos produtos; houve uma altura em que eram os vestidos de praia com as rendas nas bainhas e agora os galões bordados antigos também se estão a ver muito”, explica. No pulso dos festivaleirosO desaparecimento dos clientes tradicionais também obrigou a empresa a “diversificar muito à base das parcerias, como, por exemplo, com a indústria gráfica”. A Francisco Soares da Silva fabrica as fitas de tecido que adornam os pulsos de muitos festivaleiros por esse país fora (as gráficas ganham os contratos com os promotores dos festivais de Verão e encomendam as pulseiras onde depois imprimem os nomes dos eventos). Se a localização no centro de capital dá à Francisco Soares da Silva condições privilegiadas para distribuir os seus produtos por todo o país, também tem um senão, reconhece Artur Ricardo. Esse é o da distância face aos principais centros de formação, que dificultam a tarefa de encontrar pessoal especializado. “Os cursos técnicos estão todos da Covilhã para cima”, porque o coração da indústria têxtil continua a estar no Norte do país. “A rapaziada jovem não quer saber disto”, resume D. Olívia, enquanto se desdobra em cuidados com uma fita de embaixador, “que chega a levar mais de mil fios” de seda (importados do Japão, de Espanha, ou de Itália), colocados um a um nos vários teares da marca suíça Muller. A tecedeira, que chegou à fábrica em 1961, quando “tinha 14, 15 anos”, na companhia de duas irmãs que, entretanto, mudaram de vida, é a única que se orienta hoje no meio das várias máquinas, que estão na maioria paradas. Confessa que se lhe “aperta o coração” quando pensa que a fábrica pode fechar. Diz que ainda tem “mãos eléctricas”, do mais rápido que há “a torcer fio”, capazes de “fazer em três dias 600 metros de fitas” para medalhas. E reconhece que o seu maior desejo era ter a quem ensinar “o ofício mais lindo do mundo”. A Francisco Soares da Silva faz parte do lote restrito de Lojas com História (um projecto da Câmara Municipal de Lisboa) e tem o compromisso de preservar a estrutura do edifício (que já recuperou), e a maquinaria, como o gigantesco tear mecânico da Muller, com 140 anos. “Só existe o nosso e um outro que está na fabricante, na Suíça”, diz Artur Ricardo. O tear centenário disputa o protagonismo com a muito mais discreta “máquina de moiré, inventada em Portugal ainda no tempo do fundador”. Fabricada na metalúrgica Nery, de Torres Novas, é com ela (e com outra, de fabrico mais recente) que a Francisco Soares da Silva aplica a técnica francesa que imprime um efeito marmoreado às fitas e que a distingue de todos os outros fabricantes. Sem o efeito moiré “o Estado nem aceita”, diz Artur Ricardo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A empresa instalou-se na Praça das Amoreiras precisamente porque foi aqui que o Marquês de Pombal mandou construir o jardim onde se plantaram as 331 amoreiras destinadas a dinamizar a indústria da seda e alimentar a antiga Fábrica de Tecidos de Seda, que hoje acolhe a Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva (paredes meias com a Francisco Soares da Silva). Teve como vizinhas um conjunto de pequenas fábricas (de lenços, botões, pentes, louças e chapéus, entre outras) e é a única que resiste. “Somos a mais antiga e a única a sul do país e temos artigos que mais ninguém sabe fazer no mundo”, garante Carlos Manteigas. “A minha vida está feita, não tenho medo da morte, agora não queria que isto fechasse”, afirma o empresário, que, entre apelos “a que alguém ajude” a Francisco Soares da Silva, também diz ter “a impressão de que, quando chegar a hora da verdade, o Estado não vai deixar cair isto”.
REFERÊNCIAS:
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