Objectos para lembrar que nem todas as histórias acabaram mal
Lisa Lefler era uma das 1100 empregadas da Aon Risk Services, uma empresa que funcionava entre os andares 98 e 105 de um dos edifícios do World Trade Center, em Nova Iorque. Foi uma das primeiras a conseguir fugir quando o primeiro avião embateu nas torres a 11 de Setembro de 2001. Para trás ficou a sua mala que, depois do colapso dos dois edifícios, ficou enterrada nos escombros. Um dos trabalhadores recuperou-a, ligou para Lisa Lefler e devolveu-a. Dez anos depois, está exposta numa sala do Museu de História Americana, em Washington, como um testemunho de que algumas histórias do dia dos atentados acabaram bem. (...)

Objectos para lembrar que nem todas as histórias acabaram mal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.69
DATA: 2011-09-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Lisa Lefler era uma das 1100 empregadas da Aon Risk Services, uma empresa que funcionava entre os andares 98 e 105 de um dos edifícios do World Trade Center, em Nova Iorque. Foi uma das primeiras a conseguir fugir quando o primeiro avião embateu nas torres a 11 de Setembro de 2001. Para trás ficou a sua mala que, depois do colapso dos dois edifícios, ficou enterrada nos escombros. Um dos trabalhadores recuperou-a, ligou para Lisa Lefler e devolveu-a. Dez anos depois, está exposta numa sala do Museu de História Americana, em Washington, como um testemunho de que algumas histórias do dia dos atentados acabaram bem.
TEXTO: A mala de Lisa Lefler é um dos 50 objectos que estarão em exposição até 11 de Setembro numa pequena ala do Smithsonian, recolhidos nos três locais dos atentados – o World Trade Center, em Nova Iorque, o Pentágono, na Virginia, e em Shanksville, na Pensilvânia. “Queriamos objectos que falassem dos ataques, mas também que falassem dos primeiros que chegaram aos locais e dos esforços de recuperação. Houve muita tristeza e destruição a 11 de Setembro, mas mesmo assim houve histórias de sobrevivência. Nem tudo foi triste”, diz ao PÚBLICO Cedric Yeh, curador da exposição e um dos responsáveis pelas colecções militares do Smithsonian. Apesar de não ter estado nas equipas iniciais que recolheram os objectos, Yeh foi quem teve a responsabilidade final de escolher estes 50 artefactos que são mais que artefactos. São histórias exibidas sem a habitual protecção de vidro ou plástico que cobre um objecto de museu. Cada pessoa, observa o curador, terá a sua própria experiência e fará a sua própria interpretação, apenas com o mínimo indispensável de informação, de objectos como a porta de um carro de bombeiros de Brooklyn que acabaria por ficar soterrado pelos escombros, ou como o telemóvel que o “mayor” de Nova Iorque na altura, Rudi Giuliani, usou naquele dia. Há testemunhos de tempo, como o relógio que estava pendurado numa parede do Pentágono e que caiu quando o avião atingiu o edifício, ficando parado nas 9h37. Há testemunhos de vidas interrompidas, como o “beeper” de Goumatie Thackurdeen, que morreu na torre sul do World Trade Center. Há testemunhos de heroísmo, como a coleira de Vito, o cão de Isaac Ho’opi’L, um polícia que estava de serviço no Pentágono e que salvou várias pessoas apesar das chamas intensas. Há testemunhos de normalidade destruída, como um botão para pedir uma bebida, retirado dos destroços do United 93 que caiu em Shanksville. “Nenhum de nós estava preparado para o 11 de Setembro”, observa Cedric Yeh, que colocou caixas com lenços de papel em cada uma das mesas com os objectos, a antecipar potenciais reacções emocionais dos visitantes. “Queríamos estar preparados. Não sabemos como as pessoas vão reagir dez anos depois. Queremos que se lembrem e que reflictam. Para muita gente foi uma parte muito importante das suas vidas”, acrescenta. Após a sala dos objectos, os visitantes são convidados a partilhar as suas histórias do 11 de Setembro. Nem todas serão de sobrevivência ou heroísmo, quase todas são testemunhos de uma normalidade interrompida, a lembrar também que os ataques custaram mais que as 2909 pessoas contabilizadas como baixas nos três atentados. E que provocaram uma memória colectiva em centenas de milhões, todos se lembram onde estavam nesse dia: “Eu estava em casa no Oregon”; “Eu não estava, nasci dois anos depois, a 10 de Setembro”; “A minha festa de anos era para ser nesse dia e foi cancelada”; “O World Trade Center era a vista da minha casa. ”
REFERÊNCIAS:
EUA em alerta por ameaça "credível” mas não “confirmada” de atentados
Os Estados Unidos reconheceram a existência de uma ameaça “credível, mas ainda não confirmada” em vésperas do décimo aniversário do 11 de Setembro, obrigando o presidente da câmara de Nova Iorque a reforçar a segurança a dois dias da efeméride. (...)

EUA em alerta por ameaça "credível” mas não “confirmada” de atentados
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2011-09-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os Estados Unidos reconheceram a existência de uma ameaça “credível, mas ainda não confirmada” em vésperas do décimo aniversário do 11 de Setembro, obrigando o presidente da câmara de Nova Iorque a reforçar a segurança a dois dias da efeméride.
TEXTO: “Como já o sabíamos a partir das informações recolhidas após o raide contra Osama bin Laden, a Al-Qaeda mostrou interesse pelas datas importantes e os aniversários, como o 11 de Setembro”, indicou o departamento de segurança interna em comunicado. “É justo dizer-se que há informações que dão conta de uma ameaça específica e credível”, indica ainda o mesmo departamento americano, frisando, porém que essa ameaça "ainda não foi confirmada". “Por vezes essas informações são credíveis (. . . ) por vezes elas não são”, acrescentou o departamento de segurança interna. “De qualquer maneira, nós estamos a analisar todas as informações dando conta de ameaças sérias e tomámos - e tomaremos - todas as medidas necessárias”, indicou ainda aquele departamento americano. O presidente da câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, indicou por seu lado durante uma conferência de imprensa que "a polícia de Nova Iorque vai pôr em acção recursos adicionais em torno da cidade de Nova Iorque e tomar medidas para assegurar a segurança da nossa cidade, algumas das quais serão vistas pelos cidadãos, e outras não". Bloomberg incitou os nova-iorquinos a “não mudarem a sua rotina quotidiana”, recordando que durante os dez anos anteriores mais de uma dezena de ataques potenciais foram impedidos. Responsáveis americanos indicaram igualmente à AFP, sob anonimato, que essa ameaça tomaria a forma de um atentado com um carro armadilhado visando Nova Iorque ou Washington, as duas cidades atacadas durante o 11 de Setembro de 2001 pela Al-Qaeda e que fizeram perto de 3000 mortos. “O Presidente Barack Obama está ao corrente das informações sobre uma ameaça específica e recebeu actualizações durante todo o dia”, indicou um alto responsável da Casa Branca, citado pela AFP. Barack Obama “pediu aos especialistas em antiterrorismo que redobrem os esforços de reacção a essa informação credível, mas não confirmada”, precisou um desses responsáveis, sob anonimato. De acordo com a ABC - que cita responsáveis dos serviços secretos - pelo menos três pessoas, incluindo um americano, terão entrado por avião em solo americano durante o mês de Agosto com a intenção de cometerem um atentado com um carro armadilhado. Sabe-se igualmente que essas pessoas terão passado algum tempo no Afeganistão e no Irão. Face à ameaça, o departamento de segurança interna pediu aos americanos que permaneçam “vigilantes, pelo menos durante o fim-de-semana”. O chefe da polícia de Nova Iorque, Raymond Kelly, indicou que o reforço do dispositivo policial implicou um aumento de 30% do número das patrulhas, uma operação de controlo de veículos, a multiplicação do controlo a veículos e a pertences pessoais (sacos, mochilas. . . ) em transportes públicos, a vigilância de pontos, túneis, monumentos e edifícios oficiais e uma utilização reforçada de cães-polícia. Estão previstas para este ano numerosas cerimónias de homenagem às vítimas dos atentados de 11 de Setembro de 2001. No Domingo, Barack Obama irá deslocar-se a três dos locais da tragédia - Nova Iorque, Washington e Shanksville (Pensilvânia). Notícia actualizada às 08h17
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cães
Autoridades em alerta máximo após falso alarme no aeroporto de Washington
As cerimónias do décimo aniversário dos ataques de 11 de Setembro trazem as autoridades americanas em estado de alerta máximo. Um objecto suspeito encontrado no Aeroporto de Internacional Dulles, perto de Washington, fez com que as autoridades se vissem obrigadas a evacuar parcialmente o edifício. Não foram, porém, detectados explosivos no recinto. (...)

Autoridades em alerta máximo após falso alarme no aeroporto de Washington
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2011-09-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: As cerimónias do décimo aniversário dos ataques de 11 de Setembro trazem as autoridades americanas em estado de alerta máximo. Um objecto suspeito encontrado no Aeroporto de Internacional Dulles, perto de Washington, fez com que as autoridades se vissem obrigadas a evacuar parcialmente o edifício. Não foram, porém, detectados explosivos no recinto.
TEXTO: A evacuação parcial ocorreu ontem à noite (hora portuguesa), depois de um cão treinado para farejar explosivos ter chamado a atenção dos agentes de polícia para uma bagagem que estava a ponto de subir a bordo de um avião. Quatro horas mais tarde, um porta-voz da Transportation Security Administration esclareceu que a carga afinal estava dentro das normas de segurança. O porta-voz do aeroporto Dulles, Rob Yingling, esclareceu que o aeroporto (a cerca de 30 quilómetros a oeste de Washington), estava já a operar normalmente algumas horas após o falso alarme. Washington e Nova Iorque assemelham-se hoje a fortificações armadas. Agentes da polícia metropolitana, a par com investigadores da CIA e agentes do FBI, atiradores-furtivos e membros das brigadas de minas e armadilhas, estão hoje a postos para lidar com qualquer ameaça que possa ocorrer no dia em que se celebra o décimo aniversário dos atentados de 2001. Ontem intensificaram-se as buscas numa tentativa de identificação de dois homens, ambos de nacionalidade americana, que um informador da CIA indicou terem sido enviados pela al-Qaeda para levarem a cabo ataques com carros armadilhados em Washington e Nova Iorque, indica o “The New York Times”. Esta ameaça foi considerada pelas autoridades como uma ameaça “credível” [porque o informador tem sido uma fonte fiável no passado] e “específica” [porque descrevia um modo concreto de ataque em alvos geográficos específicos]. Ontem à tarde não tinha ainda sido detectada a entrada de operacionais da al-Qaeda nos EUA, mas as medidas de segurança apertaram: pontes, túneis e transportes públicos começaram a ser passados a pente fino por agentes fortemente armados, ao passo que vários helicópteros policiais começaram a circular sobre Manhattan. Em Washington as operações de segurança também estão ao rubro. Todos os veículos ligeiros e camiões aparentemente sem dono e abandonados foram rebocados e cães pisteiros começaram a patrulhar o metro e as ruas da cidade. Quatro detenções na SuéciaMas os alertas de segurança não são válidos apenas para os EUA. Na Suécia foram detidas quatro pessoas suspeitas de prepararem um atentado terrorista. Os media suecos estão a citar os serviços secretos nacionais referindo que as quatro pessoas foram detidas em Gotemburgo. “Quatro pessoas suspeitas de prepararem um atentado terrorista” foram detidas no sábado à noite, adiantou a agência sueca TT citando uma porta-voz dos serviços secretos Säpo, Sara Kvarnström.
REFERÊNCIAS:
Agricultura, mar e ambiente com maior número de extinções e fusões
As áreas da agricultura, do mar e do ambiente, reunidas agora num único ministério, são aquelas que terão mais entidades extintas ou fundidas, no âmbito do Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado (Premac). (...)

Agricultura, mar e ambiente com maior número de extinções e fusões
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-09-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: As áreas da agricultura, do mar e do ambiente, reunidas agora num único ministério, são aquelas que terão mais entidades extintas ou fundidas, no âmbito do Plano de Redução e Melhoria da Administração Central do Estado (Premac).
TEXTO: Das 62 entidades actuais existentes, cerca de metade (32) irão desaparecer ou serão integradas em novos organismos a criar, que serão nove. Trinta entidades mantêm-se. Entre as que deixarão a sua existência actual, estão entidades criadas por governos anteriores para gerir melhor áreas às quais se pretendia dar maior relevância ou que envolviam competências cada vez mais numerosas e complexas. É o caso da Autoridade Florestal Nacional, criada em 2008, e do Instituto para a Conservação da Natureza a Biodiversidade, que surgira em 1993, tendo sido refundado com a designação actual em 2007. Agora, ambos vão fundir-se na Direcção-Geral da Conservação da Natureza e Florestas, tutelada pelo secretário de Estado das Florestas, Daniel Campelo. Vários outros institutos desaparecem, tais como as cinco administrações de região hidrográfica (ARH), criadas há cerca de quatro anos, e o Instituto da Água. Ficarão todos agora integrados na tutela da nova Agência Portuguesa para o Ambiente, Água e Acção Climática. No Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, será ainda criado um Instituto Português do Mar e da Atmosfera, para onde serão transferidos os serviços do actual Instituto de Meteorologia, que nos anos recentes esteve sob a tutela do ministro responsável pela área da ciência. As inspecções-geral do Ambiente e Ordenamento do Território e da Agricultura e Pescas fundem-se num só organismo. Também haverá uma Autoridade Única de Gestão dos Programas para a Agricultura. Dentre os órgãos consultivos, desparecem duas comissões de acompanhamento – da gestão de resíduos e do licenciamento das explorações pecuárias – e uma “Comissão de Internacionalização”. Nas estrtuturas de missão que deixam de existir, algumas tiveram grande protaganismo, como o Programa Polis, outras nunca chegaram a funcionar bem, como o Centro Internacional de Luta contra a Poluição Marítima do Atlântico Norte. No total, a reformulação da tutela da agricultra, mar e ambiente envolve a extinção ou fusão de seis direcções-gerais, oito estruturas de missão, duas inspecções-gerais, sete institutos públicos, cinco órgãos consultivos, duas secretarias-gerais e duas “estruturas atípicas”, neste caso os controladores financeiros dos antigos ministérios da Agricultura e do Ambiente.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave extinção
FMI: Crise na zona euro deve servir de advertência aos EUA e ao Japão
A crise que atingiu a zona euro deve servir de aviso às duas maiores economias mundiais, que podem ver a sua credibilidade abalada se não avançarem com planos suficientemente detalhados e ambiciosos de redução do défice e da dívida. (...)

FMI: Crise na zona euro deve servir de advertência aos EUA e ao Japão
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: A crise que atingiu a zona euro deve servir de aviso às duas maiores economias mundiais, que podem ver a sua credibilidade abalada se não avançarem com planos suficientemente detalhados e ambiciosos de redução do défice e da dívida.
TEXTO: O alerta é feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), no seu relatório Fiscal Monitor, hoje divulgado, onde a instituição analisa os progressos das economias mundiais no sentido da consolidação orçamental. “A velocidade e a gravidade com que as pressões financeiras atingiram a zona euro devem servir de advertência ao Japão e aos Estados Unidos”, refere o FMI no seu relatório. De acordo com a instituição, as baixas taxas de juro com que as duas maiores economias mundiais se financiam nos mercados derivam, em parte, de factores estruturais, como uma boa base de investidores institucionais e domésticos. Contudo, as economias americana e japonesa gozam também de alguma reputação junto dos investidores, “apesar de os seus indicadores – défice, rácio de dívida e crescimento previsto para a despesa com reformas (nos EUA) – não serem melhores do que em muitos países europeus que enfrentam neste momento uma pressão significativa dos mercados”. Além disso, os dados do fundo mostram que os dois países apresentam as maiores necessidades de refinanciamento da sua dívida entre 2011 e 2013. É por isso que o FMI deixa o aviso: “A credibilidade do Japão e dos EUA pode enfraquecer subitamente se não forem apresentados planos suficientemente detalhados e ambiciosos de redução dos défices e das dívidas”. A instituição usa mesmo uma expressão curiosa para definir o risco de as duas maiores economias mundiais deixarem de se financiar a taxas de juro baixas: “o cão que não ladrou (até agora)”. O aviso do FMI surge na sequência da actualização das previsões para o défice e a dívida nas economias avançadas e emergentes. Na sequência do impacto que o terramoto e o tsunami de Março tiveram na economia nipónica, a instituição reviu em alta o défice do Japão. Este ano, a segunda maior economia mundial deverá ter o maior défice entre o Grupo dos Vinte (G20) – 10, 3% do PIB. Já os EUA viram o seu défice encolher em 1, 1 pontos percentuais do PIB para os 9, 6%, graças ao crescimento das receitas e a despesas abaixo do previsto. Nos 17 países da zona euro, o FMI prevê que o défice orçamental ronde, em média, os 4, 2% do PIB este ano, baixando para 3, 2% em 2012. Para Portugal, a instituição mantém as previsões do programa de ajuda externa, apontando para um défice de 5, 9% em 2011 e de 4, 5% em 2012.
REFERÊNCIAS:
Asif quer voltar à casa que vendeu para fugir de Caxemira
Pensava que o estavam a levar para os Estados Unidos até descobrir que tinha atracado na Guiné-Conacri. Pediu asilo a Portugal sem saber o que a palavra asilo queria dizer, e foi em Português que aprendeu a escrever. Sonha voltar um dia à casa que vendeu em troca da fuga, mas só quando Caxemira estiver em paz. (...)

Asif quer voltar à casa que vendeu para fugir de Caxemira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pensava que o estavam a levar para os Estados Unidos até descobrir que tinha atracado na Guiné-Conacri. Pediu asilo a Portugal sem saber o que a palavra asilo queria dizer, e foi em Português que aprendeu a escrever. Sonha voltar um dia à casa que vendeu em troca da fuga, mas só quando Caxemira estiver em paz.
TEXTO: A luz do meio-dia encandeia Lisboa, é Agosto e estamos na altura do Ramadão. Asif, “só Asif, que é um nome comum”, é muçulmano, está a cumprir o jejum e dispensa os cafés. Quer um sítio com árvores, por isso é num banco de jardim debaixo de um jacarandá que conta a sua história. Talvez estas árvores lhe lembrem as macieiras que tinha plantadas em frente à sua casa na aldeia de Lali, na Caxemira sob controlo da Índia. Falta-lhe o cheiro da sua montanha, um cheiro que se torna mais intenso quando a neve derrete e destapa as árvores. Era em frente a essa montanha que Asif estava no dia em que a sua vida mudou, o dia que acabou por trazê-lo a Portugal. Tinha levado para o campo as suas ovelhas e cabras, estava a vê-las pastar quando dois homens se aproximaram. Não os conhecia, nunca soube quem eram, mas lembra-se bem do que lhe vieram dizer. Um dos homens aproximou-se, outro ficou a vigiar o local. Não demoraram muito tempo, não mais do que o necessário para lhe contar como tinha morrido o seu pai. Foi numa explosão causada por militares indianos, disseram-me. O pai e todas as outras pessoas que estavam com ele. Asif teria pouco mais do que 20 anos, não se lembra bem. Desde então o tempo correu tão depressa e tão devagar. Já tinham passado alguns invernos após a morte do pai, tinha ele “13 ou 14 anos”, mas aquela conversa sobressaltou-o. Até ali, estava convencido de que morrera num incêndio na padaria onde trabalhava numa vila próxima, em Pakhwan. O pai de Asif era padeiro e a história do incêndio até parecia plausível. Ali cozia-se pão a lenha, até poderia ter acontecido um acidente. Mas não. Diziam-lhe agora que não tinha sido um acidente. “As pessoas contavam-me que tinha sido um incêndio, ninguém me deixou ver o cadáver. ”A conversa com os dois homens perturbou-o, por isso foi contá-la à mãe. Ela zangou-se. “Mas por que é que te foste encontrar com aqueles homens?” Ele explicou-lhe que não os tinha procurado, que estava a ver os animais a pastar, mas ela avisou-o para não contar aquela história a ninguém, tentou convencê-lo de que era mentira e proibiu-o de sair de casa durante vários dias. “És filho único, o nome da nossa família vai continuar contigo. Não tens de pensar nas lutas pela independência de Caxemira, tens de dar continuidade ao nome do teu pai. ” Dizia-lhe isto e chorava. “Chorava muito. ”Então foi isso, pensou Asif. A morte do pai estava relacionada com o conflito em Caxemira que, entre tréguas e confrontos, opõe a Índia ao Paquistão desde 1947. Ele nada sabia de política, nunca tinha ido à escola, nunca lhe falaram disso. Só mais tarde percebeu que os militares tinham suspeitado de que na padaria do pai eram acolhidos rebeldes separatistas que defendem a independência do território. E talvez fossem. “À noite, se alguém entra num prédio, o que é que se pode fazer?” Asif também não sabe se o pai algum dia apoiou os rebeldes. Os seus olhos negros cristalizam quando fala do que aconteceu, a voz serena sobe de tom. Admite que pensou muito no assunto e que até pensou juntar-se aos rebeldes. Hoje, que os jornais e a Internet já lhe contaram mais sobre o sítio onde cresceu, acha que o melhor futuro para Caxemira seria a independência. “Devia ser independente, não quero que mais nenhum pai seja assassinado. ”A mãe acabou por travar a sua revolta. Adoeceu, ele teve de cuidar dela, não havia mais ninguém para o fazer. Mas o que lhe tinham contado chegou para ver os seus passos controlados e vigiados. “Em Caxemira, os militares sabem que quando matam a família de alguém os filhos podem ter desejo de vingança. Por isso vigiavam-me especialmente a mim, que era a única pessoa naquela aldeia que tinha sido magoada pelos militares. ” O mais provável, pensou, era que um dia o viessem buscar, por isso decidiu seguir a intuição e o desejo da mãe: fugir.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens escola campo filho
Júlio Resende: A morte cada vez me preocupa menos
Já lhe chamaram o maior pintor português de sempre. Aos 90 anos, Júlio Resende continua inquieto. Mais na cabeça do que na tela porque, para isso, as forças já não chegam. E as suas mãos já não são deste tempo. (...)

Júlio Resende: A morte cada vez me preocupa menos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2011-09-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Já lhe chamaram o maior pintor português de sempre. Aos 90 anos, Júlio Resende continua inquieto. Mais na cabeça do que na tela porque, para isso, as forças já não chegam. E as suas mãos já não são deste tempo.
TEXTO: No atelier de Júlio Resende não bate o sol. O pintor explica que a luz em excesso deturpa as cores na tela. O rio Douro não se vê - adivinha-se, ao fundo. O que se vê por uma parede envidraçada é um jardim com metros quadrados suficientes para albergar um diospireiro e um melro-preto. Não há sinais dele durante a conversa. Se calhar por ser demasiado cedo. Júlio Resende sempre gostou das manhãs por causa da expectativa que estas lhe trazem. Cartoonista, autor de histórias aos quadradinhos e ilustrador, além de pintor, dobrou em Novembro a esquina dos 90 anos. Uma semana depois, deram-lhe como presente uma morada definitiva para a sua "Ribeira Negra", que esteve anos a ganhar poeira num armazém. Agora, pode ser vista no edifício da Alfândega do Porto. Agora sim, o homem a quem um acidente nas falangetas impediu de se tornar pianista, diz-se feliz. Ainda instintivo, ainda inquieto, gostava que a casa que construiu para si lhe servisse de epitáfio. E gostava, sobretudo, de ainda ter forças para pintar um quadro grande antes de concordar com a iminência da morte. Duvida da pertinência da sua voz e não percebe porque teimam em pôr-lhe gravadores à frente. Homem dado a inverter a ordem estabelecida, é ele que arranca com a entrevista. "Não sei por que me querem entrevistar. . . " Para o ouvir e para o dar a conhecer a mais gente. A minha fala tem as vozes do círculo cromático. Muitas vezes se diz que um pintor não deve falar, deve pintar. Acho que isso é verdade, mas também acho que a pintura, como a fala, é sempre uma transmissão de ideias. À pintura está subjacente uma compreensão do mundo que pressupõe o pensamento. Eu acho que não será só aquilo que se diz mas a maneira como se diz. Aí há toda aquela técnica que faz as pessoas estarem a ouvir outra durante uma hora sem se fatigarem. E isso só acontece quando a pessoa consegue dizer aquilo que sente verdadeiramente e demonstrá-lo, até pelos gestos que faz. O cinema também tem isso: mostrar o que se quer de maneira a criar um todo em que há silêncios, hesitações ou então o gesto de olhar por cima de óculos (tenho que pôr óculos e não me apetece pôr óculos, sobretudo óculos escuros. Tiram-me a luz). Continua a gostar de se levantar cedo. Gosto muito da manhã. É algo que ainda me faz crer que eventualmente vou chegar ao fim do dia com qualquer coisa para revelar e que me fez sentir que vivi. A ideia de expectativa?É. Às vezes chego ao fim do dia e penso: "Que diabo, hoje não tenho nada que acrescentar. " Mas quase sempre há qualquer coisa. Às vezes coisas nas menos visíveis é que está aquilo que me interessa. Acho graça à paisagem, mas não precisa de ser uma coisa enorme: um palmo de terra chega. Já conseguiu pintar o canto do seu melropreto?Já hoje andou por ali. Há animais que reconhecem as pessoas. Não o pintei, mas já tenho aplicado o preto. O pintor sabe que quando usa o preto na tela há logo uma exaltação das cores. O preto ou o branco. Alguém escreveu que teve na arte portuguesa contemporânea a dimensão que Picasso teve na arte internacional do século XX. Ui! Que semelhanças podem encontrar? O Picasso não procura, o Picasso encontra. Eu procuro, continuo à procura. O que é que se procura aos 90 anos?
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homem negra
Papa manifesta compreensão por quem deixa a Igreja por causa dos casos de pedofilia
O Papa Bento XVI disse esta manhã, na viagem que o levou à Alemanha, que compreende as pessoas que abandonam a Igreja Católica por causa dos escândalos de pedofilia. (...)

Papa manifesta compreensão por quem deixa a Igreja por causa dos casos de pedofilia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Papa Bento XVI disse esta manhã, na viagem que o levou à Alemanha, que compreende as pessoas que abandonam a Igreja Católica por causa dos escândalos de pedofilia.
TEXTO: Interrogado sobre os casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero, incluindo na sua Alemanha natal, o Papa afirmou, citado pela AFP: “Posso compreender que, perante tais informações, sobretudo quem está próximo de pessoas atingidas, diga: ‘Já não é a minha Igreja, a Igreja era para mim a força da humanização do amor. Se os representantes da Igreja fazem o contrário, não quero estar mais nesta Igreja. ”Nas declarações aos jornalistas a bordo do avião que o levou de Roma a Berlim, Bento XVI convidou os crentes a “suportar estes terríveis escândalos” permanecendo na Igreja Católica, que é mais do que “uma associação desportiva ou cultural”. Aludindo ao episódio bíblico da pesca milagrosa, o papa acrescentou: “A Igreja é a rede do Senhor, na qual os peixes bons e maus são retirados das águas da morte para a terra da vida. ”No aeroporto Tegel, de Berlim, o Papa foi recebido pela chanceler Angela Merkel e vários ministros, nesta que é a sua primeira viagem oficial ao seu país natal – em 2005 e 2006 o Papa já tinha estado na Alemanha, mas em visitas pastorais. O carácter oficial da visita também tem levantado críticas – 100 deputados (em 620) anunciaram que iriam boicotar o discurso do Papa, esta tarde, no Bundestag, o Parlamento federal. E uma manifestação contra as posições de Bento XVI e do Vaticano está também prevista em questões morais está também prevista para esta tarde, ao mesmo tempo que o Papa fala no Parlamento. O Papa também exprimiu compreensão pelas manifestações que o contestam. “É normal numa sociedade livre marcada por uma forte secularização. Tomo nota e não há nada a dizer quando [a contestação] se exprime de modo civilizado. Respeito os que assim se exprimem. ”No avião, o Papa evocou também o encontro, previsto para sexta-feira, em Erfurt, com os líderes das igrejas luteranas. Católicos e protestantes podem “mostrar a sua unidade fundamental mesmo se há ainda grandes problemas”. O encontro decorrerá amanhã ao meio-dia no mosteiro onde viveu Martinho Lutero, o iniciador da Reforma protestante. “Estar unido é fundamental para o nosso tempo. O homem é feito à imagem de Deus, estamos unidos e devemos dizê-lo”, acrescentou o Papa. No seu encontro com a chanceler Merkel, que decorreu ao final da manhã, os dois líderes falaram dos mercados financeiros e da crise económica que atinge a Europa. Foi a própria Angela Merkel que afirmou, citada pela AFP: “Falámos dos mercados financeiros, sobre o facto de que a política deve ter a força de agir, mais do que se submeter. É uma tarefa primordial na época da mundialização. ”O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, indicou que o Papa saudou a “solidariedade” que a Alemanha tem manifestado na crise europeia. Antes, o alemão Joseph Ratzinger fora recebido pelo Presidente Christian Wulff na sua residência oficial. “Até que ponto a Igreja deve ser misericordiosa a lidar com os falhanços nas vidas privadas das pessoas?”, perguntou o Presidente, que é católico, divorciado e casado segunda vez. Wulff referiu também as falhas da Igreja “na sua própria história” e na conduta dos seus representantes, numa referência aos casos de pedofilia.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Haver ou não maioria absoluta, eis a questão nas eleições regionais da Madeira
Com a colossal dívida da região no centro da campanha que hoje se inicia, a grande incógnita é saber se o PSD vai obter a maioria absoluta que Alberto João Jardim exige para continuar no governo. “Se não tiver uma maioria para poder governar, eu vou embora da política”, avisou há dois meses. (...)

Haver ou não maioria absoluta, eis a questão nas eleições regionais da Madeira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2011-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com a colossal dívida da região no centro da campanha que hoje se inicia, a grande incógnita é saber se o PSD vai obter a maioria absoluta que Alberto João Jardim exige para continuar no governo. “Se não tiver uma maioria para poder governar, eu vou embora da política”, avisou há dois meses.
TEXTO: Nos 10 últimos actos eleitorais realizados na Madeira, incluindo legislativas nacionais e regionais, para o Parlamento Europeu e autárquicas, o PSD só não obteve a maioria absoluta nas eleições para a Assembleia da República de 2005 (45, 24%), de 2009 (48, 1%) e de 2011 (49, 42%). Em todas as eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira obteve mais de metade dos votos expressos, embora registando uma acentuada tendência decrescente, entre a máxima votação obtida em1988 (67, 7%) e a mínima em 2004 (53, 71%) que foi contrariada nas eleições antecipadas de 2007 (64, 24%). Quando se acentuava esta descida, Jardim aproveitou a revisão da lei de finanças regionais, em 2007, para provocar eleições antecipadas que transformou num plebiscito contra o “inimigo externo”, Lisboa. A estratégia saiu duplamente vencedora: reforçou o poder e neutralizou todos os partidos da oposição minoritária, congregando-os à sua volta contra o PS regional e o Governo de Sócrates. De um total de 47 mandatos a distribuir num círculo eleitoral único, o PSD poderá não obter uma maioria absoluta no parlamento madeirense se a sua votação ficar abaixo dos 45 por cento. Numa extrapolação com os resultados das últimas legislativas nacionais, a continuidade de Jardim no governo está dependente de apenas três mandatos. Basta que um em cada sete abstencionistas (o maior “partido” regional que habitualmente representa mais de 40% dos recenseados e ultrapassa, com uma média de 70 mil, o dos votantes do PSD) vote num partido da oposição. Ou, em alternativa, que os sociais-democratas percam cerca de quatro mil votos para outras forças concorrentes. Se perder a maioria absoluta e Jardim, por isso, abandonar a política, como prometeu no Chão da Lagoa, o CDS/PP está disposto a formar um governo de coligação com o PSD, hipótese sempre rejeitada pelo líder social-democrata. No entanto, esta semana, numa entrevista à RTP-Madeira, recuou ao admitir, num cenário hipotético de perder a maioria, tal aliança. “O CDS seria o parceiro ideal, até para ficarmos conjugados, mas está a pôr aqui uma conjuntura que não me passa pela cabeça”, frisou. Adiantou que “se fosse preciso fazer coligação, o CDS facilitava até a vida da Madeira, porque havia uma comunhão mais forte de interesses e deixava de haver estas histórias do senhor Portas lá ser aliado do PSD e aqui ser adversário do Alberto João”. Duas outras forças concorrentes, de um total de nove (Partido Trabalhista Português -PTP, Partido da Terra-MPT, Nova Democracia-PND, PPD/PSD, BE, CDU, CDS/PP, Partido pelos Animais e pela Natureza - PAN, e PS, assim ordenados no boletim de voto) também se mostram disponíveis para viabilizar um governo liderado pelo PSD, sem colocar qualquer reserva em relação a Jardim. Face a todas estas hipóteses, equacionadas e debatidas internamente, Jardim tem-se desdobrado entre dezenas de inaugurações oficiais, como presidente do governo regional, e jantares-comício de natureza partidária, a apelar ao voto da maioria dos 256. 481 cidadãos recenseados, mais 25 mil pessoas que nas últimas regionais de 2007 e menos 10 mil que toda a população residente no arquipélago. Embora a opinião pública nacional condene as contas de Jardim, quer pela ocultação das dívidas, quer pelo seu impacto no défice de Portugal, Jardim sabe que o seu julgamento político depende exclusivamente dos jurados madeirenses, que tem incitado a insurgir-se contra “o ódio e a inveja” de Lisboa, o “inimigo externo” queixoso. Sentado no banco dos réus, sob a acusação de despesismo, desaforo orçamental e desbarato do erário público, espera pela sentença que pode ser a maioria absoluta, pena maior a que seria condenado a governar com as restrições que agora oculta aos eleitores, ou, sem maioria, uma pena suspensa, a de livrar de governar em tempo de vacas magras.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD MPT BE
Partido Pirata toma Berlim com o país em vista
O Partido Pirata, conhecido sobretudo pela defesa de uma Internet mais livre e a despenalização das cópias para uso privado, teve um sucesso nas eleições de Berlim tão grande que surpreendeu os próprios membros do partido. (...)

Partido Pirata toma Berlim com o país em vista
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Partido Pirata, conhecido sobretudo pela defesa de uma Internet mais livre e a despenalização das cópias para uso privado, teve um sucesso nas eleições de Berlim tão grande que surpreendeu os próprios membros do partido.
TEXTO: A força política, nascida após o estabelecimento do primeiro Partido Pirata na Suécia, prometia crescer já desde as últimas legislativas. Mas nada fazia prever os 8, 9% de há uma semana nas eleições da cidade-estado. Tanto que todos os integrantes da lista (15 em 149 deputados estaduais) foram eleitos: se tivessem ganho mais votos, ficariam com lugares por preencher. O que querem os piratas? Na primeira conferência de imprensa, os novos deputados foram bombardeados com perguntas. Um jornalista perguntou mesmo se o grupo seria apenas um "bando caótico de arruaceiros". Desajeitados perante as câmaras, tentaram escudar-se atrás dos computadores portáteis abertos. Os seus principais cavalos-de-batalha são a legalização das cópias privadas, a protecção de dados online e a luta contra a censura, embora defendam também mais transparência dos processos de decisão política e dos concursos públicos. Para Berlim, fizeram ainda propostas como a criação de uma rede de Wi-Fi gratuita em toda a cidade e transportes públicos grátis, propondo ainda um salário mínimo. Os piratas assumem o seu amadorismo nas questões de processo político - que os analistas não se cansam de dizer que é caracterizado por grande complexidade e burocracia - mas querem impor um novo paradigma: a "democracia líquida". Tudo com base na interactividade da Internet, que daria mais poder aos cidadãos no processo político - e legislativo. O mesmo para a orientação política, ainda indefinida. A pergunta foi posta pelo próprio partido no seu fórum oficial, conta o jornal Die Zeit. "Somos de direita ou de esquerda?" O líder parlamentar, Andreas Baum (escolhido por sorteio), admitia que os piratas têm de ir "experimentando". "Não temos nenhum grande plano estratégico, ainda temos de pôr os resultados numa tabela de Excel", disse, citado pela revista Stern. Os novos Verdes?O Partido Pirata, actualmente com 12 a 13 mil membros, tem desencadeado uma avalanche de comparações com os Verdes no seu início. Também são um partido de "causa única", apresentada com irreverência, e o modo como se vestem sublinha esta imagem - na tomada de posse alguns usavam sweatshirts com capuzes, fazendo lembrar Joschka Fischer, dos Verdes, que tomou posso nos anos 1980 no estado federado de Hesse com ténis brancos e um blazer desajeitado. Os slogans dos piratas são provocatórios e bem-humorados: "Pergunta aos teus filhos por que deves votar nos piratas" ou "Nós temos as perguntas, vocês têm as respostas" ou ainda "Não acredites no que lês nos cartazes de campanha - informa-te". Os Partudo Pirata obteve dois por cento dos votos nas últimas eleições parlamentares. Tal como os Verdes em 1980, não conseguiram superar os cinco por cento necessários para entrar no Parlamento federal. Mas os Verdes conseguiram-no três anos depois - e dez anos após a representação parlamentar chegaram ao Governo, em coligação com os sociais-democratas de Gerhard Schröder. Hoje, os Verdes são considerados o partido que poderá decidir as eleições de 2013, e poderão ser cortejados até, dizem analistas, pela própria Angela Merkel. Os piratas gostam da comparação, mas sublinham a mudança nos Verdes. "Acho que os Verdes são agora um partido conservador", criticou Sebastian Schneider, um dos membros do grupo de deputados berlinenses do partido. "Ainda não decidiram se se juntam ao lado negro da força", comentou, numa alusão mista ao Star Wars e a uma possível coligação com a CDU, partido cuja cor é o preto. Excentricidade berlinense?
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro salário