Lynch enquanto espera por uma ideia, segue outras que vão surgindo
Vai voltar a Twin Peaks? O que se pode esperar? Ele goza o prazer da espera. Encontro com um realizador, músico, fotógrafo que experimenta no seu estúdio que paira sobre Hollywood. “À conversa com David Lynch” não foi o primeiro encontro do realizador com Paul Holdengräber. A última vez que falaram tinha sido em Novembro de 2012, no Grand Palais de Paris, onde a proposta era olhar para 100 imagens da exposição Paris Photo. Mas agora, sem um objecto específico para promover, Lynch aceitou o convite para estar na Brooklyn Academy of Music (BAM), em Nova Iorque, a falar sobre as suas paixões e inspirações. Holdengrä... (etc.)

Lynch enquanto espera por uma ideia, segue outras que vão surgindo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-02-06 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20160206113854/http://ipsilon.publico.pt/cinema/texto.aspx?id=334154
TEXTO: Vai voltar a Twin Peaks? O que se pode esperar? Ele goza o prazer da espera. Encontro com um realizador, músico, fotógrafo que experimenta no seu estúdio que paira sobre Hollywood. “À conversa com David Lynch” não foi o primeiro encontro do realizador com Paul Holdengräber. A última vez que falaram tinha sido em Novembro de 2012, no Grand Palais de Paris, onde a proposta era olhar para 100 imagens da exposição Paris Photo. Mas agora, sem um objecto específico para promover, Lynch aceitou o convite para estar na Brooklyn Academy of Music (BAM), em Nova Iorque, a falar sobre as suas paixões e inspirações. Holdengräber, da New York Public Library, queria mergulhar no mundo de Lynch enquanto realizador, pintor e músico. A audiência que esgotou a Howard Gilman Opera House do BAM, na noite de 29 de Abril, partilhava o desejo de imersão no trabalho de uma figura misteriosa – alguém comenta que gostava de tocar nas ondas do seu cabelo branco. Este era o regresso de Lynch à sala onde apresentou, em 1989, o musical Industrial Symphony No. 1: The Dream of the Broken Hearted. Era também o seu regresso a Brooklyn, onde a mãe nasceu e cresceu. As primeiras memórias daquele bairro, do tempo em que vinha visitar os avós, eram compostas por “casas com toldos, árvores alinhadas a formar uma abóbada sobre as ruas e carros pretos. ” Essas imagens foram alteradas nos anos 50, com a violência – “Lembro-me de estar no metro e pensar que a qualquer momento tudo podia correr mal. Ainda hoje, o cheiro do metro traz-me a memória do medo”, confessa. Lynch não veio para falar de cinema, e não confirma os rumores sobre um remake de Twin Peaks. Também não veio falar sobre The Air is on Fire, a banda sonora que compôs em 2007 com Dean Hurley para a exposição com o mesmo nome, e que acabou de ser lançada em vinil no Record Store Day. Apesar disso, enquanto a audiência entra na sala, ouve-se Big Dream, o seu segundo álbum, lançado em 2013 pela Sacred Bones Records. A música chegou a Lynch através do cinema, depois de trabalhar com Angelo Badalamenti em Twin Peaks e Mulholland Drive. Angelo estava ali, sentado, a ouvir o cineasta dizer que se deixou seduzir: “A guitarra é como um motor poderoso, mas áspero, com um mau silenciador”. Em 2008, em conversa com Richard A. Barney (que editou o livro David Lynch: Interviews – Conversations with Filmmakers), comentava o lançamento do single Ghost of Love (composto para Island Empire): “Quando digo que agora estou a fazer música, estou a gozar”. Mas entretanto lançou dois álbuns, e assim que se ouvem as primeiras notas de The Big Dream (o remix de Moby com Mindy Jones), perante um único e tímido aplauso, Lynch ri-se: “Um fã!”. Na linha da proposta inicial de mergulhar nas suas paixões, Paul põe Lynch e o público a ouvir Little Wing de Jimi Hendrix e Blood on the Leaves, de Nina Simone, na versão de Kanye West. Lynch gosta de blues, de Elvis, dos Beatles, de Dylan, de Jimi Hendrix, de ZZ Top, de Love and War de Neil Young, e de Kanye West – esta pode parecer uma escolha surpreendente, mas gosta do seu lado moderno: “é uma peça minimalista, poderosa e ao mesmo tempo incrivelmente bonita”. Numa entrevista à Rolling Stone, falava sobre esse fascínio: “o que é mínimo não nos fere a mente e dessa forma pode elevar-se. Quando há demasiadas coisas à volta, perturba-me. ”Sempre ligou o cinema e a música, não sendo claro o que lhe surge primeiro, se a imagem ou o som. Às vezes é a música que estimula uma ideia, como a canção que habita Blue Velvet, de que aliás não gostava. “Um dia ouvi a versão de Bobby Vinton e de repente começaram a surgir uma série de imagens”. Quando criou o Asymmetrical Studio foi com o intuito de trabalhar o som dos seus filmes, mas descobriu o poder da guitarra e agora usa o estúdio para as jam sessions com Dean Hurley. Foi também ali que gravou com Lykke Li para o seu último álbum e onde cria com Chrysta Bell, com quem gravou This Train. É nesse espaço de experimentação, sobre Hollywood, que tem passado muito do seu tempo. As palavras não são necessáriasOs silêncios consecutivos de quem não quer responder a quem procura um significado para as suas escolhas pontuam as suas entrevistas. Tem prazer nessas longas pausas e insiste que a explicação de um significado é limitativa – “faz com que as pessoas parem de intuir, de pensar por si próprias”. Enquanto realizador nunca gostou de explicar uma imagem. Isso não é diferente para as outras formas de criação. “As palavras limitam a interpretação. Quando termino um filme, lanço-o para o mundo, e não há necessidade de explicação. É aquilo, está ali. O cinema é uma linguagem de uma beleza incrível – e assim que se termina um filme, as pessoas querem que o transforme em palavras. É triste. Nada deve ser acrescentado ou subtraído. Um filme, um livro, uma pintura, quando estão terminados, devem falar por si próprios. ” A afirmação do artista que não se quer explicar foi a mais aplaudida da noite. E com a projecção da imagem de uma orelha na relva (de Blue Velvet), Lynch recusa-se a explicar: “Terias de ver o filme, foi uma ideia que surgiu. ”Mais tarde, quando as imagens de Eraserhead surgem na tela, seguidas do pedido de Paul para explicar, afirma: “na verdade, Eraserhead é o meu filme mais espiritual. Mas quando leio o que escrevem sobre ele, percebo que não foi entendido na totalidade. Aquilo que cada um vê pode mudar o significado. Nunca ninguém viu do mesmo ângulo que eu. ” Mas não quer falar sobre cinema, e a única altura em assume o papel de porta-voz é quando a causa é a meditação transcendental. Começou a meditar a 1 de Julho de 1973. Em 2005 criou a David Lynch Foundation for Consciousness-Based Education and World Peace, que se dedica a ensinar meditação transcendental a grupos de risco e jovens. Por isso foi com surpresa que a audiência, com Catching The Big Fish, o seu livro sobre o tema, nas mãos, percebeu que Lynch não iria falar sobre a prática desenvolvida por Maharishi Mahesh Yogi ou sobre o seu poder transformador. Mas foi com um tom efusivo que contou a história da sua visita a uma exposição de escultura do Extremo Oriente, em Los Angeles: “Entrei sozinho numa sala onde estava um Buddha da Índia, e de repente uma luz branca disparou do Buddha e encheu-me de felicidade. ”Filadélfia, esse lugar estranhoVê beleza em tudo o que o inspira e é dessa forma que reage não só à maior parte das coisas que vão sendo projectadas durante a noite na BAM, como os trabalhos de Edward Hopper ou de Francis Bacon, mas também àquilo a que tem sido exposto ao longo da vida. “É horrível e é incrível” – diz-nos sobre Filadélfia –, “prédios enormes, divisões com um tom de verde muito específico, pelo qual acabei por me apaixonar e ao qual volto sempre. Sujidade, insanidade, corrupção, medo, a ausência de amor fraterno. Filadélfia sempre me inspirou, muitas ideias surgem ali. ” Esse fascínio pelo que é uma mistura do feio/industrial com o bonito/natureza foi o que o levou a fotografar fábricas em Lodz, Polónia. “Adoro fumo. Adoro fogo. Adoro metal. Adoro vidro. Adoro gesso. Em 1800, começaram a construir as fábricas mais incríveis, como se fossem catedrais. Visitei essas fábricas e fotografei-as. Para mim, era como entrar num sonho de texturas, formas e disposições. Mas hoje em dia, as fábricas modernas são aborrecidas. ” A série de fotografias surgiu depois de ter sido convidado para o festival Camerimage na Polónia. As suas contrapartidas seriam ter acesso a fábricas abandonadas que pudesse fotografar e mulheres nuas, à noite. No Outono, terá uma exposição na Pennsylvania Academy of the Fine Arts, onde estudou. David Lynch: The Unified Field incluirá 90 pinturas e desenhos produzidos desde 1965. Além disso, será ainda apresentada uma selecção de curtas-metragens do início da sua carreira em Filadélfia. As suas ideias vêem como fragmentos, “surgem numa TV na minha cabeça”, mas espaçadamente “como se fosse um puzzle, mas onde me vão atirando uma peça de cada vez, da sala que está do outro lado da porta. ” Mas espera, como esperava no Bob’s Big Boy, um dinner em Los Angeles que frequentou durante sete anos – “Ia sempre às 2h30 da tarde, bebia um batido de chocolate e inúmeras chávenas de café, e escrevia as ideias em guardanapos de papel. A beleza dos dinners vem do conforto que proporciona, mesmo quando a mente acaba de viajar por lugares obscuros. Muitas ideias surgiram ali. ”Acaba por seguir essas ideias que por vezes originam projectos paralelos. Já em 1997, Kathrin Spohr o entrevistava em Santa Mónica e lhe perguntava “o que mais se podia esperar de Lynch: realizador, mas com paixões que iam além do cinema e da televisão. ” Lynch já tinha passado pela pintura, enveredado pela escrita, acabara de ter uma exposição de fotografia em Paris e estava a desenhar mobiliário. Respondeu: “não se preocupe. Não quero parecer como um all around talent. De todo. ” Recentemente, participou em Louie, o programa de Louis C. K. e tem uma linha de café - “David Lynch Signature Cup” – que está à venda na cadeia de supermercados Whole Foods na Califórnia. Parece renascer a cada uma destas ideias, ou na espera do seu processo criativo que um dia referiu como “o prazer de esperar”, o mesmo que tem quando está a filmar e que no fundo será semelhante ao princípio Maharishi: “Rega a raiz e desfruta o fruto. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência medo mulheres
"Se se portarem bem o Pai Natal vai trazer-vos a Força"
As personagens de Carrie Fisher e Harrison Ford na trilogia inicial da Guerra das Estrelas tornaram-se icónicas e, mesmo mais de três décadas depois, continuam a ser a Princesa Leia e Han Solo para muitos dos fiéis seguidores da saga - mesmo que no volume que agora se estreia a princesa se tenha tornado uma General. Numa entrevista disponibilizada pelos estúdios Disney, Fisher e Harrison Ford revelam o seu estado de espírito no regresso ao universo inicialmente criado por George Lucas.... (etc.)

"Se se portarem bem o Pai Natal vai trazer-vos a Força"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-12-29 | Jornal Público
TEXTO: As personagens de Carrie Fisher e Harrison Ford na trilogia inicial da Guerra das Estrelas tornaram-se icónicas e, mesmo mais de três décadas depois, continuam a ser a Princesa Leia e Han Solo para muitos dos fiéis seguidores da saga - mesmo que no volume que agora se estreia a princesa se tenha tornado uma General. Numa entrevista disponibilizada pelos estúdios Disney, Fisher e Harrison Ford revelam o seu estado de espírito no regresso ao universo inicialmente criado por George Lucas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra princesa
A Índia numa espiral de violências
Desde Dezembro de 2012, quando uma jovem estudante de 23 anos morreu por ter sido violada por cinco homens num autocarro em Nova Deli, que a Índia foi alertada para um fenómeno (antigo e até aí silencioso) de brutais violências contra mulheres. Nessa altura, devido a uma onda de indignação nacional e internacional, a lei tornou-se mais dura. Mas sem resultado: segundo os registos oficiais, as queixas por violação aumentaram 875% nos últimos 40 anos, ao mesmo tempo que a taxa de condenações por tais crimes baixou para 14, 3%. Este ambiente de inadmissível permissividade resultou, agora, num caso de violência inqua... (etc.)

A Índia numa espiral de violências
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
TEXTO: Desde Dezembro de 2012, quando uma jovem estudante de 23 anos morreu por ter sido violada por cinco homens num autocarro em Nova Deli, que a Índia foi alertada para um fenómeno (antigo e até aí silencioso) de brutais violências contra mulheres. Nessa altura, devido a uma onda de indignação nacional e internacional, a lei tornou-se mais dura. Mas sem resultado: segundo os registos oficiais, as queixas por violação aumentaram 875% nos últimos 40 anos, ao mesmo tempo que a taxa de condenações por tais crimes baixou para 14, 3%. Este ambiente de inadmissível permissividade resultou, agora, num caso de violência inqualificável. Uma freira de 71 anos foi amarrada e violada por um grupo de assaltantes de 20 a 30 anos por ter tentado impedir um assalto a uma escola vizinha do seu convento. Se, face a tal crime, prosseguir a lassidão, isso quer dizer que as violências sexual e religiosa andarão de mãos dadas numa espiral de terríveis consequências.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime homens lei escola violência violação sexual mulheres assalto
Um memorial do music-hall
Rogério de Carvalho e Jorge Ribeiro têm uma parceria que é das mais duradouras, consistentes e criativas do teatro português. A mesma cumplicidade têm As Boas Raparigas com o encenador. A expectativa em torno de uma montagem de Music-Hall, de Lagarce, uma peça sobre todas as peças de teatro, e como elas se vão construindo enquanto se apresentam, e reconstruindo depois, mais tarde, na memória, é compreensível. O texto é a reconstituição de um espectáculo, contada ao público pelos seus actores, em especial pela Rapariga, artista de variedades, que protagoniza, por assim dizer, o espectáculo, e domina a peça o tempo... (etc.)

Um memorial do music-hall
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
TEXTO: Rogério de Carvalho e Jorge Ribeiro têm uma parceria que é das mais duradouras, consistentes e criativas do teatro português. A mesma cumplicidade têm As Boas Raparigas com o encenador. A expectativa em torno de uma montagem de Music-Hall, de Lagarce, uma peça sobre todas as peças de teatro, e como elas se vão construindo enquanto se apresentam, e reconstruindo depois, mais tarde, na memória, é compreensível. O texto é a reconstituição de um espectáculo, contada ao público pelos seus actores, em especial pela Rapariga, artista de variedades, que protagoniza, por assim dizer, o espectáculo, e domina a peça o tempo quase todo, mas também, ocasionalmente, pelos seus partenaires. Com ecos das peças de Beckett, em especial À Espera de Godot, pelo lado das lembranças de números do music-hall, mas também de Horovitz, em particular o texto precisamente intitulado Didascálias, Lagarce consegue o feito de criar uma cena a partir da memória da cena, e com isso sublinhar o modo como actuar, no teatro, é uma metáfora das actuações na vida real. Claro, o teatro também é real. Este espectáculo é sobre todos os espectáculos, mas é também sobre a vida comum. O espectador rever-se-á na situação encarnada por Maria do Céu Ribeiro, António Júlio e Paulo Mota. Para isso concorrem a destreza dos actores, capazes de desferir golpes com as palavras na consciência de cada membro do público. O encenador levou os actores a encontrarem o seu caminho no labirinto de relatos de Lagarce, de modo a que se apropriem do texto e a cena emirja dessa apropriação, sem mais efeitos. Não só o espaço e os actores são iluminados. É sobre a narrativa que incide a luz desenhada por Jorge Ribeiro, criando significados não-verbais que completam as palavras, sim, mas também o tom, o sentido, a ironia e a comoção jogados pelo pequeno elenco. Rogério de Carvalho foi encontrando na sucessão de cenas criadas pela iluminação uma outra memória de vários espectáculos, concretizando uma espécie de comentário aos shows de variedades que a Rapariga evoca. No final do espectáculo, é evocada uma actuação, ou uma série de actuações, perante uma plateia vazia. O mundo todo é trazido para a cena. O espectáculo reproduz um universo que se basta a si mesmo, paralelo ao universo real, em que o público tem um lugar, como se um espectáculo de teatro fosse um microcosmos. A peça parece querer levar o espectador a perguntar-se qual o seu papel no meio disto tudo. Como obra de ficção, por um lado, e experiência real, por outro, o texto de Lagarce é uma pérola da dramaturgia contemporânea, que provoca o espectador e, eventualmente, o fará assumir as suas responsabilidades, ou pelo menos reflectir sobre elas. A encenação de Rogério de Carvalho materializa esse gesto inicial do autor e, com o desenho de luz e as falas dos actores, supera-o.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie rapariga
Protesto em Brighton após discriminação de casal de lésbicas
No último fim-de-semana, um casal de lésbicas estava a fazer compras numa conhecida cadeia de supermercados no Reino Unido quando foi abordado por uma segurança que alertou as duas mulheres que estas teriam que abandonar a loja se voltassem a beijar-se.... (etc.)

Protesto em Brighton após discriminação de casal de lésbicas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
TEXTO: No último fim-de-semana, um casal de lésbicas estava a fazer compras numa conhecida cadeia de supermercados no Reino Unido quando foi abordado por uma segurança que alertou as duas mulheres que estas teriam que abandonar a loja se voltassem a beijar-se.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres
Cartas à Directora
25 de Abril — Livres como o vento. . . Não, este 25 de Abril tem de ser diferente. Não pode ser mais um, igual a tantos outros. Tem de trazer a esperança nos rostos e danças nos corpos, muitos risos e muita partilha. Vamos misturar cravos, com rosas, com papoilas, flores rubras nos corações das novas e velhas gerações. Não pode ser mais um desfile grave e sério de vencidos, que plasme o sofrimento recente de um povo; é tempo de avançar com alegria, para romper os maus presságios e os dias cinzentos que nos querem impor. Tem de soar em cada peito as batidas da liberdade a reconquistar e na voz os cânticos novos da... (etc.)

Cartas à Directora
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-25 | Jornal Público
TEXTO: 25 de Abril — Livres como o vento. . . Não, este 25 de Abril tem de ser diferente. Não pode ser mais um, igual a tantos outros. Tem de trazer a esperança nos rostos e danças nos corpos, muitos risos e muita partilha. Vamos misturar cravos, com rosas, com papoilas, flores rubras nos corações das novas e velhas gerações. Não pode ser mais um desfile grave e sério de vencidos, que plasme o sofrimento recente de um povo; é tempo de avançar com alegria, para romper os maus presságios e os dias cinzentos que nos querem impor. Tem de soar em cada peito as batidas da liberdade a reconquistar e na voz os cânticos novos da juventude que há-de reinventar o futuro, com o sangue novo de novas utopias. Temos de mostrar à Europa que estamos vivos e capazes de defender os valores da esquerda, que não são incompatíveis com a permanência na União Europeia, pois propomos apenas mais democracia, mais Europa solidária, mais respeito pelo ambiente, na senda de uma nova visão ecológica. Queremos mudar o sistema partidário também, tornando-o transparente e democrático, com a participação de todos na elaboração dos programas e na escolha dos deputados; sem contemplações para com os compadrios e promiscuidades com o poder financeiro, que levam sempre à corrupção. Não queremos entrar pelo caminho fácil do populismo barato e perigoso, do “botabaixismo” radical. Queremos apelar à inteligência do povo e não às suas emoções mais primárias. Queremos que toda a esquerda se entenda em meia dúzia de valores fundamentais a preservar e alargar, sem ferir identidades. Vamos levar de novo a poesia para a rua, lembrando Sophia, Torga, Natália, Ary, Herberto e tantos outros que nos passaram este testemunho. Vamos ser livres como o vento — como dizia a canção — porque a liberdade tem de voltar a passar por aqui!José Carlos Palha, GaiaAbrilÀs vezes, esquecemo-nos de Abril. A minha geração, os “rapazes” e as “raparigas” do meu tempo, nós, esquecemo-nos muitas vezes daquele Abril que há 41 anos nos trouxe o maior de todos os bens, a melhor de todas as palavras: LIBERDADE. Nascemos, os da minha geração, em plena ditadura e em ditadura vivemos até àquele dia 25 de Abril de 1974. Tínhamos 20, 25 anos e de repente, assim de um dia para o outro, depois do espanto, começámos a acreditar num futuro possível, sem medos, sem perseguições, sem guerras, num futuro mais livre. Não fomos nós que conquistámos a Liberdade, foi alguém, um grupo de homens que se chegou à frente, que arriscou, que venceu um medo antigo e que corajosamente fez a revolução. Depois foi a explosão da Alegria, foi a criatividade à solta, foi o poder fazer, o poder dizer, o poder escrever, o poder votar, escolher, o poder amar, sem ninguém proibir, porque era proibido proibir. E tudo isto tinha um nome: LIBERDADE!Em Abril de 1975, pela primeira vez nas nossas vidas, votámos sem medo, escolhemos livres, o nosso destino. Nem sempre acertámos na escolha. Muitos, desiludidos, desistiram de escolher. As promessas daquele Abril de 1974, já não fazem sentido. Estamos cansados, nós, os “rapazes” e as “raparigas” do meu tempo. Já não votamos, já não escolhemos o nosso destino, como fizemos há 40 anos, quando ainda tínhamos a certeza de que tudo era possível. Fomos envelhecendo sem esperança e às vezes, esquecemo-nos daquele Abril e daquela resgatada Liberdade que nos foi entregue por aqueles homens corajosos. Por isso, é preciso defendê-la. Ainda podemos dizer, escrever, ler, escolher, votar. Em 1976, nasceu o meu 1. º filho, em 1986 o 2. º. Os meus filhos nasceram em Liberdade. Espero que eles entendam bem o que isso quer dizer!Luísa Barata, Barreiro
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A teatralidade de grandes canções
Nada há de remotamente vulgar em Angel Olsen, o resultado sonhado do acasalamento entre Johnny Cash e Leonard Cohen. Aos 27 anos, ao segundo álbum, anda a namoriscar os deuses da canção folk e country. É evidente: vai pedir guarida por uns dias e ficar a vida todaMuito se pode extrair do tema de abertura do belíssimo Burn Your Fire For No Witness. Unfucktheworld começa com aquela dose certa de Leonard Cohen (na parte desmaiada) e de Johnny Cash (quando trepa até territórios da country), de quem canta a sós com a guitarra sabendo perfeitamente quão irresistível é esta combinação, quão irresistível é esta voz carre... (etc.)

A teatralidade de grandes canções
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501200851/http://www.publico.pt/1643488
TEXTO: Nada há de remotamente vulgar em Angel Olsen, o resultado sonhado do acasalamento entre Johnny Cash e Leonard Cohen. Aos 27 anos, ao segundo álbum, anda a namoriscar os deuses da canção folk e country. É evidente: vai pedir guarida por uns dias e ficar a vida todaMuito se pode extrair do tema de abertura do belíssimo Burn Your Fire For No Witness. Unfucktheworld começa com aquela dose certa de Leonard Cohen (na parte desmaiada) e de Johnny Cash (quando trepa até territórios da country), de quem canta a sós com a guitarra sabendo perfeitamente quão irresistível é esta combinação, quão irresistível é esta voz carregada de abandono, esta postura de que o mundo bem pode desabar à volta que não há tristeza capaz de ombrear com a sua. Angel Olsen sabe muito bem para onde vai. Mais para a frente, há-de repetir a fórmula com igual sucesso em White fire, pegando no tema pelos versos “everything is tragic/ it all just falls apart” e colocando a fasquia nesse número de ilusionismo que consiste em conduzir-nos o olhar para onde quer enquanto o truque acontece subtilmente ali ao lado. Assim nos convence-nos de que é um íman para tudo quanto é trágico na condição humana. Só que por trás, suspeitamos, há um discreto sorriso de marionetista, de grande manipuladora. Voltemos brevemente a Unfucktheworld. Apesar do tom de desespero pessoal, apesar de nos falar no estado de um mundo esfarrapado que nos entra pela casa e pelos olhos sistematicamente, impossível de não se deixar ver em todo o seu desfile de desgraça — “Isso é o mais devastador de tudo: olhamo-nos ao espelho, obcecados com o mundo e connosco, mas não demoramos mais do que um segundo a pensar nisso e avançamos para o nosso dia, sem nos importarmos” —, o título, confessa Angel Olsen com um riso que soaria envergonhado se tivesse um pingo de vergonha no corpo, surgiu-lhe escrito num lavatório, enquanto ensaboava as mãos e dirigiu o olhar ligeiramente para cima. Naquele momento pensou logo: “Isto daria um bom título de canção. E seria óptimo para arrancar o disco. ” É um episódio sintomático da coexistência entre o grandioso e o mundano que atravessa a sua música. Entre a verdade e a distorção da verdade, entre o sublime e o prosaico, entre o universal e o confessional, entre as verdades cruas do mundo e a roupa suja aos pés da cama. Profilaxia contra a treta Passou-se pouco mais de um ano desde Halfway Home, aquele que é tido como o álbum de estreia de Angel Olsen — antes houve apenas uma cassete de circulação limitada. E desde então, queixou-se há meses ao site Pitchfork, passou meses a atender telefonemas em que lhe perguntavam pelo útero. Na verdade, não era bem do útero que as editoras queriam saber. Mas era isso que Olsen sentia: dentro daquele cliché de que as canções são como filhos de quem as põe no mundo e as exibe a terceiros, o súbito interesse na sua prole cançonetista soava-lhe a “gostamos muito dos teus filhos, quando é que podes ter mais?”. Felizmente, ressalva ao Ípsilon, as medidas profilácticas contra a “treta da indústria musical” tinham sido tomadas em dose reforçada, nos anos em que integrou o Cairo Gang que acompanhou Bonnie “Prince” Billy. “Pude assistir àquilo que seria andar em digressão, a como seria viver na pele de música”, diz. “Mas também pude ver de perto a forma como a indústria musical se organiza em torno disso, o que me preparou para as oportunidades e para a treta que teria pela frente se não desistisse e tivesse algum sucesso. ” Em Halfway Home farejava-se distintamente a iminência de uma figura de relevo para o universo da música sedutoramente marginal norte-americana. Uma Cat Power em potência. Até porque o contacto próximo com Will Oldham (Bonnie “Prince” Billy) a levaria a acolher registos country para os quais não estava instintivamente desperta. Passando os ouvidos por High & wild, de Burn Your Fire For No Witness, ninguém o diria. Uma canção incandescente, febril, um quadro musical que poderia pertencer aos Mazzy Star se Hope Sandoval algum dia tivesse demonstrado interesse em sair do estado letárgico e abalar atrás das guitarras. O classicismo de uma Patsy Cline mas com fogo nas cordas vocais, a capacidade de evocar Cash, Cline ou Hank Williams para depois passar para a zona de acção da rock’n’roller primeva Wanda Jackson. Mas Angel Olsen é ainda mais desconcertante do que isso. Forgiven/forgotten, o segundo tema do álbum — imediatamente a seguir àquele Unfucktheworld que nos encosta à parede e nos rouba o apego à razão —, liga a distorção, arranca num tom que podia ser das Breeders e canta-o como se fosse Kristin Hersh. Teria dado algum jeito às editoras perceberem que Angel Olsen não é rapariga facilmente manobrável. Por isso mesmo, confessa, despachava os tais telefonemas como quem se livra (temporariamente) de um vendedor de seguros: “Eu digo-vos alguma coisa se estiver interessada em vocês. ” Canções-diálogos Com Bonnie “Prince” Billy, Angel Olsen aprendeu igualmente a teatralizar as canções. Não apenas através da experiência algo gratuita dos The Babblers, um combo que tocava versões punk-rock de folk recôndita e em que todos se apresentavam de pijama e óculos de sol, mas sobretudo com as exigências de Oldham relativamente ao registo de vocal que as canções do seu alter-ego pediam. “Por vezes sentia mesmo que éramos uma companhia teatral”, reflecte Angel Olsen. “A nossa interacção dependia muito de como nos sentíamos em palco e por vezes, quando trocávamos olhares, isso implicava pedir respostas diferentes do habitual aos outros. Tenho saudades disso, mas é também essa energia e esse ambiente que procuro atingir nas personagens das canções que agora canto. ” Não é acidental a intromissão da palavra “interacção” no discurso de Angel Olsen. A cantora que nasceu há 27 anos em St. Louis, e que por lá começou a cantar nos cafés de onde a súbita carreira musical a retirou (servia às mesas e continuaria a servir, garante), toma a literatura por inspiração para a sua escrita, partindo regularmente de premissas como “o que poderia ter sido um diálogo entre duas personagens se o livro tivesse continuado e não terminado”. “Começo frequentemente por algo que li ou ouvi e construo a partir daí. Claro que não quero plagiar, mas pego numa ideia que pode ser resumida na interacção entre duas pessoas ou na exploração de uma situação por finalizar. ” É isso que guia as suas preocupações interpretativas. Por exemplo, em Enemy, penúltimo tema do novo disco, uma delícia acústica que avança a passo de lesma, de forma pouco espaventosa, solitária confissão de alguém que não sabe como livrar-se de fantasmas que passaram pela sua cama e ainda sabem de cor como pressionar o botão certo para reanimar dores e ardores, não deixando o fogo extinguir-se para não perder esse poder. “Para mim é uma longa carta e é mais importante cantar aquelas palavras do que concentrar-me em piruetas com a voz ou encontrar alguma melodia altamente excitante. ” O tom por vezes soturno e fatalmente trágico em que Angel Olsen embrulha as suas canções induz uma tendência natural para imaginar uma figura a propósito da qual não espantaria uma qualquer notícia a dar conta de tendências suicidárias ou auto-destrutivas. Nada que provoque insónias a Olsen, não tendo, consequentemente, de se tratar com a toma mais ou menos moderada de comprimidos. Na verdade, diz, “é até libertador o facto de terem de adivinhar” quem é a pessoa que surge a defender estas canções. Evita ter de se explicar em demasia, joga de forma provocatória com essas suposições que parecem uma mera aplicação simples de aritmética: “Estamos constantemente a interpretar mal os outros. Não acho que haja um problema nisso: trata-se de descobrir um sentido, mesmo que estejamos sozinhos nesse sentido. Mas se for realmente sobre algo pessoal para mim, por muito que possa não parecer, estarei a festejá-lo, a dizer ‘isto é algo que não me incomoda’, caso contrário não o cantaria”, acrescenta. E diverte-se a revelar o espanto por haver quem pense mais nas suas canções do que ela própria: “Nunca fiz esse trabalho de psicanálise sobre aquilo que estava a criar. ” De resto, Angel Olsen estranha que se assuma uma dessintonia com a normalidade em quem canta e emociona tão simples e devastadoramente como ela o faz. Quase sem esforço. “Todos sofremos e fazemos erros”, tenta justificar-se. “É também a humanidade que me interessa conhecer nos meus ídolos. Gosto de vê-los a fazerem merda”, confessa numa gargalhada. “Tudo bem, eu também já fiz muita merda, é isso que temos em comum. ” Com a subtil nuance de que nem todos pegam nesses falhanços da vida e nos põem a chafurdar neles, desejando-os e querendo-os para nós naquela mesmíssima forma.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave corpo rapariga cantora vergonha
Ataque junto a escola paquistanesa mata sete pessoas
Um atentado no momento da inauguração de uma escola de raparigas no noroeste do Paquistão, perto de Peshawar, matou ontem pelo menos sete pessoas (três crianças, três militares norte-americanos e um soldado paquistanês) e feriu outras 45. Os taliban paquistaneses dizem ter sido os responsáveis pelo ataque à bomba junto ao vale do Swat, onde Islamabad tem levado a cabo uma forte ofensiva militar contra os taliban. É a primeira vez desde 2008 que morrem no país militares norte-americanos, lembrou o jornal The Times.... (etc.)

Ataque junto a escola paquistanesa mata sete pessoas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
TEXTO: Um atentado no momento da inauguração de uma escola de raparigas no noroeste do Paquistão, perto de Peshawar, matou ontem pelo menos sete pessoas (três crianças, três militares norte-americanos e um soldado paquistanês) e feriu outras 45. Os taliban paquistaneses dizem ter sido os responsáveis pelo ataque à bomba junto ao vale do Swat, onde Islamabad tem levado a cabo uma forte ofensiva militar contra os taliban. É a primeira vez desde 2008 que morrem no país militares norte-americanos, lembrou o jornal The Times.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola ataque
Os árbitros de futebol e os aviões da TAP
1. Nos últimos dias, mirando o espaço comunicacional, assalta-me a dúvida sobre qual o facto que congrega mais a atenção e a ansiedade dos portugueses. Com efeito, e atendendo ao impacto na sua vida diária – e futura –, que mais perturba os homens e mulheres deste infeliz país: a indisponibilidade afirmada pelos árbitros de futebol para estarem presentes nas últimas cinco jornadas das duas ligas profissionais ou a anunciada grave dos pilotos da TAP?2. Como alinho neste espaço do Desporto, decidi-me por olhar, mais de perto, o primeiro termo, até porque, como se verá, só uma mente tortuosa encontrará similitudes e... (etc.)

Os árbitros de futebol e os aviões da TAP
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: 1. Nos últimos dias, mirando o espaço comunicacional, assalta-me a dúvida sobre qual o facto que congrega mais a atenção e a ansiedade dos portugueses. Com efeito, e atendendo ao impacto na sua vida diária – e futura –, que mais perturba os homens e mulheres deste infeliz país: a indisponibilidade afirmada pelos árbitros de futebol para estarem presentes nas últimas cinco jornadas das duas ligas profissionais ou a anunciada grave dos pilotos da TAP?2. Como alinho neste espaço do Desporto, decidi-me por olhar, mais de perto, o primeiro termo, até porque, como se verá, só uma mente tortuosa encontrará similitudes entre a atitude dos árbitros e o anúncio formal de uma greve por parte de trabalhadores sindicalizados, como ocorre com os pilotos. 3. Assim sendo, e para que não restem dúvidas sobre o que se pretende com este escrito, inicie-se por afirmar que não se vai discutir se existe, ou não, algum crédito legítimo, titulado pelos árbitros de futebol em face da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. É-nos indiferente para o que escrevemos e, desde logo, não detemos a informação necessária para nos pronunciarmos sobre a “questão de fundo”(?). Uma coisa é certa. Ao contrário do que veio afirmar o Presidente da SAD do FC do Porto, numa espécie de confissão, se existir não é de todo atribuível à Federação Portuguesa de Futebol. Mas, verdadeiramente, é algo a discutir noutra sede. 4. Segundo rezam as crónicas, a esmagadora maioria dos árbitros de futebol, que participam nas competições profissionais e futebol, endereçaram ao Conselho de Arbitragem uma missiva dando conta da sua indisponibilidade para serem nomeados para estas últimas jornadas, por força de motivos pessoais. Como seria de esperar os árbitros, como todos os operadores de uma dada federação desportiva, sejam clubes, praticantes, treinadores ou outros agentes, encontram a sua actividade regulada. Há sempre uma “lei” para tudo”. 5. No caso presente as normas radicam no Regulamento de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol profissional. Da sua leitura, resulta, em nosso juízo incontestável, (temos pouco, já bem o sabemos), o seguinte: a) compete ao Conselho de Arbitragem, pela sua secção profissional, publicar as nomeações e constituição das equipas de arbitragem, até 48 horas antes da data do jogo para o qual estão nomeadas; b) Constituem deveres especiais dos árbitros e árbitros assistentes, aceitar as nomeações para os jogos que lhes forem designados; c) os árbitros e os árbitros assistentes têm do direito de obter até duas dispensas de exercício de actividade em cada época desportiva, por período máximo de uma jornada, desde que solicitadas com uma antecedência não inferior a 20 dias, salvo se ocorrer facto imprevisto e de força maior, devidamente comprovado. 6. Dito isto, levando em linha de conta os dados de facto disponíveis – e só esses –, ou seja, uma dispensa colectiva para cinco jornadas, já não me compete a mim, mas sim ao leitor, retirar as consequências sobre a correcção do que atrás afirmámos como certeza nossa: só uma mente tortuosa encontrará similitudes entre a atitude dos árbitros e o anúncio formal de uma greve por parte de trabalhadores sindicalizados, como ocorre com os pilotos. Estou inclinado, contudo, a entender que o leitor não é uma dessas pessoas. josemeirim@gmail. com
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens lei espécie mulheres deveres ansiedade
Crise na Síria: guerra civil, ameaça global
A horrenda Guerra Civil na Síria continua a agravar-se e a sangrar para além das suas fronteiras. Um cálculo frio parece estar a tornar-se comum: que pouco pode ser feito, excepto para armar as partes e observar o conflito a desenrolar-se com violência. A comunidade Internacional não deve abandonar o povo da Síria e da região à sorte das ondas de crueldade e de crise intermináveis. O número de mortos pode agora ultrapassar os 150 mil. As prisões e os centros provisórios de detenção estão a abarrotar com homens, mulheres e até crianças. As mortes por execuções sumárias e os indizíveis actos de tortura são generali... (etc.)

Crise na Síria: guerra civil, ameaça global
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: A horrenda Guerra Civil na Síria continua a agravar-se e a sangrar para além das suas fronteiras. Um cálculo frio parece estar a tornar-se comum: que pouco pode ser feito, excepto para armar as partes e observar o conflito a desenrolar-se com violência. A comunidade Internacional não deve abandonar o povo da Síria e da região à sorte das ondas de crueldade e de crise intermináveis. O número de mortos pode agora ultrapassar os 150 mil. As prisões e os centros provisórios de detenção estão a abarrotar com homens, mulheres e até crianças. As mortes por execuções sumárias e os indizíveis actos de tortura são generalizados. As pessoas também estão a morrer de fome de doenças infecciosas. Centros urbanos inteiros e alguns dos maiores exemplares do património arquitectónico e cultural da humanidade estão em ruína. Actualmente a Síria é um Estado-falhado. As Nações Unidas têm-se esforçado para resolver as questões que estão na raiz do conflito assim como o seus impactos devastadores. Os nossos esforços humanitários e de outra ordem estão a salvar vidas e a reduzir o sofrimento. Mas o nosso objectivo fundamental – o fim do conflito – continua por atingir. As já ténues perspectivas para a paz esvaíram-se ainda mais com a emergência da violência e das tensões sectárias no Iraque. A coesão e a integridade dos dois grandes países, e não apenas um, está em questão. Os seis tópicos que seguem podem apontar um caminho, uma estratégia coesa e com princípios. Primeiro, o fim da violência. É uma irresponsabilidade por parte das potências estrangeiras continuarem a fornecer apoio militar às partes envolvidas no conflito na Síria que estão a cometer atrocidades e a violar flagrantemente os princípios fundamentais dos Direitos Humanos e do Direito Internacional. Eu peço ao Conselho de Segurança para impor um embargo às armas. As partes vão ter que se sentar novamente à mesa de negociações. Quantas mais pessoas terão de que morrer antes de lá chegarem?Em segundo lugar, a protecção das pessoas. As Nações Unidas continuam a gerir um enorme esforço de assistência humanitária. Mas o Governo continua a impor restrições ao acesso; removeu medicamentos e material médico dos comboios de ajuda e tem deliberadamente imposto fome e punido colectivamente as comunidades que considera simpatizantes para com a oposição. Alguns grupos de rebeldes têm agido de forma semelhante. Além disso, a comunidade internacional tem fornecido apenas um terço do financiamento necessário para o esforço de socorro. Eu continuo a apelar ao fim dos cercos e ao acesso sem restrições para a ajuda humanitária através das fronteiras internas e internacionais. Em terceiro lugar, deve-se iniciar um delicado processo político. As partes beligerantes bloquearam sistematicamente a iniciativa de dois dos mais proeminentes diplomatas do mundo, Kofi Annan e Lakdar Brahimi. As eleições presidenciais realizadas no início do mês foram mais um golpe, e não conseguiram cumprir nem os níveis mínimos para uma votação credível. Em breve irei nomear um novo enviado especial para prosseguir com uma solução política e a transição para uma nova Síria. Os países da região têm uma responsabilidade especial de ajudar a parar esta guerra. Congratulo-me com o recente contacto entre o Irão e a Arábia Saudita e espero que estes possam construir a confiança e a inverter a competição destrutiva na Síria, no Iraque, no Líbano e nos outros países. Os grupos da sociedade civil síria têm feito esforços para encorajar e manter o tecido social e manter abertos os canais de comunicação e solidariedade. Em quarto lugar, assegurar a responsabilização pelos crimes. No mês passado, a resolução que tinha como objectivo submeter o conflito ao Tribunal Internacional Penal não foi aprovado pelo Conselho de Segurança. Eu peço a esses Estados-Membros que dizem não ao Tribunal Internacional Penal, mas dizem que apoiam a responsabilização na Síria, para apresentarem alternativas credíveis. O povo sírio tem o direito à justiça e à acção contra a impunidade. Em quinto lugar, a destruição das armas químicas na Síria. As Nações Unidas e a Organização para a Proibição das Armas Químicas têm trabalhado em conjunto para destruir ou remover do país todo o material declarado que faziam parte de um grande arsenal. Muitos Estados-Membros têm disponibilizado recursos importantes e ajuda para esta desafiante tarefa realizada numa zona de guerra activa e que vai agora ser completada com a destruição de várias instalações fora da Síria. Embora quase toda a matança na Síria tenha vindo a ser feita com armas convencionais, esta acção tem sido essencial para reforçar a norma mundial de banir a produção e o uso de armamento químico.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens guerra humanos violência tribunal fome ajuda comunidade social mulheres humanitária